Weverton retorna ao Senado “cheio de gás”, mas com grandes desafios e muitas dúvidas sobre seu futuro

Weverton Rocha: de volta ao Senado, apoio a Lula da Silva, grandes desafios e muitas dúvidas sobre seu futuro político

“Estou de volta, cheio de gás, para trabalhar pelo meu país e pelo meu estado”. Foi como o senador Weverton Rocha (PDT) anunciou, por suas redes sociais, o seu retorno ao batente congressual e partidário depois de quatro meses licenciado para se dedicar à campanha eleitoral em que concorreu ao Governo do Estado e ficou na terceira colocação, depois de liderar as pesquisas – sempre no patamar de 17% a 25% das intenções de voto – até três meses antes das eleições. Um dos quadros mais ativos e promissores da nova geração da política maranhense, chefe quase absoluto de um grande partido, o PDT, o senador Weverton Rocha saiu do processo eleitoral duramente desgastado – mais pelos inacreditáveis equívocos que cometeu do que pelo seu desempenho pessoal. Retorna ao minado campo de batalha ciente dos imensos obstáculos que enfrentará para viabilizar os próximos passos da sua carreira. E a grande pergunta que está no ar é a seguinte: será aliado, indiferente, ou fará oposição ao governador Carlos Brandão (PSB)? Sua resposta definirá sua caminhada.

Candidato a governador apoiado pelas forças alinhadas ao presidente Jair Bolsonaro (PL), mas sem entrar de cabeça na campanha a favor do chefe da extrema-direita, o senador Weverton Rocha declarou seu voto no ex-presidente Lula da Silva (PT) no 2º turno, ao fazer o “L” num gesto de mão ao deixar a cabine eleitoral. A interlocutores, exibiu entusiasmo com a eleição do líder petista, apoiando a posição do comando nacional do seu partido nessa direção. No meio político, tanto aliados quanto adversários concordam na expectativa de que, no Senado, ele será um aliado de ponta do Governo Lula da Silva, somando esforços com a senadora Eliziane Gama (Cidadania) e com o senador Flávio Dino (PSB). Nos bastidores já se especula que ele já acertou os ponteiros com o presidente eleito para atuar na sua base de apoio.

Se tem sua posição resolvida no plano nacional, devido à sua posição partidária e ao peso do mandato, o senador Weverton Rocha tem uma situação complicada na seara doméstica. Seu desgaste político por conta do rompimento – para muitos injustificado – com o ex-governador Flávio Dino é imenso. Principalmente quando decidiu apoiar o projeto de reeleição do senador de extrema-direita Roberto Rocha (PTB), e se aliar com as forças desse campo, como que renegando o chamado “socialismo moreno” cunhado por Leonel Brizola e Jackson Lago. Dentro do seu partido há vozes que o acusam severamente de colocar o PDT a serviço do seu projeto de poder, o que ficou evidenciado com o pífio desempenho do partido nas eleições gerais – o único deputado federal e os quatro estaduais do partido foram eleitos sem expressão.

Com base nas regras que movem os partidos, e pela força do mandato de senador, ninguém supõe que no momento Weverton Rocha venha a perder o comando do PDT no Maranhão. Mas ninguém duvida também de que as eleições municipais de 2024 serão um divisor de água dentro da agremiação em relação à posição no comando do partido. E será esse resultado que indicará o seu futuro no que diz respeito às eleições gerais de 2026. Será ele de novo candidato a governador, provavelmente enfrentando Felipe Camarão (PT) como governador e candidato à reeleição? Será candidato à reeleição de senador, disputando vaga com Carlos Brandão? São equações que estão no ar, óbvias, mas politicamente complexas.

Mesmo diante de cenário tão complexo e desafiador, pode errar feio quem se motivar por conclusões apressadas. Weverton Rocha tem a seu favor a juventude, a prática política arrojada, posição de proa no comando nacional do seu partido, o controle do braço maranhense do PDT e quatro anos como senador, exercendo o mandato com grande produção legislativa. Isso significa dizer que, se de um lado tem problemas sérios para resolver, por outro, dispõe da oportunidade de tirar as lições corretas dos erros cometidos nas eleições municipais de 2020 e do tombo que sofreu em 2022. Agora, é usar o pragmatismo de maneira inteligente: a faca e o queijo estão acessíveis. Se fizer os movimentos certos, poderá seguir em frente, mas se errar, perderá tudo.

E o primeiro passo será decidir se atuará como aliado ou como adversário do governador Carlos Brandão.

PONTO & CONTRAPONTO

Ivo Rezende consolida candidatura é vai disputar a Famem como favorito

Ivo Rezende consolida candidatura e entra como favorito para a Famem

Se não houver qualquer embaraço ou fato novo capaz de desfazer a costura em andamento, o prefeito de São Mateus, Ivo Rezende (PSB), será eleito presidente da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem) no pleito que será realizado em janeiro. Apoiado pelo seu padrinho político, o ex-prefeito Miltinho, pelo comando do seu partido, e com o discreto aval do Palácio dos Leões, Ivo Rezende vem consolidando sua candidatura. Nessas articulações, ele já teria conseguido o apoio dos prefeitos de Coelho Neto, Bruno Silva (PP), de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos), e de Barra do Corda, Rigo Teles (PL), que despontavam como nomes fortes para disputar o comando da entidade municipalista.

É claro que faltando mais de dois meses para a eleição do comando da Famem, muita água poderá rolar na seara municipalista, podendo inclusive surgir um candidato de oposição. Mas, na avaliação de um prefeito que conhece bem os meandros da entidade, Ivo Rezende é um candidato consolidado, em condições de se eleger. Essa fonte chama atenção para o fato de que o PDT, que controla a entidade há dois mantados, perdeu as condições de competitividade nas eleições gerais, não havendo, pelo menos até o momento, qualquer sinal de que o atual presidente, o prefeito de Igarapé Grande, Erlânio Xavier, que é o segundo homem na hierarquia do comando pedetista, esteja planejando lançar candidato à sua sucessão.

Mas, como lembram as raposas mais tarimbadas, principalmente no que diz respeito à luta pelo poder, a política tem um elevado grau de imprevisibilidade.

Núcleo duro vai continuar no novo governo

José Reinaldo, Sebastião Madeira, Luís Fernando Silva e Aparício Bandeira devem continuar no Governo

O próprio governador Carlos Brandão ainda não se manifestou especificamente acerca de quem comporá sua equipe para o próximo governo. Mas nos bastidores políticos e partidários algumas especulações começam a se firmar como possíveis. Uma delas é a provável manutenção do núcleo básico da atual equipe.

Principal aliado e conselheiro do governador eleito, o ex-governador José Reinaldo Tavares deverá continuar à frente da Secretaria Especial de Programas Estratégicos, que deve atuar como eixo desenvolvimentista do governo. Um dos mais eficientes coordenadores políticos do governo durante a campanha, quando fez a interlocução do Palácio dos Leões com segmentos da sociedade organizada, o ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, deve continuar na Casa Civil. Responsável pelo controle das contas públicas desde a posse do governador Carlos Brandão, atuando também como conselheiro político, o ex-prefeito de São José de Ribamar, Luís Fernando Silva, deve continuar no comando da área de Planejamento e Orçamento. Técnico experiente, gestor eficiente e com fortes laços de amizade com o governador Carlos Brandão, o engenheiro Aparício Bandeira deve continuar no comando da importante Secretaria de Infraestrutura.

Claro que não se trata de fato consumado, mas a julgar pelo que se ouve nos bastidores, os quatro continuarão.

São Luís, 06 de Novembro de 2022.

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