Todos os posts de Ribarmar Correa

Visita de Ana Paula e Othelino a Braide pode ser o embrião de uma aliança de oposição para 2026

Ana Paula Lobato, Eduardo Braide e
Othelino Neto: embrião de uma aliança?

O mundo político foi surpreendido pela visita da senadora Ana Paula Lobato (PDT) e do deputado Othelino Neto (Solidariedade) ao prefeito Eduardo Braide (PSD), no Palácio de la Ravardière, na manhã de terça-feira. Oficialmente, foi uma visita de cortesia institucional, comum na relação de parlamentares com executivos. A conversa, travada em clima de descontração, versou sobre relações institucionais, investimentos para São Luís e o cenário político no Maranhão de agora e a sua projeção para 2026. Visitantes e visitado nada revelaram sobre o teor do colóquio que mantiveram por aproximadamente meia hora, mas fizeram questão de tornar públicos fotos e vídeos mostrando o clima quase efusivo que marcou o encontro.  

O que poderia ser um fato normal, o evento ganhou forte peso simbólico importante, a começar pela distância política e partidária que separa o casal parlamentar do prefeito da Capital. E também pela circunstância de que a senadora Ana Paula Lobato, o deputado Othelino Neto e o prefeito Eduardo Braide não são aliados políticos nem parece que guardam afinidades partidárias e ideológicas. Mas como em política tudo é possível, a aproximação se explica pelo fato de o casal parlamentar e o prefeito da Capital estarem agora situados na oposição ao Governo do Estado, adversários, portanto, do governador Carlos Brandão (PSB).  

A visita ganha mais relevância política à medida que aconteceu há menos de uma semana depois da surpreendente eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, na qual o deputado do Solidariedade se lançou candidato de oposição e saiu da urna chancelado por 21 votos – incluindo o seu –, a mesma votação da presidente e candidata à reeleição Iracema Vale (PSB), que venceu pelo critério da maior idade.  Naquela eleição, o deputado Fernando Braide (PSD), irmão do prefeito Eduardo Braide – que foi candidato a 1º secretário, decidindo momentos antes da votação – teve papel destacado na articulação que acabou rachando a base governista, que deveria votar em massa na presidente Iracema Vale, mas atraiu mais de uma quinzena de votos governistas para o candidato de oposição.

Não há dúvida de que a senadora Ana Paula Lobato e o deputado Othelino Neto manifestaram interesse pelos problemas de São Luís, sinalizando a possibilidade de apoiar a gestão bem-sucedida do prefeito reeleito. Mas o que pesou, de fato, na conversa foram as expectativas para as eleições de 2026, nas quais o prefeito Eduardo Braide é apontado como pré-candidato ao Palácio dos Leões. A evidência da força desse item na conversa ficou clara numa declaração do deputado Othelino Neto, após deixar o Palácio de la Ravardière. “Conversamos muito sobre São Luís e o Maranhão. Muito sobre 2026”, declarou o parlamentar ao jornalista John Cutrim.

Levando-se em conta o fato de o prefeito Eduardo Braide ter sido reeleito com votação retumbante e já ser apontado como pré-candidato ao Governo do Estado, já atuando para estadualizar seu nome, e que o deputado Othelino Neto está à frente do movimento oposicionista na Assembleia Legislativa, apoiado pela fatia dinista do plenário, o desdobramento da visita de terça-feira pode ser o embrião de uma aliança de oposição para as eleições de 2026 no Maranhão. O prefeito Eduardo Braide é mais contido, mas o deputado Othelino Neto, que está jogando mais aberto, não deixa dúvidas quanto a isso.

O prefeito de São Luís, a senadora e o deputado sabem que a formação de uma frente de oposição não é tarefa fácil, uma vez que depende do aval de prefeitos. O PSD do prefeito Eduardo Braide só elegeu ele próprio, o mesmo acontecendo com o Solidariedade do deputado Othelino Neto, enquanto a aliança governista, comandada pelo governador Carlos Brandão, saiu das urnas com mais de 130 prefeitos e um exército de vereadores, e conta ainda o imensurável poder de fogo dos Leões, que é difícil, muito difícil, de enfrentar.

PONTO & CONTRAPONTO

Indefinição para 2026 faz com que as especulações sejam intensificadas na disputa para o Senado

Carlos Brandão vai dar o norte de uma disputa que pode
envolver Eliziane Gama, Weverton Rocha, André Fufuca,
Juscelino Filho, Pedro Lucas Fernandes, Josimar de
Maranhãozinho, Detinha e até Roseana Sarney

A surpreendente eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa colocou nas rodas de conversa no meio político uma série de itens, entre eles a eleição para o Senado em 2026. O tema ganhou força com o resultado das eleições municipais, andou esquecido por alguns dias, mas tornou a ganhar na última semana. E nessas conversas, a conclusão, via de regra, é a de que podem ocorrer dois cenários.

O primeiro cenário, imaginado na campanha de 2022: o governador reeleito Carlos Brandão (PSB) sairá em abril de 2026 para disputar uma cadeira no Senado, passando o Governo para o vice Felipe Camarão (PT), que disputará a reeleição. Nesse caso, a segunda vaga na chapa senatorial da aliança poderia ter a senadora Eliziane Gamas (PSD), o senador Weverton Rocha (PDT) ou o deputado federal e ministro do Esporte André Fufuca (PP). Nomes como o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL) ou a deputada federal Detinha (PL), o deputado federal e ministro das Comunicações Juscelino Filho (União Brasil), poderiam concorrer em faixa própria.

No outro cenário, no qual o governador Carlos Brandão permaneceria no Governo até o final do mandato, a disputa pelas duas vagas de senador seria aberta à participação de mais nomes. O ministro André Fufuca seria candidato na chapa do candidato governista, tendo o senador Weverton Rocha ou a senadora Eliziane Gama na segunda vaga. Outros nomes disputariam avulso, como os deputados Josimar e Detinha e o ministro Juscelino Filho.  Nesse jogo até a deputada federal Roseana Sarney (MDB) poderia entrar, assim com o deputado federal Pedro Lucas Fernandes.

Como se vê, a imprecisão do cenário político de 2026 neste momento faz com que as possibilidades sejam amplas na corrida às duas vagas de senador.

Revelação da trama para matar Lula, Alckmin e Morais põe a extrema-direita num beco sem saída

Jair Bolsonaro: situação ainda
mais complicada agora

A prisão de quatro oficiais superiores do Exército – um general, e três coronéis – envolvidos numa suposta trama para tomar o poder em dezembro de 2022 com o assassinato do presidente eleito Lula da Silva (PT) e do seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro Alexandre de Morais, do Supremo Tribunal Federal (STF) e então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), agrava, muito seriamente, a situação já crítica do já inelegível ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e coloca a direita radical numa espécie de beco sem saída no cenário político nacional.

Isso porque o discurso de negar o golpismo e insistir que “tudo é armação” contra o ex-presidente pode ter perdido a réstia de consistência que vinha mantendo, ainda que as vozes da direita radical continuem a sua propagação.

O que veio à tona nesta terça-feira, pela via de um relatório da Polícia Federal, tem o peso de pá de cal, porque parece fechar o roteiro do golpe fracassado, cujo roteiro seria impedir a posse do governo legitimamente eleito com a tomada do poder pelos militares.

Os fatos se interligam: o primeiro passo em 7 de setembro de 2023, a tentativa de invasão da sede da PF em Brasília, tentativa de explosão de uma bomba num caminhão-tanque nas imediações do aeroporto de Brasília, duas reuniões do ainda presidente Jair Bolsonaro para convencer comandantes militares a apoiar o projeto de golpe, a revelação da minuta do golpe encontrada na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, a declaração do candidato derrotado a vice-presidente, general Braga Neto, dizendo a apoiadores que ainda havia “esperança”, mesmo depois dos eleitos serem diplomados, a injustificável viagem do ainda presidente Jair Bolsonaro para Miami (EUA), a permanência de apoiadores dele acampados em Brasília pedindo intervenção criminosa dos militares, o quebra-quebra golpista do 8 de janeiro, para citar os fatos mais destacados. E, mais recentemente, a bomba no STF detonada por terrorista que se matou, e, duas semanas depois, a revelação estarrecedora da trama para assassinar o presidente e o vice-presidente eleitos e do, na época, presidente do TSE, isso depois de uma eleição limpa, sem um só questionamento em todo o País.

Demonstrando incapacidade de combater o bom combate político, a ala extrema-direita mantém a obstinada posição de não admitir suas ações golpistas, parecendo não perceber que o caminho é a disputa democrática, decidida pelo voto da maioria. E isso nada tem a ver com defesa de extrema-esquerda, que no fundo é a mesma coisa – embora desde a redemocratização de 1985, nenhum ato de terrorismo da extrema-esquerda foi registrado no País, mesmo nos governos de direita como o de Collor de Melo, o de centro-esquerda, com espírito liberal, de Fernando Henrique Cardoso e dos de esquerda democrática de Lula da Silva e Dilma Rousseff. Essa ação politicamente nociva, só colocou a cabeça de fora no governo de Jair Bolsonaro, que, está registrado, foi o seu maior incentivador.

Só que agora, diante do resultado das investigações da Polícia Federal, não bastará apenas negar. Os envolvidos, a começar pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, terão de provar, por A mais B, que a Polícia Federal está inventando tudo isso. E a primeira consequência é o envio do projeto de anistia para o espaço.

São Luís, 20 de Novembro de 2024.

Em contagem regressiva, Câmara de SL afasta vereador e vai terminar mandato maior do que iniciou

Paulo Victor comandou a legislatura 2021/2025 de uma Câmara que mandou para
casa os vereadores Domingos Paz (cassado) e Umbelino Jr por desvio de conduta

A atual Câmara Municipal de São Luís caminha para o final da sua legislatura cumprindo um dos mandatos mais diferenciados dos últimos anos em vários aspectos. Além do bom desempenho legislativo e da sua forte e surpreendente desenvoltura política, capitaneada por um presidente “bom de briga”, o vereador reeleito Paulo Victor (PSB), o parlamento ludovicense chega na reta final fazendo o que via de regra as instituições corporativas não gostam de fazer: cortando a própria carne. Primeiro extirpou dos seus quadros, pelo instituto da cassação, o vereador Domingos Paz (DC), acusado de violência sexual contra menores, e agora manda para casa, sem tempo para retorno, o vereador Umbelino Júnior (PSB), que responde pelo crime de “rachadinha”.  O primeiro foi substituído pelo suplente Sá Marques (Podemos), e o segundo pelo Aldo Rogério (PRTB), que terá apenas 43 dias de mandato.

No plano legislativo, a Câmara Municipal aprovou centenas de leis e proposições diversas, destacando-se o novo Plano Diretor do Município – que se arrastava havia mais de uma década – dotando São Luís dos instrumentos legais para planejar crescimento e desenvolvimento da cidade que é hoje uma metrópole que abriga nada menos milhão de habitantes e enfrenta sérios problemas, entre eles a ocupação descontrolada do solo urbano. Deixa engatilhado o projeto que atualiza a Lei de Zoneamento Urbano de São Luís, que é indispensável para a aplicação correta do Plano Diretor, que foi sancionado pelo prefeito Eduardo Braide (PSD).

Nos campos institucional e político, nenhuma composição recente da Câmara de São Luís foi mais ativa do que a atual. Sob o comando do vereador Paulo Victor – que foi eleito presidente em 2021, reeleito em 2023 e deve ser eleito para o primeiro biênio (2025/2026) da nova legislatura – a Casa de Simão Estácio da Silveira cumpriu as suas funções legislativas a contento. Os atuais vereadores sempre aprovaram as propostas do prefeito Eduardo Braide, mas não deixaram que ele dominasse a cena e controlasse a Casa, como aconteceu, por exemplo, no governo do prefeito Edivaldo Holanda Jr., então membro do PDT.

No campo essencialmente político, a atual Câmara de São Luís assumiu uma independência e uma autonomia pouco vistas nos seus mais de 300 anos de existência. Sob a liderança do presidente Paulo Victor, a maioria da Casa se posicionou como oposição ao prefeito Eduardo Braide. As tensões geradas por essa relação, que aumentaram ao longo da campanha eleitoral, não impediram que o prefeito de continuar governando a Capital sem maiores sobressaltos, mesmo com episódios como o aparecimento de Clio vermelho com o porta-malas abarrotado de dinheiro.

O ponto alto desses movimentos protagonizados pelos atuais vereadores ludovicenses, foi naturalmente, a punição de dois dos seus membros. Denunciado por uma vareadora, Silvana Noely (PSB), o vereador Domingos Paz respondeu por abuso de poder e violência sexual contra menor, foi processado, teve direito a ampla defesa, mas acabou cassado porque as evidências contra ele eram inquestionáveis, de modo que ele perdeu o mandato e os direitos políticos por oito anos. O vereador Umbelino Júnior, por sua vez, foi para casa por ordem da Justiça, pilhado que fora pelo do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do Ministério Público estadual na prática de “rachadinha”, o criminoso e vergonhoso expediente por meio do qual obrigava seus assessores a entregar-lhe parte dos seus salários.

Houve outros “poréns”, como o da investigação policial no gabinete do atual vice-presidente, vereador Francisco Chaguinhas (Podemos), que não se reelegeu. E nesse contexto, a Câmara caminha para encerrar suas atividades no dia 31 de janeiro, sairá bem maior do que entrou, principalmente em estatura política. Resultado, em grande medida, do arrojo político do presidente Paulo Victor, que não mediu esforços nem ousadia na sua atuação no comando da Casa.

PONTO & CONTRAPONTO

Depois do vendaval, a expectativa agora é para saber o tamanho das bancadas na Assembleia

Othelino Neto pode comandar oposição

Duas perguntas percorrem os bastidores da Assembleia Legislativa. A primeira: qual será o tamanho da oposição aberta e assumida na Assembleia Legislativa depois da surpreendente e histórica eleição da Mesa Diretora da Casa? A segunda, os deputados Othelino Neto (Solidariedade), Júlio Mendonça (PCdoB), Carlos Lula (PSB), Rodrigo Lago (PCdoB), Leandro Bello (Podemos) e Francisco Nagib (PDT) formarão um bloco oposicionista?

Tais indagações se explicam pelo fato de que o governador Carlos Brandão não terá a mesma relação com a base e vai definir o tamanho e a composição desse suporte. E depois do racha do dia 13, a expectativa dominante é em relação a quem será governo e quem será oposição. O grupo comandado pelo deputado Othelino Neto deve formar um bloco, ou se não, pode manter-se alinhado e se posicionar em bloco nas votações que virão.

Há quem garanta que o Palácio dos Leões já sabe com precisão quem da base optou pelo candidato de oposição a presidente da Assembleia Legislativa. Deve contar com pelo menos uma dezena dos que se “rebelaram”, para formar uma bancada com pelo menos 32 votos seguros. Isso quer dizer que aos seis já posicionados deverão se juntar pelo menos mais quatro, formando uma bancada oposicionista com uma dezena de deputados.

Essa reengenharia será comandada pelo governador Carlos Brandão.

OAB-MA: Kaio Saraiva se reelege e garante 12 anos de poder a grupo vitorioso em 2016

Kaio Saraiva: reeleito

Nenhuma surpresa na eleição para o comando da secção maranhense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MA), com a reeleição maiúscula do presidente Kaio Saraiva, que liderou a chapa “Conquistas que seguem em frente” e saiu das urnas com 8.763 votos, o equivalente a 71,66% da votação válida, enquanto o seu adversário, o advogado Marcelo Carvalho Lima, líder da chapa “Renova OAB”, foi avalizado com 3.465 votos, 28.34% dos votos válidos. O presidente reeleito comandará o braço maranhense da instituição civil mais respeitada do Brasil no triênio 2025/2027.

A reeleição de Kaio Saraiva para a presidência da OAB-MA é a confirmação do domínio de um grupo de oposição que chegou ao poder com a eleição do advogado Thiago Diaz em 2016, derrotando o grupo ligado ao então governador Flávio Dino. Thiago Diaz se reelegeu em 2018 e comandou a disputa que resultou na eleição de Kaio Saraiva, agora reeleito com votação retumbante.

Chama a atenção o fato de que, ao mesmo tempo em que fez uma gestão inovadora, segundo o seu discurso, o que agora foi confirmado pelos 8.763 que recebeu, Kaio Saraiva comandou um triênio complicado para a OAB-MA. Além de alguns confrontos internos e denúncias feitas durante três anos, o seu mandato foi marcado pela fraude que invalidou a formação da lista sêxtupla com a indicação de representantes da advocacia para o cargo de desembargador do Tribunal de Justiça pela Quinto Constitucional da OAB-MA.

O episódio impôs duro desgaste à OAB-MA, mas o presidente Kaio Saraiva soube liderar o processo de reabilitação, tanto que conseguiu novo mandato de maneira inquestionável. A votação robusta lhe dá autoridade para, entre outras ações, retomar o processo pelo qual a OAB-MA finalmente indicará o novo desembargador pelo Quinto Constitucional.

O resultado da eleição, portanto, garante 12 anos de comando ao grupo que virou a mesa em 2016.

São Luís, 19 de Novembro de 2024.

Brandão vai recompor base parlamentar montando uma bancada leal

Carlos Brandão vai refazer sua base parlamentar

Passada a tsunami que invadiu o plenário do Palácio Manoel Beckman com a surpreendente e já histórica eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa (13/11), quando a base governista, antes calculada entre 35 e 37 dos 42 deputados, rachou feio na escolha do presidente, tendo a titular do cargo e candidata à reeleição, deputada Iracema Vale (PSB), recebido 21 votos, contra 21 dados ao seu oponente, deputado Othelino Neto (Solidariedade), vencendo ela pelo critério da maior idade, tudo leva a crer que nada será com o antes na relação do Palácio dos Leões com o seu pilar partidário de sustentação.

O novo modus vivendi começou a ser desenhado em reunião fechada na sede do Governo, na tarde-/noite de quinta-feira (14/11), da qual a única informação concreta que chegou à Coluna foi a de que o governador Carlos Brandão (PSB), após livrar-se da onda frenética de teorias da conspiração, boatos e muitos fuxicos, fez uma avaliação profunda e ampla do cenário e decidiu operar uma mudança arrojada na base parlamentar governista. Ou seja, nada será como antes no quartel parlamentar.

