Em meio aos preparativos para as convenções que confirmarão suas candidaturas, os pré-candidatos ao Governo do Estado dedicam seus esforços políticos à busca do item decisivo para a composição das suas chapas: os nomes para as vaga de candidato a vice-governador. Trata-se de um movimento que pode significar pura e simplesmente a escolha formal de um substituto eventual, como reza a norma, mas também pode o escolhido ser um aliado de peso, que agregue poder de fogo político, reforço eleitoral ou até mesmo suporte moral, ou, num erro de avaliação, ser um “aliado” que se dedique integralmente à conspiração para derrubar o titular e assumir o cargo. Nesse cenário, no qual o governador Flávio Dino (PCdoB), favorito na corrida, foi o primeiro a definir o seu companheiro de chapa, confirmando Carlos Brandão (PRB) no posto, há uma situação inusitada envolvendo Roseana Sarney (MDB) e Roberto Rocha (PSDB), que disputam o empresário Ribinha Cunha (PSC), nome de destaque na Região Tocantina; enquanto Maura Jorge (PSL) negocia com pequenos partidos em busca de um nome, e Odívio Neto (PSOL) e Ramon Zapata (PSTU) já têm vice em chapas puras.
O governador Flávio Dino decidiu entrar na guerra pelo segundo mandato mantendo Carlos Brandão como companheiro de chapa, mais pelo que ele representa como aliado fiel e colaborador eficiente do que pelo peso político que detém. Quando o escolheu para o posto em 2014, Carlos Brandão, então deputado federal, era o poderoso presidente do PSDB no Maranhão, posição que segurou até na segunda metade do ano passado, quando uma reviravolta radical o tirou do comando do ninho dos tucanos, que foi entregue de volta ao senador Roberto Rocha. De uma hora para outra, Brandão se viu sem partido e sem poder político, sendo obrigado a migrar para o PRB, onde se acomodou. Diante do monumental tropeço partidário do vice, forças diversas – a começar pelo PT -, passaram a pressionar o governador Flávio Dino pela escolher um novo vice. Mas diante da avaliação de que Carlos Brandão se comportou com correção impecável, como aliado e colaborador, o governador decidiu mantê-lo. A decisão de Flávio Dino é até hoje motivo de “zunzunzum” de insatisfação, mas não há qualquer sinal de que ele possa voltar atrás.
A ex-governadora Roseana Sarney se movimenta em perspectivas regionais para escolher um vice que possa agregar poder de fogo eleitoral à sua chapa. Já fixou avaliação na Região dos Cocais, onde conversou com o vice-prefeito de Caxias, Paulo Marinho Jr., mas o fato de ele pertencer ao PP, que está alinhado ao governador Flávio Dino, embaraçou e inviabilizou a articulação. Roseana Sarney voltou sua atenção para o pastor Pedro Lindoso, um líder evangélico com atuação política na região polarizada por Santa Inês, mas as conversas estacionaram e entraram em “banho maria”. Agora, o nome mais falado para ser o vice da candidata emedebista é o empresário Ribinha Cunha (PSC), de Imperatriz, irmão do deputado estadual Leo Cunha (PSC). Além de parceiros políticos, os Cunha foram muito influentes nos Governos de Roseana Sarney, o que reforça a expectativa de que Ribinha Cunha – que saiu do nada e ficou em quarto lugar na espetacular corrida para a Prefeitura de Imperatriz – venha a ser o seu candidato a vice. E numa hipótese ainda remota, Roseana Sarney poderá recorrer a uma solução doméstica, formando chapa pura com o senador João Alberto ou com o ex-prefeito de Coelho Neto, Soliney Silva, por exemplo.
O principal obstáculo enfrentado por Roseana Sarney para ter Ribinha Cunha como candidato a vice é ninguém menos que o senador Roberto Rocha, candidato tucano ao Governo. Explica-se: Ribinha Cunha é politicamente ligado a Sebastião Madeira, ex-prefeito de Imperatriz, candidato a deputado federal e coordenador da campanha de Roberto Rocha. Foi Madeira que o lançou candidato a prefeito de Imperatriz, tendo entrado na corrida com 2% das intenções de voto e saído com 15% dos votos e em movimento crescente, tendo ficado atrás apenas do prefeito Assis Ramos (MDB) e do ex-prefeito Ildon Marques (PSB). Tal situação coloca o empresário numa espécie de “sinuca de bico” entre Roseana Sarney e Roberto Rocha, situação que pode levá-lo a afastar-se da disputa para se dedicar apenas à reeleição do irmão para a Assembleia Legislativa. É quase certo que Roberto Rocha busque outro nome.
