O desfecho da crise que resultou no enquadramento do braço do PSB em São Luís com a entronização de uma comissão executiva provisória presidida pelo vereador Roberto Rocha Jr. produziu, de um lado, uma demonstração de que quem manda no pedaço é o senador Roberto Rocha e, de outro, causou um estrago político de largas proporções, se levadas todos os alvos alcançados pelos estilhaços do embate. Foram duramente atingidos o presidente estadual do partido, Luciano Leitoa (prefeito de Timon), o deputado federal e ex-governador José Reinaldo Tavares, e o deputado estadual Bira do Pindaré, talvez o bombardeado que, feitas as contas de ganhos e perdas, mais tem a perder. Poucas vezes crise intestina numa legenda no Maranhão durou tanto, mobilizou tantos caciques e provocou tantas perdas e danos no fechamento do balanço final.
Não há qualquer dúvida de que quem saiu do confronto interno com a voz de comando no PSB de São Luís foi o senador Roberto Rocha. Há meses seguidos, o senador, o deputado federal José Reinaldo, o presidente estadual Luciano leitoa e o deputado Bira do Pindaré, vinham travando no âmbito interno do partido guerra aberta pelo controle do PSB em São Luís. Há tempos que se sabia que esse braço partidário era domínio do senador Roberto Rocha, que fortaleceu seu comando no processo político e eleitoral que resultou na eleição dele vice-prefeito de São Luís na chapa siderada pelo refeito Edivaldo Jr., então do PTC. Roberto Rocha jogou com habilidade e saltou do cargo de vice-prefeito para a vaga de candidato a senador na chapa de Flávio Dino (PCdoB), saindo das urnas vitorioso em 2014.
Desde que os líderes partidários começaram a conversar sobre as eleições municipais, o senador Roberto Rocha deixou claro que o destino do PSB de São Luís é sua responsabilidade, não aceitando qualquer tipo de interferência. Foi nesse contexto que o deputado estadual Bira do Pindaré decidiu lançar sua candidatura a prefeito, mas cometendo o erro primário de não negociar esse projeto com o senador Roberto Rocha. O resultado da investida embalada por um perigoso excesso de autoconfiança foi que o deputado se deparou com um clima de quase hostilidade à sua candidatura. Em vez de procurar a via da conciliação de interesses com Roberto Rocha, Bira do Pindaré partiu para o enfrentamento, procurando apoio na direção estadual e no comando nacional do PSB, como também articulando uma aliança com o deputado federal José Reinaldo, adversário de Rocha dentro do partido.
O último tropeço foi a tentativa de destituir o grupo de Rocha do comando por meio de uma decisão da executiva de extinguir a comissão executiva municipal e nomear uma nova presidida por José Reinaldo. Como numa ação de amadores, o presidente Luciano Leitoa, o experiente José Reinaldo e pretenso beneficiário Bira do Pindaré esqueceram um detalhe elementar: Roberto Roche é senador da República, ente político com peso monumental, principalmente neste momento de crise. Estava, portanto, óbvio, ululante, que entre os interesses de Roberto Rocha e o projeto eleitoral de Bira do Pindaré, o comando nacional do PSB ficaria com o senador. Não deu outra: menos de 48 horas depois de a direção estadual impor uma comissão comandada pelo deputado José Reinaldo e São Luís, os socialistas de alto coturno desmontaram o efeito e nomearam uma novinha, só que comandada pelo vereador Roberto Rocha Jr., herdeiro do senador Roberto Rocha.
Os contendores do senador dentro do PSB ainda não se deram conta de que estão jogando com um político pragmático, que joga duro quando tem de jogar e que aprendeu com o pai, Luiz Rocha, um político que se transformava em onça feroz ou em raposa manhosa quando a situação exigia. Não fosse um jogador que usa todas as ferramentas da política para chegar onde planeja, Roberto Rocha certamente não teria chegado onde está agora.
