Daqui a exatos seis meses, os 6,7 milhões de maranhenses acordarão conhecendo os escolhidos, pelo voto direto, secreto e seguro, para comandar os 217 municípios e os componentes das suas Casas legislativas. O cenário político que emergirá das urnas na noite do dia 06 de outubro produzirá duas realidades decisivas. A primeira: os prefeitos eleitos – incluindo os reeleitos -, assumirão com o desafio de mudar para melhor alguns dados estatísticos – como os do saneamento básico, por exemplo – que vêm mantendo o Maranhão na rabeira do desenvolvimento nacional. E a segunda: das urnas sairá o mosaico político que terá influência decisiva na grande disputa eleitoral de 2026, quando serão eleitos o presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais. O grande quebra-cabeça partidário – candidaturas e alianças – ainda está sendo montado, mas já existem definições que podem indicar, se não o desfecho, mas tendências para resultados.
Comandada pelo governador Carlos Brandão (PSB), a aliança do centro com a esquerda moderada – PSB, PT, PCdoB, PV, PP, Cidadania, União Brasil, Solidariedade, PRD, MDB, Podemos, caminha para enfrentar PSD, PL, Novo, Republicanos e PDT num emaranhado de alianças imprevistas que costuma diferenciar as eleições municipais de outras eleições. Um exemplo do que pode vir a acontecer está nas tendências evidenciadas em grandes municípios, como São Luís, onde a base governista se mobiliza em torno do deputado federal Duarte Jr. (PSB) para enfrentar o poder de fogo do prefeito Eduardo Braide (PSD), candidato à reeleição, e em Imperatriz, onde as forças governistas estão divididas e assim criando expectativa favorável a adversários.
Está escrito nas estrelas e nos relatórios das pesquisas de opinião que as eleições municipais têm o viés de redesenhar o cenário político estadual, que atualmente é largamente favorável ao Governo, uma vez que a maioria esmagadora dos prefeitos está alinhada ao Palácio dos Leões. Mas isso não lhes dá a folga para relaxar, ao contrário, pois a maioria de agora pode não ser a maioria que festejará o resultado das eleições na manhã do dia 07 de outubro.
Nesse contexto, o governador Carlos Brandão e o vice-governador Felipe Camarão (PT) trabalham para reafirmar a posição hegemônica da aliança governista, a começar pelo fato de que os novos prefeitos serão decisivos na corrida eleitoral de 2026, na qual o governador será candidato ao Senado e o vice-governador, então na condição de governador, concorrerá à reeleição. E junto com eles, um grande time de líderes governistas e não governistas. É o caso, por exemplo, da senadora Eliziane Gama (PSD) e do ministro do Esporte André Fufuca (PP), que estarão na disputa, provavelmente enfrentando um ex-aliado, o senador Weverton Rocha, que, ao que tudo indica, vai aguardar o resultado das eleições municipais, para, a partir dele, se posicionar em relação a 2026.
Essas eleições podem ser um marco na vida política do Maranhão. Algumas situações são aguardadas, como o PT do presidente Lula e do vice-governador Felipe Camarão, o PSB do vice-presidente Geraldo Alckmin e do governador Carlos Brandão e o MDB, hoje parte do grupo Brandão, por exemplo. E como sairão das urnas o PDT do senador Weverton Rocha, o PL do deputado federal Josimar de Maranhãozinho e o Republicanos do deputado federal Aluízio Mendes? No geral, as tendências de agora são fortemente favoráveis à aliança governista, principalmente devido ao trabalho de articulação feito pelo próprio governador Carlos Brandão, que conhece como poucos o caminho das pedras nessa seara.
O fato irreversível é que a partir de hoje são exatos seis meses para as eleições. Ainda não formalizadas, as candidaturas a prefeito já estão praticamente todas definidas em todas as correntes. Falta agora lapida-las, fortalece-las e formaliza-las nas convenções de agosto, quando os candidatos irão para o embate, do qual sairão coroados ou derrotados, como mandam as regras da democracia.
PONTO & CONTRAPONTO
Yglésio anuncia filiação ao PRTB, mas corre o risco de perder o mandato
O deputado estadual Yglésio Moyses se filiou ao PRTB para disputar a Prefeitura de São Luís. Ele estava filiado ao PSB e mudou de partido sem a anuência da agremiação socialista. Por esse gesto, ele corre o risco de perder o mandato de deputado estadual.
Antes de chegar ao PSB em 2022, o deputado Yglésio esteve em várias agremiações. Logo após ingressar no partido, depois de uma longa negociação, logo entrou em rota de colisão com o comando da legenda socialista.
Logo no início da campanha eleitoral, ele abandonou o discurso de centro-esquerda, repudiou a candidatura de Lula da Silva (PT) e a do ex-governador Flávio Dino (PSB) ao Senado e passou a fazer campanha para o presidente Jair Bolsonaro, alinhando totalmente o seu discurso à direita dura.
Eleito, tentou negociar para deixar o PSB sem perder o mandato, mas a direção do partido não aceitou, acusando-o de infidelidade partidária, Yglésio Moyses entrou na Justiça e obteve ganho de causa por sete a zero. Diante do resultado no TRE, a cúpula do PSB anunciou que entrará com recurso no TSE, acreditando que ali o argumento da infidelidade partidária prevalecerá.
Agora, certo de que sairá vitorioso também no TSE, o deputado Yglésio Moyses resolveu enfrentar o risco e deixar o PSB sem a anuência do partido, filiando-se ao PRTB, uma legenda nanica de direita, fundada por Levy Fidelis, um político folclórico que foi presidente da República com o projeto de implantar o “trem-bala” ligando o São Paulo ao Rio de Janeiro, e comandado no Maranhão por Sílvio Antônio, militante da direita evangélica e atual suplemente de deputado federal.
Com o anúncio de que vai se filiar ao PRTB, Yglésio Moyses estimula a bolsa especulativa a fazer duas apostas, que ele irá em frente e a que o vê sem mandato.
Zé Francisco migra do PSD para o PSDB e reforça seu favoritismo em Codó
O caldo político e eleitoral entornou de vez em Codó, onde duas forças que integram a base do Governo do Estado vão se enfrentar. A mudança de cenário veio com a migração do prefeito Zé Francisco do PSD para o PSDB. Com a migração, o cenário sucessório em Codó voltou a viver uma bombástica mudança de partido tendo a primeira sido a do empresário Chiquinho da FC se filiou ao PT, numa espetacular reviravolta da política codoense.
A filiação do prefeito Zé Francisco ao PSDB é o resultado de uma cuidadosa e longa negociação entabulada como presidente estadual do partido, Sebastião Madeira, um dos mais importantes membros do staf político do governador Carlos Brandão. O prefeito Zé Francisco, que lidera a corrida até agora, segundo a única pesquisa feita até aqui sobre as intenções do eleitorado de Codó, parece ter ganhado mais força política e eleitoral com a sua conversão ao tucanato.
São Luís, 07 de Abril de 2024.