CPI da Câmara pode tirar Braide da defensiva e leva-lo ao confronto direto com opositores

Eduardo Braide vai enfrentar CPI criada por
Beto Castro com o apoio de Paulo Victor

A decisão da Câmara Municipal de São Luís de instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar supostas irregularidades em contratos firmados pela Prefeitura desde 2021, período que alcança a atual gestão, coloca o prefeito Eduardo Braide (PSD) no centro do campo de batalha em que se dará a guerra pelo Palácio de la Ravardière o ano que vem. Proposta pelo vereador Beto Castro (PMB), a CPI parece ser o caminho para responder a interrogações formuladas sobre contratos no mês passado pelo presidente do parlamento municipal, vereador Paulo Victor (PSDB), que num discurso duro, em que acusou a atual gestão municipal de desvios, avisou que tudo seria colocado a céu aberto, exatamente pela CPI por ele prevista e que acabou aprovada na terça-feira.

Se a CPI vier a ser efetivamente instalada, como espera o vereador Beto Castro e o próprio presidente Paulo Victor, o seu funcionamento será um problema a ser administrado pelo prefeito Eduardo Braide, a começar pelo fato de que os contratos são de sua responsabilidade direta e as suspeitas levantadas pela oposição envolvem pessoas a ele ligadas muito de perto. Tal circunstância poderá levar o chefe do Executivo municipal sair da sua casamata de proteção pelo silêncio, levando-o a um embate direto com os seus adversários. A mudança de estratégia pode fragilizar a credibilidade do prefeito, que é um dos mais bem posicionados no ranking de avaliação de dirigentes de capitais, mas pode também fortalecê-lo ainda mais, dependendo das suas manifestações.

Ao anunciar a criação da CPI, o vereador-presidente Paulo Victor fez questão de enfatizar que ela está assentada em bases legais. Isso significa dizer que a criação da Comissão se deu estritamente dentro das normas que regem a formação desse instrumento legislativo, e mais, que tem um objeto definido para ser investigado. Ou seja, pelas declarações do presidente, o vereador Beto Castro apresentou aos vereadores argumentos que justificam uma investigação. Isso porque o presidente da Câmara sabe que a primeira reação do Palácio de la Ravardière será o questionamento judicial da iniciativa parlamentar. E sabe também que nesse campo o prefeito Eduardo Braide sabe se movimentar como poucos. Logo, antes dos confrontos parlamentares com desdobramentos políticos com as investigações, depoimentos e embates entre governo e oposição, virá uma guerra judicial cujo desfecho é imprevisível.

Do ponto de vista eminentemente político, a instalação de uma CPI para investigar supostas irregularidades em contratos firmados pela Prefeitura, pode ser uma fonte de desgaste para a atual gestão.  Isso porque acontece exatamente no momento que as forças se articulam para o grande embate eleitoral do ano que vem, quando, motivado por expressivos índices de aprovação, o prefeito Eduardo Braide vai propor aos eleitores que lhe deem mais quatro anos de gestão. Nesse ambiente, se a CPI for em frente e encontrar ilegalidades nos tais contratos, e essas não tiveram explicação, o prefeito de São Luís poderá enfrentar dificuldades. Mas se as investigações não prosperarem, Eduardo Braide fortalecerá seu discurso e pode explorar o caso durante a campanha.

Proposta formalmente pelo vereador Beto Castro, a CPI criada na Câmara Municipal de São Luís para investigar contratos da Prefeitura de São Luís leva também a assinatura do presidente Paulo Victor, um político objetivo, com clara disposição para o embate, e posicionado como oposicionista. Esse dado leva à certeza de que, uma vez instalada, a Comissão vai funcionar. Isso significa que o prefeito Eduardo Braide será obrigado a sair da sua zona de conforto para entrar num campo de batalha paralelo ao da corrida à reeleição, municiado de argumentos fortes contra os que serão usados pela oposição, que domina com larga vantagem o plenário do Palácio Pedro Neiva de Santana.

