Arquivos mensais: junho 2022
PT: encontro vai definir campanha de Lula e deve confirmar a chapa Brandão/Camarão/Dino
Sem a presença do grupo dissidente que apoia a pré-candidatura do senador Weverton Rocha (PDT) ao Governo e a do senador Roberto Rocha (PTB) à reeleição, e que pretende substituir o advogado Felipe Camarão (PT) na vaga de pré-candidato a vice na chapa do governador Carlos Brandão (PSB) e de lançar candidato a senador para disputar a vaga com o ex-governador Flávio Dino (PSB), o braço maranhense do PT realiza hoje o seu Encontro Tático Eleitoral (ETE). O evento, que é parte da preparação do partido para as eleições, deveria ter sido realizado no fim de semana que passou, mas foi adiado para hoje e amanhã, exatamente por conta do acirramento de diferenças internas sobre a chapa majoritária. A pauta do Encontro Tático Eleitoral deve se ater a discussões para definir a estratégia de campanha do partido, montar chapas para a Câmara Federal e para a Assembleia Legislativa, e ratificar a chapa majoritária. Mesmo decidindo não participar do ETE, os dissidentes conseguiram adiar o encontro e alterar parte da pauta.
O enredo dessa situação já está quase desbotando. Tudo começou quando, numa articulação ampla entre PSB e PT, o então secretário de Estado da Educação, Felipe Camarão, se filiou ao PT e se lançou pré-candidato do partido a governador. O projeto não evoluiu e ele mudou decidiu disputar uma vaga na Câmara Federal. Em vez disso, com o apoio do ex-governador |Flávio Dino, Felipe Camarão foi alçado ao posto pré-candidato a vice-governador na chapa liderada pelo governador Carlos Brandão. A escolha de Felipe Camarão foi aprovada pelas cúpulas estadual e nacional do partido, garantindo assim a participação do PT na chapa de Carlos Brandão. O encontro de hoje e amanhã, que deveria ter sido realizado na semana que passou, foi adiado para que os líderes petistas avaliassem a situação.
O grupo dissidente criou a situação de crise dentro do partido reivindicando uma pauta já vencida. Para começo de conversa, o grupo queria o PT maranhense alinhado à candidatura do senador Weverton Rocha. Como não é possível, já que a banda esmagadoramente maior do PT estadual segue unida alinhada à pré-candidatura do governador Carlos Brandão à reeleição, a exemplo da chapa presidencial Lula da Silva (PT)/Geraldo Alckmin (PSB), o grupo resolveu reivindicar a vaga de vice, já ocupada pelo petista Felipe Camarão. O argumento: o grupo dissidente acha que o vice de Carlos Brandão deve ser um “petista de raiz”, sugerindo alguns nomes, entre eles o do deputado estadual Zé Inácio, que resolveu abraçar a “causa”. Vice-líder do Governo na Assembleia Legislativa, Zé Inácio vai se anunciar aspirante à vaga de vice durante Encontro Tático Eleitoral.
O outro ponto de reivindicação do grupo – que tem o ex-vereador de São Luís Honorato Fernandes e o ex-suplente de deputado federal Márcio Jardim como líderes -, é relacionado com a disputa para o Senado. Nas articulações para a aliança com o PSB, ficou acertado que o candidato do grupo partidário ao Senado seria o ex-governador Flávio Dino. O grupo petista ligado ao senador Weverton Rocha decidiu apoiar o pleito do sociólogo petista Paulo Romão de ser lançado candidato a senador. Há duas semanas, quando o senador Weverton Rocha e seu grupo decidiram apoiar a pré-candidatura do senador Roberto Rocha à reeleição, esse grupo do PT fez festa apoiando a decisão, atitude que repetiu na semana passada, quando Josimar der Maranhãozinho anunciou o apoio do PL ao pré-candidato do PDT.
