
Com a habilidade que vem marcando sua carreira política desde os seus primórdios, o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), vem se mantendo com uma incógnita inabalável, ora emitindo sinais de que está apenas aguardando o momento adequado para anunciar sua candidatura ao Governo do Estado, e ora soltando pistas de que não está interessado entrar nessa briga agora. E com essa toada do vai-não-vai, ele tem, de certa maneira, pautado os movimentos do vice-governador Felipe Camarão (PT), do secretário de Estado de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), e Lahesio Bonfim (Novo), que sabem que sem ele na disputa o cenário é promissor para os três, mas com ele na corrida, a situação muda radicalmente com o seu favoritismo para sair na frente no 1º turno.
Quem acompanha sua entusiasmada desenvoltura nas redes sociais não tem dúvida de que ele está em campanha aberta. Sem uma máquina de comunicação por trás e usando ele próprio apenas um celular, o prefeito de São Luís consegue dar às suas atividades como gestor municipal o clima de campanha eleitoral sem exagerar na dose. Para isso, usa os frutos de uma gestão produtiva, com resultados visíveis, frutos de uma administração eficiente, com resultados concretos que se espalham pela cidade. Se mantém, portanto, na lista de pré-candidatos sem ter dito até agora uma só palavra sobre o assuntos.
Eduardo Braide tem calculado cuidadosamente cada movimento que faz no cenário político. Alimenta a condição de gestor pleno, que governa com pleno controle da máquina, sendo o responsável direto por tudo o que acontece nas mais diversas áreas da administração municipal, sendo seus secretários auxiliares cuja autonomia termina onde começa a responsabilidade do prefeito. Mantém com a Câmara Municipal uma relação que em nenhum momento ultrapassou a linha da convivência institucional, sem a preocupação em formar uma base majoritária e negociando a aprovação de cada projeto. Governa, portanto, sem sombra e sem pressão.
Nesse cenário e nessas condições, o prefeito de São Luís se movimenta para decidir se será ou não candidato ao Governo do Estado. Ele sabe que não pode errar agora. Se sair, vai deixar o comando municipal com a vice-prefeita Esmênia Miranda (PSD). E a tradição tem mostrado que vice que assume cria asas. Não há evidências de que possa haver algum problema, até porque tem sido visível que ele tem mantido a vice-prefeita ao seu lado em todos os eventos mais recentes, uma evidência de que ela está sendo preparada para assumir o comando em abril do ano que vem, se for o caso.
E aí vem o principal. Se Eduardo Braide entrar na disputa e vencer a eleição para governador, tudo bem, a vida seguirá com um horizonte no qual ele pode projetar sete anos e três meses no Palácio dos Leões e mais oito anos no Senado, uma agenda de poder que vai até 2046. Mas se deixar a Prefeitura da Capital e não conseguir eleger-se governador, muito provavelmente tentará voltar ao comando municipal em 2028, o que leva a uma questão crucial: terá o apoio da então prefeita Esmênia Miranda para a empreitada do retorno ao Palácio de la Ravardière.
O prefeito de São Luís poderá, finalmente, optar por permanecer no cargo e tentar o Governo em 2030. Aí serão três cenários. Se o vice-governador Felipe Camarão assumir, ele buscará a reeleição, o que produzirá um cenário favorável a Eduardo Braide, mas se com correr por fora e se eleger, será candidato à reeleição em 2030 muito difícil de ser batido. Se o eleito for Orleans Brandão, poderá chegar a 2030 como candidato à reeleição com favoritismo. O mesmo poderia acontecer com Lahesio Bonfim. Independentemente de quem seja eleito, Eduardo Braide chegaria a 2030 com dois anos fora da Prefeitura de São Luís, sem a força do cargo, portanto. Conclusão óbvia: 2030 não será o melhor momento.
Resumindo: se Eduardo Braide usar a lógica baseado no cenário atual, não há dúvida de que 2026 será o momento adequado, mesmo tendo que enfrentar candidatos fortíssimos. Mas a política tem caminhos que às vezes não são vistos por quem está de fora.
PONTO & CONTRAPONTO
De volta da Ásia, Lula deve convocar Brandão para decidir sobre sucessão
Ao retornar hoje ao Brasil, depois da bem sucedida viagem à Ásia, o presidente Lula da Silva (PT) deve colocar a corrida sucessória do Maranhão na sua agenda política, tendo como item principal a conversa com o governador Carlos Brandão (sem partido).
A chamada “Crise dos Áudios”, que levou ao rompimento total do grupo dinista com o governador Carlos Brandão, poderá ser um fator complicador da conversa, que já seria delicada sem tal confusão. Com ela, o governador terá aumentado o seu pacote de restrições à retomada da relação com o grupo dinista, principalmente se o acordo proposto for o apoio à candidatura do vice-governador Felipe Camarão.
Não há dúvida de que o presidente tentará emplacar o vice-governador, que é do seu partido e com quem está compromissado. Por sua vez, além de todos os problemas – em especial as ações judiciais – que travam o reatamento dos dois grupos, o governador Carlos Brandão tem a pré-candidatura de Orleans Brandão, que muitos, a começar por ele próprio, já veem como um projeto irreversível, mesmo sabendo que nada em política é definitivo.
Na mesa de negociação, o presidente Lula da Silva certamente fará de tudo para recompor sua base no Maranhão com os dois grupos, tendo Felipe Camarão como o ponto de amarração. O governador Carlos Brandão não parece inteiramente fechado a um acordo nessa direção, mas não há dúvida de que está disposto a sair para o tudo ou nada, abrindo mão do Senado – que muitos avaliam como um erro – e jogando todo o seu poder de fogo para eleger Orleans Brandão, certo de que se ganhar, tudo bem; se perder, perde tudo.
Os dois mandatários têm motivos para encontrar uma solução. Lula da Silva não quer dois palanques no Maranhão; Carlos Brandão não está disposto a afetar sua excelente relação com o Palácio do Planalto.
Tem gente dizendo que a conversa perdeu importância. Errado. Dela resultará o cenário definitivo para as eleições de 2026, seja ele qual for.
Felipe Camarão conclui nova tese de doutorado, que trata sobre segurança jurídica
Enquanto a situação da sua candidatura ao Governo do Estado encontra-se cercada de indefinições, mesmo com ele afirmando categoricamente que será candidato em qualquer circunstância, ou seja, assumindo ou não o Governo, o vice-governador Felipe Camarão (PT) não descuida da sua qualificação profissional, como procurador federal e professor de Direito na UFMA.
Ontem, ele postou nas suas redes sociais o frontispício da nova tese de Doutorado em Direito Constitucional, que defenderá no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa, sobre o tema “O Princípio da Segurança Jurídica e Eficácia dos Precedentes”.
O vice-governador anunciou sua nova conquista escrevendo o seguinte: “Mais um filho!” Com alegria e alívio acabei de revisar minha nova tese de doutorado. Quase bi doutor. Já sou doutor em Ciências pela UERJ e agora quase doutorem Direito Constitucional pelo IDP. Mais um sonho acadêmico que vira realidade, fruto de muita leitura, café e persistência! Sigo firme, com fé e gratidão. O caminho é a educação!”.
Vale registrar que o professor Felipe Camarão se desdobra para manter a sua rotina de professor do Curso de Direito da UFMA.
São Luís, 28 de Outubro de 2025.

