Gastão deixa o PMDB magoado, mas sem traumas

 

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Gastão deixou o PMDB magoado, mas sem gerar crise no partido

É verdade que não houve raios nem trovoadas, mas a saída do ex-deputado federal Gastão Vieira do PMDB não foi uma iniciativa acordada com os chefes do partido no Maranhão e no plano nacional, como também não representou o desfecho de uma guerra interna explosiva, com mortos e feridos. Mas, se não aconteceu por vias extremas de confronto aberto, o movimento de saída da locomotiva pemedebista foi protagonizado por um Gastão Vieira marcado por um visível desencanto e uma ponta de mágoa. Esse sentimento está expresso com nitidez na carta datada de 28 de abril – mas só entregue na semana passada – e endereçada ao deputado estadual Roberto Costa, presidente do PMDB de São Luís, na qual comunica e justifica sua desfiliação. Gastão se filiou ao Partido Republicano da Ordem Social (PROS) e vai comandá-lo no Maranhão, projeto em relação ao qual exibe otimismo.

O ex-ministro do Turismo deixa claro que não digeriu o desfecho da corrida ao Senado em 2014, na qual foi vencido pelo candidato do PSB, Roberto Rocha. E manifesta a convicção de que não teve o apoio necessário para confirmar nas urnas o favoritismo apontado pelas pesquisas divulgadas até pouco antes da votação. Gastão não se comporta como um perdedor inconformado, mas como um candidato que teve a vitória nas mãos e que a viu escapar, segundo ele, “por falta de apoio”, já que, conforme a carta, “as lideranças do PMDB estadual preferiram, e não esconderam o fato, outros nomes para a disputa ao Senado”.

Sereno, o ex-deputado federal não dá nomes às tais lideranças, mas a julgar pelo fato de que no início da missiva manifesta “respeito e admiração” por José Sarney e Roseana Sarney, deixa no ar a suspeita de que se refere aos senadores João Alberto, presidente do partido, e Edison Lobão, segundo cardeal pemedebista.

No mais, a carta em que comunica o seu desligamento não é um libelo nem um desabafo, mas um lamento enfático, mas equilibrado, consistente e historicamente importante. Afinal, um militante de peso deixou o PMDB, o que pode ser interpretado como uma perda para o partido e para Gastão Vieira, pois a história registra que um encarnava o outro. A política, porém, é muito dinâmica, marcada por altos e baixos, e isso quer dizer que Gastão e o PMDB seguirão em frente, cada um no seu rumo.

Segue, na íntegra, a carta de Gastão Vieira comunicando seu desligamento do PMDB:

Ilmo. Sr. Deputado Roberto Costa

Presidente do Diretório Municipal do PMDB

Comunico a Vossa Excelência e ao PMDB o meu desligamento do partido. A decisão é tomada com tristeza, após mais de trinta anos de atuação partidária permanente.

Tenho respeito e admiração, e sempre terei, pela História do PMDB, pelos seus dirigentes Ulysses Guimarães, Renato Archer, Michel Temer, José Sarney, Roseana Sarney, pelos prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e tantos companheiros que me acompanharam nas sete eleições que disputei e venci. Ao PMDB dediquei o melhor de minhas energias. Nos cargos que ocupei, nunca perdi a oportunidade de elevar o nome do partido, mesmo em circunstâncias muito adversas.

Na eleição majoritária do ano passado, abandonei uma reeleição certa para deputado federal e aceitei o desafio de concorrer ao Senado. Acreditei e trabalhei, fiel e dedicadamente, na missão de eleger o Senador Lobão Filho ao Palácio dos Leões e, claro, na minha eleição ao Senado Federal. Lembro, por oportuno, que as principais lideranças do PMDB estadual preferiram, e não esconderam o fato, outros nomes para a disputa ao Senado. Perdi um tempo precioso vencendo obstáculos desnecessários. E mesmo no cenário adverso descrito, tive 1.283.296 votos na eleição para o Senado, portanto saio com a sensação de dever cumprido, e mais, de vitorioso.

