Enquanto em São Luís a situação é de absoluta indefinição, com quatro candidatos – Eduardo Braide (Podemos), Duarte Jr. (Republicanos), Neto Evangelista (DEM) e Rubens Júnior (PCdoB) – travando uma guerra de munição pesada pela definição de um cenário para o segundo turno, já que as últimas pesquisas descartaram definitivamente a hipótese de um desfecho em turno único, Imperatriz, São José de Ribamar, Caxias e Timon, os quatro maiores municípios depois da Capital, estão sendo sacudidos por situações diversas e eletrizantes. Responsáveis por 10% da população e uma boa fatia do PIB estadual, e por serem vitais e decisivos no tabuleiro político maranhense, as quatro unidades municipais são palcos de situações diferenciadas, mas igualmente intensas e objeto da atenção do mundo político.
Imperatriz viveu dia de intensa movimentação dos seus 10 candidatos por conta do impacto causado por uma pesquisa Escutec apontando o prefeito Assis Ramos (DEM) liderando com 32%, seguido do deputado Marco Aurélio (PCdoB) com 27%, Ildon Marques (PP) com 17% e Sebastião Madeira (PSDB) com 11%. No segundo bloco de candidatos, Daniel Fiim (Podemos) com 4%, Mariana Carvalho (PSD) com 3%, Daniel Vieira (PRTB) com 2%, e Pastor Laércio (PSL), Manoel Garimpeiro (PMB) e Sandro Ricardo (PCB) com 1%, e com nulos e indecisos somando 3%. Realizada no dia 5, quando ouviu 800 eleitores e tem margem de erro de três pontos percentuais, a pesquisa Escutec, que está registrada no TSE sob o número MA-04480/2020, certamente traduziu a realidade daquele momento, mas pode não expressar o cenário de seis dias depois num ambiente de campanha intensa e disputa acirrada. É lícito, portanto, apontar como imprevisível o resultado da corrida para a Prefeitura de Imperatriz.
Terceiro maior município maranhense, São José de Ribamar mergulhou no que se pode definir como um cenário grave de incertezas. Ali, a grande interrogação está voltada para o ex-prefeito Júlio Matos (PL), que era ficha suja, foi brindado por uma “operação limpeza” no Tribunal de Contas do Estado, pediu o registro da sua candidatura, mas o Ministério Público Eleitoral (MPE) entrou em cena e recomendou que o pedido fosse negado alegando que a decisão do TCE que “limpou” sua ficha é ilegal. Ontem, o TRE começou a julgar o caso, tendo dois juízes concordado com o MPE, mas o julgamento foi suspenso porque um juiz pediu vistas se comprometendo a se manifestar até Sexta-Feira. Se ele concordar com o MPE, formará maioria e a candidatura de Júlio Matos irá para o espaço; do contrário, outros dois juízes decidirão a parada. Ali, pesquisas têm apontado Júlio Matos como favorito, seguido do prefeito Eudes Sampaio (PTB). Se Júlio Matos confirmar a candidatura, tem amplas chances de vencer a eleição. Se for confirmado como ficha suja e for catapultado da corrida, o prefeito Eudes Sampaio vence fácil. Muita água rolará pelas ruas de São José de Ribamar nas próximas 72 horas.
Com um histórico marcado por duras disputas eleitorais, Timon vem mantendo a tradição. Ali, o Tenente Coronel/PM Hormann Schnneyder (Republicanos), uma espécie de outsider, saiu na frente como um furacão, enquanto outros candidatos não foram lançados. Quando o prefeito Luciano Leitoa (PSB) lançou a professora Dinair Veloso (PSB), e a ex-prefeita Socorro Waquim (MDB) também entrou na briga, o oficial da PM perdeu força. Pesquisas recentes apontaram uma mudança de posições, com Dinair Veloso já à frente de Hormann Schnneyder, com Socorro Waquim em terceiro. Há dois dias, um dos candidatos, Jaconias Moraes (PSC), sem chance, desistiu da candidatura e declarou apoio a Hormann Schnneyder, animando ainda mais o cenário da disputa. Na opinião de observadores, a disputa em Timon ganhou ares de indefinição nos últimos dias, tornando o resultado imprevisível. É provável que nova pesquisa sinalize tendências.
De todas as disputas em andamento nos quatro maiores municípios, a de desfecho previsível e mais tranquilo será a de Caxias. Ali, segundo pesquisa Escutec divulgada ontem, o prefeito Fábio Gentil (Republicanos) deve sair das urnas reeleito com vitória maiúscula. Os números divulgados são os seguintes: Fábio Gentil lidera com 70% das intenções de voto. Seu principal adversário, o deputado estadual Adelmo Soares (PCdoB) tem 17%, seguido de Júnior Martins (PSC) com 4% e AJ Alves (DC), Constantino Castro (PTB), César Sabá (MDB), Luciano Aldrin (Rede) e Arnaldo Rodrigues (PSOL), todos com 1%. Nenhum e não sabe totalizaram 5%. A pesquisa ouviu mil eleitores entre 5 e 7/11, tem margem de erro de 3%, intervalo de confiança de 95% e está registrada no TSE sob o número MA-02548/2020. O desfecho anunciado em Caxias é o resultado da lógica que move a política: de um lado o reconhecimento de uma gestão de excelência do prefeito Fábio Gentil, que também se revelou um líder político de elevada estatura; de outro, a desagregação do Grupo Coutinho, que vem se desfazendo desde a sua morte, em janeiro de 2018. Qualquer que seja o resultado, o deputado Adelmo Soares, que é um político inteligente, sairá inteiro e com um espaço consolidado no cenário político de Caxias.
