Pesquisa mostra tendência da corrida em Pinheiro, mas a guerra para valer ainda não começou

André da RalpNet, João Batista Segundo, Filuca Mendes, Thaíza Hortegal
e Leonardo Sá, na corrida à prefeitura de Pinheiro

Se a eleição para a Prefeitura de Pinheiro – uma das mais importantes e estratégicas cidades do Maranhão, que leva também a marca se ser a terra natal do ex-presidente José Sarney (MDB) – fosse agora, no cenário mais provável, o novo prefeito seria André da RalpNet (Podemos), com 38,33% dos votos. Ele seria seguido pelo vereador João Batista Segundo – não há informação partidária sobre ele – com 15%, pela ex-deputada Thaíza Hortegal (PDT) com 10,48%; pelo ex-prefeito Filuca Mendes (MDB) com 9,76%, pelo ex-deputado estadual Leonardo Sá (PP) com 8,1%, e por Geraldo Jr. (União Brasil), com 3,57% da votação. Além disso, 9,76% disseram que votarão em branco ou anularão o voto, enquanto 5% não souberam e não quiseram responder.

Levando em conta o fato de que Pinheiro é um município com 85 mil habitantes, o que inviabiliza eleição com dois turnos, os primeiros indicadores apontam que André da RalpNet (nome esquisito, não?!) navega numa liderança consistente, com mais de 23 pontos percentuais sobre o segundo colocado, mas essa consistência será testada ao longo dos mais de oito meses que ainda separam o eleitor da urna.

Nesses cerca de 250 dias, Pinheiro será palco de uma verdadeira guerra pelo voto, envolvendo as mais importantes forças políticas atualmente atuando no estado. São vários pesos pesados da política maranhense, a começar pelo senador Weverton Rocha (PDT), bem como o ministro André Fufuca (PP), o ministro Juscelino Filho (União Brasil), o deputado federal Fábio Macedo (Podemos), e o novo chefe do MDB, Marcus Brandão, que está determinado a ver o MDB com um bom desempenho nas urnas em 2024. Isso sem contar as forças mais poderosas, que são o PSB, comandado pelo governador Carlos Brandão, que ainda vai se posicionar, e a Federação Brasil Esperança, formada por PT, PCdoB e PV. E mais ainda: a posição da futura senadora Ana Paula Lobato (PSB) e do deputado estadual Othelino Neto (PCdoB).

Como é possível observar com clareza, a disputa pela Prefeitura de Pinheiro é atípica, fora dos padrões normais do jogo político e eleitoral. É o que o folclore eleitoral chama de “briga de cachorro grande”. Na melhor das definições.

Se entrou em fevereiro com essa vantagem, o empresário André da RalpNet, que não tem tradição na política, demonstra fôlego para levar sua campanha em frente, com o forte apoio do presidente estadual do seu partido, deputado federal Fábio Macedo, que está investindo pesado nessas eleições municipais. Os demais candidatos, apoiados pelo governador, vice-governador, ministros de Estado, senadores, etc., vão jogar pesado para mudar o curso da campanha, disso ninguém tem dúvida. E nessa guerra estará também, discreto, mas presente, o prefeito Luciano Genésio (PP), que não quer ser jogado para as cobras quando sair da Prefeitura sem mandato.

O jogo político em Pinheiro é complexo, exatamente pelas numerosas forças que dele participam. O senador Weverton Rocha quer se tornar uma referência no município com o “Hospital do Amor”, a exemplo do que fez em Imperatriz, mas não deu certo. A senadora Ana Paula Lobato terá um peso político enorme a partir do dia 21, quando será efetivada na vaga aberta com a renúncia de Flávio Dino para assumir cadeira na Suprema Corte. O ministro André Fufuca está em busca de formar base para disputar o Senado e um bom desempenho político em Pinheiro é importante. Queiram ou não, o ex-presidente José Sarney ainda conversa com famílias importantes da Rainha da Baixada, sendo também o caso do ex-deputado estadual José Jorge, o todo-poderoso diretor da Equatorial, que também dá seus pitacos nas eleições na terrinha.

Não há dúvida de que a pesquisa Exata rascunha um rumo plausível com a vantagem de André da RalpNet, um empresário que tem pós-graduação em Administração e parece muito empolgado com a vantagem. Mas o jogo em Pinheiro vai começar para valer com a chegada das águas de março.

Em Tempo: a pesquisa Exata ouviu 420 eleitores nos dias 22 e 23 de janeiro em Pinheiro. Tem margem de erro de 4,33 pontos percentuais para mais ou para menos, intervalo de confiança de 95% e está registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo MA-07651/2024.

