Por mais que os fatos falem mais alto, é difícil para qualquer observador da cena política maranhense assimilar como verdadeira a situação que ocorreu terça-feira em Lago da Pedra, onde a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) iniciou a “Caravana da Guerreira”, a maratona de visitas a municípios por meio da qual pretende chegar mais uma vez ao Palácio dos Leões. Ali, acompanhada do senador Edison Lobão (MDB) e do deputado estadual Edilázio Jr. (PV) e César Pires (PEN), a pré-candidata emedebista foi recebida pelo ex-prefeito Luis Osmany, um velho adversário, e não pela ex-prefeita Maura Jorge (PSL), cuja família foi durante décadas o braço forte do Grupo Sarney na região, e a quem agora trata como adversária “perigosa” na disputa pelo Governo do Estado. Ainda que não tenha se referido à ex-prefeita nas suas falas, a insatisfação de Roseana Sarney em relação a Maura Jorge foi tão evidente e ostensiva, que foi percebida pela mais desatenta das testemunhas da sua passagem por Lago da Pedra. E, segundo um observador, tirou definitivamente Maura Jorge do anonimato político, dando-lhe um impulso que a porta-voz do bolsonarismo no Maranhão normalmente não conseguiria por seus próprios esforços. E a conclusão dominante sobre o ocorrido foi a seguinte: Roseana Sarney está realmente incomodada com a desenvoltura política de Maura Jorge.
Evidente que a preocupação de Roseana Sarney com Maura Jorge não está relacionada com a possibilidade de que a pré-candidata do PSL venha a ameaçar a posição da ex-governadora na corrida ao Palácio dos Leões. Por maior que seja o espaço que possa vir a ocupar como braço do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) no Maranhão, Maura Jorge não reuniu, e dificilmente reunirá, cacife para se tornar uma ameaça de fato à posição. Forte na sua região, a pré-candidata do PSL poderá avançar na esteira da corrida presidencial, mas todas as avaliações feitas até agora indicam que ela dificilmente ultrapassará a condição de adversária do senador Roberto Rocha, candidato ao PSDB, no segundo time da corrida ao cargo de governador do Maranhão.
Na verdade, os problemas de Roseana Sarney no contexto da corrida sucessória são muito maiores e mais complexos do que a movimentação de Maura Jorge. A ex-governadora entrou numa guerra sem as armas que teve à disposição e usou intensamente nas eleições em que foi largamente vitoriosa (1994, 1998 e 2010): apoio dos presidentes da República e dos governadores do momento, das máquinas federal e estadual e de ampla malha partidária. Sempre teve adversários bem definidos, mas nada comparado ao movimento de Maura Jorge. E quando teve de enfrentar um revés, este foi o governador José Reinaldo, que atrapalhou seu plano ao apoiar a candidatura vitoriosa de Jackson Lago (PDT). Agora, ela tem pela frente ninguém menos que o governador Flávio Dino (PCdoB ), largamente favorito, segundo as pesquisas, o que no contexto da corrida sucessória torna a pré-candidatura de Maura Jorge um fato barulhento, mas sem a solidez que um projeto dessa natureza exige. As dificuldades do tucano Roberto Rocha, que tem um projeto muito mais sólido exemplificam com muita clareza tal situação.
Qualquer político experiente aconselharia a ex-governadora a não iniciar o roteiro da sua “Caravana da Guerreira” por Lago da Pedra, exatamente pelo risco de aparentar preocupação, fragilidade política e insegurança eleitoral. Isso, é claro, não é uma verdade absoluta, a começar pelo faro de que em política o que aparenta obviedade costuma enganar. Roseana Sarney pode ter feito esse movimento acreditando que a escolha de Lago da Pedra seria interpretada como uma “coincidência”, que nada tem a ver com a candidatura de Maura Jorge. Se pensou assim, errou feio na avaliação, porque, ao contrário, a imagem que passou foi a deque está de isto incomodada com a desenvoltura da agora ex-aliada, que assumiu a representação da extrema direita no Maranhão.
PONTO & CONTRAPONTO
Recuperado de acidente, José Reinaldo deve encarar os problemas que o aguardam no PSDB
Recuperado de um acidente automobilístico que sofreu na BR-402, próximo a Barreirinhas, no Domingo (1º), o ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares está de volta à corrida eleitoral como candidato a senador pelo PSDB. O retorno do ex-governador à maratona pré-eleitoral deve começar por um amplo entendimento dentro do PSDB, visando consolidar sua candidatura, que está ameaçada por causa das diferenças que o distanciaram do comando do partido no Maranhão. José Reinaldo é acusado pelo senador Roberto Rocha, presidente do PSDB e seu candidato a governador, e pelo secretário-geral Sebastião Madeira, ex-prefeito de Imperatriz, de fazer campanha paralela, separada do partido e, por isso, nã se integrar ao projeto maior da agremiação. A crise no ninho dos tucanos foi agravada recentemente pela movimentação do deputado federal Waldir Maranhão, com a anuência do comando partidário, com o objetivo de ocupar a vaga de candidato a senador destinada ao ex-governador. O acidente – que envolveu também Crisálida Rodrigues, mulher do ex-governador -, produziu uma trégua dentro do ninho dos tucanos, mas o retorno de José Reinaldo ao cenário da corrida eleitoral deve reiniciar o embate. E não há dúvida de que a candidatura do ex-governador corre sério risco.
Cleomar Tema quer Tuntum como exemplo na aplicação dos recursos extras do Fundeb
A Prefeitura de Tuntum vai aplicar na área de Educação 100% dos recursos adicionais do Fundeb, repassados pela União como reposição de perdas sofridas pelos municípios no cálculo de repasses do antigo Fundef durante vários anos. A decisão foi tomada e anunciada pelo prefeito Cleomar Tema (PSB), presidente da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem). A iniciativa de Cleomar Tema, além de dar transparência ao emprego desses recursos em Tuntum, deve também funcionar como uma espécie de recomendação informal do presidente da Famem no sentido de que os prefeitos de municípios beneficiados façam o mesmo.
– Em Tuntum, não há o que discutir. Resolvemos que esses recursos serão aplicados 100% na educação, através de recuperação de escolas, salário de professores, aquisição de ônibus escolares, capacitação dos educadores e compra de equipamentos – explicou o prefeito Cleomar Tema, chamando atenção para o fato de que a liberação desses recursos dá aos municípios, principalmente aos menores e mais carentes, uma oportunidade rara de melhorarem efetivamente os seus sistemas educacionais.
O presidente da Famem lembra que a decisão de empregar integralmente esses recursos na Educação é, na verdade, o cumprimento de uma obrigação. É que na sessão de 23 de Agosto do ano passado, o Tribunal de Contas da União (TCU), decidiu, por unanimidade, que os recursos originados no antigo Fundef devem ser empregados exclusivamente na educação, ficando vetado seu uso em qualquer outra área, como pagamento de honorários advocatícios, por exemplo.
Cleomar Tema alerta os prefeitos no sentido de abrir uma conta bancária exclusiva para depositar e movimentar esses valores, de modo a dar à aplicação a maior transparência possível, facilitando o acompanhamento dos órgãos fiscalizadores. Nesse sentido, na semana passada o Ministério Público, juntamente com o Tribunal de Contas do Estado e o TCU reuniram 13 prefeitos de pequenos municípios para orientá-los no sentido de seguir as regras para a aplicação desses recursos, deixando claro que fiscalização será severa.
São Luís, 05 de Julho de 2018.