O devastador tsunami político que mudou radicalmente o curso do PSDB no Maranhão, e que pode levar a maioria dos seus 29 prefeitos aos quadros do PRB, transformando-o no segundo braço partidário do território maranhense, causou forte impacto no gabinete principal da Prefeitura de São José de Ribamar. Ali, alcançado pelos abalos das fortes ondas, o prefeito Luís Fernando Silva viu sua confortável condição de tucano festejado se desfazer como um passe de mágica, transformando-o num quase “sem partido”, já que, em princípio, dificilmente ele permanecerá no ninho, pois isso levaria a romper com o governador Flávio Dino (PCdoB), com quem mantém boas relações. Até o momento, o prefeito da Cidade do Padroeiro não mensurou e não deixou que outros mensurassem o tamanho do estrago que a reviravolta no PSDB causou nos seus projetos políticos, nem sinalizou ainda se integrará o pelotão de prefeitos – entre 15 e 20 – que seguirão o vice-governador Carlos Brandão na migração para o PRB, comandado no estado com pulso firme pelo deputado federal Cleber Verde, que é também um dos seus cardeais no plano nacional.
Egresso do PMDB, por onde tentou ser candidato do partido a governador em 2014, mas que por uma série de atropelos incontornáveis saiu da raia e passou a bola para o suplente de senador Lobão Filho (PMDB), recolhendo-se por longo tempo e só reaparecendo como candidato a prefeito de São José de Ribamar, Luis Fernando Silva entrou para o PSDB pelas mãos do vice-governador Carlos Brandão. E pretendia permanecer no partido por muito tempo, já que politicamente pensa muito além da Prefeitura de São José de Ribamar. E o PSDB seria o meio partidário que o levaria ao Palácio de La Ravardière, ao Palácio dos Leões e – quem sabe? – a uma cadeira no Senado. E em meio a essa confusão criada pela retomada do PSDB pelo senador Roberto Rocha, é certo que o prefeito Luis Fernando Silva não permanecerá no partido.
Muito observadores estão se perguntando sobre qual será o novo abrigo partidário do prefeito de São José de Ribamar. Em princípio, o curso natural seria se juntar ao pelotão de prefeito comandado por Carlos Brandão e engrossar as fileiras do PRB. O próprio deputado Cléber Verde disse – em entrevista a O Imparcial, edição de domingo -, que não sabe se Luis Fernando integrará o grupo de ex-tucanos que migrará para o PRB. Revelou que está aberto a conversar, avisando que o partido está de portas abertas para recebê-lo. Tanto quanto Carlos Brandão, Cléber Verde sabe, no entanto, que, devido ao tamanho político que alcançou, o prefeito de São José de Ribamar é um caso à parte nessa movimentação, a começar pelo fato de que os passos que vier a dar a partir de agora serão ambiciosos e definitivos, uma vez que, depois de uma bem sucedida carreira – foi auditor geral do Estado, secretário chefe da Casa Civil, de Educação e de Infraestrutura e duas vezes prefeito de São José de Ribamar com votações muito acima da média – não pode cometer erros que possam colocar em xeque a sua inteligência política.
Líder absoluto e incontestável de São José de Ribamar, o quinto maior município do Maranhão (mais de 180 mil habitantes), e também com forte prestígio em São Luís, em plena forma política, portanto, Luis Fernando sabe que se não avançar já nos próximos pleitos, poderá perder o timing e ter sua trajetória complicada por uma brigada de líderes jovens ativos e audaciosos – Edivaldo Jr. (PDT), Eduardo Braide (PMN), Weverton Rocha (PDT), Rubens Jr. (PCdoB), André Fufuca (PP), Adriano Sarney (PV), Roberto Costa (PMDB), entre outros. Essa turma começa a emitir avisos estridentes de que está chegando para brigar com unhas e dentes e logo agora pelo comando político do Maranhão.
Todo esse contexto explica as dificuldades que o prefeito de São José de Ribamar enfrenta para definir um caminho partidário e, depois disso, se vai, e como vai, enfrentar as urnas já neste ano, em 2020 ou em 2022, após que sua vez já terá passado. Luis Fernando precisa de um partido sobre o qual ele tenha controle total, o que não parece ser o caso do PRB, uma agremiação cujas ações têm a marca e a cara do deputado Cleber Verde. Sua busca por um partido será um processo difícil, como um jogo de xadrez, que exigirá paciência e muita reflexão, porque, vale repetir, terá de ser uma escolha definitiva.
PONTO & CONTRAPONTO
Com decisões discretas, mas firmes, Othelino Neto muda equipe e impõe estilo no comando da AL
Com movimentos discretos, sem alarde e que revelam decisões firmes, o deputado Othelino Neto (PCdoB) vai consolidando sua investidura na presidência da Assembleia Legislativa. Dando a cada decisão e a cada medida o caráter natural de um processo de mudança no comando de uma instituição que não pode parar, o novo presidente do Poder Legislativo mudou o diretor geral, substituindo José Carlos Dias por Valney Pereira, que chefiava seu gabinete parlamentar. No mesmo ritmo e com a mesma firmeza, mudou o comando da sensível área de Comunicação, substituindo o publicitário Carlos Alberto Ferreira pelo experiente jornalista Edwin Jinkins, nomeando também a jornalista Silvia Tereza diretora-adjunta em substituição ao jornalista e ex-deputado Luis Pedro Oliveira. Ontem, o presidente deu mais um passo na formação da equipe que o auxiliará na gestão da instituição, que abriga mais de dois mil servidores para dar suporte à atuação dos 42 deputados estaduais. Ele nomeou o advogado Tarcísio Araújo para o cargo de procurador-geral da Assembleia Legislativa em substituição a Felipe Rabelo, que vai continuar na equipe. “O Dr. Tarcísio Araújo é um advogado militante que vai fazer um excelente trabalho à frente da Procuradoria da Casa. Ele é um jovem que veio nos ajudar a dar essa motivação a mais para a Assembleia continuar a ter uma boa atuação, para o bem do Maranhão”, afirmou Othelino Neto.
Além de estar imprimindo um estilo de atuação ao comando da Casa, o presidente Othelino Neto tem dito que a discrição e a falta de pompa nos atos de posse dos seus auxiliares diretos se trata de um gesto de respeito ao ex-presidente Humberto Coutinho, falecido há duas semanas. E tem deixado claro que as mudanças que está operando no comando da instituição lhe darão segurança técnica, já que os novos integrantes da equipe são profissionais preparados e competentes.
Confirmado: José Reinaldo vai para o DEM para ser candidato a senador
Está decidido, e pelo visto sem risco de marcha à ré: o ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares, que já deixou o PSB, se filiará ao DEM no início de fevereiro, mais precisamente em ato a ser realizado no dia 7. Com a filiação, o partido o alçará automaticamente à condição de candidato a senador, cumprindo assim acordo firmado entre o presidente formal do partido, senador Agripino Maia (RN), o homem-forte, deputado federal Rodrigo Maia (RJ), e o presidente da agremiação no Maranhão, deputado federal Juscelino Rezende. A última conversa decisiva sobre p assunto aconteceu entre o deputado Rodrigo Maia e o governador Flávio Dino, que acertaram o seguinte, segundo o próprio presidente da Câmara Federal: José Reinaldo ingressa no DEM para ser candidato a Senador com o apoio do Palácio dos Leões, desde que o partido se mantenha nas fileiras da aliança que apoia o governador. Todos concordaram. Resta apenas aguardar a filiação e as declarações que se seguirão.
São Luís, 15 de Janeiro de 2018.