O ato “Democracia Inabalada”, que marcou ontem um ano da tentativa de golpe no dia 8 de Janeiro de 2023, foi um evento superlativo em todos os aspectos e sentidos, e teve ampla e destacada participação do Maranhão. Sua importância se deu por vários aspectos relevantes. Primeiro pela motivação básica (defesa da democracia); segundo porque uniu no mesmo posicionamento os três Poderes da República e 18 dos 27 governadores; terceiro porque veio à tona um consenso que foi uma tentativa de golpe e os que participaram direta ou indiretamente devem pagar caro; e quarta porque produziu outro consenso: nada de anistiar os que participaram em qualquer nível. O presidente Lula da Silva (PT), o presidente do Senado e do Congresso Nacional Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o presidente do STF Luís Roberto Barroso e o ministro-presidente do TSE Alexandre de Morais falaram a mesma linguagem, focaram os mesmos temas e demonstraram um saudável alinhamento nesse caso.
A grande estrela maranhense no evento foi Flávio Dino, que participou numa condição especialíssima. Foi um dos seus últimos atos como ministro da Justiça e Segurança Pública, cargo que ocupa há um ano e oito dias. Nesse período, ele fez a diferença como um dos mais importantes, ativos, eficientes e leais auxiliares do presidente Lula da Silva, a começar pelo fato de que sobre ele recaiu o pesado desafio de enfrentar e desmontar a ação de golpe em andamento, e ainda administrar seus tensos e delicados desdobramentos. Nenhum outro ministro, nem mesmo o da Defesa José Múcio, encarregado de colocar a tropa nos eixos, teve papel tão importante e decisivo quanto Flávio Dino naquele dia em que as instituições democráticas brasileiras estiveram por um fio.
Flávio Dino foi ao Congresso Nacional ainda como membro do Governo Lula da Silva, mas numa atitude de quem está se despedindo do Poder Executivo. Ele deve deixar o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública nos próximos dias, a contar de hoje, para assumir o seu mandato de senador. E tão logo assuma na Câmara Alta, entrará em contagem regressiva para renunciar ao mandato – que ele ganhou com a maior votação já dada um candidato a senador no Maranhão -, o que deve acontecer por volta do dia 20 de fevereiro, quando passará a titularidade da cadeira senatorial à sua suplente Ana Paula Lobato (PSB).
Ontem, no ato “Democracia Inabalável”, Flávio Dino circulou com a desenvoltura de ministro do Supremo. Ele foi tratado assim pelos futuros colegas de Supremo e pelo próprio presidente Lula da Silva, que o identificou na plateia e disse que “ele já está com jeito de ministro do Supremo”. Isso ficou claro também na sessão especial que o STF realizou ontem, na qual ele foi convidado para a mesa, ficando entre o presidente da Corte e o procurador geral da República, Paulo Gonet. E no ato realizado no Senado, ganhou assento na primeira fila, por conta do seu status ainda de ministro de Estado. Antes do ato formal, ele participou de várias rodas de conversa, numa forte demonstração de prestígio.
A exoneração do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública só depende agora do presidente Lulas da Silva, que, ao que parece, só quer liberá-lo do posto quando já tiver um sucessor engatilhado, que todos os rumores e especulações dizem será o ex-ministro do Supremo Ricardo Lewandowski. Ontem, foi fácil perceber que Flávio Dino encontra-se em estado de graça: reconhecido pelo trabalho no Ministério da Justiça e pela obra realizada no Governo do Maranhão e pelo político de estatura diferenciada, a começar pela sua convicção ideológica, que é de esquerda, mas com base democrática e sólida. E se prepara para ser ministro do Supremo Tribunal Federal mandando um recado a todos que o indagam: “Vou ser ministro do Supremo”.
PONTO & CONTRAPONTO
“Democracia Inabalada”: Brandão defende a democracia e Sarney é reconhecido como fiador da redemocratização
Carlos Brandão (PSB) foi um dos 18 governadores que atenderam ao convite ao Palácio do Planalto e participaram do “Democracia Inabalada”, evento alusivo ao 8 de Janeiro, que reuniu ontem centenas de lideranças na sede do Congresso Nacional. O desembarcar em Brasília, o governador maranhense divulgou nas suas redes sociais que o ato tem importância histórica pelo fato de ser uma manifestação dos Poderes constituídos em defesa da democracia no Brasil.
Ao participar da manifestação das autoridades constituídas do País contra a ameaça golpista, o governador Carlos Brandão reafirmou sua posição no 8 de Janeiro de 2023, quando, após os primeiros impactos do ataque à Praça dos Três Poderes, foi um dos primeiros chefes de Estado a se posicionar alinhado aos chefes dos Poderes Constituídos e atacados.
Ontem em Brasília, ele confirmou sua posição contra ideias golpistas.
Por sua vez, José Sarney foi o único ex-presidente da República a participar do ato “Democracia Inabalável”, no Senado da República, que ele presidiu por vários mandatos. Com exceção da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), que discursou em nome dos governadores, todos os chefes de Poder que falaram no evento destacaram a presença do ex-presidente e do papel crucial que ele exerceu na transição da ditadura militar para a democracia plena na segunda metade dos anos de 1980 do século passado. Já caminhando para um século de existência, período em que se tornou um dos políticos mais importantes, longevos e vitoriosos do País, José Sarney reafirmou sua crença na democracia, posição que é reconhecida por todos.
Junto com o ex-presidente José Sarney, a senadora Eliziene Gama (PSD) participou também de maneira destacada do ato “Democracia Inabalada”. Na condição de ex-relatora da CPI dos Atos Golpista, ele foi muito cumprimentada pelos presentes. Eliziane Gama faz parte da nova geração de políticos e tem tido atuação firme, implacável, que ganhou o respeito dos seus pares.
Carnaval sem crise: Braide fará o Carnaval na Praia Grande e Brandão vai usar o circuito Beira-Mar
Estava escrito nas estrelas e todas as pedras de cantaria de São Luís já sabiam que não haveria a guerra entre o prefeito Eduardo Braide (PSD) e o governador Carlos Brandão por causa do Carnaval. O movimento inicial de Eduardo Braide anunciando que a Prefeitura faria seu Carnaval na Avenida Beira-Mar, quando o governador Carlos Brandão já tinha anunciado que ali seria realizado o Carnaval organizado pelo Governo do Estado, foi uma maneira atirada de forçar uma negociação. O prefeito tinha consciência de que a Prefeitura não teria condições de bancar o Carnaval na Beira-Mar, mas jogou o estratagema para obter do Governo do Estado o policiamento da Praia Grande, onde será realizada a folia municipal. Político experiente e pouco afeito a brigas, Carlos Brandão firmou a posição de realizar o Carnaval na Beira-Mar exatamente porque sabia que Eduardo Braide não pretendia comprar uma briga sem razão de ser. E não deu outra: o Circuito Beira-Mar abrigará o Carnaval bancado pelo Governo do Estado, e a Praia Grande será o palco do Carnaval da Prefeitura de São Luís.
Só os desatentos acreditaram num confronto no qual o prefeito de São Luís nada teria a ganhar.
São Luís, 09 de Janeiro de 2023.