E como será de agora por diante?  Para começar, o Palácio dos Leões já sabe exatamente quem votou em quem, e os motivos que produziram a cinematográfica infidelidade. E com base nesse cenário, embarcou para uma semana de férias no exterior levando na bagagem o quebra-cabeça cujo desafio é reestruturar sua base de apoio, de modo a recalibrar a sua relação com o parlamento estadual. A expectativa é a de que, avaliando a posição de cada deputado aliado que negou voto à presidente Iracema Vale e turbinou a votação de Othelino Neto, a base seja reconstruída com 28 a 30 deputados, considerando que 12 farão parte da oposição.

A decisão do governador Carlos Brandão de endurecer o jogo se sustenta na suspeita de que o movimento que rachou a base governista na eleição para presidente e vice-presidente da Assembleia Legislativa não se deu por uma “rebelião” pontual e aberta, com posições claras e bem definidas, discursos explicativos e tudo o mais que compõe revezes dessa natureza. O racha na base governista se deu no plano do sigilo absoluto, com uma preparação jamais vista nos bastidores do parlamento estadual. Foi muito mais surpreendente do que a histórica eleição, em 1984, dos delegados maranhenses ao Colégio Eleitoral que levaria Tancredo Neves e José Sarney ao comando da República, quando a banda malufista da bancada governista comandada pelo então governador Luiz Rocha foi confinada na mansão do deputado Nagib Haickel. E mais recentemente, a virada, em 2011, na qual o deputado Ricardo Murad foi dormir “presidente eleito” da Assembleia Legislativa, e na manhã seguinte foi atropelado pela eleição do deputado Arnaldo Melo.

Lastreado por uma eleição incontestável, resolvida no 1º turno, o governador Carlos Brandão enxerga, no racha da sua base, um projeto bem mais amplo, do que a eleição do deputado Othelino Neto como ponto de partida. E para manter a situação sob controle rígido e firme, vai montar um suporte parlamentar leal e sem risco de ser surpreendido por reviravoltas como a do dia 13. Isso porque a principal conclusão da avaliação é que, depois do que foi definido como “recado”, os adversários do Governo vão continuar jogando pesado, exigindo do Palácio dos Leões uma ação política muito mais intensa e eficiente.

O governador e o “núcleo duro” do Governo sabem que de agora em diante o que foi “normalidade” virou clima de “pé de guerra”. Estão convencidos de que os remanescentes do “dinismo” formam a espinha dorsal da oposição ao seu Governo. E que, finalmente, não há outro caminho que não o de criar os anteparos e planejar os contra-ataques. Um deles será, portanto, a remontagem da sua base na Assembleia Legislativa.

PONTO & CONTRAPONTO

Versões sobre os reais motivos da surpresa na eleição da AL estão reduzidas a duas

Iracema Vale e Othelino Neto protagonizaram
um confronto histórico na Assembleia Legislativa

Se tivesse vencido a eleição para presidente da Assembleia Legislativa – o que não aconteceu por falta de um único voto -, o deputado Othelino Neto e o grupo que o apoiou teriam feito também o deputado Júlio Mendonça (PCdoB) 1º vice-presidente e o deputado Fernando Braide 1º secretário, formando a base do poder real no parlamento estadual.

“Eles iriam tentar tirar o governador Carlos Brandão”, especulou um deputado governista experiente. “Não, isso não é verdade”, contradisse um deputado igualmente experiente do grupo dinista. E acrescentou: “Foi apenas um recado contra o tratamento dado aos deputados”.

Há um pouco de verdade nas duas avaliações. Se fosse apenas um recado de deputados insatisfeitos a votação de Othelino Neto não teria alcançado 21 votos, levando a decisão para o critério da maior idade. Um recado contundente seria dado, no caso, com 16 dos 42 votos, por exemplo. O grupo opositor diz que a eleição da presidente não correu riscos, que eles só queriam mostrar força ao Palácio dos Leões.

Já em relação à suposição de que o movimento visou tomar o controle do Poder Legislativo, deputados que nela acreditam dizem que a oposição conseguiu articular 25 votos, mas que, na hora “H”, quatro deputados deram para trás. “Eles iam mesmo tomar o poder, e tomariam legitimamente”, arrematou o deputado governista, certo de que seria deflagrada uma baita crise institucional e, por via de consequência, haveria uma guerra declarada entre o Palácio dos Leões e o grupo adversário.

Os adeptos da “teoria da conspiração” chegaram ao requinte de criar um roteiro que terminaria com a cassação do governador Carlos Brandão e a posse definitiva do vice-governador Felipe Camarão (PT). Se o objetivo era esse, os oposicionistas perderam feio, porque, mesmo tendo mostra força, o resultado da eleição com Iracema Vale reeleita e Antônio Pereira (PSB) e Davi Brandão (PSB) eleitos 1º vice e 1° secretário fechou as portas do Legislativo estadual para qualquer tentativa de derrubar o Governo.

Mas o tempo dirá, logo, logo, o que esteve, de fato, por trás da eleição da Mesa da Assembleia Legislativa.

Férias de Brandão e interinidade de Camarão mostram normalidade institucional

Felipe Camarão e Carlos Brandão: distância
política e normalidade institucional

Muita gente estranhou que o governador Carlos Brandão tenha viajado de férias com a família antes que a poeira da crise desencadeada pela eleição na Assembleia Legislativa tenha baixado inteiramente. O espanto de alguns foi com o fato de o governador passar temporariamente o bastão de comando ao vice-governador Felipe Camarão (PT).

O que alguns precisam entender é que eventuais diferenças políticas não podem se misturar com as obrigações institucionais. Felipe Camarão é o vice-governador, e não há como mudar esse fato. Além disso, entre ele e o titular existe uma relação de confiança que até agora não foi afetada pelas tensões políticas causadas com o distanciamento dos dois grupos aos quais eles pertencem.

E por último, declarações recentes do vice-governador Felipe Camarão a uma emissora de TV do Piauí, nas quais defendeu um processo sucessório “natural”, com ele assumindo o governo e apoiando uma eventual candidatura do governador ao Senado, indicaram que a harmonia entre governador e vice continua. Essa “naturalidade” foi reafirmada pelo vice ao assumir o comando do Governo para cumprir a semana de interinidade.

Então, todos os fatos evidenciam que o governador pode curtir sua semana de férias sem preocupações e certo de que o Governo está em boas mãos.

Em Tempo: Lançada em fevereiro de 2015, a Coluna Repórter Tempo alcançou, na sexta-feira, 2.900 edições. Seus textos foram todos autorais, focados no esforço jornalístico de interpretar o cenário político do Maranhão. O alcance é um estímulo para continuar alimentando seus propósitos, movida sempre por um jornalismo honesto e fundado em princípios rígidos. O autor agradece aos leitores que garantiram essa jornada jornalística.

São Luís, 17 de Novembro de 2024.

Com argumentos diferentes, Iracema e Othelino dizem que Assembleia mostrou independência

Iracema Vale e Othelino Neto: visões diferentes
sobre eleição da Mesa Diretora

Dois discursos feitos ontem na Assembleia Legislativa deram a dimensão política da histórica disputa pela presidência do Poder Legislativo, realizada na quarta-feira (13/11), entre a presidente Iracema Vale (PSB) e o deputado Othelino Neto (Solidariedade), que resultou em empate numérico (21 votos a 21) e foi definida pela maior idade, com a reeleição da chefe do parlamento estadual. Vencedora, a presidente Iracema Vale agradeceu a Deus, negou influência externa a seu favor, avaliou que sua votação foi fruto do reconhecimento pelo seu trabalho nesses dois anos e garantiu que a presidência não a envaidece e que continuará atuando pelos 42 deputados, compromissada com a ética. Vencido, mas também se definindo como vencedor, o deputado Othelino Neto agradeceu os 20 votos que recebeu – quando a expectativa mais otimista não passava de oito votos -, afirmou que deputados foram pressionados, reconheceu os méritos da sua adversária e reafirmou que continuará na oposição, “em defesa do legado do governador Flávio Dino”.

O ponto de convergência dos dois pronunciamentos foi o reconhecimento por ambos de que a Assembleia Legislativa deu uma demonstração de independência, de democracia e sem quebrar a harmonia entre os Poderes.

Sem contar com pelo menos 15 votos que lhe haviam sido prometidos e que migraram para o candidato oposicionista, a presidente Iracema Vale correu o risco concreto de não vencer a eleição. E com a agravante de que a “migração” de parte da base governista para a oposição não foi declarada, ganhou forma na contagem dos votos, causando espanto geral. Diante desse cenário, no qual a relação de poder foi radicalmente alterada, a presidente buscou o equilíbrio no comentário: “Agradeço aos que reconheceram minha condução à frente do Legislativo. E, aos que não votaram em mim, meu agradecimento também, pois essa experiência me trouxe ensinamentos e evidenciou a riqueza do processo democrático”. E acrescentou com a estatura de uma chefe de Poder: “Eu continuarei presidente dos 42 deputados. O jogo zerou”.

O deputado Othelino Neto, por sua vez, se declarou vencedor, mas sem contestar a vitória da presidente, agradecendo as duas dezenas de votos que recebeu e também aos 21 que não lhe deram o voto. Na sua avaliação, com a eleição, ele e seus colegas “demos uma demonstração de maturidade política”. Afirmando, em seguida, que os votos dados à presidente Iracema Vale foram méritos dela, frutos da sua relação com os deputados”. Para ele, 21 deputados disseram que a relação com o Governo “não está boa”. E acrescentou: “Foi um recado silencioso”. E mais: “Ontem nos demos um recado para o Maranhão”. E reafirmou sua posição de oposicionista, afirmando que a eleição mostrou que há problema na base governista.