Em resumo: o grupo não vai ao Encontro Tático Eleitoral, mas continua defendendo a troca de vice do governador Caros Brandão e um boicote à pré-candidatura do ex-governador Flávio Dino ao Senado, seja com o lançamento de um candidato do PT, no caso o sociólogo Paulo Romão, seja levando a adesão do partido à pré-candidatura do senador Roberto Rocha à reeleição. Mas tudo leva a crer que a grande maioria do PT ratificará o apoio à chapa Carlos Brandão/ Felipe Camarão/Flávio Dino, confirmando a aliança com o PSB, enquanto o grupo dissidente permanece alinhado a pré-candidaturas do senador Weverton Rocha ao Governo e do senador Roberto Rocha à reeleição, juntando-se ao que há de mais radical em matéria de bolsonarismo no Maranhão.
PONTO & CONTRAPONTO
Volta de Ivaldo Rodrigues reforça a pré-candidatura de Weverton em São Luís
O senador Weverton Rocha reforçou sua pré-candidatura a governador ao receber de volta aos quadros do PDT o ex-vereador Ivaldo Rodrigues, um dos mais importantes quadros do partido em São Luís. Um dos remanescentes da Juventude do PDT criada por Jackson Lago, e que deu origem à influente militância do partido na Capital, Ivaldo Rodrigues foi uma das “vítimas” do desastre amargado pelo partido nas eleições municipais de 2020, não conseguindo a reeleição. Discordando da maneira como as decisões vinham sendo tomadas dentro do PDT, ele se afastou de Weverton Rocha e se manteve no grupo alinhado ao grupo liderado pelo então governador Flávio Dino. A ausência de Ivaldo Rodrigues e outros líderes do PDT atraiu pesadas críticas ao comando do partido. A volta do ex-vereador às fileiras do PDT é uma reviravolta que reforça a pré-candidatura do pedetista em São Luís.
Brandão leva a melhor na disputa pelo apoio de prefeitos
Enquanto o senador Weverton Rocha (PDT) e o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL) se apresentam como controladores de uma centena de prefeitos, o governador Carlos Brandão vai desfazendo essa base e aumentando o seu cacife na seara dos líderes municipais. Na mesa do chefe da Casa Civil, Sebastião Madeira, ele próprio ex-prefeito de Imperatriz, a lista de prefeitos apoiadores do governador Carlos Brandão ganha nomes a cada dia. Os números são guardados a sete chaves, mas nos bastidores corre que já seriam mais de 130 apoiadores assumidos, estando outros 30 apalavrados.
São Luís, 04 de Junho de 2022.
A 120 dias das eleições, corrida ao Palácio dos Leões desacelera e entra em “banho maria”
Faltando exatos 120 dias para as eleições, o quadro da disputa pelo Governo do Maranhão encontra-se num momento de “banho maria”. São sete pré-candidatos, estando o governador Carlos Brandão (PSB) e o senador Weverton Rocha (PDT) brigando pela dianteira; o ex-prefeito de São Luís Edivaldo Jr. (PSD) e o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio (PSC) travando uma guerra de vida ou morte no campo intermediário pela terceira colocação, e o suplente de deputado federal Simplício Araújo (Solidariedade), Enilton Rodrigues (PSOL) e Hertz Dias (PSTU) estacionados no ponto de partida, aparentemente sem condições de absorver gás para arrancar em busca de uma posição menos incômoda. O foco principal, claro, está na disputa pela cabeça, que de acordo com a última pesquisa, realizada no início de maio, há cerca de um mês, portanto, a vantagem estava com o governador Carlos Brandão, tendo ele interrompido a liderança do senador Weverton Rocha. E num segundo plano, as atenções estão voltadas para o embate entre Edivaldo Jr. e Lahesio Bonfim, tendo o primeiro aparecido na última pesquisa com uma vantagem mínima sobre o segundo, dentro da margem de erro, ou seja, uma situação absolutamente indefinida.