Maura Jorge (PSL) deve definir seu companheiro de chapa ao longo desta semana. Nesta terça-feira, ela realizará em São Luís uma série de negociações com pequenos partidos exatamente com o objetivo de formar uma coligação que lhe assegure algum tempo de TV e lhe dê um candidato a vice-governador. Não existe nenhum nome em perspectiva. Se não conseguir a aliança que procura, o que é improvável, Maura Jorge, adotará uma solução doméstica, escolhendo um vice dentro do próprio partido, o PSL.
No campo da ultraesquerda a escolha dos candidatos a vice já está definida. O candidato do PSOL, Odívio Neto, terá como vice a professora universitária Gigia Helena, do mesmo partido. E no PSTU, o candidato a governador Ramon Zapata terá como companheira de chapa a professora universitária Nicinha Durans, que integra a cúpula do partido no Maranhão.
A palavra final sobre essas definições e incertezas será dada nas convenções partidárias.
PONTO & CONTRAPONTO
Acordo de Alckmin com “Centrão” nada muda na aliança dinista
Quem aposta que a aliança firmada pelo PSDB e o “Centrão” em torno da candidatura presidencial do ex-governador paulista Geraldo Alckmin, envolvendo diretamente partidos como DEM, PP, PRB, SD e PR, produzirá desdobramentos no Maranhão, afetando a coligação montada e liderada pelo governador Flávio Dino, pode estar jogando dinheiro fora. O acordo negociado na quinta-feira deixou claro que a aliança se atém à candidatura de Alckmin ao Palácio do Planalto, nada além disso. Os partidos que entraram no acordo fizeram questão de deixar as alianças estaduais fora desse compromisso, certos de que, se tentassem interferir nesses pactos, poderiam criar um problema gigantesco para o presidenciável tucano, em vez de embalar a sua candidatura. Isso não quer dizer que esses partidos não o apoiem nos estados, ainda que estejam alinhados a candidatos a governador de outro campo político. No Maranhão, por exemplo, DEM, PP, PRB, SD e PR apoiarão a candidatura de Geraldo Alckmin a presidente integrando a grande aliança que dá sustentação à candidatura do governador Flávio Dino à reeleição, descartando qualquer possibilidade de virem a aliar-se ao candidato tucano Roberto Rocha. Houve, é verdade, tentativas do Grupo Sarney, de tirar o DEM – controlado no Maranhão pelo jovem deputado federal Juscelino Filho, e o PP – comandado pelo também jovem deputado federal André Fufuca – da aliança dinista e incluí-los no grupo partidário ligado a Roseana Sarney. Os jovens líderes, porém, decidiram permanecer na esfera governista. E tudo indica que nada mudará por causa da aliança dos tucanos com o “Centrão”.
Roseana Sarney ignora Temer e Meirelles no discurso de campanha
Roseana Sarney descarta Temer e Meirelles do seu discurso de campanha e enfrenta uma situação complicada na condição de candidata do MDB ao Governo do Estado. Ela não se sente motivada a dizer uma só palavra sequer sobre o candidato do seu partido a presidente da República, o ex-banqueiro e ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que até agora está amarrado em 1% das intenções de voto, e pelo andar da carruagem dificilmente decolará. Na mesma linha, a candidata do MDB não fez qualquer declaração em relação ao Governo do presidente Michel Temer, líder maior do seu partido e que está entrando para a História como o presidente mais rejeitado pela Nação até aqui. E ao que tudo indica, a ex-governadora fará sua campanha lembrando as ações dos quase cinco mil dias que viveu como inquilina no Palácio dos Leões, reforçando o discurso com promessas e atacando o governador Flávio Dino.
São Luís, 22 de Julho de 2018.
Não citaste o Eduardo Braide.