O PMDB era o espaço politico da minha geração na luta pelas de liberdades democráticas, pelo Estado de Direito, pela legalização dos partidos políticos, pela justiça social.

Saio porque esgotei todas as possibilidades de construção de projeto político por meio do PMDB/MA. O que me leva a buscar um novo espaço com condições de continuidade do projeto que, ao longo de minha vida pública, tenho me empenhado.

Agradeço a todos que fizeram parte dessa página que hoje viro. Saio de cabeça erguida e bem disposto a lutar o bom combate com um novo partido capaz de me dar o suporte para continuar na defesa dos meus ideais.

Gastão Vieira

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Lula vai a estados I

lula 1O jornal Folha de S. Paulo revela que na tentativa de recuperar a imagem do PT, abalada com a Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva programa para o final de junho um cronograma de encontros e reuniões pelo país com movimentos sociais e centrais sindicais. O objetivo do périplo é recuperar o apoio da base social da sigla, reaproximá-la do partido e mobilizá-la na defesa dos 12 anos da legenda à frente do governo federal. A intenção do petista é priorizar a visita a estados onde o partido tem apoio mais consolidado e obteve vantagem nas urnas no segundo turno da disputa presidencial do ano passado, como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte.

 

Maranhão de fora

O périplo de Lula não incluirá o Maranhão, onde o PT é fraco e está em situação delicada, definhando desde que se juntou com o PMDB, produzindo no estado dois PTs. Um é lulisla e está atrelado ao PMDB, como uma espécie de regra três; outro representa a esquerda petista mais autêntica, ligada a correntes que dentro do partido não engolem todas as orientações de Lula e do grupo dominante. Nesse contexto, o PT “oficial” do Maranhão não anda bem das pernas, enquanto o outro PT está sobrevivendo como parte da coalizão que dá sustentação ao governo de Flávio Dino (PCdoB). Diante desse cenário que envolve o PT, Lula não se dará ao trabalho de vir ao Maranhão.

 

Braide critica relatório I

eduardo 12Um dos deputados mais preparados em matéria legislativa, com nítida compreensão do complexo institucional brasileiro e uma visão política consistente, Eduardo Braide (PMN) (foto) se tornou um crítico ácido do relatório da Reforma Política apresentado na Comissão Especial da Câmara Federal e assinado pelo deputado federal pelo Piauí, Marcelo Castro (PMDB), que já esteve na Assembleia Legislativa do Maranhão falando do mesmo tema. Braide abordou diversos tópicos contidos no relatório com apartes de vários colegas de plenário.

 

Braide critica relatório II

Na sua avaliação crítica, o deputado Eduardo Braide disse que fez o registro para evitar que “a Assembleia fique a reboque da reforma política, tendo em vista que isso mexe com aquilo que há de mais reivindicado pela população que é realmente ter a liberdade de escolher conscientemente seus representantes, até porque aqueles que foram para rua levaram grandes cartazes dizendo: ‘você não me representa’, ‘partido tal não me representa’”.  O deputado afirmou que, por conta disso, é preciso escolher um sistema eleitoral que atenda ao anseio da população.

 

Pontos nevrálgicos

Em tempo: O relatório propõe o fim da reeleição para o Executivo com mandato de cinco anos para prefeitos, governadores e presidentes da República; sugere como sistema eleitoral proporcional o chamado Distritão, definindo que os candidatos mais votados terão assento nas Casas Legislativas; e define o financiamento misto, com recursos públicos e privados.

São Luís, 13 de Maio de 2015.

 

2 comentários sobre “Gastão deixa o PMDB magoado, mas sem traumas

  1. O nobre deputado critica a reforma politica em tramite no congresso em causa própria, com a formação dos distritos eleitorais fica mais difícil eleger o Mano em 2016!!!

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