No início de maio, o governador Carlos Brandão conseguiu definir sua chapa, confirmando o advogado Felipe Camarão (PT) como vice, enquanto o ex-governador Flávio Dino (PSB) confirmou sua pré-candidatura a senador, inclusive preenchendo a vaga de primeiro suplente com a vice-prefeita de Pinheiro, Ana Paula Lobato (PCdoB). A definição antecipada foi apontada como um ganho político importante para o governador, que então mais à vontade para buscar suporte político e eleitoral ao seu projeto de reeleição. A chapa Brandão/Dino ganhou o peso político que esperava com a confirmação da aliança PSB/PT, com o aval do ex-presidente Lula da Silva, líder folgado na corrida presidencial, com vantagem excepcional no Maranhão, onde sua campanha será coordenada pelo ex-governador Flávio Dino. Por conta de uma cirurgia no rim, Caros Brandão, suspendeu temporariamente sua pré-campanha.
No contrapeso, o senador Weverton Rocha não se abalou com a perda de suporte político dentro da aliança governista e, sem perder tempo, consolidou o rompimento com o grupo que o fez senador em 2018, e foi buscar munição política e suporte eleitoral na seara adversária. Seu primeiro passo foi romper declaradamente com o ex-governador Flávio Dino, e no mesmo impulso tornar mais agressiva sua disputa comum o governador Carlos Brandão. Numa guinada surpreendente, Weverton Rocha bandeou-se para o campo bolsonarista, primeiro engrossando, junto com seus apoiadores mais próximos, as fileiras da pré-candidatura do senador Roberto Rocha (PTB) à reeleição, de quem foi inimigo declarado. Em seguida firmando uma aliança com o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), entregando-lhe a vaga de pré-candidato a vice, para a qual o chefe maior do bolsonarismo no Maranhão indicou o seu fiel escudeiro, o deputado estadual Hélio Soares (PL). Com a ausência temporária de Carlos Brandão, Weverton Rocha aproveitou para intensificar sua campanha, inclusive em São Luís.
O embate entre Edivaldo Jr., lastreado por dois mandatos bem-sucedidos na Prefeitura de São Luís, e Lahesio Bonfim, que tem como lastro um mandato e meio igualmente bem-sucedido de prefeito de São Pedro dos Crentes, pela terceira colocação no ranking das preferências na verdade tem como objetivo principal alcançar e tomar o lugar do atual segundo colocado, o senador Weverton Rocha. Assim como o governador e o senador, os ex-prefeitos trabalham com a ideia de dois turnos, acreditando, cada um ao seu modo, e com base nos números de agora, ter condições enfrentar o governador Carlos Brandão, no round final da corrida ao Palácio dos Leões. Embora ainda seja cedo para cravar uma visão definitiva, não é exagero registrar que os três pré-candidatos restantes não deram até agora sinais de que ainda podem largar.
O período junino servirá a todos os pré-candidatos como um período especial para pedir votos, mas o jogo para valer só será jogado mesmo quando o governador Carlos Brandão retomar sua pré-campanha.
PONTO & CONTRAPONTO
Flávio Dino mantém fogo cerrado contra o ´orçamento secreto`
O ex-governador Flávio Dino (PSB) avança para se tornar um inimigo implacável do chamado “orçamento secreto”, por meio do qual deputados federais e senadores usam bilhões de reais de recursos orçamentários em emendas que não precisam ser identificadas. Para ele, “o orçamento é secreto, mas o roubo é público”. Trata-se, na sua avaliação, de “uma estranha e nova equação implantada no Brasil”.
Flávio Dino tem usado as redes sociais e eventuais entrevistas para manter uma crítica severa ao polêmico instrumento parlamentar de manipulação de recursos públicos, convencido de que muito dinheiro está sendo desviado por essa brecha sem regra clara.
Em um dos posts mais recentes sobre o assunto, o ex-governador bateu forte: “Todos os dias são revelados escândalos do tal ´orçamento secreto`, que é inconstitucional, ilegal e imoral”. E avisou, a quem interessar possa: “Se chegar ao Senado, lutarei pelo fim dessa invenção e jamais usarei dinheiro de ´orçamento secreto`.
A julgar pelo que têm dito as pesquisas sobre a corrida à única vaga em disputa na Câmara Alta nessas eleições, o chamado ´orçamento secreto` vai ganhar um inimigo implacável, que conhece as regras do jogo e sabe o que fazer para varrê-lo da vida pública nacional.
MDB maranhense pode deixar Lula se Simone Tebet decolar
É de expectativa o clima no braço maranhense do MDB em relação à disputa para a presidência da República. O que restou do chamado Grupo Sarney, incluindo o ex-presidente José Sarney, que é presidente de honra do partido no plano nacional, e a ex-governadora Roseana Sarney, que preside o partido no estado, está dividido. O grupo maior, controlado pelos dois líderes, mantém, agora mais discretamente, o projeto de apoiar a candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT), enquanto outra banda, bem menor, da qual participa, por exemplo, o deputado federal Hildo Rocha, avaliza a ainda instável aliança MDB/PSDB/Cidadania em torno da senadora emedebista Simone Tebet. Tudo pode mudar se a aliança partidária for confirmada e a senadora mato-grossense consolidar seu projeto de candidatura e decolar nas intenções de voto, criando, por exemplo, poder de fogo para desbancar Ciro Gomes (PDT) do terceiro lugar. Nesse caso, José Sarney e Roseana Sarney poderão respaldaras aposta do MDB.
São Luís, 03 de Junho de 2022.
Velten assume garantindo estabilidade institucional e interinidade sem sobressaltos nem rupturas
“Estou aqui para dar sequência às ações do Governo, assegurar a estabilidade institucional, o perfeito funcionamento da máquina administrativa, sem sobressaltos, sem rupturas. Esse é o nosso propósito”. Feita pelo desembargador Paulo Velten, presidente do Tribunal de Justiça, ao assumir ontem, interinamente, o Governo do Estado, para cobrir a licença de 10 dias pedida pelo governador Carlos Brandão (PSB), que convalesce de uma cirurgia, a declaração chamou a atenção por ser, ao mesmo tempo, um compromisso institucional e um posicionamento político. Foi um complemento ao que dissera, minutos antes, o secretário-chefe da Casa Civil, o experiente militante político Sebastião Madeira, para quem a posso do chefe do Poder Judiciário no comando interino do Poder Executivo: “Estamos aqui em um ato de absoluta normalidade democrática. O presidente do Tribunal de Justiça aqui, com todo o direito e todas as honras, assume o Governo do Estado”. O compromisso institucional assumido pelo governador interino e a normalidade democrática observada pelo chefe da Casa Civil deram a medida da maturidade institucional e da estabilidade política que o Maranhão está vivendo, mesmo no contexto de um clima de crise gerado pelos arroubos antidemocrático do presidente Jair Bolsonaro (PL).
A primeira frase do já governador interino Paulo Velten começou com o compromisso de “dar sequência” às ações do governo, e continuou garantindo a “estabilidade institucional”, tendo os dois focos o objetivo de garantir o “perfeito funcionamento da máquina administrativa”, e mais do que isso, “sem sobressaltos, sem rupturas”. Falaram, ao mesmo tempo, o magistrado culto e consciente que comanda a máquina judiciária estadual e o político que todo homem público da sua estatura tem guardado, que que só ganha evidência em situações como a de agora. O seu discurso foi dirigido a uma plateia formada por magistrados – entre eles o desembargador Ricardo Duailibe, que assumiu interinamente a presidência do TJ -, e secretários de Estado e servidores do topo da hierarquia funcional do Poder Executivo, além, claro, de seus familiares.