Ao mesmo tempo em que obrigou ao senador Roberto Rocha a mostrar os músculos, essa medição de forças causou estragos fortes dentro do partido. Primeiro: amplia ainda mais o fosso que separa os dois grupos dentro do PSB. Segundo: o prefeito Luciano Leitoa, que busca reeleição em Timon, sai do episódio fortemente arranhado. Terceiro: o deputado José Reinaldo entrou numa briga que está muito abaixo de um político da sua estatura e acabou fortemente atingido. Quarto: por fim, o deputado Bira do Pindaré, que assim vê mais distante o seu projeto de disputar a Prefeitura de São Luís.
PONTO & CONTRAPONTO
Sarney Filho tem cacife para continuar ministro sem deixar o PV
Pode até ser que o deputado federal Sarney Filho se sinta em posição desconfortável como ministro do Meio Ambiente na quota do presidente interino Michel Temer, e que por isso o PV está sugerindo que ele se licencie para permitir que o partido mantenha independência em relação ao governo temporário. O problema é que quem se manifestou pelo PV foi o senador paranaense Álvaro Dias, que chegou ao partido há alguns meses. Dias é um político respeitado, mas tem suas rasuras na trajetória, sendo a principal delas o fato de já ter passado por uma penca de partidos – PMDB, PDT, PSDB, PV, por exemplo -, o que compromete fortemente sua credibilidade partidária para dar pitaco nesse nível. Sarney Filho, por seu lado, tem uma trajetória partidária impecável: começou na Arena, que virou PDS, que virou PFL, de onde saiu para o PV, no qual milita há mais de duas décadas, tendo sido um seus primeiros deputados e um dos fundadores da Frente Parlamentar Ambientalistas da Câmara Federal, e de lá para cá já foi tudo no partido na esfera parlamentar. Se quiser, pode deixar o ministério sem problemas, mas se resolver continuar e incomodar ao partido, poderá deixar o PV sem perder seu prestígio político. Ou seja, se o PV acha que pode abrir mão de Sarney Filho, ele tem cacife para deixar PV e seguir em frente. No meio político, ninguém duvida de que se ele sair do PV primeiro convite que receberá será o de Marina Silva para que entrar na Rede Sustentabilidade.
Fábio Braga alerta que safra de grãos foi afetada por “El Niño”
O Maranhão pode amargar uma perda de pelo menos 30% na sua safra de grãos programada para este ano. E o principal responsável por tamanho desastre imposto ao setor agrícola estadual é o fenômeno climático “El Niño” e suas consequências afetam diretamente a milhares de produtores, que assim acumulam prejuízos financeiros, o que comprometem também a cadeia da produção agrícola e afeta gravemente e a receita fiscal do Estado. Tal estado de coisas foi mostrado recentemente à Assembleia Legislativa pelo deputado Fábio Braga (SD), que tem no setor produtivo um dos eixos da sua atuação política e parlamentar. Pelo relato de Fábio Braga, baseada em estudos técnicos, por causa da forte estiagem ocorrida no final de 2015 e no mês de fevereiro de 2016, os produtores rurais estão preocupados com a safra, que corre riscos de não acontecer, pois o “El Niño” teve um efeito devastador nas lavouras, atrasando o plantio em mais de 50 dias nas regiões produtoras do Sul e do Norte. Fábio Braga calcula que a queda real da safra gira em torno de mais de 30%. E o custo de replantio também pesa na conta dos produtores rurais maranhenses. “Alguns têm propriedades em regiões com chuvas abundantes, e produzem em média 60 sacas por hectare, o que certamente não será alcançada nessa safra”, previu. As consequências: o Porto do Itaqui terá menos grãos para exportar e os produtos da cesta básica ficaram mais caros, haja vista lavouras de arroz e feijão terem sido afetadas. “Os técnicos da Embrapa dizem que o “El Niño” foi intenso e que o solo arenoso tolera períodos mais curtos de estiagem e, por isso, é importante a cobertura e rotação das culturas”, alertou.
São Luís, 24 de Maio de 2016.