Os primeiros programas da campanha para o Governo do Maranhão no rádio e na TV confirmaram o que a Coluna vinha prevendo, com base nos movimentos da pré-campanha: a distância que a maioria dos candidatos ao Governo do Estado está mantendo da corrida para o Palácio do Planalto. A rigor, apenas três dos nove aspirantes aos Leões abraçaram seus candidatos presidenciais: o governador Carlos Brandão (PSB), que tem aliança firmada com o PT e colocou o ex-presidente Lula da Silva como um dos motores da sua campanha à reeleição; Hertz Dias (PSTU), que tem a professora Vera Lúcia como candidata a presidente; e Frankle Costa (PCB), que tem declarado apoio à candidata presidencial do partido, Sofia Manzano. Os demais – Weverton Rocha (PDT), Lahesio Bonfim (PSC), Edivaldo Holanda Jr. (PSD), Simplício Araújo (SD) e Enilton Rodrigues (PSOL), que não têm ou fazem de conta que não têm candidato ao Palácio do Planalto.
Carlos Brandão e Lula da Silva firmaram e consolidaram uma aliança partidária como uma extensão bem-sucedida da aliança que os seus partidos (PSB e PT) firmaram no plano nacional. Na sua propaganda, o governador tem dado espaço generoso ao ex-presidente, enquanto este tem devolvido as manifestações de apoio com igual generosidade. Essa sintonia faz com que Carlos Brandão e Lula da Silva sejam sempre tema de um mesmo discurso, situação que deve de firmar ainda mais ao longo da campanha. Junto com eles, o companheiro de chapa Felipe Camarão (PT) e o ex-governador Flávio Dino (PSB), candidato ao Senado, reforçam as posições de uns e outros, dando consistência à aliança política e eleitoral em curso.
O senador Weverton Rocha, candidato do PDT, é um dos que não abraçaram candidatura presidencial, mesmo que o seu partido tenha lançado o ex-governador Ciro Gomes (PDT). Com o argumento segundo o qual melhor será que, se eleito for, possa dialogar com quem estiver no Palácio do Planalto. Na verdade, Weverton Rocha está trabalhando, à sua maneira, para ampliar a sombra do presidente Jair Bolsonaro no cenário político do Maranhão, a começar pelo fato de que as forças partidárias que o apoiam são todas da base do presidente da República no Congresso Nacional. Ele vem usando o factóide político segundo o qual é mais prático e produtivo não apoiar nenhum candidato e, se eleito for construir uma ponte na relação com o futuro presidente, seja ele Lula da Silva, Jair Bolsonaro ou Ciro Gomes. Não está funcionando, e esse fator pode ser um dos drenos que desidratam sua candidatura.
Terceiro na ordem dos mais votados nas pesquisas até aqui, Edivaldo Holanda Jr. começou sua campanha e permanece sem relação com candidatos presidenciais, mesmo sabendo que esse dado é importante. Situado no centro-direita, o PSD, seu partido, ainda não resolveu essa pendência no plano nacional, o que deixa o candidato a governador do Maranhão bem à vontade para tocar sua campanha sem qualquer relação com o cenário da disputa pela presidência da República. Na contramão, Lahesio Bonfim (PSD) já declarou voto ao presidente Jair Bolsonaro, a quem chamou de “meu presidente”, mas se recusa terminantemente a incluir o presidente na sua propaganda eleitoral, não dando abertura às ponderações do chefe do seu partido, o deputado federal Aloísio Mendes, bolsonarista de carteirinha. E, pelo menos até aqui, não há qualquer sinal que indique a presença do presidente, candidato à reeleição, na campanha do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes.
Entre os candidatos aparentemente sem chance na disputa, surpreendente Hertz Dias, candidato do nanico PSTU, dá exemplo e está no embate também tentando vender pela segunda vez a candidatura de Vera Lúcia ao Palácio do Planalto. É o caso também de Frankle Costa, candidato do PCB, que faz campanha associada à da sua candidata presidencial, a economista Sofia Manzano. Num outro time estão Simplício Araújo, que segue a orientação do comando nacional do Solidariedade apoiando a candidatura do ex-presidente Lula da Silva; Enilton Rodrigues, cujo partido, o PSOL, não lançou candidato presidencial e decidiu apoiar a candidatura do líder petista.
Esse cenário deve permanecer até o final da campanha, podendo sofrer alguma alteração se o presidente Jair Bolsonaro vier a melhorar o seu desempenho na disputa com Lula da Silva. Nesse caso, é possível que bolsonaristas se animem a inclui-lo nas suas campanhas.
PONTO & CONTRAPONTO
Candidatos ao Senado mantêm diferentes posturas na corrida presidencial
Os candidatos ao Senado seguem as mesmas receitas dos seus candidatos a governador no que diz respeito aos presidenciáveis.
O ex-governador Flávio Dino (PSB) faz campanha formal e abertamente para o ex-presidente Lula da Silva, que por sua vez participa da campanha também fazendo declaração de apoio ao aliado maranhense. Essa declaração mútua de apoio está bem expressada na campanha de Flávio Dino ao Senado no rádio e na TV. Na sua fala, Lula da Silva exalta o aliado, afirmando que ele foi “um dos melhores governadores do Brasil” e declarando que, se ambos forem eleitos, Flávio Dino o ajudará muito como senador.
O senador Roberto Rocha (PTB) tem postura inversa. O partido dele tem candidato a presidente, Roberto Jefferson, que comanda nacionalmente o PTB, e o presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem é aliado de primeira linha. Até hoje, Roberto Rocha não disse uma palavra sequer a respeito do seu chefe partidário e presidenciável Roberto Jefferson, que cumpre prisão domiciliar, com tornozeleira e tudo, por corrupção, e por chefiar suposta organização criminosa. E também não abraçou a candidatura do presidente Jair Bolsonaro, embora seja sabido que nos bastidores sua ordem é incentivar o voto ao presidente. É improvável que ele venha a assumir esse compromisso publicamente.
A candidata do PSOL ao Senado, Antônia Cariongo, dá bom exemplo político e vem cumprindo a orientação do seu partido e fazendo campanha pela eleição do ex-presidente Lula da Silva.
Eliziane aposta alto na eleição do marido e do irmão
A senadora Eliziane Gama (Cidadania) se engajou de vez na campanha eleitoral. Trabalha pela reeleição do governador Carlos Brandão e pela eleição do ex-governador Flávio Dino ao Senado. No tabuleiro proporcional, ele movimenta pedras a favor de duas candidaturas. A primeira é a do maridão, Inácio Melo, que é candidato a deputado estadual pelo PSDB, partido cujo controle assumiu no Maranhão. E a candidatura do irmão, Eliel Gama, à Câmara Federal.
Para alguns observadores, são apostas de risco. Se vingarem, o mérito será dos eleitos. Se não vingarem, o custo político do fracasso será debitado na conta da senadora.
São Luís, 31 de Agosto de 2022.