Em Tempo: A pesquisa foi registrada no TSE com o número MA-02548/2020, ouviu 1000 eleitores entre os dias 5 e 7/11, tem margem de erro de 3% para mais ou para menos e intervalo de confiança de 95%.
PONTO & CONTRAPONTO
Debate da Difusora pode ser gran finale da corrida à Prefeitura de São Luís
O debate de hoje na TV Difusora, organizado pelo programa radiofônico “Ponto e Vírgula”, capitaneado por Leandro Miranda, titular do blog Marrapá, e que todos aguardam como o gran finale da jornada dos 10 candidatos à Prefeitura de São Luís, poderá, infelizmente, ter sua importância minada. Para começar, o candidato Duarte Jr. (Republicanos) não deve participar porque está infectado pelo coronavírus, e depois, porque há rumores de que o candidato Eduardo Braide (Podemos) também poderá não marcar presença, o que é pouco provável. Com Duarte Jr. e Eduardo Braide, o debate terá importância maior e decisiva. A participação apenas de Eduardo Braide salvará a lavoura, por ser ele o oponente que todos os demais querem encarar e, se possível, triturar, lhe dando também a oportunidade de reagir forte. Sem os dois, a situação muda radicalmente.
Todos apostam alto nesse debate. Mesmo na hipótese da não participação dos dois mais bem situados nas pesquisas até aqui, os candidatos Neto Evangelista (DEM) e Rubens Jr. (PCdoB) que aparecem em terceiro e quarto lugar nos levantamentos, terão uma grande oportunidade de usar o janelão televisivo com inteligência e tentar virar o jogo. Só não poderão abusar do porrete, porque aí envolverá uma barreira ética, que poderá transformar atacante em vilão e atacado em vítima. Os dois são inteligentes e saberão o que fazer. Nessa hipótese, Jeisael Marx (Rede), Yglésio Moises (PROS) e Franklin Douglas (PSOL) poderão também aproveitar bem. Já Hertz Dias (PSTU) poderá reforçar a pregação da revolução universal do proletariado e Silvio Antônio para defender suas teses terraplanistas inspiradas nos postulados bolsonaristas.
De qualquer maneira, valerá a pena a TV Difusora e a equipe do programa radiofônico “Ponto e Vírgula”, comandada por Leandro Miranda, titular do blog Marrapá, proporcionarem o último encontro dos candidatos a prefeito de São Luís, mesmo com a ausência dos dois melhor situados nas preferências do eleitorado.
Edivaldo Jr. entrega praças do centro completando obra que resgata a identidade urbana de São Luís
O prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT) entregou ontem, num ato sem festa, mas de significado maior e histórico, a renovada área central formada pelo Largo do Carmo e pela Praça João Lisboa. Com a obra, sua gestão completou a restauração do grande complexo que interliga a Praça Deodoro, a Rua Grande e a região central formada pelos dois logradouros, que têm importância vital na feição urbana da São Luís tradicional. Esse espaço, além da sua beleza arquitetônica, sempre foi o coração pulsante da cidade, ponto de encontro onde se discutia política e futebol com paixão, e palco de manifestações e de acontecimentos que mudaram os rumos da História do Maranhão. Sua restauração é um resgate de importância imensurável para a atual e as futuras gerações.
Fora o Reviver, que foi projetado no Governo João Castelo, deflagrado no Governo Epitácio Cafeteira e concluído nos Governos Roseana Sarney, e que deve ser considerado um caso à parte, não há, na história recente da Capital um projeto de resgate e restauração tão amplo e tão bem-sucedido como o comandado pelo prefeito Edivaldo Holanda Jr.. Exemplos estão a olhos vistos, como a reforma do complexo da Avenida Pedro II e agora do corredor Praça Deodoro/Rua Grande/Largo do Carmo/Praça João Lisboa, ao que se somam a Beira-Mar, com a Praça João do Vale e a restauração do prédio da antiga Reffesa – que será inaugurada amanhã -, mais a Praça da Bíblia, e joias menores, mas igualmente necessárias, como as Praças da Alegria e Odorico Mendes.
Todas foram intervenções necessárias, oportunas e inteligentes, que restauram a imagem, consolidam a identidade e fortalecem a dignidade de São Luís, como uma singularidade urbana. A volta do paralelepípedo ao complexo Largo do Carmo/Praça João Lisboa, por exemplo, é uma demonstração de coerência, de compromisso com a memória da cidade. O mesmo se pode dizer da demolição do abrigo, aquele monstrengo de concreto que durante décadas marcou a mais bela área do Centro como uma cicatriz em rosto de donzela.
Agora é torcer para que o Largo do Carmo volte a pulsar como antes.
São Luís, 12 de Novembro de 2020.