Adversários preparam ciladas em sabatina, mas Dino conhece o jogo e se prepara para desmonta-las

Flávio Dino se prepara para enfrentar adversários na sabatina no Senado

“Dino começa nesta terça uma longa caminhada de aproximação com o Senado. Viverá também o período crítico em que sua vida será completamente escrutinada por adversários políticos, interessados no seu fracasso como indicado ao Supremo. Nada, porém, que assuste o futuro ministro do Supremo”.

Publicado ontem na versão virtual da coluna “Radar”, da revista Veja, o registro resume com exatidão a situação do ainda ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino, que, após ser indicado pelo presidente Lula da Silva (PT) para a vaga no Supremo Tribunal Federal, se prepara para enfrentar a sabatina e a votação no Senado, de onde deve sair ministro da mais alta Corte da Justiça brasileira. Ou continuar senador. Segundo o seu auxiliar mais próximo, Ricardo Capelli, que é o todo-poderoso secretário-executivo da pasta, o ministro da Justiça “continuará trabalhando normalmente” até pelo menos o dia 12/12, véspera da data marcada para a sabatina. Além das atribulações normais do cargo, a rotina do ministro está sendo fortemente pressionada pela maratona de contatos com senadores, incluindo alguns da oposição, aos quais está fazendo o que todo indicado que se preze faz nessa etapa: pedindo voto.

No meio político e na seara jornalística, é quase unânime, coisa de nove em dez, a previsão segundo a qual o senador maranhense será aprovado no Senado. O relator da indicação, senador Weverton Rocha (PDT), que se declarou favorável à aprovação, fez contas e garante que Flávio Dino não terá menos que 50 votos, podendo chegar a 52, ou seja, 11 a mais que o necessário, já que a aprovação se dá com 41 votos. Outras avaliações, estas menos otimistas, cantam que o ministro da Justiça será ministro do Supremo com um escore entre 55 e 58 votos. Nenhuma fonte ou segmento, nem mesmo os bolsonaristas que estão em campanha aberta pela rejeição, acredita de fato que isso acontecerá. Essa turma, comandada pelos senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Sérgio Moro (União Brasil/PR), alardeia reunir 35 votos, e aposta que esse número poderá aumentar dependendo do resultado da sabatina.

Diversos espaços de informação política estão afirmando que os bolsonaristas já definiram a estratégia para barrar Flávio Dino. Vão provoca-lo ao extremo, por todos os vieses, apostando que ele reagirá como ministro da Justiça, ou seja, devolvendo a pancadaria – o que ele sabe fazer muito bem. A ideia é tentar mostrar aos demais senadores que um ministro da mais alta Corte do País não pode perder o equilíbrio e reagir atirando. Com ampla e sólida experiência nesse jogo, Flávio Dino sabe separar o joio do trigo e mergulhar na tolerância e na resiliência para não se deixar levar pelo impulso emotivo. Ao contrário, vai se munir do seu lado mais racional e jogar o jogo com o objetivo de frustrar a estratégia dos adversários. “Experiente, articulado, carismático, habilidoso politicamente, fluente na língua das redes sociais”, Flávio Dino “continuará uma pedra no sapato” dos seus adversários, mas sem tropeçar, como escreveu a colunista Mariliz Pereira Jorge, do jornal Folha de São Paulo.

Ao mesmo tempo, a esmagadora maioria dos observadores profissionais concorda que a sabatina de Flávio Dino será longa, intensa e tensa, uma vez que oposicionistas farão de tudo para que o ministro perca o eixo. Mas para quem foi forjado no embate político, enfrentando os adversários mais diferentes, e tem a dimensão exata do seu papel nesse contexto histórico, Flávio Dino parece disposto a fazer o possível para mostrar que o político do embate guarda o juiz federal sério, sereno e sobretudo lastreado por sólida cultura jurídica e numa correta noção de direito. E pelo que demonstraram até aqui, a falange bolsonarista não reúne os predicados necessários para enfrentar o senador Flávio Dino num debate técnico nem num embate político franco.

Nesse ambiente de confronto que tentam construir, os adversários do ministro no Senado correm o risco de abrir caminho para que o senador Flávio Dino saia da sabatina mais respeitado e mais forte, e com mais votos.

PONTO & CONTRAPONTO

Indicação de Flávio Dino repercute na Assembleia Legislativa

Rodrigo Lago, Andreia Rezende, Júlio Mendonça, Leandro Bello, Rafael Souza, e
Carlos Lula apoiaram Flávio Dino, enquanto Yglésio Moises criticou indicação

Sete deputados ocuparam ontem a tribuna da Assembleia Legislativa para saudar a indicação do senador e ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino para a vaga no Supremo Tribunal Federal.

