Nenhuma decisão foi ainda tomada e as conversas estão se dando no plano das sondagens e avaliações, com cada grupo medindo e pesando o que pode ganhar ou perder, num processo extremamente cauteloso para produzir informações que possam, enfim, levar à batida de martelo. Mas à primeira vista tudo parece caminhar para dar consistência a uma possibilidade: DEM e PSDB, e junto com eles outros partidos, poderão se juntar ao PMN numa aliança em torno da provável candidatura do deputado estadual Eduardo Braide ao Governo do Estado, tendo o ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares como um dos candidatos ao Senado. É um projeto arrojado, que tem por objetivo nada menos que colocar de escanteio o plano da ex-governadora Roseana Sarney (MDB) de voltar ao Palácio dos Leões e encarar a poderosa e favorita candidatura do governador Flávio Dino (PCdoB) à reeleição. O passo inicial está sendo o ingresso de José Reinaldo e da deputada federal Luana Alves no DEM, e o seguinte, a desistência do senador Roberto Rocha de brigar agora para ser governador.
Para adversários do Governo, a candidatura do deputado Eduardo Braide nessas condições é o caminho possível para disputar o comando do Estado com o governador Flávio Dino, sob o argumento de, mesmo dona de um cacife político invejável e de uma liderança visível, a ex-governadora Roseana Sarney tem uma pesada rejeição a vencer e um potencial de crescimento tímido. O senador Roberto Rocha ainda não estaria ainda, em que pesem o seu preparo político e a sua rica experiência parlamentar, devidamente preparado para entrar nessa briga. O cenário é inteiramente propício para o deputado Eduardo Braide construir sua candidatura de Oposição: é um político da nova geração, tecnicamente preparado e politicamente ousado, que saiu recentemente de uma disputa pela Prefeitura de São Luís em franca ascensão, cacifado para medir forças por mandato proporcional e majoritário, tornando-se, no momento, a grande aposta dos que fazem oposição ao governador Flávio Dino.
O projeto de Eduardo Braide enfrenta, por outro lado, um elenco respeitável de desafios gigantescos. O primeiro deles é conciliar a conflituosa teia de interesses políticos que movem seus potenciais aliados – é possível superar as diferenças abissais que separam, por exemplo, José Reinaldo de Roberto Rocha? Para ter alguma possibilidade de viabilizar sua candidatura, Eduardo Braide terá de estabelecer uma relação de “parceria” com o Grupo Sarney cuja malha de aliados tem condições de levar o seu nome a todos os rincões do Maranhão. Além disso, o deputado terá o maior dos desafios: abrir um canal de negociação com a cúpula do Grupo Sarney para tirar a Roseana Sarney do páreo e apoiá-lo, de modo a que ele possa polarizar a disputa com o governador Flávio Dino. O outro: que todos disputem o primeiro turno, e na hipótese de ele ir para um segundo com o governador, o Grupo Sarney, a começar pela própria ex-governadora, o apoie resolutamente.
Esses e outros são os traços visíveis de um tabuleiro cujas pedras têm imensa dificuldade de compor umas com as outras, tamanho é o pacote acumulado de diferenças, ranços e mágoas. É verdade que nesse contexto movediço e perigoso o deputado Eduardo Braide é uma “ilha”, em condições de funcionar como um grande conciliador. Mas vale indagar, por exemplo: o Grupo Sarney abrirá mão das suas candidaturas majoritárias – Roseana Sarney para o Governo e Sarney Filho (PV) e Edison Lobão para o Senado – em favor de Eduardo Braide e José Reinaldo? À primeira vista, é muito difícil, quase impossível. Mas a política tem as suas nuanças e, principalmente, as suas conveniências, que podem fazer “boi voar, e com asa quebrada”, como diziam as raposas maranhenses mais tarimbadas em passado recente.
Finalmente, se conseguir formar e liderar uma frente reunindo segmentos de oposição, Eduardo Braide poderá encarar o maior dos seus desafios: medir forças com o governador Flávio Dino, um político preparado e hábil, líder de uma geração e de um movimento que, segundo afirma, está transformando a realidade social e econômica e os costumes políticos do Maranhão, e que desfruta de excelentes índices de aprovação e lidera com folga as preferências do eleitorado.
Os próximos lances dirão se o projeto tem mesmo consistência ouse é apenas um exercício em meio a um cenário ainda confuso, no qual o governador Flávio Fino se move sem contraponto.