As duas manifestações convergiram, portanto, para outro ponto: a eleição da Mesa Diretora, em especial a da presidente Iracema Vale para novo mandato, mostrou que, de fato, existem fissuras na base governistas que precisam ser consertadas. E isso depende de uma ampla e cuidadoso trabalho de articulação política. Até porque os fatos remeteram para evidência nítidas, sendo a principal delas a força do dinismo, parte exposta e ativa e parte integrada à bancada governista. Vale anotar que essa base jamais negou apoio integral às propostas do Governo, votando a favor, em bloco, sem maiores questionamentos. O racha ocorrido na eleição para a presidência da Assembleia Legislativa veio no rescaldo das eleições municipal, da qual, segundo a presidente Iracema Vale, “ninguém saiu inteiro”.

Ontem, passado o impacto inicial da tsunami que movimentou o plenário da Assembleia Legislativa nas quarta-feira, o governador Carlos Brandão, que é um político experiente e conhece o caminho das pedras, se reuniu com os seus principais aliados e conselheiros políticos para avaliar o cenário e definir um rumo.

PONTO & CONTRAPONTO

PL mantém silêncio sobre a posição da bancada na eleição da Mesa da AL

Fabiana Vilar: posição discreta sobre o PL na eleição

Embora ninguém exiba uma prova concreta, uma vez que o voto foi secreto e o movimento em torno da candidatura do deputado Othelino Neto tenha sido muito bem articulado, dez entre dez especuladores, garantem que os cinco deputados do PL – Fabiana Vilar, Aluísio Santos, Solange Almeida, Cláudio Cunha e Pará Figueiredo – estavam compromissados com Iracema Vale, teriam mudado na véspera e votado em Othelino Neto.

A deputada Fabiana Vilar, apontada como a voz do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, chefe maior do partido no estado, vem se mantendo discreta, evitando dar declaração sobre o assunto, sem soltar qualquer pista que confirme a virada da bancada do PL. Da mesma maneira, os outros deputados do PL parecem ter feito um pacto de silêncio, porque nada dizem sobre a posição da bancada.

Nos bastidores, o que está sendo dito é que o PL vai continuar sem problemas na base governista, podendo ganhar até uma secretaria. Esses rumores indicam que a pasta almejada pelo PL é a Secretaria das Cidades e Desenvolvimento Urbano, que atualmente está sob o comando do PCdoB.

Tsunami que invadiu a Assembleia Legislativa não deve chegar à Câmara de São Luís

Paulo Victor: conquistando
voto a voto para reeleição

 Os adeptos da “teoria da conspiração” estão fazendo um visível esforço para transportar para a Câmara Municipal de São Luís a crise na bancada governista que deu dimensão histórica à eleição para a presidência da Assembleia Legislativa. Alguns acreditam que a tsunami que invadiu o Palácio Manoel Beckman pode desaguar também no Palácio Pedro Neiva de Santana.

Ali, porém, o cenário é bem diferente. O presidente Paulo Victor (PSB), que se revelou um político hábil e arrojado, saiu muito na frente, vem construindo sua candidatura à reeleição voto a voto, já tendo conseguido o apoio da maioria dos novos vereadores, contando também com quase todos os vereadores reeleitos.

Com a experiência de quem já comanda o parlamento ludovicense há dois mandatos presidenciais, ele conhece cada um dos seus pares atuais. E tem trabalhado o apoio dos que se reelegerem sem perder o fio da meada até mesmo com os que não retornarão, dando uma demonstração de lealdade à integridade do mandato.

Ainda que seja uma Casa essencialmente política e com um histórico de independência em relação ao Palácio de la Ravardière, Câmara Municipal é um ambiente completamente diferente da Assembleia Legislativa.

São Luís, 15 de Novembro de 2024.

Iracema é reeleita, mas base governista racha, empata votação e eleição se dá por maior idade

Iracema Vale agradece a reeleição e, embaixo, registro da nova Mesa Diretora,
com os deputados Guilherme Paz, Fabiana Vilar, Antônio Pereira,
Andreia Rezende, Glaubert Cutrim, Davi Brandão e Osmar Filho

A presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), foi reeleita ontem para comandar a Casa no biênio 2025/2026. Sua eleição, porém, em votação secreta, se deu no mais surpreendente evento político ocorrido no Poder Legislativo nos últimos tempos. Numa movimentação imprevista, só evidenciada na primeira contagem dos votos, o candidato de oposição, deputado Othelino Neto (Solidariedade), obteve 21 dos 42 votos, resultando num empate que se confirmou em dois escrutínios, de modo que a presidente foi eleita por ter mais idade (56 anos) do que o oponente (40 anos), conforme critério regimental. A eleição repercutiu fortemente no meio político.

A surpresa continuou na disputa 1ª vice-presidência, entre os deputados Antônio Pereira (PSB) e Júlio Mendonça (PCdoB), vencida pelo primeiro pelo placar de 24 votos a 18. Uma terceira disputa, que se daria pela 1ª Secretaria da Mesa, só não ocorreu porque na última hora o candidato de oposição, deputado Fernando Braide (PSD), desistiu e garantiu a eleição do deputado Davi Brandão (PSB), candidato da chapa situacionista. Os demais membros da Mesa Diretora foram eleitos com larga maioria de votos dados à chapa “União e Continuidade”, encabeçada por Iracema Vale.

A eleição para presidente e 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa se deu num contexto em que as previsões e a lógica foram atropeladas pelo movimento inesperado. Até o início da contagem dos votos, o ambiente no plenário indicava que a presidente Iracema Vale, que fora aclamada em fevereiro de 2023, seria reeleita com pelo menos 35 dos 42 votos, garantidos pela base parlamentar governista, e que a candidatura do deputado Othelino Neto, que na mais otimistas das previsões alcançaria entre sete e dez votos, seria um movimento para demarcar o território da oposição na Casa. O resultado que saiu da urna derrubou todas as previsões, feitas inclusive por alguns deputados da base governistas momentos antes da votação.

Os números da eleição para presidente da Assembleia Legislativa tiveram repercussão imediata no meio político e chegou ao Palácio dos Leões, onde o governador Carlos Brandão (PSB) recebia ministros de Estado que vieram ao Maranhão anunciar investimentos de pelo menos R$ 40 bilhões em obras do Novo PAC, principalmente em infraestrutura. O comando político do Governo foi apanhado de surpresa, uma vez que não havia qualquer sintoma de que metade da sua base parlamentar se posicionaria contra a orientação no sentido de consagrar os candidatos da chapa “União e Continuidade”. Entre o primeiro e o segundo escrutínio houve um intervalo, no qual aconteceu uma frenética onda de telefonemas, mas o resultado foi o mesmo no segundo escrutínio, sem que nenhum voto fosse mudado, numa clara evidência de que o projeto não era eleger o deputado Othelino Neto, mas reeleger a presidente Iracema Vale no bojo de um recado político estridente.

Nenhum deputado deixou escapar o que estava sendo arquitetado, de modo que nem a presidente Iracema Vale nem os articuladores governistas detectaram sinais de um movimento tão forte dentro da sua própria base, que envolveu nada menos que 16 deputados tidos como fiéis. A especulação mais frequente foi a de que parte da bancada governista estaria insatisfeita, de um lado por uma suposta inflexibilidade do comando da Casa em relação a interesses dos deputados, e em parte por não estarem esses parlamentares – chamados por uns de “rebeldes” e por outros de “traidores” – insatisfeitos com os articuladores governistas. Numa terceira linha de interpretação, rumores deram conta de que o movimento incluiria também insatisfações relacionadas com o resultado das eleições municipais. E, finalmente, a teoria mais abrangente: uma medição de força entre o brandonismo e o dinismo. Mas nada de concreto veio à tona.

O fato é que a eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, em especial a eleição da presidente Iracema Vale, revelou que a base de sustentação do Governo não é tão sólida quanto o próprio Governo imaginava. E que existe alguma peça muito importante solta na articulação governista. Isso porque ficou muito claro que a intenção dos articuladores do movimento não foi eleger o deputado Othelino Neto, mas marcar uma posição com cores bem nítidas, com sinais de recado.

PONTO & CONTRAPONTO

Iracema assimila resultado, agradece os 21 votos, diz que o jogo zerou e diz que trabalhará para os 42

Iracema Vale na entrevista coletiva acompanhada dos deputados Juscelino Marreca,
Florêncio Neto, Júnior Cascaria, Guilherme Paz, Antônio pereira, Janaina e Viviane Silva

A presidente Iracema Vale não se deixou abalar pelas circunstâncias políticas em que se deu a sua reeleição. Ela sofreu o impacto inicial do resultado da votação, mas com a experiência política de várias eleições, ela assimilou o golpe. Isso ficou evidenciado na entrevista que ela concedeu após, durante a qual enfrentou com segurança perguntas questionando o ocorrido.

