Encontro com Eliziane Gama e Márcio Jerry sinaliza que Edivaldo Holanda Jr. terá peso decisivo na guerra sucessória

 

Edivaldo Holanda Júnior entre Eliziane Gama e Márcio Jerry: prestígio em alta e força política para comandar forças aliadas na corrida à sua própria sucessão em São Luís

Uma fotografia feita ontem no gabinete principal do Palácio de la Ravardière agitou os nichos da especulação nos bastidores da sucessão na Capital. A imagem registra o prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) emoldurado pela senadora Eliziane Gama, que tem hoje palavra final sobre os rumos do Cidadania, e o deputado federal Márcio Jerry, comandante em chefe do PCdoB no Maranhão. Pela ótica do jornalismo factual, a imagem registra os três após a entrega de 18 novas ambulâncias para o Samu, compradas com recursos de emendas destinadas por Eliziane Gama e por Márcio Jerry para São Luís. Mirado pela ótica política, o registro fotográfico sugere uma soma de forças que poderá moldar um projeto de aliança partidária consistente e viável para disputar a Prefeitura da Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade nas eleições deste ano. E nesse caso, a imagem também estimula a interpretação a de que o prefeito Edivaldo Holanda Júnior, que até aqui tem mantido silêncio obstinado sobre sua própria sucessão, terá participação decisiva no desfecho que as urnas da Capital produzirão em outubro.

O trio de líderes da fotografia sugestiva tem, cada um a seu modo, poder de fogo para influir forte e até mesmo decisivamente na sucessão municipal. A senadora Eliziane Gama é hoje uma voz de importância destacada na bancada maranhense no Congresso Nacional, e além disso, tem uma base respeitável em São Luís, que poderá liderar no apoio a um candidato a prefeito. O deputado Márcio Jerry comanda hoje o maior partido do Maranhão, com poder de fogo para nortear boa parte do eleitorado da Capital na direção de um candidato próprio ou da aliança. Eliziane Gama têm cacife para, se quiser, sair momentaneamente da zona de conforto senatorial e entrar na corrida à Prefeitura, podendo ser um diferencial na disputa. Márcio Jerry é detentor da mesma condição: se viesse a decidir ser o candidato do PCdoB em São Luís, só seria impedido por uma decisão contrária do governador Flávio Dino.

Nesse contexto, a situação do prefeito Edivaldo Holanda Júnior será mais ou menos influente dependendo das decisões que vier a tomar na corrida à sua sucessão. Em fim de mandato – está no comando municipal há sete anos -, e sem a imposição de deixar o cargo para disputar votos agora, e ainda com a vantagem excepcional de estar melhorando progressivamente na avaliação da opinião pública, Edivaldo Holanda Júnior encontra-se numa posição política ao mesmo tempo confortável e perigosa. Confortável porque, do alto de uma boa gestão e do prestígio político dela decorrente, reúne as condições necessárias para coordenar um movimento com substância para embalar uma candidatura. E perigosa por que parte grande do seu futuro político será desdobramento do resultado dessa eleição.

Edivaldo Holanda Júnior sabe que, independentemente de qual venha ser o grau da sua participação na campanha, se um candidato da aliança dinista for para o segundo turno com o candidato do Podemos, Eduardo Braide, favorito até aqui, como está sendo desenhado, e vencer a eleição, grande parte da vitória será creditada na sua conta, o que alargará o seu horizonte político. Mas se esse candidato for derrotado, não há a menor dúvida de que a derrota e suas consequências serão igualmente debitadas na sua conta, com efeitos danosos no seu futuro político. Daí ser lógico supor que o silêncio de agora é estratégico, devendo ser quebrado no momento em que ele assumir a condição de coordenador do processo, conforme acertado com o governador Flávio Dino.

A imagem registrada ontem no gabinete principal do Palácio de la Ravardière tem tudo a ver com a corrida sucessória na Capital, só que nenhum dos três é candidato. A leitura correta é a de que a senadora Eliziane Gama e o deputado federal Márcio Jerry terão participação maiúscula numa guerra eleitoral em que o prefeito Edivaldo Holanda Júnior terá peso decisivo.

 

PONTO e CONTRAPONTO

 

Nascida de um zum-zum de palanque, candidatura de Pedro Lucas não resistiu dois dias

Pedro Lucas: candidatura efêmera, decisão sensata

Não durou mais que dois dias, com uma longa noite no meio, o zum-zum que incluiu deputado federal Pedro Lucas Fernandes (PTB) na corrida à Prefeitura de São Luís. A “pré-candidatura” foi inventada na manhã de sábado, num palanque em São José de Ribamar, onde a cúpula do PTB e líderes de outros partidos, lançavam a candidatura do prefeito Eudes Sampaio à reeleição. Durante o empolgado discurso do deputado em apoio ao projeto do prefeito petebista, alguém sugeriu, numa conversa paralela, que Pedro Lucas Fernandes poderia ser candidato a prefeito de São Luís. E na conversa foram lembradas credenciais que fazem dele um nome talhado para o cargo: é ludovicense da gema, pertence a uma família de políticos com larga vivência na cidade, seu pai (o atual suplente de senador Pedro Fernandes) foi vereador por vários mandatos e secretário de Obras da Capital, seu tio (Manoel Ribeiro) foi vereador por vários mandatos, presidiu a Câmara várias vezes e foi prefeito por alguns dias, e ele próprio foi vereador e comandou a Secretaria de Estado das Cidades e Desenvolvimento Urbano antes de se eleger deputado federal.

Como um rastilho de pólvora, o zum-zum deixou o palanque de São José de Ribamar, correu no meio político, alcançou rapidamente a blogosfera e as colunas de jornais, mas com a mesma rapidez perdeu força. O deputado Pedro Lucas Fernandes, é claro, gostou imensamente de ter sido lembrado, ensaiou um movimento do tipo “vou pensar no assunto”, mas a verdade é que não está nos seus planos ser candidato a prefeito de São Luís neste momento. Primeiro porque, além de presidir o PTB no Maranhão, ele acabou de ser reeleito líder da bancada do PTB na Câmara Federal, posição que o mantém, agora com mais força, no altíssimo clero da Câmara Federal, com meios para projetar seu futuro político com mais cuidado e consistência. Não seria, portanto, por um impulso causado por uma conversa de palanque que ele dividiria a liderança do PTB com uma desgastante e imprevisível guerra pela Prefeitura de São Luís. Daí não surpreender que o zum-zum tenha perdido força tão rapidamente.

 

Duarte Júnior e Yglésio Moisés, exemplos de que a política às vezes atropela a lógica

Duarte Jr. e Yglésio Moyses bons quadros liberados por seus partidos

Os deputados estaduais Duarte Júnior e Yglésio Moisés deixaram seus partidos, o PCdoB e o PDT, respectivamente, em busca de outras legendas para disputar a Prefeitura de São Luís. O primeiro deve desembarcar no Republicanos (ex-PRB), controlado no maranhão pelo deputado federal Cléber Verde e que tem como estrela principal o vice-governador Carlos Brandão, pré-candidato assumido à sucessão do governador Flávio Dino. O segundo ainda faz mistério sobre a legenda que vai abrigá-lo, prometendo revelá-la até sexta-feira. Tudo certo, os dois estão partidariamente resolvidos e serão candidatos à Prefeitura de São Luís, com possibilidade de serem diferenciais numa disputa difícil.

O que é difícil de entender é como o PCdoB e o PDT, que não dispõem de nomes com peso eleitoral na Capital, correndo o risco de serem coadjuvantes nessa corrida, abrem mão de dois quadros com elevada qualificação técnica, saudável vontade política e visível potencial de crescimento eleitoral. São coisas da política, que por mais explicadas que sejam, não se encaixam facilmente na compreensão do observador comum.

São Luís, 11 de Fevereiro de 2020.

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