A julgar pelos seus movimentos e declarações, Paulo Velten pareceu ter-se sentido tão ou mais à vontade na condição de governador do Estado do que sob o peso da toga reluzente de desembargador. E deixou claro que não avançará um milímetro além da condição de interino – mesmo tendo plenos poderes -, mas que também não será um substituto eventual deslumbrado com os encantos e os mimos do mais poderoso cargo público do Maranhão. Tanto que não titubeou no seu o primeiro compromisso externo, Vila Palmeira, ontem comandou a entrega de 250 títulos de regularização fundiária e a distribuição de uma tonelada de pescados a famílias carentes.
– É uma sequência importante que o Governo do Estado tem dado para a regularização fundiária no Maranhão inteiro. Essa política acalma a cidade, traz uma importante função social de acolhimento, de organização da urbanização, sem falar que o cidadão passa a contar com um importante ativo financeiro – disse no seu discurso. Ele mostrou que se inteirou cuidadosamente do assunto e turbinou a abordagem com a sua visão de magistrado com formação política, principalmente quando assinalou que “essa política acalma a cidade”. Como magistrado, Paulo Velten tem noção muito clara e abrangente dos problemas que afetam comunidades periféricas, sendo as distorções fundiárias um dos mais graves.
O fato é que no primeiro dos dez dias da sua interinidade no comando no Governo do Estado, o desembargador Paulo Velten deu clara demonstração de que o Poder Executivo está em mãos conscientes e confiáveis. Isso significa dizer que o governador Carlos Brandão pode cuidar da sua saúde em paz, recarregando suas baterias o suficiente para enfrentar adversários sedentos de poder. Os sinais indicam os quatro meses que faltam para a corrida às urnas serão marcados por embates duros e decisivos.
PONTO & CONTRAPONTO
Brandão divulga mensagem dizendo que está bem e que participará do São João
Em meio a uma marola de interrogações criada por adversários, para colocar em dúvida as informações sobre o seu estado de saúde, o governador licenciado Carlos Brandão (PSB) divulgou ontem uma mensagem na qual ele coloca as coisas nos seus devidos lugares. Do Hospital da Beneficência Portuguesa de São Paulo, onde encontra-se internado, ele disse o seguinte:
“Olá meus amigos e minhas amigas do Maranhão. Como vocês estão acompanhando pelas redes sociais, eu tive de vir a São Paulo fazer uma pequena cirurgia, uma cirurgia preventiva. A cirurgia foi um sucesso. Estou aqui sendo acompanhado por médicos que já me acompanham há muitos anos. Estou cumprindo agora o protocolo, o pós-operatório, que é um pouquinho chato e demorado. Mesmo assim, estou acompanhando tudo, pela internet e pelo telefone. Ontem mesmo fiz uma reunião com todos os secretários, e pudemos colocar muita coisa em dia. Portanto, estou acompanhando tudo de perto, fazendo o que mais gosto: gestão e política. Quero dizer para vocês que estou com muita saudade, em especial ao povo maranhense, que eu adoro, um povo que me dá energia quando eu o abraço, quando o olho nos olhos. Em breve estarei com vocês. E podem ter certeza: participando do maior São João do Brasil, que está sendo um sucesso. Gente, um grande abraço e obrigado pelas orações, obrigado por todo o apoio e pelas mensagens de solidariedade”.
A aparência pouco alterada e a firmeza das suas declarações, inclusive avisando que retornará ao Maranhão a tempo de participar do “maior São João do Brasil” e, claro, da pré-campanha pelo voto, mostraram que os criadores da marola exageraram na dose e perderam tempo.
