
Lourenço e Pastor Gil assinaram o pedido de urgência por diferentes motivos
Usado como tábua de salvação pelos já condenados e os que estão a caminho da condenação por participarem dos atos golpistas que culminaram com 8 de Janeiro de 2023, aí incluída a cúpula do bolsonarismo, liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu entorno, o projeto de lei da anistia dividiu a bancada maranhense na Câmara Federal. A maioria dos 18 deputados é francamente contrária ao perdão, por entender, como a maioria dos brasileiros, que houve, de fato, uma tentativa de golpe de estado. E a minoria favorável, baseada no argumento segundo o qual os acontecimentos que incendiaram Brasília desde meados de dezembro de 2022 e que culminaram com o 8 de Janeiro, com o ataque violento e criminoso às sedes dos Três Poderes, foram pura ação de “vândalos infiltrados” em manifestações de “cidadãos de bem”., que foram “protestar” num domingo numa área vazia.
O posicionamento da bancada maranhense foi desenhado com clareza na sexta-feira, quando, usando todos os seus instrumentos de pressão, a banda bolsonarista da Câmara Baixa conseguiu as 257 assinaturas necessárias para garantir a urgência na tramitação do PL, fazendo com que ele vá direto para votação no plenário, sem passar pelas comissões técnicas. Esse aval foi dado por sete dos 18 deputados maranhenses: Allan Garcês (PP), Aluísio Mendes (Republicanos), Josivaldo JP (PSD), Detinha (PL), Josimar de Maranhãozinho (PL), Júnior Lourenço (PL) e Pastor Gil (PL). Eles formam dois grupos distintos na seara direitista, sendo o primeiro mais ideológico, que não discute as posições bolsonaristas, e o segundo, menos ideológico, forma a banda mais pragmática da direita, que não segue a cartilha do bolsonarismo. E nesse contexto, assinaram o pedido de urgência por diferentes motivos.
No primeiro grupo, que é bolsonarista roxo, Allan Garcês, que é de direita radical e fidelíssimo à linha de ação do chamado “bolsonarismo raiz”, divergindo da linha do seu partido, o PP, assinou a urgência por convicção, inclusive defendendo o projeto na forma em que foi proposto, “por uma anistia ampla, geral e irrestrita”. O deputado Aluísio Mendes, que tem relações muito próximas com a cúpula do bolsonarismo, integra a ala da Polícia Federal (ele é agente) identificada com essa corrente, também assinou a urgência para o projeto da anistia por convicção, ao contrário de muitos colegas de partido. O deputado Josivaldo JP, que marcha com o bolsonarismo sem deixar muito clara a sua verdadeira posição ideológica, joga com a corrente bolsonarista que é forte na Região Tocantina, mas foi rejeitado pela cúpula dessa corrente na eleição para a Prefeitura de Imperatriz. Não está claro o motivo do seu apoio à urgência do projeto de anistia.
Os outros quatro votos foram dados pelos integrantes da “minibancada” comandada pelo deputado Josimar de Maranhãozinho. A deputada Detinha já havia sinalizado apoio à urgência do projeto e assinou o pedido há alguns dias. Logo depois assinaram Júnior Lourenço, Pastor Gil e, finalmente, o próprio Josimar de Maranhãozinho, que só apôs sua assinatura no final da tarde de sexta-feira, sendo o 256º deputado, portanto, o penúltimo a fazê-lo.
Josimar de Maranhãozinho e seu grupo não queriam atender à “convocação” do ex-presidente Jair Bolsonaro, que é interessado direto na aprovação do projeto. O chefe do PL no Maranhão não engoliu até agora os ataques violentos que sofreu do ex-presidente, que no ano passado fez de tudo para expulsá-lo do partido, acusando-o de corrupção e o chamando de “bandido”. Josimar de Maranhãozinho pretendia liberar seus aliados, mas foi fortemente pressionado pelo chefe maior do PL, Waldemar Costa Neto, e acabou cedendo. Há quem diga que Josimar perdeu força no partido depois que foi denunciado pela PGR de comandar um esquema de corrupção com emendas parlamentares.
