O deputado estadual Neto Evangelista (DEM) consolidou de vez sua candidatura à Prefeitura de São Luís ao anunciar, ontem, a militante social Luzimar Lopes, também conhecida como Nêga do Coroadinho, indicada pelo PDT, como sua companheira de chapa. Com a definição, o candidato democrata amarrou todas as pontas da robusta teia partidária que embalará sua caminhada para as urnas, reunindo em coligação DEM, PDT, PSL e MDB, partidos que, juntos, lhe dão lastro político, condições para realizar uma campanha eficiente, além, claro, de um respeitável potencial eleitoral. A indicação de Luzimar Lopes confirmou a posição do PDT como aliado preferencial do DEM nessa jornada eleitoral e confirma a posição do senador Weverton Rocha como principal articulador da aliança. E reforça o cenário que coloca o partido fundado por Jackson Lago e Neiva Moreira na obrigação de mobilizar todas as suas forças ramificadas nas reentrâncias da Capital para turbinar o projeto político e eleitoral de Neto Evangelista agora, e preparar terreno para dar firmeza ao passo que Weverton Rocha pretende dar em 2022.
A escolha de Luzimar Lopes para vice de Neto Evangelista não foi uma decisão apressada, de última hora, tomada no sufoco por falta de opções. Ao contrário, o comando do PDT chegou ao seu nome após optar por oferecer ao eleitorado uma referência popular, que represente as comunidades periféricas e mais pobres na cúpula do poder municipal. A ideia inicial era escolher entre os nomes mais conhecidos e prestigiados do partido no cenário político de São Luís, como o vereador Ivaldo Rodrigues, seu colega Raimundo Penha ou até mesmo o presidente da Câmara Municipal, Osmar Filho. Esse caminho, porém, foi descartado, levando o comando do partido a optar por uma estratégia mais ousada, escolhendo uma militante social e comunitária, com ligação direta com esses segmentos.
Mais do que uma militante partidária e ativista das causas sociais e de defesa da mulher, o PDT preencheu sua vaga na chapa encabeçada por Neto Evangelista com uma candidata decidida a chegar à vitória. Tanto que na sua fala no ato em que foi apresentada, Luzimar Lopes foi enfática: “Vamos andar cada canto dessa cidade. Melhor para a cidade é ter alguém que sabe na pele as necessidades da comunidade”. Uma indicação eloquente de que não vai posar de candidata, mas mergulhar nos bairros de São Luís em busca de votos.
Com a chapa definida, Neto Evangelista está devidamente aparelhado política e partidariamente para mergulhar nas reentrâncias da cidade em busca de votos. Além do PDT, que é o partido mais enraizado e estruturado em São Luís, herança de Jackson Lago, o candidato do DEM conta com o peso do PSL, comandado pelos vereadores Chico Carvalho e Isaías Pereirinha, duas raposas que conhecem o caminho das pedras. Conta também com o MDB, que vem mostrando força com o grupo jovem liderado pelo deputado Roberto Costa, e também com o prestígio da ex-governadora Roseana Sarney, que não quis ser candidata, mas decidiu seguir a escolha do partido, declarando apoio ao candidato do DEM.
O ato de ontem na sede do PDT foi uma demonstração de força de Neto Evangelista, que conta com o apoio incondicional do comando estadual do DEM, que tem à frente o deputado federal Juscelino Filho, e do comando nacional, que vê sua candidatura como uma das prioridades do partido, segundo declarou o presidente da legenda, ACM Neto, atual prefeito reeleito de Salvador. Traquejado em embates políticos e eleitorais, o candidato do DEM conhece os humores do exigente eleitorado ludovicense e, tanto quanto, os adversários que precisa bater para se tornar prefeito, a começar pelo candidato do Podemos, Eduardo Braide, que lidera a corrida, e o candidato do Republicanos, Duarte Júnior, que está em segundo lugar, segundo todas as pesquisas divulgadas até aqui.
PONTO & CONTRAPONTO
STJ arquiva factoide gerado na PGR contra Flávio Dino
O arquivamento, pelo Superior Tribunal de Justiça, do inquérito com que a Procuradoria Geral da República tentou jogar uma suspeita de desvio no governador Flávio Dino (PCdoB), mostrou duas verdades. A primeira: o atual Governo do Maranhão tem sido até aqui à prova de corrupção. A segunda: existe viés tendencioso em bolsões do Ministério Público Federal. As duas realidades ficaram farta e definitivamente demonstradas na decisão da ministra Laurinda Vaz de mandar o factoide ministerial para o arquivo morto.
Quando o jornal o Globo trouxe à tona o inquérito aberto pela subprocuradora geral da República, Lindôra Araújo levantando a suspeita de que a Secretaria de Segurança Pública havia comprado combustível em excesso e superfaturado para helicópteros do GTA, e apontando o governador Flávio Dino como responsável direto pelo suposto desvio, ganhou forma outra suspeita, a de que a denúncia era fajuta. Primeiro porque não veio à tona qualquer dado, número ou decisão que fundamentasse a tal suspeita. Além disso, o Governo agiu rápido e mostrou que, ao contrário do que dizia a peça acusatória, nada houve de irregular nas compras de combustíveis para as aeronaves do Estado.
Além de derrubar a suspeita com informações corretas e explicações convincentes, o governador Flávio Dino bateu forte no que apontou como armação política destinada a prejudicá-lo. O governador desafiou a subprocuradora geral da República a confirmar e comprovar a acusação, e bateu às portas do Supremo Tribunal Federal contra o factoide gestado na PGR destinado a atingi-lo moral e politicamente. Foi ouvido pelo STF.
A ministra Laurinda Vaz, relatora do processo, rejeitou a primeira versão da subprocuradora geral da República, exatamente porque nenhuma prova ou argumento fundamentou a denúncia, levando-a a conceder mais três meses para novas investigações. Passado o prazo, a situação foi a mesma: nada de compra excessiva e nenhum indício de superfaturamento. Ou seja, a denúncia ganhou a forma de um tremendo factoide, o que levou a própria subprocuradora geral da República Lindôra Araújo a sugerir ao STJ que arquivasse o inquérito. Determinado pela ministra Laurinda Vaz, o arquivamento se deu ontem, colocando um ponto final no imbróglio gerado pela PGR.
Wellington do Curso pede arrego ao comando do PSDB e ganha tempo para definir rumo
O deputado Wellington do Curso está determinado a não sair com as mãos abanando do episódio em que teve sua candidatura à Prefeitura de São Luís rifada pelo comando estadual do PSDB. Inconformado com o fato de não ser o candidato do ninho municipal à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT), e por ter sido perdido a legenda em razão de um acordo dos chefes tucanos com o candidato do Podemos, Eduardo Braide, Wellington do Curso decidiu levar a encrenca aos chefes nacionais do ninho, apostando numa ordem que lhe devolva a vaga de candidato. O parlamentar sabe que dificilmente o comando nacional dos tucanos deixará de dar razão ao senador Roberto Rocha para lhe atender. Mas sabe também que se conformar sem fazer zoada seria uma demonstração de fraqueza, uma atitude por meio da qual admitiria que Roberto Rocha está certo puxar-lhe o tapete para entregar o PSDB de São Luís a Eduardo Braide, o favorito entre os candidatos. Agindo assim, constrói e consolida a condição de vítima de um golpe, e ganha tempo para encontrar um rumo nessa corrida às urnas.
São Luís, 11 de Setembro de 2020.