A corrida para a Prefeitura de São Luís reúne aspirantes com diferentes perfis. Há os que têm fôlego próprio, como o deputado federal Eduardo Braide (Podemos) e o deputado estadual Duarte Júnior (Republicanos), os que se enquadram em searas ideológicas, como o deputado federal Bira do Pindaré (PSB) e o professor Franklin Douglas (PSOL), os que têm suporte partidário, como o deputado federal Rubens Júnior (PCdoB) e a deputada estadual Detinha (PL), entre outros casos. Nesse tabuleiro, no entanto, um candidato se movimenta até aqui como o detentor do maior suporte político e partidário mobilizado entre os pretendentes ao comando político e administrativo da Capital: o deputado estadual Neto Evangelista (DEM). Além do seu partido, o parlamentar conta com apoio assumido e efetivo do PDT, tem o aval de várias lideranças importantes, como o senador Weverton Rocha, presidente estadual do PDT, e o apoio declarado da deputada Mical Damasceno (PTB), com forte influência em segmentos evangélicos.
Neto Evangelista é jovem, mas com uma trajetória consolidada de militante adulto. Está no terceiro mandato de deputado estadual. Cresceu à sombra do pai, o deputado João Evangelista, político experiente e bem-sucedido herdou-lhe os votos e as responsabilidades, e até aqui tem sabido manter o legado com uma carreira vitoriosa, apesar de tropeços como o de 2012, quando, então no PSDB, tombou como candidato a vice-prefeito na chapa do prefeito João Castelo (PSDB), na malograda tentativa de reeleição, disputa vencida pelo então jovem deputado federal Edivaldo Holanda Júnior (PTC). Fora isso, sua carreira tem sido a de um político atuante que sabe onde quer chegar, é um articulador traquejado, que costuma dar passos certos, como a migração do PSDB para o DEM, onde ganhou o aval do presidente regional, deputado federal Juscelino Filho, e do chefe nacional, o prefeito de Salvador, ACM Neto.
Com movimentos bem traçados, que incluem a manutenção de um bom relacionamento com o Palácio dos Leões, Neto Evangelista tem sabido construir um projeto de candidatura lastreado por uma ampla e forte base política. Seu maior suporte é o PDT, onde o presidente Weverton Rocha, na falta de um nome de peso para motivar uma candidatura própria do partido, articulou o apoio do partido em São Luís, onde está sua maior força e seus líderes mais ativos. Já lhe declararam apoio os vereadores pedetistas Osmar Filho, presidente da Câmara, Ivaldo Rodrigues, Raimundo Penha e Pavão Filho, todos com sólidas bases eleitorais na Capital. Conta também com o incentivo do deputado Othelino Neto (PCdoB), presidente da Assembleia Legislativa, e pode até mesmo vir a receber o apoio do MDB, uma vez que mantém boas relações com o principal articulador do partido, deputado estadual Roberto Costa.
Para turbinar seu projeto de chegar ao Palácio de la Ravardière, Neto Evangelista enfrenta dois problemas. O primeiro é o prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT), cujo silêncio sobre o assunto indica com clareza que não simpatiza com o apoio do seu partido ao candidato do DEM. O outro é o seu desempenho ainda pouco animador nas pesquisas sobre as preferências do eleitorado. Em relação ao prefeito Edivaldo Holanda Júnior, é pouco provável que ele venha declarar-lhe apoio, já que sua inclinação é no sentido de apoiar o candidato a ser apoiado diretamente pelo governador Flávio Dino. A sua posição nas preferências do eleitorado poderá ser melhorada quando a campanha começar para valer. Para ele, o importante agora é fortalecer o aval do seu partido e o do PDT, que são as bases da sua candidatura.
O deputado Neto Evangelista não parece se intimidar com os problemas, provavelmente por acreditar que poderá mudar sua posição nesse cenário. Esse estado de ânimo foi demonstrado ontem, ao receber o apoio da deputada Mical Damasceno, que poderá significar o apoio do PTB, que também tem uma fatia do eleitorado de São Luís.
PONTO & CONTRAPONTO
Segundo na corrida, Duarte Júnior provoca embate com Eduardo Braide
Segundo colocado na preferência do eleitorado, segundo a pesquisa Prever sobre a corrida eleitoral em São Luís, Duarte Júnior, pré-candidato do Republicanos, decidiu provocar o líder disparado na corrida, Eduardo Braide (Podemos), para um embate direto. Duarte Júnior sabe que se a situação se mantiver nesse patamar, será ele o principal adversário de Eduardo Braide, e joga com inteligência ao provocá-lo para o confronto. Experiente nesse jogo, Eduardo Braide sabe que esse embate vai acontecer, mais cedo ou mais tarde, porque não há como vivenciar uma campanha na Capital sem um confronto, ainda que ele aconteça nos debates.
O líder nas pesquisas certamente avalia que entrará num jogo muito perigoso se partir para o ataque ao Governo Flávio Dino, que tem a aprovação de 65% da população da Capital, o mesmo acontecendo com o prefeito Edivaldo Holanda Júnior, que também está bem colocado no conceito do eleitorado ludovicense. Se decidir partir para o discurso agressivo, Eduardo Braide terá de se municiar de bons argumentos, pois corre o risco de cometer erros e atirar no pé.
Duarte Júnior tem faro político e sabe que dificilmente consolidará sua posição de principal adversário do candidato do Podemos se mantiver postura cautelosa. É ciente também de que não pode partir para a agressão gratuita e rasteira, sob pena de se tornar apenas um provocador, o que parece não ser o seu caso.
Ninho dos tucanos está dividido em relação à candidatura de Wellington do Curso
É verdade que já foram dadas declarações indicativas de que o deputado estadual Wellington do Curso, que tem bom desempenho nas pesquisas, será o candidato do PSDB na corrida à Prefeitura de São Luís, mas é verdade também que dentro do ninho dos tucanos a candidatura do parlamentar não é ainda fato consumado. Há vozes tucanas que defendem o projeto eleitoral de Wellington do Curso, mas há também uma banda que prefere o PSDB engajando-se numa aliança com Eduardo Braide, de preferência indicando o candidato a vice-prefeito. Uma fonte do partido acha que o senador Roberto Rocha, que tem poder máximo de decisão, está dividido, ora inclinado a turbinar a candidatura de Wellington do Curso, ora tendendo a rifar esse projeto e jogar todo o peso do partido no apoio ao candidato do Podemos. Segundo a mesma fonte, o senador Roberto Rocha não quer cometer erros em São Luís.
São Luís, 08 de Julho de 2020.