Edivaldo Jr. muda estratégia e parte para o corpo-a-corpo numa pré-campanha mais agressiva
O ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. (PSD) parou fez as contas e decidiu sair a campo com uma pré-campanha mais agressiva e intensa na corrida ao Governo do Estado. Tem dois objetivos imediatos. O primeiro é desgarrar-se do pré-candidato do PSC, Lahesio Bonfim, com quem divide a terceira colocação, segundo as pesquisas mais recentes, e ganhar força para alcançar e ultrapassar o senador Weverton Rocha (PDT), que está brigando na cabeça com o governador Carlos Brandão (PSB). Ele abandonou a estratégia inicial de visitar municípios reunindo-se com líderes em locais fechados e adotou o corpo-a-corpo, distribuindo panfletos e conversando diretamente com os eleitores nas ruas. E com um dado novo: a companhia da mulher, Camila Holanda, jovem, ativa e conhecida como o seu mais entusiasmado cabo eleitoral. Adotou a nova estratégia sábado passado em Bacabal, e deu continuidade esta semana, em Itapecuru Mirim, levando o propósito de percorrer o Maranhão nos próximos dois meses.
São Luís, 02 de Junho de 2022.
Velten substitui interinamente Brandão em processo que mostra maturidade das instituições maranhenses
Diferentemente do que acontece no plano federal, onde a relação entre os Poderes está sendo marcada pela tensão, esta causada pela postura antidemocrática do presidente da República, no Maranhão os Poderes do Estado alimentam há tempos uma convivência dentro dos princípios estabelecidos pela Constituição Maranhão. Exemplo maior disso é a normalidade com que se dá a substituição temporária do governador Carlos Brandão (PSB), que por causa de uma cirurgia no rim, foi obrigado a licenciar-se por 10 dias, período em que o comando do Poder Executivo será exercido pelo recém empossado presidente do Poder Judiciário, desembargador Paulo Velten. Pela ordem da cadeia sucessória, o substituto imediato do governador, que não tem vice, é o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), mas por conta das exigências da legislação eleitoral, ele preferiu se ausentar do estado, para não ser obrigado a assumir e perder o direito de candidatar-se à reeleição para a Assembleia Legislativa. O desembargador Paulo Velten inicia hoje o dia passando a presidência do Tribunal de Justiça ao seu 1º vice, desembargador, para assumir o Poder Executivo com plenos poderes, conforme estabelece a Carta Magna do estado.
A substituição temporária de governador é uma prova de que o Maranhão alcançou a maturidade institucional desde que os chefes do Poder Executivo estadual voltaram a ser escolhidos pelo voto direto, na década de 1980 do século passado, mais efetivamente a partir de 1987, com o governador Epitácio Cafeteira, que teve como vice João Alberto. João Alberto assumiu várias vezes, sendo o período mais longo uma viagem de duas semanas que Epitácio Cafeteira fez à Coréia do Sul, chefiando uma missão comercial àquele País na condição de embaixador plenipotenciário., nomeado pelo então presidente José Sarney. Com a saída de Epitácio Cafeteira, em 1990, para disputar o Senado, João Alberto se tornou governador efetivo. Durante seu governo de 11 meses, ele foi substituído temporariamente pelo então presidente da Assembleia Legislativa, deputado Carlos Braide – pai do atual prefeito de São Luís, Eduardo Braide – e pelo então presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Emésio Araújo.
Os governadores que se seguiram foram substituídos eventualmente pelos seus vices, embora tenha havido casos de rompimento político entre eles. José Ribamar Fiquene substituiu várias vezes o governador Edison Lobão, assumindo em definitivo quando titular saiu para disputar o Senado em 1994. A governadora Roseana Sarney teve uma boa relação com o vice, João Alberto, no primeiro mandato (1995/1998), tendo ele assumido várias vezes. Mas a convivência com José Reinaldo Tavares, vice do segundo mandato (1999/2002), foi tumultuada, chegando tempos depois ao rompimento, logo após o escândalo da Lunus, quando ela saiu para disputar o Senado, depois de amargar o fracasso do seu projeto de disputar a presidência da República. José Reinaldo (2002/2006) teve uma relação muito tumultuada com seu vice, o jovem Jurandir Filho, que chegou a ser impedido à força de entrar no seu gabinete no Palácio Henrique de la Rocque.
