“Não vou renunciar. Sou vice-governador e sou candidato a governador do Maranhão. Nada vai me fazer mudar isso”. Com esse mote, o vice-governador Felipe Camarão (PT) fechou, na noite dessa quarta-feira, em Tuntum, mais uma etapa do projeto “Diálogos pelo Maranhão”, agenda da sua participação na disputa para o Palácio dos Leões. A declaração, que vem sendo feita de maneira cada vez mais enfática, foi transformada em mote da sua pré-campanha, funcionando também como um recado eloquente dirigido ao eleitorado e a adversários e aliados. Acompanhado de líderes da corrente mais tradicional do PT maranhense, como o professor Raimundo Monteiro, que já presidiu o partido por vários anos, Felipe Camarão repete, com pequenos ajustes, a fórmula de ação política que levou o então ex-juiz e ex-deputado federal Flávio Dino (PCdoB) ao Governo do Estado em 2014.
O projeto inicial do vice-governador era assumir o Governo do Estado em abril do ano que vem e disputar a reeleição em outubro, liderando uma chapa que teria o governador Carlos Brandão como candidato ao Senado, a exemplo do aconteceu com Flávio Dino e Carlos Brandão em 2022. Os grupos romperam os laços, tendo o governador Carlos Brandão decidido permanecer no cargo até o final do mandato e lançado o secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB), seu sobrinho, à sua sucessão.
Esse rompimento criou uma situação complexa, que tem Felipe Camarão como a chave para a solução. Do seu lado, a crise política e outros problemas se resolveriam com o governador Carlos Brandão renunciando em abril disputar uma cadeira no Senado, com amplas possibilidades de eleição, e ele, Felipe Camarão, assumindo o Governo para concorrer à reeleição como governador. Do lado agora oposto, a solução para a crise seria Felipe Camarão para ser candidato a deputado federal e Carlos Brandão a senador, ambos apoiando um candidato de consenso ao Governo.
Nenhuma das fórmulas parece ter futuro no atual contexto político do Maranhão. E as expectativas se voltam agora para uma intervenção do presidente Lula da Silva (PT), iniciada em Imperatriz, no início do mês, e deve prosseguir nos próximos dias, c informe previu o próprio chefe da Nação, que retornou ontem da Ásia. Nesse ambiente, Felipe Camarão segue sua caminhada de pré-candidato em regime de pré-campanha nos municípios, onde realiza os “Diálogos pelo Maranhão” com seus aliados dinistas fazendo oposição dura ao governador. Seus movimentos como pré-candidato a governador são respaldados pelo presidente Lula da Silva e pelo comando nacional do PT.
Com a bagagem de quem conhece o Maranhão na palma da mão, fruto de mais de seis anos como secretário de Educação, que comandou o ambicioso programa Escola Digna e foi um dos artífices da criação da Uema Sul, Felipe Camarão vem intensificando os diálogos com o eleitorado. Em cada edição, ele se apresenta, fala das suas experiências na vida pública, apresenta um roteiro do que seria o seu plano de governo, com foco na educação, na saúde e na assistência social, e responde, sem reservas, a perguntas dos presentes. Provavelmente ainda apostando numa reconciliação, fala em tom crítico sobre os problemas do Maranhão, mas não ataca o Governo nem os seus com correntes. E a julgar pelo que ele tem dito nas suas redes sociais, o movimento cresce a cada edição.
O vice-governador Felipe Camarão pareceu “sentir o golpe” quando o governador Carlos Brandão anunciou a intensão permanecer no cargo até o final do mandato, mas é visível que sua animação e disposição para o embate eleitoral vem aumentando expressivamente. E o sinal mais evidente dessa animação é a ênfase com que ele repete a declaração na qual avisa que não vai renunciar à vice-governança e que vai disputar o Palácio dos Leões em qualquer circunstância.
