Além dos objetivos políticos de cada um dos candidatos, todos jovens tentando abrir caminho para passos mais largos, a disputa para a Prefeitura de São Luís está sendo embalada por quatro projetos de poder bem claros, todos visando o Palácio dos Leões em 2022, e pelos quais os seus comandantes estão atuando ostensivamente. Eduardo Braide (Podemos) sofre a influência do senador Roberto Rocha (PSDB), Duarte Júnior (Republicanos) está sendo embalado, de um lado pelo vice-governador Carlos Brandão (Republicanos), e de outro pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), enquanto Neto Evangelista se movimenta na linha do senador Weverton Rocha (PDT), e Rubens Júnior (PCdoB) representa a evolução do projeto maior já consolidado e liderado pelo governador Flávio Dino (PCdoB). Carlos Brandão, Josimar de Maranhãozinho e Weverton Rocha são candidatos à sucessão do governador Flávio Dino e medem forças dentro da aliança dinista, enquanto que Roberto Rocha tenta criar uma base oposicionista. Para todos é crucial a montagem agora de bases de apoio com o maior número possível de prefeitos e vereadores., e nesse contexto a Prefeitura de São Luís é um trunfo excepcional.
Líder na corrida até aqui, Eduardo Braide, que vem atuando numa linha de centro na Câmara Federal, tem como principal apoiador o senador Roberto Rocha, chefe do PSDB do Maranhão e que opera para se credenciar como porta-voz do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no estado. Por mais que Eduardo Braide adote uma postura de independência, não há como dissociar o seu projeto de conquistar a Prefeitura da Capital do projeto de Roberto Rocha de disputar o Governo do Estado em 2022 por um caminho político associado ao bolsonarismo. Esse dado do projeto eleitoral de Eduardo Braide tem sido a brecha por meio da qual vozes da situação o vêm alvejando com chumbo grosso. A leitura possível dessa relação é a de que, caso eleito, Eduardo Braide será trunfo poderoso no projeto de Roberto Rocha na sucessão estadual.
A candidatura de Duarte Júnior embala dois projetos de poder, o do vice-governador Carlos Brandão de chegar ao Palácio dos Leões em 2022, e o do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que alimenta o mesmo objetivo. Carlos Brandão foi o principal avalista do ingresso de Duarte Júnior no Republicanos e tem sido um aliado valioso do candidato no campo político, onde atua discreta e competentemente. Josimar de Maranhãozinho chegou depois, mas assumiu uma espécie de “coordenação”, esperando que se o aliado for eleito terá o comando político da Capital a seu favor na corrida ao Governo do Estado. Se vier a suceder o prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT), Duarte Júnior terá de fazer uma escolha difícil.
Nesse jogo de alianças envolvendo a sucessão estadual, Neto Evangelista tem posição bem definida: se eleito for e Weverton Rocha vier a ser candidato a governador, terá seu apoio incondicional. A garantia dessa aliança está na maneira determinada com que Weverton Rocha conduziu o PDT para apoiar o candidato do DEM, operando fortemente para atrair o PSL e o MDB, tendo quebrado um gelo histórico para avalizar uma aliança com a ex-governadora Roseana Sarney, algo até então impensável para um pedetista lapidado pelo ex-governador Jackson Lago. Se sair das urnas com a vitória, Neto Evangelista será um dos principais articuladores do projeto de Weverton Rocha de chegar ao Palácio dos Leões.
Se chegar ao Palácio de la Ravardière, Rubens Júnior será um dos principais suportes do projeto maior do governador Flávio Dino para 2022, que tem duas pautas fundamentais: a sucessão estadual, apoiando a candidatura de Carlos Brandão ou a de Weverton Rocha, e o futuro político do próprio governador, que poderá ser candidato a presidente da República ou a vice-presidente, ou ainda ao Senado da República. Rubens Júnior tem posição clara sobre essa equação, fazendo questão de enfatizar sua condição de integrante linha de frente do grupo político dinista. Isso significa dizer que, eleito, ele não terá dificuldades em se posicionar.
Numa escala mais abrangente, os candidatos a prefeito de São Luís rascunham projetos que vão muito além da eleição deste ano. Dentro de contexto politicamente lógico, eles avaliam que chegar à Prefeitura da Capital é passo decisivo para outro mais amplo e ousado, que é também chegar ao Palácio dos Leões.
