Passados os atos solenes e festivos de sua posse (1º/01) e transmissão do cargo (06/01), e a movimentação da troca de comando em Brasília, com a volta da máquina pública maranhense ao eixo da normalidade, o governador Carlos Brandão (PSB) vai deflagrar um amplo processo de articulação com os partidos que formam a sua base de apoio para a montagem do novo Governo. Além do PSB, que comanda no estado, o governador vai conversar com PCdoB, PT, PP, Patriota, Podemos e MDB, que estiveram na linha de frente da sua campanha e que, somados – sem incluir o PT -, formam maioria na Assembleia Legislativa, podendo, num segundo momento, abrir caminho para legendas que lhe fizeram oposição, mas com as quais mantém canal aberto para dialogar, como é o caso do PL. Esse será um processo que deve evoluir até meados de fevereiro, quando deverá anunciar a sua nova equipe.
Nos bastidores e no meio político é dada como certa a confirmação de Sebastião Madeira (Casa Civil), de José Reinaldo Tavares (Projetos Estratégicos), Luís Fernando Silva (Planejamento), e a nomeação do vice-governador Felipe Camarão (PT) para a Secretaria de Educação, como a solução natural para a pasta. Fora desse núcleo, outros atuais secretários podem continuar, mas a decisão do governador de governar com a participação dos partidos aliados está dentro da lógica segundo a qual a divisão da governança com aliados partidários é uma regra republicana e também sinônimo de governabilidade e de estabilidade política.
Além das 29 secretarias formais e três extraordinárias, a formação da nova equipe de Governo deve levar em conta o segundo escalão formado por um número expressivo de órgãos vinculados importantes: cinco agências, três empresas públicas, um Conselho estadual, uma Coordenadoria estadual, cinco institutos e uma fundação. São órgãos muito disputados por aliados políticos. Na escolha dos dirigentes, o governador Carlos Brandão usará um critério básico: os indicados devem ter afinidade com as pastas que comandarão, de modo que não haja descompasso no grau de eficiência do Governo como um todo. Daí a necessidade de tempo e cuidado na definição dos integrantes da equipe.
Na montagem de uma equipe, o governador via de regra define um conjunto de pastas, cujos dirigentes escolhidos fazem parte da chamada “quota pessoal” do governador, não passando a escolha por outros critérios. Há também as pastas “técnicas”, via de regra comandadas por especialistas nas devidas áreas – como a Fazenda, por exemplo -, e as pastas que demandam direção executiva eficiente. E pelo que a Coluna apurou, o governador Carlos Brandão vai fazer o possível para montar um Governo, cujas áreas possam funcionar com a mesma dinâmica e com a mesma eficácia. Cada dirigente escolhido deve estar consciente de que seu desempenho e os resultados alcançados serão avaliados.
Conhecedor profundo da máquina administrativa estadual, com anos no comando de secretarias importantes, como a Casa Civil, e com noção apurada do que essa engrenagem pode alcançar se bem gerida, o governador Carlos Brandão tem sinalizado que não será complacente com eventuais descompassos em áreas do Governo. E a explicação é simples: ele tem quatro anos de mandato, período que pode ficar reduzido a três anos e três meses, se vier a renunciar para disputar o Senado em 2026. E está determinado a deixar sua marca realizando ações que assumiu durante a campanha, correspondendo assim ao cheque em branco que a esmagadora maioria do eleitorado lhe entregou ao reelege-lo em um só turno contra sete concorrentes, entre eles um senador da República em meio de mandato.
Numa perspectiva mais ampla, com a montagem do novo Governo a partir de negociações com os partidos da base, e até mesmo de fora dela, o governador Carlos Brandão busca ampliar e consolidar a base político-partidária do seu Governo, fechando um ciclo de unificação iniciado com a aclamação, em dezembro de 2022, de um prefeito aliado, Ivo Resende (PSB), de São Mateus, para a presidência da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (Famem), e a provável eleição, por larga maioria, da deputada eleita Iracema Vale (PSB) para a presidência da Assembleia Legislativa, no dia 1º de fevereiro.
PONTO & CONTRAPONTO
Iracema Vale reúne 33 deputados em almoço e consolida base para ser presidente da AL
A deputada eleita Iracema Vale (PSB), candidata favorita à presidência da Assembleia Legislativa, reuniu ontem 33 deputados para um almoço, tendo o governador Carlos Brandão como convidado especial. Na avaliação de dois deputados – um eleito e um reeleito -, as conversas travadas na entrada, no prato principal e na sobremesa consolidaram em definitivo a candidatura da parlamentar ao comando do parlamento estadual e a base eleitoral que a elegerá.
As duas fontes assinalaram que Iracema Vale está movendo corretamente as peças do tabuleiro, conseguindo, com o aval dos aliados leoninos, quebrar algumas resistências. Observaram que ela estava discretamente entusiasmada com a declaração de apoio que recebeu do presidente Othelino Neto (PCdoB), que desistiu de disputar o cargo. Mas está decidida a não baixar a guarda nem entrar numa perigosa onda de “já ganhou”. Vai continuar trabalhando para manter coesa e, se possível, ampliar a sua base de apoiadores até a eleição, daqui a 23 dias.
Governador vai a Brasília apoiar prefeitos contra perdas no FPM
O governador Carlos Brandão começa a semana em Brasília, onde acompanhará o presidente da Famem, prefeito Ivo Resende (foto), e outros importantes líderes municipais, a uma reunião no Tribunal de Contas da União (TCU), para evitar que mudanças no Fundo de Participação dos Municípios (FPM) imponha prejuízos a 60 municípios, incluindo grandes cidades, como Caxias, por exemplo. O argumento mais forte contra a cobrança é o fato de que a regra ainda não está normalizada.
São Luís, 08 de Janeiro de 2023.