Se vai mobilizará o eleitorado, isso ninguém sabe. Mas a julgar pelo seu entusiasmo, Felipe Camarão passa a impressão de que sabe o que está fazendo.
PONTO & CONTRAPONTO
Partidos estão interessados em atrair os nove deputados que deixarão o PSB em março de 2026
Os partidos mais fortes no maranhão estão de olho em nove dos 11 deputados estaduais que devem deixar o PSB. Entre ele, a grande estrela é a presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale, que, ao que tudo indica, deve migrar para o PDT, atendendo a convite do senador Weverton Rocha, e não para o MDB, para onde muitos acreditam que irá o governador Carlos Brandão, que deixou o PSB.
Em busca de novo partido estão os deputados Antônio Pereira, vice-presidente da Alema, Adelmo Soares, Andreia Rezende, Ariston, Daniella Jadão, Davi Brandão, Florêncio Neto e Eric Costa, além do licenciado Edson Araújo, titular da vaga hoje ocupada por Adelmo Soares. Todos deverão deixar o PSB durante a janela partidária a ser aberta em março, quando deputados poderão trocar de partido sem o risco de perder o mandato.
Da bancada atual do partido, composta por 11 deputados, somente dois, Carlos Lula, atual vice-presidente estadual, e Francisco Nagib devam permanecer na legenda. Nos bastidores, comenta-se que boa parte do grupo deverá ingressar no partido aso qual o governador Carlos Brandão vier a se filiar, que, muitos apostam, será o MDB, hoje presidido por seu irmão, Marcus Brandão.
O governador, porém, disse recentemente à Coluna que não tem pressa em se filiar a novo partido e não confirmou a tendência de ingressar nas fileiras do MDB.
O PP, hoje presidido pela deputada federal Amanda Gentil, mas ainda controlado pelo ministro do Esporte, André Fufuca, tem interesse em vários “passes” de deputados que se preparam para deixar o PSB. O mesmo acontece com o União Brasil, comandado no estado pelo deputado federal Pedro Lucas Fernandes, e com o Republicanos, que tem o comando do deputado federal Aluísio Mendes, e também o presidente estadual do PRD, deputado federal Marreca Filho, aposta em atrair pelo menos um desses deputado. Na mesma linha, o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, estaria interessado em fortalecer o PSD no parlamento estadual, onde já é representado por seu irmão, deputado Fernando Braide.
O que não há, portanto, é falta de opção para os
Dino desmonta notícia falsa a ele atribuída sobre operação sangrenta no Rio de Janeiro
O uso criminoso das redes sociais continua sem limites no Brasil. Ontem, por exemplo, o ministro Flávio Dino, da Suprema Corte, foi obrigado a usar essas redes para desmentir uma postagem falsa a ele atribuída sobre a tragédia no Rio de Janeiro.
O criminoso fez um post afirmando que o ministro Flávio Dino teria classificado a matança nas favelas cariocas como “um dos maiores crimes contra a humanidade”, sugerindo que ele estaria fazendo a defesa dos 127 bandidos mortos em confronto com a polícia fluminense.
Tão logo tomou conhecimento das postagem, Flávio Dino reagiu, publicando o seguinte desmentido nas suas redes sociais: “Jamais fiz tal postagem. Além de tudo, com erros gramaticais e mal escrita. Também é uma mentira absurda a de que julguei e absolvi a mim mesmo em um processo no STF. Fake news ridícula e abjeta”.
Um dos homens públicos mais empenhados na regulação das redes sociais no país, o ministro classificou a divulgação como crime e lamentou a disseminação de desinformação em meio à grave crise de segurança no Rio de Janeiro. “Deplorável que desprezem as dificuldades dos moradores, dos profissionais da segurança e de todos que sofrem no Rio de Janeiro. Estes têm a minha solidariedade e respeito”.
E não há dúvida de que ele acionará Polícia Federal para identificar o autor da agressão.
São Luís, 30 de Outubro de 2025.