Não houve tensão entre o governador Jackson Lago (2007/2009), e seu vice, Luís Carlos Porto, que assumiu três vezes durante os dois anos de duração do Governo. O mesmo se deu com Roseana Sarney e João Alberto (2009/2010), período em que João Aberto assumiu várias vezes, sendo que em três ocasiões se afastou para dar vez ao deputado Marcelo Tavares, então presidente do Poder Legislativa, e ao deputado estadual Marcos Caldas, que assumiu na mesma condição. No seu último mandato, Roseana Sarney abriu a vaga várias vezes para seu vice, Washington Oliveira, que comandou o Governo e renunciou em 2014 para assumir vaga no Tribunal de Contas do Estado, tendo ela permanecido no cargo até dezembro daquele ano, quando passou o cargo ao então presidente da Assembleia Legislativa, deputado Arnaldo Melo, que fechou o mandato.
O governador Flávio Dino teve relacionamento de excelência com seu vice, Carlos Brandão, a quem passou o comando do Estado em várias ocasiões ao longo de sete anos e três meses, quando renunciou para se candidatar ao Senado, enquanto seu sucessor, agora na condição de titular, tenta a reeleição. Ao longo dos dois mandatos, por circunstâncias diversas, a pedido de Flávio Dino, Carlos Brandão se afastou para dar vez ao então presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho, e aos presidentes do Tribunal de Justiça, desembargadores José Joaquim Figueiredo dos Anjos e Lourival Serejo.
A chegada, hoje, do desembargador-presidente Paulo Velten ao comando do Poder Executivo, autorizado pela Assembleia Legislativa para substituir interinamente o governador Carlos Brandão, ainda que numa circunstância decorrente de um problema de saúde, é a continuidade de um processo de amadurecimento das instituições democráticas no Maranhão.
PONTO & CONTRAPONTO
Tão logo assuma, Paulo Velten cumprirá intensa agenda na Ilha
Ao assumir oficialmente o Governo do Estado, o desembargador Paulo Velten cumprirá uma intensa agenda de compromissos dentro e fora do Palácio dos Leões, mas todos na Ilha de Upaon Açu. Seu primeiro movimento será reunir o staf palaciano, que é comandado pelo chefe da Casa Civil, Sebastião Madeira, para dar e receber orientações sobre o funcionamento do governo. Após essa reunião de trabalho, às 10h, o governador interino Paulo Velten se deslocará para o bairro Vila Palmeira, onde entregará títulos de regularização fundiária. Após o almoço, às 14h, o chefe do Executivo irá à Raposa, onde presidirá o ato de inauguração do Colégio Militar Tiradentes XII, após o que visitará obras do Governo em andamento no município. Por volta das 17h30, já de volta a São Luís, participará da cerimônia de posse do novo defensor público geral do Estado, Gabriel Soares.
Glaubert Cutrim fica no comando da Assembleia até o retorno de Othelino Neto
O presidente da Assembleia Legislativa, Othelino Neto (PCdoB), ausentou-se do Maranhão, para não ser obrigado assumir o Governo do Estado. A explicação é simples: de acordo com a legislação eleitoral, se ele assumir nesse período, só poderá se candidatar a governador, perdendo o direito de tentar renovar seu mandato parlamentar, que é o seu objetivo maior. Na sua ausência, o comando da Assembleia Legislativa ficou o 1º vice-presidente, deputado Glaubert Cutrim (PDT), que comandou a sessão em que o parlamento estadual aprovou o pedido de licença de 10 dias formulado pelo governador Carlos Brandão. Ele se encontra em São Paulo para concluir o tratamento decorrente de uma cirurgia para a retirada de um cisto no rim. Othelino Neto permanecerá ausente do estado até o fim da licença, quando o desembargador Paulo Velten retornará ao comando do Poder Judiciário.
São Luís, 01 de Junho de 2022.