Assembleia: composição mesclada não fará do Bloco Democrático uma força de oposição a Brandão  

 

O líder Vinícius Louro foi cauteloso sobre a posição do Bloco Democrático em relação a Carlos Brandão

Fruto da divisão da base partidária governista, que resultou nas pré-candidaturas do vice-governador Carlos Brandão (PSDB a caminho do PSB) e do senador Weverton Rocha (PDT), a nova formação do Bloco Democrático (BD) na Assembleia Legislativa, com 18 deputados, entre eles os seis do PDT, foi anunciada como um possível problema para o Governo Carlos Brandão, que será iniciado nas primeiras horas do mês de abril, tão longo seja consumada a renúncia do governador Flávio Dino (PSB), agendada por ele próprio para o dia 31 de março. Tendo como líder o deputado Vinícius Louro (PL), escolhido ontem, o BD é formado por representantes de nove partidos, sugerindo que, por ter o maior número de deputados, poderá se transformar numa força de oposição ao novo Governo. Pelo menos foi essa a tendência espalhada nas redes sociais por apoiadores da pré-candidatura do senador Weverton Rocha, ainda que o líder Vinícius Louro tenha tido o cuidado de apresentar o bloco como uma bancada independente, mas não exatamente oposicionista.

Uma avaliação do posicionamento dos 18 deputados que o integram, mostra, com clareza, que o BD poderá até criar, aqui e ali, algum embaraço ao governador Caros Brandão, mas dificilmente se comportará como um grupo homogêneo e adversário do Palácio dos Leões a partir de abril. Sua composição é politicamente heterogênea, e mesmo que venha a ser afetado pelos tremores da corrida eleitoral, que logo entrará numa fase mais definida, o posicionamento de boa parte dos seus integrantes certamente impedirá que ele seja convertido num canal parlamentar de expressão oposicionista.

Para começar, dos seis deputados do PDT, dois – Cleide Coutinho e Rafael Leitoa – não estão exatamente alinhados à pré-candidatura do senador Weverton Rocha. Ela o apoiará, mas tem ligações políticas muito fortes com Carlos Brandão, e dificilmente lhe criará algum tipo de problema na área parlamentar. Ele, por diferenças com o grupo pedetista de Timon, só aguarda a abertura da janela para mudar de partido. A mesma posição parece ser a do deputado Zito Rolim, que não será candidato à reeleição e não se envolverá em confusão. Sobram os deputados Glaubert Cutrim, Márcio Honaiser e Ricardo Rios, que podem atuar como adversários do Governo na Assembleia Legislativa.

Os quatro representantes do PL – Detinha, Vinícius Louro, Hélio Soares e Leonardo Sá – também formam um grupo não muito coeso para fazer ou não oposição ao governador Carlos Brandão, mesmo estando sob o comando geral do chefe maior do partido, o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, até aqui pré-candidato a governador. Os três primeiros seguirão a orientação de Josimar de Maranhãozinho, mas o deputado Leonardo Sá, embora permaneça no PL, já avisou formalmente ao chefe maior que não o seguirá, que deve deixar o partido e que está alinhado à pré-candidatura de Carlos Brandão. Além do mais, mesmo afirmando que continua candidato a governador, Josimar de Maranhãozinho não tem emitido sinais de que será adversário de Carlos Brandão, com quem, ao que parece, mantém aberto canal de comunicação.

Os dois representantes do Republicanos no BD não seguem exatamente a orientação do comando do partido em relação à corrida para o Palácio dos Leões. O deputado Ariston Ribeiro integra o grupo político liderado pelo prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (PMN), que mantém fortes laços pessoais e políticos com Carlos Brandão, já tendo inclusive se manifestado a favor da sua pré-candidatura. O deputado Fábio Macedo não se manifestou com clareza sobre quem apoia, mas pelas ligações que mantém com o governador Flávio Dino é possível que venha a apoiar o Governo Carlos Brandão. É a mesma situação da representante do PRTB, deputada Betel Gomes, que parece ainda indefinida na disputa e sem sinalizar se será alinhada ou atuará como oposição ao Governo a partir de abril.

O BD tem quatro deputados com posições claramente inclinadas a fazer oposição ao governador Carlos Brandão. Mical Damasceno, pelo seu envolvimento com a direção nacional do seu partido, o PTB, que a converteu a um bolsonarismo quase cego, e certamente fará o que os chefes do partido ordenarem. O deputado Edivaldo Holanda (PTC) será oposição ao próximo Governo por um motivo óbvio: é pai de um candidato a governador, o ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. (PSD). Adversário implacável do governador Flávio Dino, o deputado Wellington do Curso (PSDB) tem sinalizado que se manterá na oposição. A Coluna não conseguiu informações sobre a posição do deputado Wendell Lages (PMN), nem a do deputado Pará Figueiredo (PSL), que é a maior incógnita política da atual Assembleia Legislativa.

É claro que a guerra pelo voto pode causar alterações às vezes surpreendentes, mas nesse exato momento, são essas as posições dos integrantes do Bloco Democrático, que será o maior grupo parlamentar na Assembleia Legislativa.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Já não há mais dúvida de que o MDB vai apoiar Brandão

Roberto Costa e Roseana Sarney articulam alinhamento do MDB a Carlos Brandão

Os últimos movimentos do MDB, que representa hoje o Grupo Sarney, indicam que a ex-governadora Roseana Sarney decidiu parar de brincar de ser candidata ao Governo e assumir sua caminhada em direção à Câmara Federal, e colocar o partido na base da pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão. A participação destacada do deputado estadual Roberto Costa, vice-presidente e principal articulador emedebista, em ato administrativo nesta semana no Palácio dos Leões, eliminou de vez o que ainda havia de dúvida em relação à posição do seu partido no cenário que se forma para as eleições. Nos bastidores, o apoio do MDB a Carlos Brandão é considerado fato consumado, tanto que já circula até o comentário segundo o qual o partido participará oficialmente do Governo que será iniciado em abril. O que não está definido ainda é quando a presidente emedebista fará o anúncio formal da aliança.

 

Roberto Rocha vai sair da quarentena para resolver partido e candidatura

Roberto Rocha: definirá futuro semana que vem

Saindo da quarentena durante a qual venceu a Covid-19, o senador Roberto Rocha (sem partido), retomará suas funções parlamentares e retornará à ciranda político-partidária. No Senado, vai cuidar dos seus projetos e participar dos debates que certamente serão travados, por exemplo, em torno da PEC dos Combustíveis, uma das “tábuas de salvação” eleitoreiras do presidente Jair Bolsonaro (PL). No campo político, o senador vai resolver sua vida partidária, tendo o PL e o União Brasil como opções, podendo também assumir o comando do PTB, que está sem eira nem beira por conta de uma guerra pelo comando nacional. Resolvida a questão partidária, Roberto Rocha vai definir o mandato que disputará nas eleições de outubro, podendo ser candidato a governador, tentar a reeleição para o Senado ou, numa hipótese bem mais remota, tentar voltar à Câmara Federal. É provável que ele tenha essas definições em meados deste mês.

São Luís, 04 de Fevereiro de 2022.

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