PONTO & CONTRAPONTO
Bem situado no cenário atual, Othelino Neto prepara base para 2022
Em meio à grande disputa de 2022, que começa a se desenhar nas eleições municipais deste ano, uma liderança em ascensão mergulha nas articulações para a eleição de prefeitos e vereadores nas mais diversas regiões do estado: o deputado Othelino Neto (PCdoB), presidente da Assembleia Legislativa. Bem situado no quadro político estadual como chefe do Poder Legislativo eleito e reeleito, posição que o coloca como uma alternativa real no cenário que começa a ser desenhado para 2022, podendo se reeleger deputado estadual, medir forças por um mandato na Câmara Federal, sair como candidato a vice-governador, encarar a disputa da vaga de senador – no caso de o governador Flávio Dino sair para presidente ou vice – ou até mesmo tornar-se opção para o Governo, dependendo das circunstâncias do momento.
Desde que assumiu a presidência da Assembleia Legislativa em Janeiro de 2018, Othelino Neto vem ocupando espaço expressivo no tabuleiro da política estadual, fazendo movimentos com os pés no chão, com a cautela devida, sem qualquer ato ou gesto incoerente ou precipitado. Sua caminhada se dá, portanto, com a segurança de um político maduro, que conhece o tabuleiro, tem consciência dos seus limites, ao mesmo tempo em que sabe dosar sua ousadia.
O presidente da Assembleia Legislativa sabe que as eleições municipais representam o momento decisivo para os políticos que planejam objetivos mais ousados. É por isso que ele, sem comprometer as funções presidenciais no parlamento estadual, está cumprindo uma maratona ininterrupta por dezenas de municípios, levando apoio aos seus aliados que estão nas disputas por prefeituras e em busca de cadeiras de vereador. Com uma posição de neutralidade em São Luís, onde vários aliados estão na disputa, e com envolvimento direto na disputa em Pinheiro, onde sua mulher, Ana Paula Lobato (PDT), é candidata a vice-prefeita na chapa do prefeito Luciano Genésio (PP), que concorre à reeleição com larga vantagem.
Desde que começou sua intensa agenda de viagens pelo interior, apoiando aliados na corrida às prefeituras, como Marco Aurélio (PCdoB) em Imperatriz, Dr. Amilcar (PCdoB) em Barreirinhas, Lamarck (DEM) em Maracaçumé, Carlinhos Barros (PCdoB) em Vargem Grande, Geraldo Azevedo (PCdoB) em Olho D`Água das Cunhãs, Renan Damasceno (PTB) em Viana, William Pinheiro (PCdoB) em Araguanã, Zezildo Almeida (PTB) em Santa Helena, Antônio Borba (Patriotas) em Timbira, Felipe dos Pneus (Republicanos) em Santa Inês, Paulo Curió (PTB) em Turilândia, Marinaldo do Gesso (PDT) em Grajaú e Edvan Brandão (PDT) em Bacabal, entre muitos outros.
No meio político as avaliações em curso indicam que Othelino Neto sairá dessas eleições com base sólida para sentar à mesa das decisões para as eleições de 2022.
Com Covid-19, mas assintomático, João Alberto está isolado, mas quer voltar à campanha em Bacabal
Alcançado pelo coronavírus, o ex-governador João Alberto (MDB) interrompeu temporariamente sua campanha para uma vaga de vereador de Bacabal. Assintomático, ele garante que nada sentiu, até agora, mas atendeu à recomendação médica de ficar em casa, em total isolamento na sua residência em São Luís. Político de tempo integral, onde independentemente de ser candidato, o ex-senador João Alberto preside o MDB estadual, e nessa condição acompanha de perto os movimentos dos candidatos emedebistas a prefeito e a vereador em todas as regiões do Maranhão. Seu foco especial é Bacabal, onde, além de disputar uma vaga na Câmara Municipal, trabalha pela reeleição do prefeito Edvan Brandão (PDT). Ele aguarda apenas o sinal verde dos médicos para seguir para Bacabal e mergulhar na campanha eleitoral.
São Luís, 11 de Outubro de 2020.