De volta ao Brasil desde ontem, o presidente Lula da Silva (PT) deve retomar hoje a sua agenda política, que tem como um dos itens a previsão de uma conversa com o governador Carlos Brandão (ainda no PSB) para tratar da corrida sucessória ao Governo do Maranhão. O que se sabe, admitido por ele próprio em entrevista concedida em Imperatriz no início da semana passada, é que o presidente tentará convencer o governador maranhense a abandonar o projeto de permanecer no cargo até o final do mandato e renunciar em abril e se candidatar ao Senado da República. O presidente, que é candidato assumido à reeleição, quer a reunificação da sua base de apoio no Maranhão, com a pacificação de dinistas e brandonistas, e acredita que isso só será possível se, primeiro, conseguir convencer os dois grupos a acalmar os ânimos e depor as armas.
O líder petista sabe que vencerá a eleição no Maranhão em qualquer cenário, o que vem sendo confirmado pelas pesquisas feitas até aqui sobre as eleições do ano que vem. Mas, segundo uma fonte a ele ligada, o presidente acha que o melhor caminho para confirmar o seu favoritismo no estado é manter de pé a sua base de apoio, que em 2022 foi liderada pelo então governador Flávio Dino (PSB), que renunciou em abril daquele ano e se candidatou ao Senado, passando o Governo para o então vice-governador Carlos Brandão (PSB), que se candidatou à reeleição e foi reeleito em um só turno.
O presidente Lula da Silva gosta do governador Carlos Brandão e tem plena conhecimento de todos os motivos que o levaram a romper com o grupo ligado ao ex-senador Flávio Dino, hoje ministro do Supremo tribunal Federal, liderado pelo vice-governador Felipe Camarão (PT), candidato assumido ao Governo do Estado. Tem ciência de que o principal item da crise é a pré-candidatura do vice-governador Felipe Camarão à reeleição. Ele nunca declarou isso em público, mas é corrente nos bastidores do Governo e no meio político em geral, que o governador Carlos Brandão não o aceita como o seu sucessor e não está disposto a apoiar esse projeto.
Além da necessidade de reunificação da base aliada, o presidente Lula da Silva tem dois argumentos para tentar convencer o governador Carlos Brandão. Um deles é que precisa que ele o quer no Senado, para tê-lo como aliado num eventual quarto mandato. E o outro é que avaliza o projeto de candidatura de Felipe Camarão ao Palácio dos Leões, a começar pelo fato de que ele é filiado ao PT.
Não é novidade que o governador Carlos Brandão gostaria de ser senador. Afinal, além da tradição que leva ex-governadores à Câmara Alta, sua eleição para o andar de cima do Congresso Nacional, seria uma espécie de consagração do seu trabalho como governador, já reconhecido pelo eleitorado, conforme as pesquisas. Na semana passada, numa entrevista à TV Difusora, o governador admitiu que, apesar das imensas complicações, a candidatura ao Senado pode ser conversada com o presidente Lula da Silva, ainda que sua inclinação continue sendo se manter no cargo até o final do mandato.
Em relação à candidatura de Felipe Camarão, em torno da qual o presidente Lula da Silva pretende construir um consenso a partir da reunificação da base, as dificuldades são bem maiores. Para começar, foi exatamente o roteiro no qual Felipe Camarão será candidato à reeleição se assumir, que vem motivando o governador a permanecer no cargo e usar o seu peso político para eleger o seu candidato a governador, o secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB), seu sobrinho e braço direito e transformado no “homem forte” do seu Governo.
Os obstáculos são imensos, a começar pelo fato de que não há sinais de trégua, mas se o presidente Lula da Silva conseguir recolocar a corrida sucessória nos trilhos do roteiro original, aumentará significativamente o seu cacife político e eleitoral no Maranhão.
PONTO & CONTRAPONTO
Conversa de Lula com Brandão terá peso na decisão de Braide de ser ou não candidato aos Leões
Uma fonte bem situada na política municipal disse ontem à Coluna que o resultado da conversa do presidente Lula da Silva com o governador Carlos Brandão, que pode acontecer a qualquer momento, terá grande peso na decisão do prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD) sobre o seu “drama shakespeariano” de ser ou não ser candidato a governador nas eleições do ano que vem.
Segundo ela, se houver um acordo restaurando a aliança governista, com o governador Carlos Brandão renunciando para ser candidato ao Senado e o vice-governador Felipe Camarão assumindo para ser candidato à reeleição, Eduardo Braide poderá adiar o seu projeto de morar quatro anos no Palácio dos Leões.
Mas se, por outro lado, o quadro atual for mantido, com o governador Carlos Brandão permanecendo no cargo e apoiando a candidatura do secretário Orleans Brandão, o prefeito de São Luís deverá renunciar em abril e entrar na briga.
A fonte assinala que o resultado não será determinante na decisão do prefeito Eduardo Braide, mas terá influência expressiva no rumo que ele vier a dar em relação à corrida sucessória estadual.
Em Tempo: erramos feio
Na edição de ontem, a Coluna cometeu num erro imperdoável: trocou o jornal fluminense O Globo pelo diário paulista O Estado de São Paulo no comentário a respeito do escandaloso destino de R$ 1,25 milhão, mandados, via emenda pix, à Prefeitura de Arari em 2023. O material foi enviado à Coluna por um leitor fiel e atento, que também, e infelizmente, trocou as bolas, levando-a, involuntariamente, a entrar na ciranda do erro. Envolvido com “pautas” pessoais durante o dia, o editor só tomou conhecimento do feio tropeço no final da tarde, quando um leitor lhe ligou para denunciar a falha, que foi finalmente corrigida. Outros leitores fizeram o alerta mais cedo, por email e zap. Vale registrar que o erro em nada afetou as informações que embasaram a matéria.
Tendo a informação correta como princípio há meio século de jornalismo, o editor pede escusas aos leitores e, claro, aos jornais atingidos pela confusão.
São Luís, 15 de Outubro de 2025.