PONTO & CONTRAPONTO
DESTAQUE
Assembleia Legislativa extingue auxílio-moradia em consenso articulado por Othelino Neto
A partir deste mês, os deputados estaduais do Maranhão não contarão mais nos seus contracheques com o “auxílio-moradia”, o penduricalho que vem sendo objeto de questionamento e críticas em todo o País. Cada um dos 42 integrantes da Assembleia Legislativa recebia mensalmente R$ 3.189,75, gerando uma despesa de R$ 133.843,50, e um custo anual de R$ 1.606.122,50 para bancar ad despesas com moradia, mas na sessão de ontem, os parlamentares presentes decidiram, por consenso, abrir mão da regalia e a extinguiram aprovando o Projeto de Decreto Legislativo nº 001/2018, de iniciativa da Mesa Diretora.
A boa iniciativa da Assembleia Legislativa foi um resultado de uma ampla e cuidadosa articulação do presidente Othelino Neto (PCdoB), que além dos integrantes da Mesa Diretora, conversou com todos os deputados e obtendo deles o aval para adotar a medida. Houve nos bastidores quem avaliasse que o presidente não conseguiria viabilizar a medida, mas o deputado Othelino Neto mostrou um traço que já vinha se acentuando: uma visível habilidade para negociar temas delicados. A obtenção do aval do Plenário, incluindo deputados da Situação e da Oposição, com uma prova cabal de que o atual presidente do Poder Legislativo é um político hábil.
– Este Decreto Legislativo é fruto do entendimento de todos os parlamentares desta Casa. Cabe frisar que este projeto foi concebido em face do momento de dificuldades financeiras que o nosso país está atravessando. Agora, com a extinção deste benefício, a Assembleia fica liberada para aplicar estes recursos em áreas prioritárias -, declarou, dando à medida uma paternidade coletiva, sem enfatizar que foi dele a iniciativa.
O auxílio-moradia foi criado na Assembleia Legislativa, e 1984, por meio da Resolução Legislativa nº 129/84. Em 2001, sua existência foi regulamentada pelo do Decreto Legislativo nº 241/2001. Em 2014, ocorreu nova regulamentação, esta detalhando a forma de prestação de contas e de concessão do benefício. Ontem, o auxílio-moradia foi extinto através da Resolução Legislativa nº 468/2018, que revogou o Decreto Legislativo nº 448/2014.
Ao encaminhar o projeto no Plenário, os deputados Rafael Leitoa (PDT), Zé Inácio (PT) e Bira do Pindaré (PSB) elogiaram a iniciativa da Mesa Diretora de propor a extinção do benefício. “A Assembleia Legislativa do Maranhão dá um bom exemplo, no momento em que o país enfrenta grave crise econômica”, afirmou Rafael Leitoa. Os deputados Zé Inácio e Bira do Pindaré também louvaram a proposta Mesa Diretora frisando que a extinção do auxílio-moradia é um marco na história recente do Parlamento maranhense, que deve servir de exemplo para outros Poderes e instituições.
Respaldado por todos os presentes na sessão de ontem (28), projeto de Decreto Legislativo que extinguiu o auxílio-moradia leva a assinatura do presidente Othelino Neto (PCdoB), e dos demais membros da Mesa Diretora: Fábio Macedo (PDT), 1º vice-presidente; Josimar de Maranhãozinho (PR), 2º vice-presidente; Adriano Sarney (PV), 3º vice-presidente; Levi Pontes (PCdoB), 4º vice-presidente, Stênio Rezende (DEM), 1º secretário em exercício; Zé Inácio (PT), 3º secretário, e Nina Melo (PMDB), 4ª secretária.
Eliziane Gama acompanha crise de olho na segunda vaga de senador na chapa de Flávio Dino
A deputada Eliziane Gama (PPS) acompanha com interesse extremo a articulação para ligar o ex-governador José Reinaldo ao deputado Eduardo Braide e ao senador Roberto Rocha. E a razão é simples: a consumação do rompimento de José Reinaldo com o governador Flávio Dino a deixa praticamente sozinha como nome de peso para ocupar a segunda vaga de candidato ao Senado na chapa a ser liderada pelo chefe do Poder Executivo. A parlamentar tem todos os motivos para torcer para que o racha seja mesmo irreversível, a começar pelo fato de que todas as pesquisas feitas até aqui para medir as preferências do eleitorado em relação das candidaturas majoritárias a apontam como nome forte na corrida senatorial. Tanto que o outro candidato, deputado federal Weverton Rocha (PDT) vem trabalhando pela que ela seja viabilizada, o que resultará numa chapa com o forte apelo de que o Maranhão pode mandar uma nova geração para o Senado, encerrando o ciclo dos políticos tradicionais.
São Luís 01 de Março de 2018.