Iracema Vale não titubeou. Interpretou o resultado da eleição como uma manifestação de independência do Poder Legislativo. No que diz respeito à sua posição pessoal, ela não entrou em detalhes, mas deixou claro que havia assimilado o resultado e que tem consciência de que fez a sua parte no comando administrativo e político da Casa. E garantiu que a eleição “zerou o jogo” e que será presidente dos 42 deputados, sem entrar na onda

Ela definiu o resultado: “Esta é a vitória de uma pessoa que não tem parentes políticos na conjuntura do estado. É a vitória de quem venceu com o suor do próprio rosto e com o esforço das lideranças que acreditam e confiam no nosso trabalho. É uma vitória dos amigos leais que temos na Assembleia Legislativa do Maranhão”.

E acrescentou: “Coloquei meu trabalho para ser avaliado pelos deputados, não fiz barganha, nem propostas indecorosas, até porque na Casa temos homens e mulheres valorosos, e eu respeito a dignidade e as escolhas do povo do Maranhão, que colocou aqui pessoas de bem e de caráter.

Sobre o desfecho da eleição: “Nosso adversário se articulou bem e tem gente muito forte no Brasil ao seu lado, gente forte atuando. Mesmo assim vencemos.  Nunca me senti tão feliz em ser mais velha”,

E agradeceu o apoio do governador Carlos Brandão, segundo ela o maior líder político do Maranhão nos últimos tempos: “E sob a liderança dele estão os 21 deputados que votaram em mim. Eu quero agradecer ao governador pela confiança depositada em nosso trabalho”.

A presidente Iracema Vale vai comandar a nova Mesa Diretora, formada pelos seguintes deputados: 1º vice-presidente: Antônio Pereira (PSB), 2º vice-presidente: Fabiana Vilar (PL), 3º vice-presidente: Hemetério Weba (PP) e 4ª secretaria: Andreia Rezende PSB) e 1º secretário: Davi Brandão (PSB), 2º secretário: Glaubert Cutrim (PDT), Osmar Filho (PDT) e Guilherme Paz (PRD).

Aval de deputados da base governista reforça espaço de Othelino Neto como voz de oposição

Othelino Neto vota otimista

O deputado Othelino Neto saiu da eleição maior do que entrou e do que ele próprio esperava. Com o apoio de pelo menos 17 deputados da base governista, o ex-presidente teve reforçada a sua posição contrária aso Governo. Ele se comportou com absoluta calma durante a votação, parecendo que o resultado foi maior do que a previsão feita pelos seus próprios aliados.

E chamou a atenção o fato de ele não ter sido festejado pelos que lhe deram o voto, reforçando a impressão de que o propósito dos governistas rebelados não era a sua eleição, mas sim uma tomada de posição cuja causa ainda não está tão clara.

Depois da primeira eleição, quando ficou claro o empate, a senadora Ana Paula Lobato (PDT) foi para o plenário da Assembleia Legislativa, onde permaneceu ao lado do marido até o desfecho da eleição presidencial.

Em entrevista após o desfecho do pleito, o parlamentar oposicionista declarou: “A Assembleia deu um recado claro ao Governo”.

São Luís, 14 de Novembro de 2024.

AL: Iracema Vale vai comandar a Mesa Diretora que será eleita hoje para o biênio 2025/2026

Iracema Vale entre Osmar Filho, Hemetério Weba, Davi Brandão, Antônio Pereira,
Andreia Rezende, Fabiana Vilar, Glaubert Cutrim e Guilherme Paz,
integrantes da chapa “União e Continuidade” e, ao lado,
Othelino Neto e Júlio Mendonça, candidatos avulso

A Assembleia Legislativa vai eleger as Mesa Diretora que comandará a Casa no biênio 2025/2026. A presidente Iracema Vale (PSB) será eleita para continuar no cargo, juntamente com os deputados Antônio Pereira (PSB), Fabiana Vilar (PL), Hemetério Weba (PP) e Andreia Rezende (PSB) com 1º, 2º, 3º e 4º vice-presidentes, respectivamente, e os deputados Davi Brandão (PSB), Glaubert Cutrim (PDT), Osmar Filho (PDT) e Guilherme Paz (PRD) serão eleitos 1º, 2º, 3º e 4º secretários. Eles formam a chapa “União e Continuidade”. A presidente Iracema Vale não será candidata única e terá como concorrente o deputado e ex-presidente Othelino Neto (Solidariedade), que confirmou ontem a sua candidatura a presidente. E o PCdoB decidiu lançar o deputado Júlio Mendonça para disputar a 1ª vice-presidência com o deputado Antônio Pereira, sem qualquer chance de vitória.

PSD, MDB, União Brasil, Republicanos e Podemos, que representam nada menos que oito deputados, também estão fora do comando da Casa, mas apoiam a chapa liderada pela presidente Iracema Vale.

Além de ser o cumprimento de uma decisão judicial, que anulou a eleição antecipada em junho do ano passado, quatro meses após a eleição para o biênio 2023/2024, considerada irregular pelo Supremo Tribunal Federal, o pleito desta quarta-feira terá também um forte simbolismo político. Mostrará a força da base do governador Carlos Brandão (PSB) no parlamento estadual e, ao mesmo tempo, o tamanho da oposição ao seu Governo, representada pela candidatura do deputado Othelino Neto, principal voz oposicionista, à presidência do Poder Legislativo, que terá a companhia do deputado Júlio Mendonça como candidato avulso à 1ª vice-presidência. Em discurso em que oficializou sua candidatura, Júlio Mendonça explicou: “Nossa candidatura não é contra o Deputado Antônio Pereira ou contra o Governo do Estado. É uma candidatura que permite ao Parlamento refletir sobre seu papel, sua independência e sua responsabilidade com o povo deste Estado”.

A eleição da presidente Iracema Vale para o biênio final da atual legislatura é o resultado de uma série de fatores, que começa com o fato de ela ser o mais destacado nome do PSB no parlamento e na capacidade de articulação e comando que revelou no primeiro biênio. Nesse período, ela manteve a base unida em favor das propostas governistas que passaram pela Assembleia Legislativa. Ao mesmo tempo, deu seguidas demonstrações de valorização do Poder Legislativo, defendendo bandeiras como a diversidade, o compromisso político e a defesa intransigente do estado democrático de direito, quando a democracia foi colocada em discussão ou sob riscos. Sua permanência no comando da instituição legislativa faz todo sentido, uma vez que ela se credenciou plenamente para pleitear a reeleição.

Já a candidatura do deputado Othelino Neto tem um objetivo que quase nada tem a ver com a vitória. Com a experiência parlamentar que já acumulou, sabe que não tem a menor chance de eleição. Sua candidatura é uma demarcação de território como voz de oposição ao governador Carlos Brandão. Líder do minigrupo formado por ele, pela senadora Ana Paula Lobato (PDT) e pela suplente de deputado federal Flávia Alves (Solidariedade), Othelino Neto trabalha para ser o herdeiro do que restou do grupo mais ligado ao dinismo. O problema é que a bancada dinista vive um processo acelerado de desmanche, por ter ficado sem norte com a ida do ex-senador Flávio Dino para o STF.

No mais, a eleição de hoje é um retrato nítido do ambiente político em que vive o Maranhão, com um grupo dominante forte, sob o comando de um governador que tem dado demonstrações de que sabe jogar o jogo da política e com ele se manter no comando de uma aliança partidária densa e consolidada. A presidente Iracema Vale representa esse grupo hegemônico na política maranhense dos dias atuais. E com a experiência que vem mostrando, sabe que o presidente da Assembleia Legislativa poderá ter um papel-chave no processo que desaguará na corrida ao Palácio dos Leões em 2026.

PONTO & CONTRAPONTO

Eliziane sai da corrida pela presidência do Senado e pode ser ministra

Eliziane Gama fora da corrida presidencial

Aconteceu o que já era previsto nos bastidores de Brasília: a senadora Eliziane Gama retirou sua candidatura à presidência do Senado, uma vez que seu partido, o PSD, decidiu apoiar a candidatura do senador amapaense Davi Alcolumbre (União Brasil). Ela deve declarar apoio ao ex-presidente, que já tem maioria para voltar ao comando da Casa. Com a saída, o projeto da Bancada Feminina da Câmara Alta naufragou de vez.

Fora da corrida presidencial do Senado, Eliziane Gama é apontada agora como uma das duas opções que o presidente Lula da Silva (PT) tem para entregar o ministério a correntes evangélicas – a outra é a deputada fluminense Benedita da Silva (PT). E não está descartada a possibilidade de a senadora maranhense vir a ocupar outra pasta no Governo do PT.

Com a saída de Eliziane Gama do páreo, os três senadores maranhenses apoiarão Davi Alcolumbre, já que Weverton Rocha (PDT) e Ana Paula Lobato (PDT), já declararam apoio ao senador amapaense.

LOA prevê que Braide contará com um Orçamento de R$ 5,4 bilhões em 2025

Paulo Victor iniciou a tramitação da LOA

O prefeito reeleito Eduardo Braide (PSD) vai administrar um Orçamento estimado em R$ 5,4 bilhões em 2025, R$ 700 milhões a mais do que a previsão orçamentária de 2023, que foi de R$ 4,7 bilhões. É o que prevê o Projeto de Lei nº 210/24, a Lei Orçamentária Anual (LOA), proposta pelo Palácio de la Ravardière e que começou a ser apreciada ontem pela Câmara Municipal em sessão ordinária comandada pelo presidente, vereador Paulo Victor (PSB).

