Flávio Dino é reeleito, faz os dois senadores, despacha de vez o Grupo Sarney, fecha a transição e dá nova cara política ao Maranhão

 

Flávio Dino entre Weverton Rocha (camisa branca), Eliziane Gama e Othelino Filho em clima de comemoração pela vitória completa nas eleições de Domingo 

O resultado das urnas desenhou ontem nova cara política para o Maranhão. A reeleição do governador Flávio Dino (PCdoB), com 1.867.396 votos (59,29%) em turno único e a eleição de Weverton Rocha (PDT) com 1.997.443 e Eliziane Gama (PPS) com 1.539.916 votos para o Senado da República consumaram, de maneira contundente e indiscutível, o processo de transição política com a derrocada completa do Grupo Sarney. A derrota arrasadora da ex-governadora Roseana Sarney (MDB) com 947.191 votos (30,07%) e o desempenho sofrível do deputado federal e ex-ministro Sarney Filho (PV) com 752.893 votos, assim como o insucesso do senador Edison Lobão (MDB) com 752.893 votos na corrida senatorial funcionaram como ponto final no longo domínio do Grupo Sarney no cenário político estadual.

Com a vitória maiúscula que alcançou, o governador Flávio Dino consolidou sua liderança, teve seu Governo aprovado pela esmagadora maioria dos maranhenses e ganhou aval para dar prosseguimento ao projeto de poder cujo rumo será em parte definido no segundo turno da eleição presidencial. O desfecho foi desenhado e concretizado também com a vitória da coligação dinista – “Todos pelo Maranhão” – no campo proporcional, formando a maioria da bancada na Câmara Federal e reafirmando o controle da Assembleia Legislativa.

O pronunciamento das urnas neste 7 de Outubro deu forma definitiva ao ponto culminante de um processo – vale ainda lembrar – iniciado em 2006 com a histórica eleição do governador Jackson Lago (PDT), interrompida em 2009 com a derrubada do seu Governo, e retomada em 2014 com a primeira eleição de Flávio Dino. Primeiro porque em cinco décadas um Governo surgido inteiramente na Oposição e por um líder da nova geração não cumpre seu mandato e se renova derrotando o Grupo Sarney com ações políticas íntegras e lícitas e em corridas eleitorais realizadas sem rasteiras nem truques. E mais do que isso, dando espaço de liderança para maranhenses sem chefes nem padrinhos, como próprio governador Flávio Dino e os senadores eleitos Weverton Rocha e Eliziane Gama, de origem modesta nascidos políticos nas forjas do movimento estudantil.

Já abalado desde a dura derrota sofrida em 2014, que o colocou na rota de uma crescente e visível perda de poder, o ex-presidente José Sarney (MDB) apostou todas as suas fichas numa cartada definitiva ao lançar a ex-governadora Roseana Sarney à luta pelo Governo e o deputado federal Sarney Filho a uma das vagas no Senado. José Sarney montou assim uma equação que poderia eleger os dois, o que significaria a sobrevivência plena do Grupo, mas calculando que a vitória dos dois ou de apenas um deles os manteria de pé. Ela no Governo cuidaria de restaurar os instrumentos de poder para seguir em frente; a eleição do ex-ministro do Meio Ambiente daria ao sarneysismo a possibilidade de se regenerar para tentar voltar ao comando em 2022. As urnas, no entanto, mostraram que o ex-presidente não pesou nem mediu a jogada com a precisão de antes, à medida que subestimou o poder de fogo do adversário.

Certo de que, se descuidasse, enfrentaria barra pesada na corrida às urnas, o governador Flávio Dino se movimentou como um líder que cultiva princípios e mergulhou no trabalho para cumprir praticamente todos os compromissos que assumira na campanha de 2014, levando a cabo uma arrojada obra de Governo de viés fortemente social. Ao mesmo tempo atuou forte no plano da política dentro e fora do estado, transformando-se numa das vozes mais acreditadas da esquerda brasileira, principalmente na batalha do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e no confronto aberto que assumiu para salvar o ex-presidente Lula da Silva (PT) da condenação e da cadeia. Mediu cada passo e cada palavra, dando a eles o comprimento e o tom certos, respeitando principalmente a coerência, agindo como um político que tem um lado, uma linha ideológica clara e uma base doutrinária forte. Mas atua pragmaticamente quando os interesses do Maranhão e sua gente estão em jogo.

