
da República e, já com a faixa, é cumprimentado pelo deputado Ulysses Guimarães
Folha: Como o sr. quer ser lembrado?
José Sarney: “Como o presidente que fez a transição democrática no Brasil, que conseguiu implantar um regime democrático duradouro, é o período mais longo da nossa história sem nenhum hiato (de autoritarismo). E isso graças ao desempenho que tive na Presidência, de conciliador, de homem do diálogo, que sempre acreditou nas instituições democráticas. Em resumo, eu diria que a democracia não morreu nas minhas mãos e continua de maneira extraordinária, sendo a segunda (maior) democracia no mundo ocidental”.
A aspiração do ex-presidente da República, José Sarney (MDB) é mais que justa. Isso porque, quando assumiu o cargo interinamente, na condição de vice-presidente eleito, com a doença do presidente eleito Tancredo Neves (MDB), na manhã do dia 15 de março de 1985, há 40 anos, portanto, parecia um mandatário fraco, controlável e, na visão de muitos, destinado a ser destituído a qualquer momento. Afinal, a tarefa principal do novo presidente da República era fazer a transição da ditadura militar para a democracia. Poucos acreditavam que, substituindo ao líder Tancredo Neves, em quem a Nação depositara suas esperanças, José Sarney teria condições e estatura para liderar essa passagem. Todos os que navegaram no pessimismo e na má vontade, morderam a língua, pois o político maranhense, testado nas lutas contra o coronelismo vitorinista, foi o presidente certo, no lugar certo e na hora certa para liderar o processo.
Não foi fácil. Durante os 37 dias de interinidade, José Sarney fez tudo o que Tancredo Neves havia planejado: nomeou ministros que não conhecia, teve de conviver com uma equipe na qual havia integrantes que o queriam ver pelas costas – até o general-chefe do SNI prestava contas ao deputado Ulysses Guimarães (MDB), que dava as cartas, ignorando o presidente da República. Mesmo assim, José Sarney usou toda a sua paciência e habilidade para conviver com uma situação quase irreal. Usou os recursos políticos e os contatos que tinha e começou a transição: devolveu liberdade aos partidos políticos, reabilitou sindicatos, recriou a UNE, tirou o Partido Comunista da clandestinidade e, meses mais tarde, convocou a Assembleia Nacional Constituinte.
A situação começou a mudar, sem pressa nem trauma, a partir de 22 de abril, com a morte do presidente eleito Tancredo Neves. Titularizado no cargo, José Sarney começou a dar passos de autonomia em relação ao mandonismo da casta emedebista liderada por Ulysses Guimarães, só que agora como o 30º presidente da República Federativa do Brasil, detentor, portanto, dos cordéis do poder, e não mais como um vice governando por algum tempo. E foi a partir dessa mudança ao mesmo tempo radical e dramática na situação política do País, que José Sarney começou, efetivamente, a trabalhar a transição, que consistiu, em primeiro lugar, em acalmar e enquadrar alguns segmentos fortes das Forças Armadas, a começar por generais contrários ao fim da ditadura. Com o apoio de líderes militares, como o ministro do Exército, general Leônidas Pires, já identificados com a volta da democracia, Sarney foi aos poucos desmontando a resistência da caserna, evitando, ao mesmo tempo, que vozes da situação acirrassem os ânimos.
– E sem nenhum levante, sem nenhum tiro – lembrou ele na célebre e esclarecedora entrevista que concedeu ao jornalista e historiador Benedito Buzar na virada do século.
Ao longo do seu mandato presidencial – que seria de seis ano, mas a Constituinte tirou um ano, e não tirou mais um porque ele reagiu -, José Sarney trilhou sobre duas linhas. Numa, a transição para a democracia – a restauração do pleno estado democrático de direito, a abolição da censura, a confirmação da anistia – que muitos tentaram –rever, a volta das eleições diretas em todos os níveis e a consolidação das instituições criadas pela Constituição Cidadã de 1988 – suporte testado definitivamente nas maquinações golpista do presidente Jair Bolsonaro (PL), que culminaram com o trágico, mas corretamente reprimido, 8 de janeiro de 2023.
Na outra linha, José Sarney administrou o País, abrindo as portas para conectar o Brasil ao resto do mundo, usando a diplomacia como nenhum governante fez antes dele. No front interno, injetou gás na máquina pública, na criação dos programas sociais – como o Vale Transporte e o Programa do Leite, os dois mais abrangentes e mais célebres -, e buscando saídas para modernizar o País no campo econômico, o que levou à revolução do Plano Cruzado, em 1986, que mudou a face econômica do Brasil para sempre, gerando desdobramentos como o Plano Real, que norteia a economia do País há mais de duas décadas. Saiu deixando uma inflação galopante, mas com uma economia preparada para enfrentar os tempos que viriam, como o desastre que foi o governo do seu sucessor, Collor de Mello. Deixou ainda símbolos de desenvolvimento como a Ferrovia Norte-Sul e a Ferrovia Carajás, para citar dois exemplos.
O Senado da República realizará, nesta terça-feira (18), uma sessão solene para homenagear personalidades que lutaram pela democracia. José Sarney está no topo da lista. Isso porque cresce nos brasileiros a avaliação de que, mesmo não tendo sido eleito pelo voto direto, José Sarney foi um presidente em toda a sua plenitude, tendo sido o principal construtor e avalista da democracia reinante no Brasil atual.
PONTO & CONTRAPONTO
Orleans Brandão joga com habilidade ao falar sobre sucessão em 2026
Politicamente inteligente o posicionamento do secretário extraordinário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), em relação à participação dele no processo eleitoral do ano que vem.
O mundo político inteiro sabe e comenta que ele é nome forte para ser lançado candidato ao Palácio dos Leões, caso o governador Carlos Brandão (PSB) resolva permanecer no cargo abrindo mão de disputar uma cadeira no Senado. Comenta também que suas chances são reduzidas se o governador renunciar em abril de 2026 para pleitear um mandato senatorial.
Entrevistado pelo blogueiro Carlinhos, em Trizidela do Vale, Orleans Brandão jogou no melhor estilo raposa. Primeiro, disse que seu rumo é brigar por uma cadeira na Câmara Federal. Mas, logo em seguida, completou dizendo que o comandante do processo é o governador Carlos Brandão e que a discussão sobre candidaturas majoritárias só será feita no ano que vem.
Ou seja, caminha para a Câmara Federal, mas poderá rever esse projeto, já que não se excluiu do processo.
Paulo Victor acertou com a iniciativa de interditar a Litorânea para a prática esportiva
O presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Paulo Victor (PSB) acertou em cheio com o projeto de interditar a Avenida Litorânea para veículos motorizados (ônibus, automóveis, caminhões motos), às segundas, quartas e sextas-feiras das 4h às 6h30, para permitir a práticas de esportes.
O governador Carlos Brandão (PSB) abraçou o projeto e decretou a regra, ele próprio fazendo questão de inaugurar a novidade.
Todas as evidências indicam que a iniciativa é um sucesso, principalmente para ciclistas, maratonistas, velocistas, que terão em três dias na semana, e nas manhãs de domingo, espaço garantido e seguro para fazer as suas práticas.
Na peça publicitária que divulga a interdição da Litorânea, o presidente Paulo Victor faz questão de expor uma logomarca da Câmara Municipal de São Luís, aludindo ser a iniciativa uma ação do Legislativo e não do vereador.
São Luís, 16 de março de 2025.