Como registrado várias vezes na Coluna ainda nos primórdios da corrida eleitoral, a disputa pelas duas vagas no Senado ganhou mesmo os traços de uma guerra na qual os candidatos em confronto vêm manifestando clara disposição de jogar pesado para sair das urnas com seus passaportes carimbados para morar oito anos em Brasília a partir de fevereiro de 2019. As batalhas mais duras estão sendo travadas pelo senador Edison Lobão (MDB), e os deputados federais
Eliziane Gama (PPS), Weverton Rocha (PDT) e Sarney Filho (PV), com o acompanhamento próximo de José Reinaldo Tavares (PSDB) e os movimentos provocativos de Alexandre Almeida (PSDB). Iniciado já agitado por algumas tensões de âmbito interno, o embate ganhou intensidade e agora está ameaçado de sair do campo civilizado para ser travado num charco onde tudo pode valer. Essa tendência vem se acentuando nos últimos dias, produzindo fortemente a impressão de que esse viés pode ser um caminho sem volta, acirrando o clima de “bateu-levou” até o dia da votação, tornando imprevisível o desfecho da disputa.
A corrida dos candidatos ao Senado vinha se desenrolando num ambiente de tensão comum em campanhas eleitorais, mas o acirramento da disputa pelas duas vagas travada pelos quatro mais bem posicionados nas pesquisas: Edison Lobão e Sarney Filho, da coligação “Maranhão quer mais”, encabeçada pela ex-governadora Roseana Sarney (MDB), e Eliziane Gama e Weverton Rocha, da coligação “Todos pelo Maranhão”. Comandada pelo governador Flávio Dino (PCdoB). Até aqui, Eliziane Gama e Edison Lobão vêm liderando a corrida, desenhando a possibilidade de os dois saírem eleitos das urnas. Só que quase no mesmo plano de acordo com as pesquisas feitas até aqui, seguidos de Weverton Rocha e Sarney Filho, ambos com percentuais muito próximos e dispostos a virar o jogo, cada um à sua maneira.
A última pesquisa acirrou os ânimos ao mostrar Eliziane Gama e Weverton Rocha na frente para as duas vagas. Do fim da fila desse pelotão, Alexandre Almeida (PSDB) resolveu virar o jogo disparando chumbo grosso contra Edison Lobão, que vinha desenvolvendo uma campanha ao seu estilo: sem provocar conflitos. Logo em seguida, os canais de comunicação do Grupo Sarney elegeram Weverton Rocha e Eliziane Gama como alvos preferenciais, num movimento claramente destinado a beneficiar a Sarney Filho. O petardo contra o pedetista estava recheado com a informação sobre a reabertura de um processo já arquivado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no qual é acusado de improbidade. Contra Eliziane Gama o disparo alcançou o marido dela, Inácio Cavalcante Melo Neto, acusado de ter mais de um CPF, causando uma reação dura e desafiadora da candidata popular socialista, que também vinha realizando uma campanha ligth. Desde então, a corrida senatorial mergulhou num forte clima de tensão.
No plano da campanha em si, o governador Flávio Dino, que lidera com folga a corrida pela reeleição, resolveu reforçar a campanha dos dois seus candidatos ao Senado, gravando spots com Weverton Rocha e com Eliziane Gama, e participando de comícios, caminhadas e carreatas com os dois nas mais diferentes regiões do estado. Com o movimento, o governador vem dando um forte sentido de unidade à chapa majoritária da sua coligação, Uma situação bem diferente da coligação adversária, na qual até agora a candidata emedebista ao Governo só abraçou para valer a campanha do irmão, com quem gravou peças de campanha na TV, enquanto Edison Lobão, dono de um enorme cacife político e eleitoral, faz uma campanha solo, que na visão de alguns produz resultados mais efetivos do que associada à cabeça de chapa da coligação.
O que acontecerá nas duas semanas que ainda restam de campanha é absolutamente imprevisível. Afinal, estão agora em guerra aberta pelas cadeiras no Senado o grupo que está no poder e caminha para prolongar sua permanência, e o grupo que foi tirado do poder e joga tidas as suas fichas para voltar a dar as cartas no Maranhão.
PONTO & CONTRAPONTO
Nova pesquisa já mostra Fernando Haddad tecnicamente empatado com Jair Bolsonaro
O mundo político foi agitado na noite de ontem com a mais nova pesquisa sobre a corrida ao Palácio do Planalto. Feito pela DataPoder360 nos dias 19 e 20 de Setembro de 2018 (últimas 4ª e 5ª feiras), o levantamento indica que Jair Bolsonaro (PSL) tem 26% das intenções de voto para presidente. Fernando Haddad (PT) registra 22%. Trata-se de situação de empate técnico no limite da margem de erro, que é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Os números reforçam a tendência de crescimento do candidato petista e a previsão de que o desfecho da eleição presidencial acontecerá no segundo num confronto direto entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad.
Na sequência aparecem Ciro Gomes (PDT) com 14%, Geraldo Alckmin (PSDB) com 6%, Marina Silva (Rede) com 4%, Álvaro Dias (Podemos) e Henrique Meireles (MDB) com 3% cada, Guilherme Boulos (PSOL) com 2% e Cabo Darciolo (Patriota), José Maria Eymael (DC), João Amoêdo (Novo) e Goulart Jr. (PPL) 1º cada. Vera Lúcia do PSTU não pontuou.
Outro destaque desta rodada do DataPoder360 é a queda dos votos brancos, nulos e daqueles que dizem estar indecisos. Durante toda esta campanha o chamado “não voto” teve taxas altíssimas. Agora, caiu para 15%.
Em Tempo: A DataPoder360 é a Divisão de Pesquisa da Poder360, uma empresa de jornalismo independente comandada pelos respeitados jornalistas Fernando Rodrigues e Tales Farias, que fizeram carreira no jornal Folha de São Paulo. E a pesquisa foi realizada com 4.000 entrevistas em todas as unidades da Federação. O registro na Justiça Eleitoral é BR-02039/2018.
João Alberto diz que Edvan Brandão ganha a eleição suplementar em Bacabal
“Vamos ganhar com folga em Bacabal!”. A afirmação, com muita ênfase, em clima de entusiasmo mesmo, foi feita pelo senador João Alberto (MDB), que apoia a candidatura do prefeito-tampão Edvan Brandão à Prefeitura de Bacabal, que tem como adversário César Brito (PPS), candidato do grupo formado pelo deputado Carlinhos Florêncio (PCdoB) e tem o apoio do ex-prefeito Zé Vieira (PR). Concorrem também Professor Maninho (PRB), Gisele Veloso (PR) e Luizinho Padeiro (PSB).
Enquanto o prefeito-tampão Edvan Brandão é apoiado aberta e ostensivamente pelo grupo do senador João Alberto, incluindo o deputado Roberto Costa (MDB), que perdeu a disputa com Zé Vieira em 2016, César Brito conta com o apoio da deputada federal Eliziane Gama, que lidera a corrida ao Senado, e também do governador Flávio Dino, que não se envolveu na primeira eleição, mas agora deve se posicionar em favor dos aliados que estão na disputa, Florêncio Neto, candidato a vice-prefeito. O clima em Bacabal é de campanha intensa.
São Luís, 21 de Setembro de 2018.