No Vaticano, onde teve participação destacada no Sínodo da Amazônia, por meio do qual bispos dos países amazônicos discutem o futuro socioambiental da região e o da Igreja Católica naquele contexto, o governador Flávio Dino (PCdoB) acrescentou dois elogios, que para ele certamente têm o significado de conquista. O primeiro partiu surpreendentemente do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que colocou a atual gestão do Complexo Portuário do Itaqui nas alturas. O segundo está num relatório do Tribunal de Contas da União, que destaca como um “caso de sucesso” a arrojada política penitenciária colocada em prática no Maranhão. Mesmo para um Governo que vem aumentando o seu quadro de bons resultados e colecionando elogios de vozes isoladas e de instituições, o reconhecimento da gestão do Porto do Itaqui pelo atual presidente da República e o elogio do TCU em relatório são dois fatos muito acima da média, que dão ao Governo como um todo um poderoso reforço de imagem, e ao governador em particular uma forte dose de gás político.
O reconhecimento dos avanços do Porto do Itaqui no atual Governo foi feito ontem pelo presidente Jair Bolsonaro no Qatar, uma das suas escalas do périplo que faz pelo Oriente Médio para reparar trombada diplomática que deu quando, logo após assumir, quando escolheu, estupidamente, Israel como aliado preferencial na região, causando mal-estar com o mundo árabe. Foi no Qatar que Jair Bolsonaro fez o seguinte post no twitter: “Porto do Itaqui/Maranhão é um dos principais portos do país. Entre janeiro e agosto de 2019, movimentou 18,20% a mais do que a carga movimentada no mesmo período de 2018. Confiança, reação nos investimentos e produtor, maior giro de insumos e geração de empregos — Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) October 28, 2019”.
A twittada presidencial não foi um fato qualquer. Ninguém hoje no País ignora a cisma política e a distância ideológica do presidente Jair Bolsonaro em relação ao governador Flávio Dino, em quem parece enxergar potencial para mobilizar e liderar as esquerdas e se consolidar como adversário na corrida sucessória de 2022. Em várias ocasiões tentou desqualificar a gestão portuária do Governo do PCdoB, chegando até a ameaçar federalizar o Porto do Itaqui, mas parece que tempo e a realidade estão se impondo à miopia política do presidente. Ao elogiar a gestão do Itaqui, Jair Bolsonaro estende, contra a vontade ou não, o elogio ao governador Flávio Dino, que com isso recebe uma forte lufada de gás para embalar o seu projeto político, e com a vantagem de não ter cedido um milímetro sequer na sua crítica oposicionista ao Governo de Brasília.
O reconhecimento explícito do TCU do sucesso da política penitenciária do Governo do Maranhão vai muito além de um simples elogio. Para começar, é uma raridade no País onde o sistema carcerário é um dos piores do mundo, e por se destacar entre os 27 estados como um “caso de sucesso”, o sistema prisional maranhense, até pouco tempo visto como uma “sucursal do inferno”, tenha sido citado assim no relatório que resultou de uma inspeção feita em agosto pela Secretaria de Controle Externo da Defesa Nacional e da Segurança Pública de Contas da União: no Complexo Penitenciário de Pedrinhas: “O estado do Maranhão tem-se apresentado como um caso de sucesso na gestão penal, em razão de ter obtido, em curto intervalo de tempo, expressivos avanços em áreas de interesse do modelo IGGSeg”. Em outro trecho, o relatório destaca a admissão de presos, a monitoração eletrônica, as alternativas penais e o trabalho dos presos. E afirma: “Quanto à educação, tem bons resultados na educação formal; outra iniciativa importante tem sido o Programa Rumo Certo, que tem permitido amplo acesso das pessoas presas à instrução”.
Com a boa avaliação técnica do sistema prisional, o relatório do TCU dá ao governador Flávio Dino a comprovação definitiva irrefutável do que vem sendo dito pela publicidade governista, mas contestado por algumas vozes da Oposição sarneysista. Com esse aval, que aponta também correção na aplicação dos recursos de programas federais para a área – caso raro em relatórios técnicos do TCU -, o governador Flávio Dino fortalece sua posição de idealizador e líder de um Governo eficiente.
Ao reassumir o comando do Estado nesta quarta-feira, bafejado pelos ventos celestiais durante sua estada no reino de Francisco, o governador do Maranhão estará bem mais fortalecido.
PONTO & CONTRAPONTO
Na interinidade, Brandão foi a dois eventos focados no futuro do Maranhão
Durante sua interinidade no Governo do Estado, com a viagem do governador Flávio Dino para o Vaticano, o vice-governador Carlos Brandão (PRB) participou do “Diálogos Capitais – Consórcio Nordeste Maranhão”, realizado em São Luís, na sexta-feira (25), pela revista Carta Capital, porta-voz assumida da linha de pensamento progressista entre os semanários brasileiros. E na sua fala, o governador em exercício fez uma declaração contundente, com a ênfase e o tom de quem sabe o que diz como parte desse processo em andamento. E destrinchou sua afirmação durante a palestra “Um novo ciclo de crescimento do Maranhão e do Nordeste”, na qual apontou o acerto político e administrativo dos estados nordestinos ao se unirem contra a crise econômica que assola o País. Para ele, o Consórcio Nordeste, por meio do qual os governos nordestinos discutem e definem prioridades, levando em conta as particularidades de cada estado, criou as condições para a recuperação da economia regional, produzindo ainda um cenário de desenvolvimento na região. E com a segurança de quem conhece a fundo a situação do Maranhão atual, de cujo comando é parte ativa como um auxiliar produtivo do governador Flávio Dino, relatou que desde 2015 a gestão dinista investe em ações estratégicas, fortalecendo a política de atração de investimentos privados e efetivação de políticas públicas voltadas para o social. “Preparamos o nosso estado e seguimos trabalhando firmes, liderados pelo governador Flávio Dino, para avançarmos a novos patamares de desenvolvimento, sempre acreditando na aliança com a justiça social”, enfatizou, em tom firme, deixando no ar a impressão de que pode ser ele o condutor desse processo a partir de janeiro de 2023.
Depois de falar do futuro no evento “Diálogos Capitais”, o governador em exercício Carlos Brandão visitou na Praia Grande, a “Cidade da Ciência”, onde acontecia a programação de encerramento da edição maranhense da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que neste ano desenvolveu o tema “Bioeconomia: diversidade e riqueza para o desenvolvimento sustentável”. Uma feliz coincidência, que o governador em exercício do Maranhão destacou como “um espaço de democratização do saber científico, onde os nossos estudantes expõem o conhecimento produzido nas escolas e universidades para a comunidade em geral”. Bem na linha futurista que pregara havia pouco para uma plateia de adultos também interessados no futuro do Maranhão.
Timon: uma denúncia, um certo mal-estar e logo em seguida o contraponto
Uma denúncia feita sem maior estardalhaço pelo deputado federal Edilázio Jr. (PDS), quinta-feira (24), em Timon, dando conta de que aquele município estaria inadimplente na esfera federal, estando portando, impedido de receber recursos da União, causou um forte frisson na política timonense, mas acabou produzindo um bom resultado. O frisson seu deu porque a declaração foi feita à véspera da edição do Assembleia em Ação, que levou a Timon o presidente da Assembleia Legislativa, Othelino Neto (PCdoB), o senador Weverton Rocha (PDT), o deputado federal Edilázio Jr., mais de uma dezena de deputados estaduais e líderes políticos de 18 municípios do Leste Maranhense, o que colocou o prefeito Luciano Leitoa, que preside o PSB no Maranhão, em posição incômoda. O bom resultado veio na tarde de sexta-feira (25), quando o ex-prefeito Chico Leitoa (PDT), pai do prefeito e assessor do senador Weverton Rocha (PDT), anunciou que a única pendência que o município de Timon tinha com a União havia caído, devolvendo à gestão de Luciano Leitoa caminho livre para receber recursos da União. Político tarimbado, forjado sob a liderança de Jackson Lago e Neiva Moreira, Chico Leitoa deu a notícia em primeira mão para o adversário Edilázio Jr., que ficou sem discurso, mas fizera sua parte como Oposição. (Com informações o Blog do Ludwig).
São Luís, 29 de Outubro de 2019.