A decretação da prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), causada pela sua tentativa de romper a tornozeleiras eletrônica e a convocação, por seu filho, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), de uma vigília em frente ao condomínio onde o ex-mandatário reside, em Brasília, levantando forte suspeita de um plano de fuga, não despertou nenhum movimento dos grupos políticos da direita assumida, nem de solidariedade nem em sua defesa. O comando estadual do PL, que tem como chefe maior o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, ignorou solenemente o fato, o mesmo acontecendo com o Novo, que no mesmo dia lançou festivamente o lançamento do médico Lahesio Bonfim ao Governo do Estado, com a presença do governador mineiro Romeu Zema, fazendo de conta que nada aconteceu no país. E assim foram os deputados declaradamente bolsonarista, como Aluísio Mendes (Republicanos), por exemplo. A reação quase solitária saiu do ex-senador Roberto Rocha (sem partido), que criticou a medida.
Pode ter sido pelo fato de bolsonaristas de proa não terem engrossado o coro da família e dos chefes da corrente de extrema direita mais próximos da cúpula do PL ou porque o episódio, que repercutiu mundialmente, aconteceu num sábado. A verdade é que no Maranhão as vozes bolsonarista silenciaram, como se tivessem chegado à conclusão de que a casa caiu de vez, e agora com um empurrão decisivo dado pelo próprio-ex-presidente, na forma patética de tentar derreter a tornozeleiras eletrônica com um equipamento de solda.
O silêncio do braço maranhense do PL está explicado pela distância política e pessoal que separa Josimar de Maranhãozinho de Jair Bolsonaro e o seu núcleo familiar. O ex-presidente tentou várias vezes, de maneira agressiva, tirar Josimar de Maranhãozinho do comando do partido no estado, ora pressionando o presidente nacional para destituí-lo por meio de uma intervenção, ora atacando-o fortemente com adjetivos cáusticos, objetivando minar o prestígio político de Josimar de Maranhãozinho no estado. O chefe do PL no Maranhão não engole a maneira agressiva com que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, com o aval do marido, destituiu a deputada federal Detinha, dona da maior votação em 2022, do comando do PL Mulher. Assim, nada que diga respeita a Jair Bolsonaro interessa a Josimar de Maranhãozinho e seus liderados.
Chamou a atenção o fato de que, reunidos sábado em São Luís para o lançamento da candidatura do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Romeu Zema os comandos nacional e estadual do Novo e sua maior estrela nacional, o governador mineiro Romeu Zema, aliado declarado do ex-presidente, não tenham dito uma só palavra sobre o assunto. Romeu Zema tem sido muito cuidadoso em não melindrar os apoiadores do ex-presidente, trabalhando no sentido de contar com o apoio deles se conseguir viabilizar a sua candidatura a presidente da República medindo forçar com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Outras vozes da direita não-bolsonarista se mantiveram distante do vendaval político, reforçando a impressão de que o bolsonarismo no Maranhão é uma bolha, que basicamente se manifesta fazendo barulho nas redes sociais. Sua defesa estridente é feita apenas pelo deputado estadual Yglésio Moyses (PRTB), recém convertido à direita extremada, na qual faz coro com a deputada estadual Mical Damasceno (PSD), representante máxima da malha evangélica que apoia o ex-presidente no estado.
O contraponto ficou por conta do ex-senador Roberto Rocha, bolsonarista de carteirinha e pretenso candidato a governador – podendo também disputar o senado -, que publicou nas suas redes sociais uma mensagem criticando o STF e o ministro Alexandre de Moraes pela medida, emendando com o seu discurso já conhecido e segundo o qual o ex-presidente “é vítima de uma ditadura do Judiciário”.
Nada além disso, o que sugere que muitos bolsonaristas caíram na real.
PONTO & CONTRAPONTO
Eliziane mantém ritmo de pré-campanha à reeleição e aguarda decisão de Braide para definir rumo
Se alguém pensou que a senadora Eliziane Gama (PSD) tirou o pé do acelerador na sua corrida em busca da reeleição está muito enganado. Ao contrário, ela vem mantendo ritmo forte na sua pré-campanha, trabalhando duro para se manter no grupo de favoritos, hoje formado pelo senador Weverton Rocha (PDT), pelo deputado federal e atual ministro do Esporte André Fufuca (PP) e por ela própria.
Eliziane Gama vem demonstrando que, ao contrário dos que a imaginam fora do páreo, ela está realizando eventos com públicos específicos, como empresários, evangélicos, profissionais liberais, fazedores de cultura e professores, por exemplo.
O evento mais recente, o “+ Mulheres na Política”, realizado três semanas atrás em São Luís, Eliziane Gama demonstrou força e prestígio com a participação da ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, como palestrante, e com a participação do governador Carlos Brandão (sem partido) e da presidente do Poder Legislativo, deputada Iracema Vale (PSB).
Eliziane Gama ainda não colocou todo o seu time em campo, pois só o fará após o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD) bater martelo dizendo se será ou não candidato a governador. Se for candidato, Eliziane Gama será candidato à reeleição na sua chapa. Se não, vai se alinhar ao candidato a ser apoiado pelo Palácio dos Leões.
Tudo isso, porém, pode mudar radicalmente se o governador Carlos Brandão protagonizar uma reviravolta radical, deixe o Governo e se candidate ao Senado. Eliziane Gama acredita nessa possibilidade e torce para estar certa.
Registro
Grave crime ambiental em rua do São Francisco em obra do Grupo Mateus

Aconteceu em plena realização da COP30, quando o mundo discutiu em Belém as consequência que a raça humana pode sofrer com as mudanças climáticas, causada sobretudo, pelo desmatamento: o Grupo Mateus, exibindo o lado selvagem do seu capitalismo na abertura de mais uma loja, transformou a bucólica Rua dos Abacateiros, no São Francisco, até então sombreada por seis mangueiras e quatro amendoeiras, numa via sem vida e castigada pelo sol causticante.
As árvores, todas robustas e frondosas, sem um só traço de doença que pudesse justificar a sua derrubada, foram abatidas implacavelmente por motosserra no tronco, o que aponta a intenção de mata-las sem a menor preocupação com as consequência do ataque violento à natureza numa área urbana tão carente de verde.
O que acontece na Rua dos Abacateiros foi um crime ambiental violento e insano. Primeiro porque os que o praticaram não tinham o direito de fazê-lo, e até onde a Coluna alcançou, nem autorização tiveram dos órgãos de controle ambiental, como o Ibama e as secretarias estadual e municipal do meio ambiente. Decidiram abater as amendoeiras e as mangueiras e consumaram o crime por pura e simples conveniência
Além dos troncos e do céu aberto onde havia sombra, outra prova do crime veio ontem, com a decisão da Secretaria Municipal de Urbanismo e Habitação, que embargou as obra, o recém inaugurado Mateus Food, já praticamente concluída, porque, mesmo tendo a empresa Alvará de Funcionamento, os fiscais da Prefeitura de São Luís identificaram uma série de irregularidades, entre elas a derrubada das árvores.
Independentemente de outras irregularidades na obra agora embargada, a derrubada criminosa das árvores foi um crime específico, imperdoável e que exige punição severa para os responsáveis diretos, especialmente os que deram a ordem para a ação criminosa. Isso incluindo o próprio agora celebrado “bilionário” Ilson Mateus, cujos méritos empresariais não se discute, mas que foi no mínimo omisso nesse caso.
São Luís, 25 de Novembro de 2025.



