A LOA faz a estimativa de receita e monta o quadro de despesas do município para o próximo exercício fiscal. O valor de R$ 5,4 bilhões representa a estimativa de receita feita pelo órgão fazendário municipal como os recursos que serão utilizados para custear a máquina administrativa e fazer investimentos nas mais diversas áreas de responsabilidade da gestão municipal.

A LOA é também um instrumento de planejamento financeiro, à medida que fixa o norte traçado pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), cuja versão para 2025 já foi aprovada pelo parlamento municipal. A LOA pode ser emendada pelos vereadores, mas a “tradição” é a de que o texto seja aprovado sem alteração.

São Luís, 13 de Novembro de 2024.

Brandão monta programa para erradicar o que resta de pobreza extrema no Maranhão

Carlos Brandão quer erradicar a
pobreza extrema no Maranhão

O Maranhão poderá reduzir ao máximo ou até extinguir a pobreza extrema nos próximos anos. É o que prevê o programa “Criança sem fome” que o Governo do Estado deve lançar ainda este ano, caso a Assembleia Legislativa aprove projeto nesse sentido que deve ser ali protocolado provavelmente ainda nesta semana. Com o “Criança sem fome”, o governador Carlos Brandão (PSB) pretende retirar da pobreza extrema 197 mil famílias que, de acordo com levantamentos mais recentes, ainda se encontram nessa condição no território estadual. Dados de várias agências especializadas, como o Unicef, informam que de 2022 para cá, os programas sociais do Governo do Maranhão, associados a programas federais, retiraram 920 mil famílias da pobreza extrema.

A base de sustentação do “Criança sem fome” será um cartão no valor de R$ 200,00 mensais, com o qual a família beneficiada poderá comprar quatro cestas básicas a cada mês, ou seja, uma por semana. Esse recurso não poderá ser usado para comprar qualquer outro produto a não ser alimentos em rede comercial credenciada. Qualquer tentativa de uso indevido resultará na suspensão do cartão. O Ministério Público vai fiscalizar. E a fiscalização será rigorosa, para que seja evitada o que está acontecendo com uma fatia dos beneficiários do Bolsa Família, que está utilizando os recursos para apostar nas bets, essa praga criminosa e nociva que está infestando os extratos mais pobres da sociedade brasileira, conforme está sendo investigado pelo Governo Federal.

Os recursos para bancar o programa “Criança sem fome”, que custará R$ 200 milhões por mês, serão obtidos com o aumento de 1% no ICMS que incide sobre produtos não essenciais. Esse percentual constará de um projeto de lei que integrará o pacote que integra o projeto maior, que será encaminhado à Assembleia Legislativa nos próximos dias, para que ele seja aprovado ainda neste ano, de modo a poder ser implantado logo nos primeiros meses do ano que vem. O governador Carlos Brandão já iniciou conversas com os deputados estaduais, e pelo que ouviu desses parlamentares, obterá os votos necessários para colocar o programa “Criança sem fome “ em andamento em todo o Maranhão.

O novo programa será uma espécie de “eixo” central da política de segurança alimentar, principalmente voltada para crianças, do atual Governo maranhense, que já mantém uma rede 180 Restaurantes Populares, que é, de longe, a maior de todos os estados brasileiros, servindo café da manhã, almoço e jantar, ao preço de R$ 1,00. Conta também a alimentação que recebem estudantes da rede de escolas de tempo integral. E com outras ações de largo alcance, como os milhares de beneficiados com o programa Mais Renda.

Com a implantação do programa “Criança sem fome”, que se mostra um desafio e tanto, o governador Carlos Brandão aposta que até 2026, último ano do seu Governo, o Maranhão terá erradicado a pobreza extrema do estado, de modo que nenhuma criança maranhense passe fome. Ele tem dedicado a maior parte do seu tempo em reuniões com técnicos do Governo para definir os últimos ajustes do pacote a ser encaminhado à Assembleia Legislativa, ao mesmo tempo em que atua para conseguir quer ele seja aprovado sem perda de tempo.

PONTO & CONTRAPONTO  

Assembleia elege nova Mesa amanhã; Iracema Vale será reeleita

Iracema Vale será confirmada na presidência

A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa para o biênio 2025/2025 será eleita nesta quarta-feira, com a reeleição já definida da presidente Iracema Vale (PSB). Os demais componentes também já estão definidos e serão confirmado pelo voto de larga maioria.

A nova eleição se dá pelo fato de o pleito antecipado, realizado em junho de 2023, quatro meses após a eleição para o biênio 2023/2024 foi anulada por decisão judicial tomada sob a alegação de que a data foi inadequada.

Para realizar o novo pleito, a Assembleia Legislativa acatou a decisão judicial e aprovou Projeto Resolução Legislativa ajustando as regras. Após a aprovação, a Casa submeteu as novas regras ao Supremo Tribunal Federal, que concordou e autorizou a nova eleição.

Até ontem à tarde corriam rumores de que o deputado Othelino Neto (Solidariedade), estaria inclinado a disputar o cargo de presidente. Mas fonte parlamentar disse à Coluna que as consultar que o deputado – que presidiu a Casa – não teria conseguido arregimentar votos, já que a maioria esmagadora do plenário firmou apoio à reeleição da presidente Iracema Vale.

Eliziane Gama está cotada para ministério

Eliziane Gama: atuação forte no Senado

Informação divulgada domingo pelo jornal O Estado de S. Paulo, o Estadão, levanta a possibilidade de a senadora Eliziane Gama (PSD) vir a ser ministra de Estado. Segundo o diário paulista, o presidente Lula da Silva (PT) estaria inclinado a entrar uma pasta ministerial a um representante da Frente Parlamentar Evangélica.

Eliziana Gama estaria disputando a vaga com a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ). O Palácio do Planalto, por meio dos ministros Jorge Messias (AGU) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), que estariam conversando com lideranças evangélicas no Congresso Nacional para definir o novo ministro.

A senadora maranhense, que no momento se movimenta como candidata à presidência do Senado e do Congresso Nacional, tem forte penetração na ala evangélica das duas Casas do Poder Legislativo. Conta também com bom trânsito no Governo Federal e cultiva relações com o presidente Lula da Silva, tendo sido uma das articuladoras do apoio de parte do eleitorado evangélico à eleição do chefe da Nação em 2022.

Se vier a ser ministra de Estado, a senadora Eliziane Gama será o terceiro parlamentar maranhense a integrar o Governo Lula, uma vez que ali já estão os deputados federais André Fufuca (PP), que é ministro do Esporte, e Juscelino Filho (União Brasil), ministro das Comunicações.

São Luís, 12 de Novembro de 2024.

Ex-prefeitos de grandes municípios podem entrar forte na disputa pelo voto em 2026

Fábio Gentil, Hilton Gonçalo, Luanna Rezende, Edvan Brandão, Josinha Cunha
e Éric Silva são nomes apontados como fortes para as eleições de 2026

Por mais que algumas insistam no já manjado “ainda é muito cedo”, o fato real e concreto é que as eleições de 2026 já ganharam o status de tema prioritário na pauta das lideranças e dos partidos políticos. E nesse cenário, alguns ex-prefeitos de grandes municípios, que fizeram seus sucessores, começam a transitar como nomes certos no abrangente e complexo jogo das eleições gerais marcadas para daqui a dois anos. São apontados como candidatos a mandatos majoritários e proporcionais os futuros ex-prefeitos de Caxias, Fábio Gentil (PP); de Santa Rita, Hilton Gonçalo (Mobiliza); de Bacabal, Edvan Brandão (PSB); de Vitorino Freire, Luanna Rezende (União Brasil); e de Zé Doca, Josinha Cunha (PL), por exemplo. E também alguns que, mesmo tendo amargado a derrota dos seus candidatos, saem com cacife para encarar as urnas, caso de Éric Silva (PDT), de Balsas.

Fábio Gentil é, hoje, um dos políticos regionais mais fortes do Maranhão, tanto pelo seu desempenho como gestor quanto pelo peso político de Caxias, o quarto maior colégio eleitoral do estado.  Além de ser reeleito e ter elegido um sucessor da sua plena confiança, o engenheiro Gentil Neto (PP), o prefeito caxiense tem como cacife o mandato da deputada federal Amanda Gentil (PP) e da deputada estadual Daniella Gidão (PSB). Fábio Gentil tem no seu horizonte disputar um mandato federal ou um mandato estadual, que inclui até a vaga de vice numa improvável, mas possível, grande composição política e partidária. Não se descarta também a candidatura a 1º suplente numa eventual chapa do ministro André Fufuca (PP) ao Senado.

Com o cacife de ter elegido o seu sucessor, Milton Gonçalo e Naila Gonçalo, sucessora da prefeita de Bacabeira, Fernanda Gonçalo, o prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo, deixará o cargo sem esconder o seu projeto de entrar na briga por um mandato majoritário que, se depender dele, será o Governo do Estado. Ele tem batido nessa tecla em praticamente todas as suas falas, tendo admitido também o projeto de ser senador. Mas não descarta a possibilidade de vir a disputar um mandato de deputado federal, visando um projeto majoritário futuro.