Ontem, na entrevista que concedeu logo após a confirmação da sua vitória nas urnas, Flávio Dino deu mais uma eloquente demonstração de que tem os pés no chão. Provocado por jornalistas sobre eleição presidencial, ele anunciou, sem titubear, que a partir de hoje entrará em campanha aberta pela eleição de Fernando Haddad (PT), que recebeu 2.059.583, o equivalente a 61,24% dos votos maranhenses. E perguntado sobre uma eventual vitória de Jair Bolsonaro (PHS), que foi votado por 817.070, 24,30% da votação e que tem vociferado contra a esquerda, o governador respondeu tranquilo que não tem problema e que vai dialogar em defesa dos interesses do Maranhão.

Uma das mais tranquilas e imprevisíveis dos últimos tempos, as eleições de ontem mostraram, de maneira nítida e eloquente, que o Maranhão fechou um longo ciclo da sua vida política e administrativa. O governador Flávio Dino e a aliança que comanda foram chancelados pelas urnas, que com a mesma eloquência tirou de cena, pelo visto para sempre, o mais importante, poderoso e influente político que o Maranhão já produziu e, junto com ele, a mais implacável máquina de poder que o estado já conheceu.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Disputa por cadeiras na Câmara Federal produziu dois campões de voto: Josimar Maranhãozinho e Eduardo Braide

Josemar Maranhãozinho, Eduardo Braide, Márcio Jerry, Rubens Jr., Pedro Lucas Fernandes, Edilázio Jr., Aluísio Mendes, Bira do Pindaré, Cléber Verde, Juscelino Filho, Hildo Rocha, Zé Carlos, Gil Cutrim w João Marcelo formam a nova bancada federal.

Expressiva a renovação da bancada maranhense na Câmara Federal. Primeiro porque os dois mais votados, Josimar Maranhãozinho com 195.768 votos, e Eduardo Braide com 189.843, quebraram recordes de votação na história dessa representação até aqui, entrando para os registros das eleições como verdadeiros campeões de votos. Numa corrida muito bem disputada, desembarcará na Câmara Baixa o jornalista Márcio Jerry, principal articulador político do governador Flávio Dino, com 134.223. A relação de eleitos inclui também o bem articulado deputado André Fufuca e o ativo Pedro Lucas Fernandes. De peito estufado chegam ali também o deputado estadual Edilázio Jr., que passa a ser a principal voz do que restou do Grupo Sarney. Vale anotar também a não eleição de Gastão Vieira (PROS), Victor Mendes (MDB), Sebastião Madeira, entre outros. Com esse formato, a bancada maranhense na Câmara Federal terá pelo menos 11 deputados alinhados ao governador Flávio Dino. Segue a relação dos eleitos:

Josimar Maranhãozinho (PR – 195.768 votos), Eduardo Braide (PMN – 189.843), Márcio Jerry (PCdoB – 134.223), Júnior Lourenço (PR – 117.033), Rubens Junior (PCdoB – 111.584), Pedro Lucas Fernandes (PTB – 111.538), Edilázio Jr. (PSD – 106.576), Aluísio Mendes (Podemos – 105.778), André Fufuca (PP – 105.583), Cléber Verde (PRB – 101.806), Bira do Pindaré (PSB – 99.598), Juscelino Filho (DEM – 97.075), Júnior Marreca Filho (Patriotas – 79.674), Hildo Rocha (MDB – 77.661), Zé Carlos (PT – 76.893), Gil Cutrim (PDT – 72.038), João Marcelo (MDB – 67.352) e Pastor Gildenemyr (PMN – 47.758).