A tradição no Congresso Nacional e nas Casas legislativas em geral é que a assinatura de apoio a projeto nem sempre significa garantia de voto. São incontáveis os casos em que parlamentares que haviam aposto suas assinaturas em projetos de lei votaram contra os mesmos. Resta aguardar, primeiro, se o projeto será colocado em votação, o que parece que não acontecerá tão cedo. E depois, se os 257 votos de apoio se repetirão no tudo ou nada no plenário.
Em Tempo: não assinaram a urgência ao projeto da anistia os deputados federais Pedro Lucas Fernandes (União), Juscelino Filho (União), Márcio Jerry (PCdoB), Rubens Júnior (PT), Duarte Jr. (PSB), Amanda Gentil (PP), Hildo Rocha (MDB), Márcio Honaiser (PDT), Marreca Filho (PSD), Cléber Verde (MDB) e Fábio Macedo (Podemos).
PONTO & CONTRAPONTO
Pedro Lucas só assumirá ministério após escolha do líder do União, que dificilmente será Juscelino Filho
O deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União) está escolhido pelo presidente Lula da Silva (PT) para o Ministério das Comunicações, inclusive com o aval do presidente nacional do partido, Antonio Rueda, e da maioria da bancada do União na Câmara Federal. O parlamentar maranhense pediu um tempo – até depois da Semana Santa – ao presidente.
Para assumir o Ministério das Comunicações, Pedro Lucas Fernandes quer deixar resolvida sua sucessão no comando da bancada. Houve até apelos para que ele abrisse mão do ministério e permanecesse como líder do União, onde mostrou bom desempenho como articulador num parlamento dividido e sob forte tensão. Mas ele, também atendendo a uma grande fatia do partido, decidiu ser ministro.
O problema é que, imediatamente após deixar o comando do Ministério das Comunicações, depois que a denúncia de corrupção com emendas parlamentares lhe tirou as condições de permanecer no cargo, o deputado Juscelino Filho iniciou uma articulação para substituir Pedro Lucas Fernandes na liderança da bancada do União. Seu movimento abriu uma crise no partido, onde seu projeto encontrou muitos apoiadores e mais adversários.
Entraram no páreo pela liderança os deputados Mendonça Filho, pernambucano que foi ministro da Educação no Governo Temer, e Moses Araújo, um ativo membro da bancada. O clima de disputa levou o deputado Pedro Lucas Fernandes não tomou partido, mas teve de entrar numa intensa onda de negociações dentro do partido resolver a questão da liderança, inclusive atendendo a apelo do presidente Antonio Rueda, de quem é aliado de primeira hora.
O deputado Pedro Lucas Fernandes pediu ao presidente Lula da Silva para ser nomeado somente depois da Semana Santa, ganhando assim, tempo suficiente para resolver a escolha do novo líder. Esse, na avaliação de alguns observadores, dificilmente será o ex-ministro Juscelino Filho.
Pedro Fernandes se dividiu entre dois fatos na sexta-feira, um em Brasília e outro em Arame
O prefeito de Arame, Pedro Fernandes (União), se dividiu durante a sexta-feira. Em meio ao expediente que cumpre rigorosamente na Prefeitura – entra às 8h, sai meio dia, volta às 14h e sai às 18h -, ele se manteve atento a dois movimentos.
Um em Brasília, protagonizado pelo filho, o deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União), que está com um pé no Ministério das Comunicações.
E outro na Câmara Municipal de Arame, que votava e acabou aprovando, por unanimidade, projeto batizando de José Sarney (MDB) uma grande avenida da cidade.
Sobre a corrida do deputado Pedro Lucas da liderança do União na Câmara Federal para o gabinete principal do Ministério das Comunicações, o prefeito Pedro Fernandes subiu na longa experiência de Congresso Nacional e avaliou que o herdeiro sabe o que fazer e que tomará as decisões certas.
Já em relação ao projeto homenageando José Sarney, o prefeito de Arame se mostrou entusiasmado. Primeiro porque acha que a homenagem é mais que justa. E depois porque avalia que uma das suas principais avenidas com o nome de José Sarney valorizará a cidade.
São Luís, 13 de Abril de 2025.