PONTO & CONTRAPONTO 

Othelino volta à Assembleia para retomar o controle das suas bases e pensar no futuro

Othelino Neto

O deputado estadual Othelino Neto (PCdoB) decidiu deixar o cargo de secretário da Representação do Governo do Maranhão em Brasília e reassumir seu mandato na Assembleia Legislativa. Sua justificativa é a de que ele e sua esposa, a senadora Ana Paula Lobato (PSB) – que deve ser titularizada na cadeira senatorial tão logo o senador Flávio Dino (PSB) assuma cadeira no Supremo Tribunal Federal – avaliaram a nova situação que os envolve e optaram por voltar a residir em São Luís. Do ponto de vista pessoal e familiar, a explicação faz todo sentido.

Por outro lado, a motivação dominante é política. A titularização da suplente Ana Paula Lobato na vaga de senador a ser aberta pelo titular Flávio Dino será uma mudança radical no status político da família. Não fará muito sentido para Othelino Neto, deputado estadual em terceiro mandato, ex-presidente da Assembleia Legislativa e com uma boa base para administrar – incluindo a da senadora Ana Paula Lobato -, permanecer em Brasília numa função burocrática pouco compatível com o peso político que o casal passa a ter a partir da confirmação do senador Flávio Dino no Supremo.

Como a experiência política que acumulou nos cinco anos em que comandou a Assembleia Legislativa e a vivência que experimentou no período que passou nos bastidores políticos da República, Othelino Neto percebeu com clareza que seu lastro político corria risco e que ele poderia em pouco tempo se tornar apenas o suporte da senadora Ana Paula. No parlamento estadual, com a experiência e o peso político que ganhou, sua carreira será retomada de acordo com o ritmo que ele próprio vier a imprimir.

Ao longo dos meses em que residiu em Brasília, atuando nos bastidores do poder, o deputado Othelino Neto apurou a convicção de que seu lugar é na Assembleia Legislativa, onde pode contribuir nos debates, na formulação de propostas e na manutenção da sólida base de apoio do governador Carlos Brandão (PSB), de quem continuará aliado de proa. E poderá pensar seriamente entre se reeleger como deputado estadual e disputar uma cadeira na Câmara Federal.

E isso não o impede de ser o principal conselheiro da senadora Ana Paula, cuja juventude e força de vontade minimizam o cansativo rojão da ponte aérea São Luís/Brasília/São Luís.

Clã Cutrim vai apoiar candidato de Brandão em São José de Ribamar

Glaubert Cutrim

A família Cutrim vai seguir o candidato apoiado pelo governador Carlos Brandão na disputa para a Prefeitura de São José de Ribamar. Essa posição, com martelo batido, foi revelada pelo deputado estadual Glaubert Cutrim (PDT), em conversa com jornalistas, nesta semana, na Assembleia Legislativa.

Ele descartou que o seu irmão, o ex-prefeito e ex-deputado federal Gil Cutrim, hoje ocupando a diretoria de Finanças e Estratégias da Codevasf, venha a se candidatar ao cargo.

Formado pelo deputado Glaubert Cutrim, pelo ex-prefeito Gil Cutrim e pelo ex-deputado estadual e ex-conselheiro do Tribunal de Contas Edmar Cutrim, o clã Cutrim tem forte influência política e uma boa fatia do eleitorado de São José de Ribamar.   

São Luís, 30 de Novembro de 2023.

Um comentário sobre “CPI da Câmara pode tirar Braide da defensiva e leva-lo ao confronto direto com opositores

  1. Ribamar, o vereador Beto Castro que propôs a CPI contra o governo Braide é aquele vereador que POSSUI VÁRIOS CPF, VÁRIAS CARTEIRAS DE IDENTIDADES, É AGIOTA E ESTAVA NO LOCAL DO ASSASSINATO NA PONTA D’AREIA ONDE ESTAVA SENDO COBRADA PROPINA? É um ÓTIMO representante na Câmara.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *