O início da campanha no Rádio e na TV, a intensificação do corpo-a-corpo, a definição do candidato presidencial do PT e a entrada no circuito de todos os institutos que normalmente fazem pesquisa eleitoral no estado – Exata/JP, DataIlha, Econométrica/Difusora, Ibope/TV Mirante e Escutec/O Estado -, fizeram com que a corrida ao voto no Maranhão entrasse, nos últimos dias, na sua fase decisiva, especialmente a disputa para o Palácio dos Leões, com uma nítida polarização entre o governador Flávio Dino e a ex-governadora Roseana Sarney (MDB). Os fatos recentes, em especial a confirmação de Fernando Haddad como substituto do ex-presidente Lula da Silva como candidato do PT, deram o ajuste final num quadro que estava impreciso, dando aos candidatos as condições políticas e estruturais possíveis para tentarem viabilizar seus pleitos. Nesse ambiente de disputa sem fortes tensões, nitidamente marcado pela previsibilidade, o governador Flávio Dino (PCdoB) lidera a corrida com folga, segundo todas as pesquisas feitas até aqui, tendo como principal adversária a ex-governadora Roseana Sarney (MDB), e com possibilidade real de encerrar corrida já no primeiro turno. E como não poderia deixar de ser, enfrenta bombardeio pesado dos adversários, aos quais responde com sobriedade, mas também com mão pesada. Roberto Rocha (PSDB) e Maura Jorge (PSL) permanecem enroscados no segundo e distante pelotão, alternando-se na terceira e na quarta posição dependendo da pesquisa, sem exibir qualquer sinal de reação. Os dois representantes da ultraesquerda, Odívio Neto (PSOL) e Ramon Zapata (PSTU), só constam como candidatos.
O governador Flávio Dino faz uma campanha densa, exibindo segurança em cada afirmação com que “vende” as conquistas do seu Governo e se credencia a novo mandato. Vez por outra sai dessa zona de conforto para rebater pancadaria que recebe do Grupo Sarney, que joga pesado, na campanha e no ataque paralelo, para desacreditá-lo. A pesquisa Exata/JP, divulgada na quinta-feira (13), informou que a estratégia do bombardeio intenso e implacável contra o candidato do PCdoB não está funcionando. A ineficácia da pancadaria tem estimulado o governador a intensificar sua campanha de rua, cumprindo uma agenda em grandes e pequenos municípios nas mais diversas regiões do estado, sempre recepcionado e acompanhado por verdadeiras multidões. Agora, Flávio Dino deve intensificar sua corrida acrescentando o ingrediente que faltava: o apoio incontestável do ex-presidente Lula, expressado pelo candidato a presidente do PT, Fernando Haddad. O governador não transformará o ex-presidente Lula em “cavalo de batalha”, devendo apresentar o candidato petista como um aliado forte, principalmente pelo fato de que pode ser eleito presidente da República, como é o caso de Ciro Gomes (PDT), cujo partido, como o PT, integra a coligação “Maranhão de todos nós”. Essa coincidência deixa Flávio Dino na cômoda posição de ter dois candidatos fortes a presidente, sem conflitos.
Até agora, todos os sinais emitidos na campanha indicam que a vantagem do governador Flávio Dino (54% das intenções se voto, segundo pesquisa Exata/JP de quatro dias atrás) não sofre ameaça que lhe tire o sono, podendo até crescer na reta final da campanha.
Depois de um período de indefinição, em que deu a impressão de desânimo, a ex-governadora Roseana Sarney saiu do sofá e entrou em ritmo de campanha, que não refletiu até aqui a força de outros tempos, mas denota outro ânimo, principalmente com o início da campanha no Rádio e na TV. Na telinha, a candidata do MDB primeiro deu um tom personalista, fazendo questão de ser agora apenas “Roseana”, sem o Sarney junto, para em seguida assumir compromissos, numa estratégia reforçada fortemente com o apoio do seu grupo de comunicação. Ao mesmo tempo, retomou, sem a intensidade de outros tempos, o corpo-a-corpo, como fez nesta sexta-feira em Imperatriz, ao lado do prefeito Assis Ramos (MDB). Roseana Sarney tem investido muitas das suas fichas na sua relação com o ex-presidente Lula, com quem tenta mostrar identidade, mesmo diante da declaração de Fernando Haddad de que o candidato de Lula no Maranhão é Flávio Dino. Uma situação que se torna mais estranha com o fato de que o seu partido, o MDB, tem candidato a presidente, Henrique Meireles, solene e ostensivamente ignorado na sua campanha. Entre aliados da ex-governadora – políticos, empresários e profissionais liberais –, o clima não é exatamente de desânimo, mas também não mostra qualquer sinal de euforia, prevalecendo entre eles certa expectativa, esperando não sabem exatamente o quê.
O que ficou claro até agora é que Roseana Sarney é uma política de grande peso eleitoral (com 25% das intenções de voto segundo a pesquisa Exata/JP), com muitos seguidores fiéis, mas que parece ter chegado a um teto – algo em torno de 30% – que não consegue ultrapassar, parecendo ter esgotada sua capacidade de crescimento.
As próximas 480 horas determinarão o desfecho dessa disputa, com forte possibilidade de confirmar a tendência até aqui rascunhada.
PONTO & CONTRAPONTO
Pesquisa Exata/JP: vantagem de Eliziane e Weverton acende sinal de alerta para Lobão e Sarney Filho
Os números encontrados pela pesquisa Exata/JP, divulgada na sexta-feira, sobre a corrida para o Senado da República acendeu luz de alerta vermelho nos comandos de campanha do senador Edison Lobão (MDB) e do deputado federal Sarney Filho (PV), candidatos da coligação comandada pela ex-governadora Roseana Sarney, e acendeu sinal verde nos comitês centrais dos deputados federais Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PPS), candidatos da aliança liderada pelo governador Flávio Dino. O levantamento afirma que Eliziane Gama tem 27% das intenções de voto e que Weverton Rocha 25%. Os dois lideram a corrida pelas duas vagas de senador, agora seguidos de Edison Lobão com 24% e Sarney Filho com 22%, Zé Reinaldo (PSDB) com 18% e Alexandre Almeida (PSDB) com 10%. Preta Lu (PSTU) foi de 4% para 3%. Samuel Campelo (PSL) tinha 3% e agora tem 2%. Saulo Pinto (PSOL) passou de 2% para 1%. Saulo Arcangeli (PSTU) e Iêgo Bruno (PCB) mantiveram 1% cada.
Chama atenção o fato de, mesmo se considerando o fato de os quatros estarem situados dentro da margem de erro, que é de 3%, Eliziane Gama dispara em relação a Edison Lobão e Weverton Rocha se distancia de Sarney Filho. Com um detalhe: em tidas as simulações sobre votação em dois nomes, com dois votos separados, os candidatos da coligação dinista vencem a disputa.
Nesse momento, a leitura mais lógica desse cenário é que ele já é resultado da entrada firme e decidida do governador Flávio Dino em apoio aos seus candidatos, alimentando a tradição de que candidato a governador forte embala candidato a senador. No caso, essa regra se torna mais visível quando se observa que a juventude e o arrojo de Eliziane Gama e Weverton Rocha somados ao poder de fogo do governador e candidato à reeleição produzem um viés de favoritismo. Bem diferente das outras candidaturas, que apesar de muito fortes, como a do senador Edison Lobão, por exemplo, seguem distanciadas do candidato a governador – na semana que passou, Roseana Sarney gravou peça de campanha apoiando o irmão Sarney Filho. Diante dos números e a essas alturas do campeonato é provável que Edison Lobão siga a trilha independente que vem percorrendo desde o início da campanha.
Independente de qualquer “porém” ou “senão”, o fato é que a pesquisa Exata/JP disparou um míssil na base da corrida ao Senado, causando um tremor que mudou as posições e inverteu as tendências rascunhadas até quinta-feira.
Em Tempo: Registrada no TSE sob o nº MA-09907/2018, a pesquisa Exata/JP realizou 1.400 questionários na Grande São Luís e nas regiões Norte, Sul, Leste, Oeste e Central do Maranhão, entre os dias 10 e 13 de setembro. Sua margem de erro é de 3,3 pontos percentuais para mais ou para menos e o intervalo de confiabilidade é de 95%.
Roberto Rocha se perde na campanha e corre o risco de perder para Maura Jorge
Tudo indica que o senador Roberto Rocha (PSDB) caminha para amargar o que poderá representar o maior fracasso da sua trajetória política. Inicialmente entusiasmado com o comando de um partido forte e com um plano de governo bem armado no que chamou de “Caderno de Boas Ideias”, e ainda nas lufadas de um candidato presidencial, Geraldo Alckmin, que a princípio dava sinais de robustez como uma via segura e confiável entre a esquerda e a direita, o candidato tucano ao Palácio dos Leões perdeu-se em todos os movimentos de campanha que fez até agora. Além de sequer enxergar a poeira dos primeiros colocados, vê frustrado e sem futuro o seu projeto de ser o principal adversário do governador Flávio Dino, chegando ao ponto de enrolar-se com a ex-prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge (PSL), uma candidata sem lastro, sem recursos e também sem futuro neste processo eleitoral. É possível que a esta altura da maratona nem uma guinada radical no cenário da campanha, o que é absolutamente improvável, mudará a situação do tucano. Depois das eleições, ainda que venha s ter um desempenho melhor do que o que está se anunciando, Roberto Rocha terá de repensar profundamente sua posição no cenário político estadual. Maura Jorge não tem esse compromisso.
São Luís, 16 de Setembro de 2018.