A polarização entre o prefeito Eduardo Braide (PSD) e o deputado federal Duarte Jr. (PSB) na disputa para a Prefeitura de São Luís é um fato indiscutível. E ao que tudo indica, dificilmente será alterado pelo surgimento de um candidato que desestabilize a posição de um deles. Como mostrado na última edição da Coluna (17), Duarte Jr. terá sua candidatura embalada por uma poderosa aliança partidária e seus líderes, como o governador Carlos Brandão (PSB) e o vice-governador Felipe Camarão (PT). Já o prefeito Eduardo Braide não terá uma aliança partidária tão forte, mas sua candidatura à reeleição está sustentada em dois pilares decisivos: o seu prestígio pessoal e político e a sua gestão nestes três anos. As pesquisas mostram que os fatores que embalam o prefeito ludovicense o colocaram e o vêm mantendo na liderança, dando-lhe, pelo menos até aqui, a condição de favorito.
O prefeito Eduardo Braide vai construir uma aliança partidária, pois afinal ele precisa unir em aliança um grupo de legendas para fazer a campanha e dispor de tempo no Rádio e na TV. O PSD conta com a aliança do Republicanos e outros partidos menores. O prefeito ganhou o apoio do presidente do MDB de São Luís, deputado federal Cléber Verde, mas a direção estadual do partido, que deve apoiar o candidato do PSB, o desautorizou, criando um impasse ainda não resolvido. É fato que o chefe do MDB ludovicense se mantém como aliado do prefeito, em que pesem as manifestações em contrário dos chefes regionais do partido.
Não há dúvida de que o prefeito Eduardo Braide construirá uma coligação que o permita fazer sua campanha no Rádio e na TV. Mas o seu verdadeiro poder de fogo eleitoral está na sua gestão, no desempenho administrativo e no poder de fogo da máquina municipal, que é ágil e influente. Eduardo Braide aposta nos resultados que aparecem nas áreas de saúde, educação e infraestrutura. O projeto de ajustamento e modernização do trânsito de São Luís, por exemplo, é ambicioso e está se tornando uma referência positiva, exatamente por ser visível. Essas obras o têm tirado do gabinete e levado para os bairros, onde mantém contato direto com o eleitorado.
Neste mês, por exemplo, em meio ao impacto da abertura de uma CPI da Câmara Municipal para investigar contratos do Município e enquanto as máquinas da Prefeitura fazem importantes modificações no trânsito, o prefeito entregou, reformadas, a Unidade Educacional Integrada da Vila Embratel e a quadra poliesportiva da UEB Mário Pereira na Vila Sarney. Ele também iniciou a reforma dos Centros de Saúde da Vila Embratel, do Residencial Alexandra Tavares e da Cidade Olímpica. E entre outras várias inaugurações, deu o pontapé inicial para a construção do 1º Complexo de Educação e Cidadania do Coroado. As escolas que tem inaugurado ou reinaugurado são de alto padrão, se levada em conta a média das escolas municipais do estado. Vale registrar que Vila Embratel, Cidade Olímpica e Coroado são os três maiores aglomerados urbanos da periferia de São Luís.
O prefeito Eduardo Braide parece trabalhar com a certeza de que tem lugar garantido num eventual 2º turno, já que, pelo menos até aqui, as pesquisas não indicaram a possibilidade de que a eleição seja liquidada em um só turno, como apostam alguns aliados seus. Na eventualidade de disputar uma segunda rodada com o socialista Duarte Jr., o prefeito de São Luís terá de fazer uma grande articulação, podendo atrair o apoio do PDT e do Solidariedade, por exemplo. Corre nos bastidores que se ele for para o segundo turno, o comando nacional do PSD lhe dará todo o apoio que puder. Isso porque a direção nacional do partido deve compensar a tolerância em relação à senadora Eliziane Gama, que é do PSD, mas apoia a candidatura de Duarte Jr. sem sofrer sequer advertência.
O fato é que o prefeito de São Luís tem o pleno controle da sua posição política e do seu potencial eleitoral, o que o torna um páreo muito difícil de ser batido.
PONTO & CONTRAPONTO
Decisão do comando do PL pode impedir apoio do partido a Duarte Jr.
O deputado federal Duarte Jr. (PSB) pode não contar com o apoio do PL à sua candidatura à prefeitura de São Luís. O presidente regional do partido, deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que o apoiou em 2020, tem manifestado interesse em repetir o apoio, assim como o vereador Aldir Júnior, que comanda a legenda na Capital, tem inclusive dado declarações que praticamente confirmam a aliança do PL com o PSB em São Luís para o pleito de outubro.
Ocorre que no final da semana, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, divulgou carta aberta aos líderes regionais e municipais do seu partido dando o seguinte recado: quem apoiar candidato a prefeito de outro partido estará sujeito às regras disciplinares do partido, que prevê até a expulsão. A medida seria resultado de uma pressão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que, como Costa Neto, está obcecado pela ideia de que o PL eleja mil dos mais de cinco mil prefeitos brasileiros.
A medida do comando nacional do PL pode ser uma ducha de água fria na articulação para que o PL apoie a candidatura de Duarte Jr., que é visto como inimigo pela banda bolsonarista do Congresso Nacional, devido às suas a posições duras em relação à direita bolsonarista na Câmara Federal.
O próprio Josimar de Maranhãozinho, que atua em dezenas de municípios, lançando candidatos do PL e apoiando muitos de outros partidos, será atingido com a nota de Valdemar Costa Neto.
Incomodado com perguntas do delegado da PF, ministro decide manter silêncio
Continua repercutindo a reação do ministro das Comunicações Juscelino Filho (União Brasil) no depoimento que ele prestou à Polícia Federal na sexta-feira, no qual nada respondeu e criticou duramente o procedimento do delegado que o interrogou em mais um passo da Operação Adroaca.
O ministro foi orientado a permanecer em silêncio quando o policial iniciou o interrogatório fazem perguntas que nada tinham a ver com o foco da investigação: o suposto desvio no uso de emendas por ele destinadas à Prefeitura de Vitorino Freire, e que segundo a PF teriam sido usadas na pavimentação de estradas que passariam por fazendas pertencentes aos Rezende no município.
Horas depois da suspensão do interrogatório, o ministro Juscelino Filho atacou: “Infelizmente, o delegado optou por basear suas perguntas em informações que extrapolam o objeto da apuração, que sequer foram fornecidas a meus advogados, evidenciando que o propósito da investigação é devassar a minha vida e encontrar algo contra mim a qualquer custo. Esse método repete o modus operandi da Operação Lava Jato que, como sabemos, resultou em consequências danosas a pessoas inocentes”, criticou o ministro.
Por conta da decisão do ministro Juscelino Filho de ficar calado, sua defesa vai pedir uma nova data para que ele preste depoimento dentro das regras. São Luís, 19 de Maio de 2024.