Cinco milhões de maranhenses dirão hoje o que querem e o que não querem para o seu futuro

Jair Bolsonaro e Lula da Silva representam realidades muito diferentes para o Maranhão

Nada menos que 150 milhões de brasileiros devem ir hoje às urnas para escolher o presidente da República, e com ele o futuro do País. Diante deles, dois caminhos: um conservador, retrógrado em muitos aspectos, com forte viés autoritário e mais identificado com os ricos e com a parte mais abastada da classe média, mas que conseguiu penetração da massa popular, e que tem como representante e chefe quase absoluto o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição; o outro, um projeto de social democracia, já testado, mais identificado com a grande massa popular, e que defende valores democráticos e culturais identificados com as origens brasileiras, tendo como presidente o ex-presidente Lula da Silva (PT). Nessa equação, pouco mais de cinco milhões de maranhenses vão escolher o futuro imediato do estado entre Jair Bolsonaro e Lula da Silva, já tendo sinalizado com clareza sua preferência no 1º turno, escolhendo o ex-presidente com 68% dos votos e rejeitando o presidente com apenas 26% dos votos. Ao fazer sua escolha, o eleitorado maranhense dirá quem e o que será dominante na vida política e cultural do Maranhão.

Se optar pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro, a maioria do eleitorado maranhense dirá que quer a permanência do senador Roberto Rocha (PTB) – que será ex-senador a partir de janeiro -, pregando o bolsonarismo no Maranhão mesmo sem mandato, e junto com ele, os deputados federais Josimar de Maranhãozinho, Detinha, Júnior Lourenço, Pastor Gildenemyr (PL), Aluísio Mendes (PSC), Josivaldo JP (PSD), Juscelino Filho (União Brasil), e deputados estaduais como a extremista evangélica Mical Damasceno (PSD), por exemplo. Vai fortalecer os clubes de atiradores (CACs), sujeitos fortões, tatuados e sem miolo, os grandes proprietários de terras e grandes empresários, o avanço desordenado do agronegócio nas diversas regiões do estado, atropelando a agricultura familiar. Respaldará a transformação das igrejas evangélicas em partidos políticos informais e a dos seus dirigentes em agentes da repressão política. O avanço de itens culturais como o que há de pior na chamada música sertaneja, a falta de incentivo às manifestações culturais. E, finalmente, a permanência do ex-prefeito de São padro dos Crentes, Lahesio Bonfim (PSC) como sua expressão política máxima, brigando com Roberto Rocha e Maura Jorge para decidir quem será o porta-voz do governo central. E com o neobolsonarista Simplício Araújo (SD) engrossando o coro. Serão tempos difíceis para o Maranhão.

Se a maioria do eleitorado brasileiro, com o apoio da fatia maranhense, optar pelo ex-presidente Lula da Silva, estarão em alta o governador Carlos Brandão (PSB), o vice-governador Felipe Camarão (PT), os senadores Flávio Dino (PSB) e Eliziane Gama (Cidadania), os deputados federais Márcio Jerry (PCdoB), Duarte Jr. (PSB), Rubens Jr. (PT), André Fufuca (PP), Pedro Lucas Fernandes (União Brasil), e os deputados estaduais Othelino Neto (PCdoB), Rafael Leitoa (PSB), Arnaldo Melo (PP), Roberto Costa (MDB), entre outros. A cultura de base do Maranhão, como o bumba-boi e o tambor de crioula continuarão em patamar justo, enquanto a música maranhense continuará em alta pelas vozes de Josias Sobrinho, Sérgio Habib, Cesar Teixeira, e na força de projetos culturais sólidos como o Boi Barrica. A Igreja Católica continuará consolidada, os restaurantes populares continuarão alimentando milhares todos os dias. E do alto dos seus mais 90 anos, o ex-presidente José Sarney (MDB), um dos patronos da redemocratização, continuará dando lições de política, como sua carta recente em defesa do Supremo Tribunal Federal. Serão tempos de muita esperança para os maranhenses.

As opções são claras em todos os seus vieses. De um lado, a direita cuja banda mais ativa se tornou rancorosa, belicista e agressiva, comandada pelo que há de mais retrógrado nesse campo e cujos líderes pregam o ódio e inibem o posicionamento da direita mais consciente e democrática e mantêm o País em clima permanente de tensão e com riscos de retrocessos. Do outro, uma visão mais humana e mais democrática de política e de sociedade, situada mais à esquerda, mas muito longe dos seus extratos mais radicais, o que a torna política, cultural e socialmente mais confiável, sem riscos de retrocessos.

Com a palavra, o eleitor.

PONTO & CONTRAPONTO

Eliziane ganha respeito ao manter apoio a Lula, apesar da pressão de pastores

Eliziane Gama ganha espaço na base de apoio a Lula da Silva

Nos últimos dias, a senadora Eliziane Gama (Cidadania), que teve atuação discreta durante a campanha do 1º turno das eleições, do qual saiu em baixa, uma vez que seu marido não se elegeu deputado estadual e seu irmão, deputado federal. No segundo turno, a senadora, que é evangélica de raiz, não aceitou a pressão dos líderes maranhenses da Assembleia de Deus para que ela declarasse apoio ao presidente Jair Bolsonaro. E seguindo a linha de ação dos seus aliados no estado, abraçou a candidatura do ex-presidente Lula da Silva. A reação firme da senadora maranhense ao assédio dos chefes assembleianos foi destacada no cenário nacional, tendo ela se tornado uma referência na campanha do líder petista.

Nesse caso, chamou a atenção a atitude dos líderes da Assembleia de Deus no Maranhão. Isso porque, além de cometerem a inaceitável incoerência de transformar a denominação religiosa num braço ativo, quase um partido político, da campanha do presidente Jair Bolsonaro, cometeram, pública e abertamente, o crime de chantagem eleitoral. Uma mancha que dificilmente será apagada na história da Assembleia de Deus no Maranhão.

Weverton não se manifesta sobre 2º turno

Weverton Rocha nos últimos momentos da campanha

Uma pergunta que não quer calar: como votará o senador Weverton Rocha (PDT) no 2º da eleição presidencial? Terceiro colocado na corrida ao Palácio dos Leões, depois de romper com suas origens e aliar-se ao braço bolsonarista no Maranhão, o senador saiu do circuito sem deixar pista a respeito do seu caminho no 2º turno. Muito se especulou a respeito de como o senador se manifestará neste domingo decisivo. A aposta mais viável – que a Coluna endossa – é a de que ele votará no ex-presidente Lula da Silva. Mas há quem diga que o senador votará no presidente Jair Bolsonaro, havendo também quem o veja votando em branco. Difícil imaginá-lo omisso numa situação como essa, não é da sua natureza, nem da sua conveniência. Weverton Rocha é maduro suficiente para compreender que derrota nas urnas faz parte do processo democrático, do qual ele tem sido parte ativa. E sabe também que a decisão de hoje terá impacto decisivo no seu futuro político.

São Luís, 30 de Outubro de 2022.

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