Político aparentemente sem maiores ambições, o prefeito de Bacabal, Edvan Brandão (PSB), estaria rascunhando o seu futuro político, pensando na possibilidade de disputar um mandato. Com o cacife de prefeito reeleito e que teve participação importante na eleição do seu sucessor, o deputado Roberto Costa (MDB), Edvan Brandão trabalha com duas hipóteses: investir na carreira do filho, o deputado estadual Davi Brandão (PSB), mas também na dele próprio entrando na disputa para deputado federal.

Quem também fecha mandato municipal credenciada para encarar as urnas em 2026 é a prefeita de Vitorino Freire Luanna Rezende, cuja aliança com o irmão, o ministro Juscelino Filho (Comunicações), triturou nas urnas a banda familiar comandada pelo tio, o ex-deputado Stênio Rezende. Há quem diga que a prefeita poderá concorrer a uma cadeira na Assembleia Legislativa, disputando os votos da região com a deputada estadual Andreia Rezende, mulher do ex-deputado Stênio Rezende, que tem base em Balsas.    

A polêmica causada pela destituição da deputada federal Detinha (PL) colocou na cena política a prefeita de Zé Doca, Josinha Cunha (PL), que além de ser reeleita, elegeu sua sucessora, Flavinha Cunha (PL), com larga vantagem, como também elegeu quase todos os vereadores. No calor da polêmica sobre Detinha, Josinha Cunha, que é irmã do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, foi a primeira voz a se levantar em protesto contra a ação do comando do PL, e é apontada como eventual candidata a deputada estadual ou federal.

No tabuleiro dos prováveis candidatos em 2026 estão também prefeitos reeleitos de importantes municípios que, mesmo não tempo conseguido eleger sucessores, deixarão seus cargos com cacife para encarar as urnas. Um exemplo: Éric Silva (PDT), de Balsas. O ainda prefeito de Balsas é apontado como um gestor de ponta e reconhecido por ter realizado uma gestão diferenciada em oito anos, sendo um candidato de peso à Câmara Federal.

Esses e outros casos tornarão o pleito de 2026 bem mais concorrido.

PONTO & CONTRAPONTO 

Três grandes Prefeituras passarão por “pente fino” nas novas gestões

Rildo Amaral, André da RalpNet e Vinícius Vale
vão passar “pente fino” nas administrações
que receberão em janeiro

As administrações de três grandes prefeituras maranhenses serão submetidas ao “pente fino” no primeiro ano das novas gestões: Imperatriz, Pinheiro e Barreirinhas.

O prefeito eleito de Imperatriz, Rildo Amaral (PP), avisou, durante a campanha, que mandará investigar a fundo as suspeitas de desmando e de desvio em algumas áreas, especialmente a da Saúde, onde a situação estaria caótica. Numa declaração tensa, Rildo Amaral ameaçou mandar o atual prefeito Assis Ramos – que é delegado de polícia licenciado – para a cadeia.

A situação de Pinheiro seria também complicada, já tendo o prefeito que sai, Luciano Genésio (PP), sido afastado, no primeiro mandato, sob a acusação de corrupção. Ele voltou ao cargo semanas depois, conseguiu se reeleger, mas há vários processos contra ele em andamento. Na semana passada, a menos de dois meses de deixar o cargo, foi evolvido numa nova confusão, desta vez sob a acusação de não pagar servidores. O prefeito eleito André da Ralpnet (Podemos) estaria inclinado a investigar denúncias.

A Prefeitura de Barreirinhas vai passar por uma mudança radical. Não exatamente por conta de denúncias de corrupção, mas por conta de graves problemas de desorganização administrativa, que teriam se avolumado na gestão do prefeito Amilcar Rocha (PCdoB) e que o prefeito eleito Vinícius Vale (PMDB) estaria determinado a corrigir de maneira ampla e definitiva.

Carlos Lula quer reforçar segurança alimentar na rede estadual de ensino

Carlos Lula tem PL aprovado na Assembleia

O deputado Carlos Lula (PSB) obteve dos seus pares a aprovação do Projeto de Lei por meio do qual propõe a criação de mais um instrumento para mitigar a fome e reforçar a política de segurança alimentar no Maranhão. De acordo com o PL, o Estado manterá os programas de alimentação para estudantes da rede pública durante os períodos de férias.

O parlamentar socialista justificou assim a proposição: “Sabemos que a escola é também um espaço de equidade social. Especialmente com o ensino em tempo integral, muitos alunos têm acesso a uma alimentação que talvez não encontrariam em casa. No período de férias, porém, essa segurança alimentar desaparece. A ideia é que as escolas continuem a oferecer esse suporte essencial nas férias”.

Carlos Lula assinala que esse benefício não alcançará todos os estudantes da rede pública. A política por ele proposta beneficiará alunos cujas famílias estão inscritas no CadÚnico e recebam o Bolsa Família, com pelo menos 85% de frequência escolar e uma renda familiar per capita mensal de até R$ 218,00.

Para virar lei estadual, o PL depende agora da sanção do governador Carlos Brandão (PSB).

São Luís, 10 de Novembro de 2024.

Camarão reconhece liderança de Brandão e quer ser seu candidato seguindo “a naturalidade das coisas”

Felipe Camarão: projeta ser candidato a
governador com o apoio de Carlos Brandão

“É a nossa intenção, que siga a naturalidade das coisas. Brandão foi vice do Flávio (Dino), foi um vice muito leal. Flávio renunciou, foi o senador mais votado da história, foi ministro da Justiça e hoje está no Supremo. Então, o nosso líder político hoje é o governador Brandão. Eu quero muito que a gente caminhe para essa mesma naturalidade. Que o Brandão possa ser o candidato a senador, seja o meu candidato a senador, o senador mais votado da história. E eu seja o candidato dele a governador; dele, do PT, do Lula, do povo do Maranhão. É nisso que a gente tem trabalhado todos os dias. (…) Então, espero que a gente caminhe para essa normalidade, se Deus quiser”.

Com essa declaração, dada em resposta a uma provocação durante entrevista concedida ontem à TV Meio Norte, de Teresina (PI), o vice-governador Felipe Camarão (PT) reafirmou sua intenção de disputar o Governo do Estado em 2026 como candidato apoiado pelo governador Carlos Brandão (PSB), e como o seu candidato ao Senado. Para ele, esse seria o caminho da “naturalidade” e pelo qual tem “trabalhado todos os dias”. A manifestação do vice-governador demonstra que ele aposta alto nesse projeto.

Uma interpretação fria e isenta leva facilmente à conclusão de que, ao colocar as coisas nesses termos, o vice-governador evidencia que o que ele chama de “naturalidade” vai exigir uma construção muito mais complexa do que muitos imaginam. E mais do que isso, vai cobrar dele próprio muito esforço político e muita habilidade para lidar com os obstáculos que parecem ganhar forma diante do seu projeto político. E não basta ser o vice-governador e candidato do PT para se viabilizar. Nos 18 meses que faltam para a decisão do “sai ou não sai”, o jogo terá de ser jogado com muito cuidado, muito desprendimento e sem imposição.

Para começar, sua merecida ascensão à vice-governança, alcançando o status de elite de uma nova geração de políticos promissores, não incluiu o compromisso de que a normalidade por ele pregada fosse acontecer como fato consumado. E como não houve um acordo declarado nesse sentido, o governador Carlos Brandão tem todo o direito de se sentir à vontade para dar rumo que julgar adequado à sua sucessão. Isso não quer dizer que ele não venha a apoiar uma eventual candidatura do vice-governador ao Palácio dos Leões. Como também não significa que ele não venha optar por outro caminho sucessório.

O que parece claro, no momento, é que a questão sucessória está em aberto. Inclusive pelo fato de que, se não aconteceu um rompimento formal, não há como negar que a banda dinista está cada vez mais afastada da aliança hoje liderada pelo governador Carlos Brandão, que comanda um Governo politicamente forte, como ficou demonstrado na robusta vitória que ele e seus aliados obtiveram nas eleições municipais. Numa leitura direta dos fatos, fica evidente que o governador construiu uma base que lhe permite dar as cartas na sua sucessão, podendo sair para ser candidato a senador ou permanecer no Governo até o final, com a possibilidade real de fazer o seu sucessor.

Quando aceita uma provocação jornalística e dá a declaração que deu à TV Meio Norte, o vice-governador Felipe Camarão se coloca na corrida sucessória, dando a entender que está ciente das dificuldades que esse projeto pode enfrentar. Mas também deixa no ar a impressão de que vai usar todos os trunfos que tiver ao seu alcance para conquistar o apoio do governador Carlos Brandão ao seu projeto de chegar ao Palácio dos Leões. Sabe que uma construção política dessa magnitude é complexa e leva tempo, e isso pode explicar a franqueza com que respondeu à provocação sobre o assunto.

PONTO & CONTRAPONTO

Aliados pressionam Maranhãozinho a deixar o PL, mas ele sinaliza que vai permanecer

Josimar de Maranhãozinho está sendo pressionado
por aliados a deixar o PL no Maranhão

O deputado federal Josimar de Maranhãozinho, comandante maior do PL no Maranhão, está sendo pressionado por aliados a deixar o partido e procurar uma agremiação que “reconheça o seu trabalho”, como sugeriu em nota um dos seus mais fiéis parceiros, a prefeita reeleita de Chapadinha, Ducilene Belezinha (PL). Para ela, não vale a pena permanecer num partido onde tentam minar a sua base de apoio.