O vice-presidente do Legislativo, Rodrigo Lago (PCdoB), destacou a volta do Maranhão à Corte Suprema, com o seguinte registro: “O último ministro tinha sido o Carlos Madeira. E faço este registro com orgulho, porque conhecemos a história, a trajetória, a biografia e a ficha limpa do hoje ministro da Justiça, senador da República, ex-governador do Maranhão, Flávio Dino. Sua dedicação é reconhecida por todos, reconhecida pela classe política, pela categoria jurídica, pelos juristas e, também, pelo povo do Maranhão, pelo povo brasileiro”.

A deputada Andreia Rezende (PSB) fez questão de ocupar a tribuna por estar se sentindo muito orgulhosa da indicação de Flávio Dino ao STF. E assinalou: “Muito orgulhosa porque, após trinta e três anos, nós temos novamente um maranhense na mais alta Corte do nosso país. Um maranhense que já foi o nosso governador por oito anos e que realmente fez uma grande transformação nesse estado. Uma pessoa de muito bom caráter, de muito boa índole, um currículo invejável”.

O deputado Júlio Mendonça (PCdoB) fez a seguinte declaração: “É um momento de muita reflexão, mas, acima de tudo, um grande sentimento de orgulho e honra em podermos ter esse grande maranhense, político e gestor, que é o ex-governador Flávio Dino, que ocupará um espaço fundamental para a democracia, que é a Suprema Corte deste país. Claro que é uma indicação, tem a sabatina ainda do Senado, mas tudo indica que o caminho será esse para o bem dos brasileiros”.

O deputado Leandro Bello (Podemos) foi enfático ao afirmar que Flávio Dino fez um grande trabalho por onde passou, para em seguida destacar: “Eu tenho orgulho de ser seu aliado, de ser amigo, pois ele nos motiva a trabalhar dia e noite”.

O líder do Governo na Assembleia Legislativa, deputado Rafael (PSB), observou que a política do Maranhão vai deixar de ter uma das maiores lideranças dos últimos tempos, mas o Poder Judiciário do país terá uma de suas melhores aquisições. “Flávio é o único político brasileiro que tem a experiência de ter passado pelo Poder Judiciário, de ter passado pelo Poder Legislativo, de ter passado pelo Poder Executivo. E retorna agora ao Poder Judiciário, muito mais experiente”, frisou.

O deputado Carlos Lula observou que Flávio Dino, ex-juiz federal, ex-deputado federal, ex-governador, ex-ministro da Justiça e, em breve, ex-senador também, “tem muito mais condições de ser o melhor ministro do Supremo do que se tivesse galgado a carreira quando ainda era juiz federal”.

Contrário

Na contramão da maioria, o deputado Yglésio Moises (PSB) reafirmou seu ódio político pelo ministro da Justiça, debulhando um rosário de acusações ao ex-governador, a quem chamou de perseguidor, afirmando que ele pouco fez pelo Maranhão durante seus dois Governos. Anunciou que irá a Brasília distribuir uma espécie de dossiê contra o senador, e encerrou sua fala protagonizando uma das cenas mais desconcertantes dos últimos tempos no Plenário Nagib Haickel: na linha da deputada Mical Damasceno (PSD), que vez por outra abre ou fecha discurso cantando louvores evangélicos, ele “cantou” uma paródia da música “Vai com Deus”, com versos atacando o ministro da Justiça, o seu partido e os seus aliados.

Falhas no perfil de Ana Paula Lobato

Ana Paula Lobato: falhas no seu perfil

Alguns portais de notícia de abrangência nacional divulgaram ontem um perfil da senadora Ana Paula Lobato (PSB) com algumas imprecisões e omissões.

A mais grave imprecisão foi a que a apresentou como esposa do “presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão” e “presidente do Grupo de Esposas de Deputados”, quando na verdade o deputado Othelino Filho (PCdoB) é ex-presidente da Assembleia Legislativa e atualmente é o secretário da Representação do Governo do Maranhão em Brasília. Logo, Ana Paula Lobato é ex-presidente do Gedema.

Uma omissão grave é que ela carrega o DNA da política como herdeira do prestígio político da família Lobato, construído pelo seu tio, o médico e político Pedro Lobato, que foi prefeito de Pinheiro, com forte influência no município e na região.

Há outras falhas e omissões menos graves, mas feias.

São Luís, 29 de Novembro de 2023.

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