 

Assembleia Legislativa teve boa renovação e consolidou cacife de Othelino Neto para continuar na presidência

Othelino Filho, Duarte Jr., Detinha, Zé Inácio, Márcio Honaiser, Adriano Sarney, Glaubert Cutrim, Ana do Gás,  Roberto Costa, Marco Aurélio, Carlinhos Florêncio, Rigo Teles, Rafael Leitoa, Cleide Coutinho, Adelmo Soares, Paulo Neto, Edison Araújo, Vinícius Louro, Marcelo Tavares, César Pires, Zé Gentil, Fábio Macedo, Helena Duailibe, Wellington do Curso, Dra, Tahísa,  Daniella Tema, Dr, Yglésio, Ricardo Rios, Mical Damasceno, Antonio Pereira, Arnaldo Melo, Neto Evangelista, Andreia Resende, Pastor Cavalcante, Ciro Neto, Leonardo Sá, Pará Figueiredo, Rildo Amaral, Wendell Lages, Felipe dos Pneus, Fernando Pessoa e Hélio Soares

A lista de eleitos para a Assembleia Legislativa confirmou em parte as previsões da Coluna, a começar pela posição da candidata Detinha, que como o marido, Josimar Maranhãozinho, foi a mais votada,  a surpreendente votação de Duarte Jr., a volta significativa de Arnaldo Melo e Marcelo Tavares,  ambos ex-presidentes da Casa, além do exemplo de mobilização política de Caxias, que mandou três representantes Cleide Coutinho, Zé Gentil e Adelmo Soares. O deputado Wellington do Curso se reelegeu, mas com uma votação inexpressiva para quem obteve quase 100 mil votos na corrida para a Prefeitura de São Luís e percorreu o estado apresentando-se como líder da Oposição ao Governo Flávio Dino.  Destaque também para a reeleição de Adriano Sarney, que será a única voz da Família Sarney na política formal. Destaque maior ainda para a sólida reeleição do deputado-presidente Othelino Neto, que assim está credenciado para ser confirmado para presidir o Poder Legislativo na próxima legislatura. Seguem os eleitos para a Assembleia Legislativa:

Detinha (PR – 88.402), Cleide Coutinho (PDT – 65.438), Duarte Júnior (PCdoB – 65.144), Zé Gentil (PRB – 62.364), Othelino Neto (PCdoB – 60.386), Márcio Honaiser (PDT – 56.322), Dra. Thaiza (PP – 51.895), Adriano Sarney (PV – 50.679), Carlinhos Florêncio (PCdoB – 50.359), Neto Evangelista (DEM – 49.480), Marcelo Tavares (PSB – 48.269), Marco Aurélio (PCdoB – 47.683), Fernando Pessoa (SD – 47.343), Andreia Rezende (DEM – 47.252), Edson Araújo (PSB – 45.819), Rafael Leitoa (PDT – 45.462), Ana do Gás (PCdoB – 44.321), Adelmo Soares, (PCdoB – 43.974), Rigo Teles (PV – 43.633), Glalbert Cutrim (PDT – 42.773), Paulo Neto (DEM – 41.765), Daniella Tema (DEM – 40.541), Vinícius Louro (PR – 39.873), Dr. Yglésio (PDT – 39.804), Hélio Soares (PR – 38.555), Antonio Pereira (DEM – 37.935), Ciro Neto (PP – 36.688), Arnaldo Melo (MDB – 35.958), Roberto Costa (MDB – 35.214), Fábio Macedo (PDT – 34.873), Rildo Amaral, (SD – 33.239), Ricardo Rios, (PDT – 33.202), Dr. Leonardo Sá (PRTB – 31.682), Zé Inácio (PT – 31.603), Pará Figueiredo (PSL – 31.555), Helena Duailibe (SD – 31.147), Mical Damasceno, (PTB – 30.693), César Pires (PV – 30.091), Pastor Cavalcante (PROS – 29.366), Wellington do Curso (PSDB – 24.950), Wendell Lages (PMN -22.989) e Felipe dos Pneus (PRTB – 21.714).

São Luís, 08 de Outubro de 2018.

 

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