O líder do PL maranhense é um político traquejado, que conhece as regras do jogo e sabe como deve se comportar numa situação como essas. E por enquanto não parece inclinado a ceder à pressão do ex-presidente Jair Bolsonaro e deixar o partido. Prefere esgotar todas as possibilidades, deixando a palavra final para o presidente da legenda, Waldemar Costa Neto, com quem tem relação quase familiar.

Em meio à crise causada pela destituição da deputada federal Detinha do comando do PL Mulher no Maranhão, cujo comando foi repassado pela vereadora eleita de São Luís Flávia Berthier (PL), Josimar tem ouvido manifestações de apoio da maioria dos 41 prefeitos eleitos pelo PL, todos reafirmando a sua liderança no braço maranhense do partido.

Braide e Eliziane aguardam decisão sobre o futuro do PSD no Maranhão

Eduardo Braide e Eliziane Gama estão
ligados ao futuro do PSD no Maranhão

É incerto o futuro do PSD no Maranhão. Nos bastidores há sinais de uma peleja entre o prefeito Eduardo Braide, que comanda o partido em São Luís, e a senadora Eliziane Gama, que atua pela legenda em âmbito estadual, apoiada pelo ex-deputado Edilázio Jr., que preside a agremiação no plano regional.

Eduardo Braide tem o cacife de prefeito reeleito em 1º turno, vitória que repercutiu nacionalmente, sendo apresentada como trunfo pela cúpula nacional do partido. Eliziane Gama, por sua vez, mesmo em fim de mandato, mantém largo prestígio no Congresso Nacional, por sua intensa ação parlamentar, e no Governo do presidente Lula da Silva (PT), de quem é aliada de primeira hora. Seu prestígio está demonstrado pela sua candidatura à presidência do Senado, que não tem chance de vitória, mas vale como demonstração de prestígio.

O presidente do partido, Gilberto Kassab, trabalha afagando os dois lados, sabendo que logo, logo terá de decidir com quem ficará o braço maranhense do PSD.

São Luís, 09 de Novembro de 2024.

Destituição de Detinha do PL Mulher repercute no meio político e terá desdobramentos

Detinha recebeu a solidariedade de Eliziane Gama
e André Fufuca, que criticaram
o tratamento que ela recebeu no PL

O ato de força por meio do qual a presidente nacional do PL Mulher, a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro, destituiu a deputada federal Detinha do comando do PL Mulher estadual, para entrega-lo à vereadora eleita por São Luís Flávia Berthier (PL), teve forte repercussão dentro e fora do partido. Políticos de diversas cores viram no ato uma agressão à deputada federal Detinha, que juntamente com o marido, o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, chefe maior do partido no estado, tem sido responsável pelas robustas vitórias eleitorais do PL no Maranhão, cujo exemplo mais recente foram os 41 prefeitos eleitos pela agremiação.

A senadora Eliziane Gama (PSD), que não tem qualquer relação com o grupo liderado por Josimar de Maranhãozinho, usou suas redes sociais para se solidarizar com a parlamentar, lembrando o tamanho político da agora ex-presidente do PL Mulher no estado: “Solidariedade à deputada Detinha pela forma abrupta com que foi destituída do comando do PL Mulher. Detinha teve a maior votação como deputada federal do Maranhão”, declarou a senadora.

A exemplo da senadora Eliziane Gama, o ministro do Esporte, André Fufuca (PP), declarou: “Manifesto minha solidariedade à deputada Detinha, O que foi feito com ele foi profundamente injusto e um desrespeito ao seu trabalho e compromisso com o povo maranhense”. André Fufuca, que é deputado federal licenciado, mantém relações amistosas com Josimar de Maranhãozinho e seu grupo, sabe como se dão as ações partidárias e entendeu que a maneira pouco elegante como a ex-primeira-dama destituiu a parlamentar maranhense foi agressiva e desrespeitosa.

O próprio Josimar de Maranhãozinho reagiu, mas preferindo mostrar o poder de fogo do seu grupo por meio do recorte de uma reportagem recente do jornal Folha de S. Paulo, que o apontou como o grande arquiteto do desempenho do PL no Nordeste. A Folha informa que o PL de Josimar de Maranhãozinho elegeu 41 prefeitos no Maranhão, o equivalente a quase metade dos prefeitos eleitos pelo PL no Nordeste, representando cerca de 8% dos prefeitos eleitos pela agremiação em todo o País. Josimar de Maranhãozinho disse a interlocutores que vai conversar sobre o caso com o presidente nacional do PL Waldemar Costa Neto, que é quem tem a última palavra no partido.

Até as pedras de cantaria da Praia Grande sabem que o ato foi uma represália ao fato de o casal ser fiel à linha de ação do PL, mas não rezar no catecismo bolsonarista. Além disso, substituir uma parlamentar com capilaridade estadual e com a força eleitoral da deputada Detinha por uma vereadora eleita por São Luís, cuja ação política provavelmente não alcance o Estreito dos Mosquitos parece, em princípio, um erro de estratégia, ainda que nada impeça a vereadora Flávia Berthier de fazer um trabalho produtivo. A reação, no entanto, nada tem a ver com a substituta, mas com a maneira agressiva como se deu a substituição.

Uma passada de vista na crônica do PL demonstra com clareza que, independentemente do seu modus operandi de fazer política, o deputado Josimar de Maranhãozinho é parte raiz do partido comandado por Waldemar Costa Neto, que nasceu do PR, então comandado no Maranhão pelo notório político tocantino Davi Alves Silva, que teve o filho, Davi Alves Silva Filho, eleito deputado federal como sucessor. Devido a fracassos eleitorais, teve de repassar o comando da legenda a Josimar de Maranhãozinho, que desde 2010 vem acumulando títulos de mais votado e que foi um dos primeiros a assumir o PL.

Isso aconteceu quando Jair Bolsonaro era ainda um obscuro deputado federal, que mudava de partido a cada eleição, até que chegou ao PSL, que ele e sua turma tentaram controlar na marra, mas a reação dos fundadores da legenda os obrigou a procurar abrigo no PL, chefiado por Waldemar Costa Neto, que hoje dedica a maior parte do seu tempo a desmontar planos do ex-presidente e seu grupo para controlar a agremiação. O problema é que o PL é um partido de direita, mas boa parte dos seus quadros não é bolsonarista e não aceita se converter, como é o caso de Josimar de Maranhãozinho.

A guerra é, portanto, bem mais abrangente, e certamente terá desdobramentos.

PONTO & CONTRAPONTO

Iracema saúda os 100 municípios premiados com o Selo Unicef

Iracema Vale parabenizou os 100 municípios que receberam o Selo Unicef

A presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB) manifestou entusiasmo ao parabenizar os 100 municípios maranhenses que receberam o Selo Unicef em reconhecimento pelos avanços nos seus indicadores de políticas públicas para crianças e adolescentes.  

“Fico muito feliz com o resultado, pois todas as instituições premiam os bons gestores que cuidam do futuro. No entanto, é preciso um esforço significativo para aprimorar esses indicadores, e nem todos se propõem a enfrentar esse desafio. O Maranhão, todavia, abraçou essa missão e conseguiu que mais de 100 municípios fossem contemplados”, declarou.

Iracema Vale se mostrou especialmente gratificada com a presença na lista dos 100 premiados os municípios Nina Rodrigues, São Benedito do Rio Preto e Belágua. Sobre Belágua, a presidente do Poder Legislativa assinalou que o município recebeu o Selo Unicef pela segunda vez em oito anos. “É uma premiação que Belágua recebe pela segunda vez, o que demonstra a continuidade do trabalho e o comprometimento com as crianças e adolescentes do município”, destacou.

Em relação a Urbano Santos, do qual foi prefeita por dois mandatos consecutivos, Iracema comemorou o fato de esta ser a terceira premiação daquele município, sendo duas das certificações ocorridas durante sua gestão como prefeita. “É uma marca registrada do trabalho que vem sendo feito em Urbano Santos e uma validação das Nações Unidas”, declarou, acrescentando que o Maranhão começa a ser visto como uma referência nesse campo.

Câmara de São Luís mantém ritmo intenso de trabalho no fim do atual mandato

Entre os vereadores Aldir Jr. e Nato Jr., o presidente
Paulo Victor comanda sessão na Câmara ludovicense

A Câmara Municipal de São Luís realiza nesta sexta-feira, por iniciativa do vereador Marlon Botão (PSB), um painel temático sobre “Piso Salarial e Melhoria das Condições de Trabalho para os Agentes de Limpeza Urbana de São Luís”, com o objetivo de promover a valorização da categoria, o evento reúne autoridades e profissionais da área.

O painel é uma demonstração de que a atual composição do parlamento de São Luís, cujo mandato finda no dia 31 de dezembro, daqui a sete semanas, não diminuiu o ritmo de trabalho por conta dos resultados das eleições. Por determinação do presidente Paulo Victor (PSB), em acordo com os líderes, a Casa se manteve em pleno funcionamento.

Na semana passada, por exemplo, os vereadores aprovaram a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2025, que servirá de base para o prefeito reeleito Eduardo Braide (PSD), entre outros projetos de destaque. A maioria dos vereadores não reeleitos estão participando normalmente das sessões.

Esse ritmo será mantido até o início do recesso final da atual legislatura, que termina à meia-noite do último dia de 2024.

São Luís, 08 de Novembro de 2024.