Enquanto o presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB) anunciava em Brasília, com estardalhaço, o seu rompimento com o governo da presidente Dilma Rousseff, num ato visto por muito como destinado a agravar a crise política que vem agitando o país, governadores nordestinos se reuniam em Teresina, onde deram prosseguimento aos esforços para mobilizar a região na busca de soluções para os problemas que os estados enfrentam. E como não poderia deixar de ser, os ecos da crise política disparados de Brasília chegaram encontro, levando o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), a fazer um grave alerta em defesa das instituições republicanas e da democracia.
De cara, Flávio Dino levantou a bandeira da defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff, por considerá-lo legítimo e indiscutível, o que foi ratificado pelos nove governadores presentes ao encontro. Juntamente com seus colegas, as forças políticas do país devem desarmar o clima de instabilidade política e evitar o esgarçamento das relações institucionais, sob pena de inviabilizar o aperfeiçoamento do sistema democrático, a consolidação das conquistas republicanas e o desenvolvimento econômico e social, com o incremento da produção e a evolução das políticas públicas. O que não pode é o Brasil estacionar por causa de um impasse político.
Numa entrevista após o encontro, com a participação de jornalistas de toda a região nordestina, o governador maranhense assinalou que a posição do Governo do Maranhão, como instituição política, é de defesa das leis brasileiras e dos avanços democráticos alcançados nos últimos 30 anos. Enfatizou que no momento se faz imprescindível a união das lideranças políticas do país, para garantir a estabilidade institucional do Brasil.
Na avaliação dos governadores, segundo revelou o governador Flávio Dino, os governadores nordestinos entendem que a impopularidade da presidente da República vem da crise econômica e é, portanto, transitória, não podendo trazer de volta “o fantasma da intervenção militar e a imposição de um poder ditatorial, cerceador de direitos”. Os governadores também rejeitaram firmemente a hipótese de impeachment da presidente Dilma Rousseff, argumentando que não faz sentido propor esse mecanismo porque a chefe do governo vive um o período de impopularidade. Para eles, o impeachment seria uma “monstruosidade constitucional” que poderia levar as instituições nacionais a uma situação de paralisia.
– Aqui externamos a nossa preocupação com a evolução ou a involução dessa crise política. Crise que hoje é absolutamente epidérmica, mas pode levar à paralisia das instituições brasileiras caso não haja um posicionamento firme das lideranças políticas – ponderou o governador do Maranhão, que foi apoiado pelos pares.
Dino afirmou, ainda, que o ajuste fiscal não pode ser a “agenda única” do Brasil. E revelou que os governadores já se posicionaram em concordância com as medidas de correção econômica do país. E avaliou que chegou a hora de apresentar um novo conjunto de políticas públicas capazes de superar a crise econômica, como a retomada do programa Minha Casa, Minha Vida para a geração de empregos na construção civil e das operações de crédito para os estados.
PONTOS & CONTRAPONTOS
Hildo Rocha escolta Cunha
O deputado Hildo Rocha (PMDB) entrou ontem para a história: esteve todo o tempo ao lado do presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB), quando este anunciava, em entrevista coletiva, o seu rompimento político com o governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Contrito e assumindo ar de gravidade que o mento exigia, Ildo Rocha passou a impressão de ser um aliado incondicional de Cunha. Em seguida, coube ao deputado maranhense anunciar a decisão do presidente da Câmara de instalar várias CPIs. Como é sabido que Rocha reza no catecismo político da ex-governadora Roseana Sarney, de quem é fiel escudeiro, e causou certa estranheza a proximidade que ele demonstrou com Eduardo Cunha, que, também é sabido, não reza no catecismo de Roseana e José Sarney.
São Luís, 17 de junho de 2015.
*Hildo Rocha