PONTO & CONTRAPONTO

O Brasil agora sabe que um golpe de Estado foi tramado e por pouco não foi consumado

Jair Bolsonaro tramou o golpe

Poucas vezes o Brasil foi alcançado por um conjunto de revelações tão fortes sobre os riscos a que a democracia foi submetida com o desatinado projeto de golpe de Estado tramado durante o último ano do governo do presidente Jair Bolsonaro.

As informações que vieram à tona pela operação Tempus Veritatis da Polícia Federal não deixam qualquer margem de dúvida sobre o projeto de golpe. Mostraram que, em diversos momentos, o presidente e seus assessores mais próximos, juntamente com parte da cúpula militar, de fato tramaram a implosão das instituições democráticas com o objetivo de reverter o resultado da eleição presidencial, de modo a permitir que Jair Bolsonaro permanecesse com o bastão presidencial.

Os resultados das investigações são reveladores: minutas e minutas golpistas, conversas de auxiliares mais próximos sobre o andamento da armação, preparação do ambiente com o incentivo às ocupações em frente aos quartéis – o que é crime, mas foi ostensivamente tolerado pela cúpula militar -, arrecadação para financiar a permanência dos “buchas-de-canhão” naqueles acampamentos, previsão de prisão violenta e arbitrária de ministros do Supremo, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, e do presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, instituições que seriam fechadas, e a mudança, na marra, do resultado da eleição presidencial, sendo mantidos intactos os números das eleições para deputado estadual, governador, deputado federal e senador da República, entre outras arbitrariedades.

Poucas lideranças políticas maranhenses demonstraram afinidade plena com o pensamento do presidente Jair Bolsonaro. O então senador Roberto Rocha (PTB) foi um apoiador entusiasmado de tudo o que o presidente fez, mas não há informações do seu envolvimento com o movimento golpista, como também não há declarações suas pregando o contrário. Um dos políticos mais influentes do estado, o presidente do PL no Maranhão, deputado federal Josimar de Maranhãozinho não deu uma só palavra a favor de qualquer gesto golpista do presidente da República, tendo inclusive se distanciado de Jair Bolsonaro ao longo da corrida às urnas. Também o deputado federal Aluísio Mendes (Republicanos), que foi vice-líder do Governo Bolsonaro na Câmara Federal, não fez grita contra as instituições democráticas, mas também não criticou os que a fizeram.

No contrapeso, deputados de oposição como Márcio Jerry (PCdoB) e Rubens Jr. (então PCdoB), foram duros e denunciaram a trama. Já o senador Weverton Rocha (PDT) passou ao largo dessa crise nos últimos meses do governo Bolsonaro, quando o presidente e sua turma tramavam o golpe. Ontem, o senador pedetista surpreendeu com uma declaração muito parecida com a do presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PDS-MG), que figurou como um dos que seriam caçados e presos, caso o golpe tivesse sido consumado.

Fim da greve dos rodoviários: Braide diz que enquanto uns falam, ele resolve

Eduardo Braide diz que enquanto
uns falam, ele resolve

O prefeito Eduardo Braide foi às redes sociais para dizer o seguinte: “Fim da greve. E sem aumento de passagens. E os ônibus já voltam a circular nesta sexta. Enquanto uns falam eu enfrento os problemas. E resolvo”.

Realmente, negociou com rodoviários e empresários e resolveu a greve. E o que é mais surpreendente e importante nesse caso é que os rodoviários aceitaram um acordo com os empresários e tudo acabou resolvido, com o sistema de transporte rodoviário de massa de São Luís de volta à normalidade.

Ao lado do alívio pela solução do problema forma-se uma bolha de curiosidade: qual a fórmula que levou à solução da greve, com todas as partes satisfeitas? A resposta está numa verba que o prefeito incluiu no Orçamento de 2024, exatamente para solucionar esse problema.

Ou seja, o prefeito recorre ao subsídio: repassa às empresas dinheiro municipal para cobrir o valor da passagem e a diferença salarial que empresários pagam aos rodoviários. E todo mundo fica satisfeito.

Subsidiar serviços como transporte coletivo não está errado, e o prefeito de São Luís tem prerrogativa para fazê-lo, desde que tenha dinheiro disponível para tal, que não seja retirado de outras rubricas.

Nas contas de um vereador, ao completar seus 48 meses de gestão, o prefeito Eduardo Braide terá repassado pelo menos R$ 70 milhões, o que equivale e a repasse de pelo menos R$ 1,3 milhão por mês.

Adversários chiam, mas nada podem fazer, porque não há nada de errado do ponto de vista legal.

São Luís, 09 de Fevereiro de 2024.

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