Arquivos mensais: junho 2021

Dino mostra visão institucional apurada em reunião com Mourão no Conselho da Amazônia

 

Flávio Dino e Hamilton Mourão na reunião do Conselho da Amazônia, ontem, no DF

Posicionamento político e ideológico é uma coisa, e relacionamento institucional é outra. A primeira é opcional, fruto do livre arbítrio político do cidadão, esteja ele ou não no exercício de um mandato eletivo, seja como parlamentar, seja como executivo. O governador Flávio Dino (PCdoB) demonstrou ontem, mais uma vez, que a noção exata do que é relação política e relação institucional ao participar ontem, na condição de presidente do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, de reunião do Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL), presidida pelo vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB). Uma das mais destacadas vozes da Oposição no Brasil atual, tanto que é tratado como inimigo pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o governador do Maranhão tem dado seguidas demonstrações de que sabe separar o joio do trigo sem arredar um só milímetro da sua posição política. A segurança e a desenvoltura com que se relaciona institucionalmente com próceres do Governo Bolsonaro é reconhecida e bem aceita por eles próprios. A reunião de ontem demonstrou a postura institucional do governador e do vice-presidente.

Na reunião, Flávio Dino analisou a grave situação da Amazônia nesse momento, com o aumento das queimadas, a expansão de garimpos, o avanço da grilagem e a extração ilegal de madeira em proporções gigantescas, tornando o Brasil uma espécie de pária mundial no campo ambiental. Com interlocução fácil com o vice-presidente Hamilton Mourão, que apesar de pertencer à direita conservadora, não dispensa nem dificulta o diálogo com líderes da estatura do governador do Maranhão. Tanto que os dois dialogaram franca e longamente sobre o momento pelo qual a região passa, tendo o governador do Maranhão feito sugestões ao vice-presidente das República, o que provavelmente não aconteceria se o interlocutor fosse o presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, que prefere o confronto ao diálogo.

Desde a instalação do Governo Bolsonaro, o governador Flávio Dino tem feito um trabalho intenso e complexo no sentido de manter uma boa relação com a habitantes do momento do Palácio do Planalto e a Esplanada dos Ministérios. Já se avistou várias vezes com o vice-presidente Hamilton Mourão, antes de ele assumir o Conselho da Amazônia Legal, tendo inclusive no Palácio dos Leões. Ali também recebeu o general Santos Cruz, quando ele comandava a Secretaria de Governo da Presidência da República, e o ministro do Meio Ambiente (Ricardo Salles), que esteve rapidamente no Palácio dos Leões antes da pandemia. Da equipe do atual Governo Federal, o governador já tratou com todos os ministros da Saúde (Luiz Mandetta, Nelson Teich, Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga) com os dois ministros da Educação (Ricardo Vélez e Milton Ribeiro), da Infraestrutura (Tarcísio de Freitas), da Economia (Paulo Guedes), mas sempre de maneira altiva, respeitando a institucionalidade.

Em 2016, ele recebeu o então comandante da Marinha, comandante de esquadra Eduardo Bacelar, com quem tratou do projeto de instalar uma base da armada para sediar um novo Distrito Naval – projeto infelizmente suspenso por causa da pandemia. E no início do ano passado recebeu em audiência o então comandante militar da Amazônia, atual comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, que veio ao Maranhão entregar armas adquirida pelo Governo do Estado para a Polícia Militar do Maranhão. E por conta do Centro de Lançamento de Alcântara, recebe com frequência oficiais de alta patente da Aeronáutica.

A má vontade assumida do presidente Jair Bolsonaro em relação a tudo o que diz respeito ao Governo do Maranhão não desanimaram o governador Flávio Dino no que diz respeito a manter um relacionamento institucional com os ocupantes da esplanada dos Ministérios. Ele entende que por diferenças políticas os dirigentes públicos não podem comprometer os interesses da coletividade, por mais tensa e esticada que seja a relação política.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Dino dá mais um passo na direção do PSB

O governador Flávio Dino deu ontem mais um passo no sentido de migrar para o PSB. Após reunião do Conselho da Amazônia, da qual participou como presidente do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, ele esteve na sede do PSB, onde conversou com o presidente da legenda, Carlos Siqueira, sobre o quadro político nacional e, claro, o andamento das conversas sobre a fusão do partido com o PCdoB para a formação do Socialistas, ou, na impossibilidade da fusão, sua migração para a legenda.

É fato que, sem um reforço extraordinário ou se incorporando a uma legenda mais forte, como o PSB, por exemplo, dificilmente o PCdoB sobreviverá à cláusula de barreira nas eleições de 2022. Os motivos vão desde o símbolo do partido, a foice e o martelo, que já não identificam as massas camponesas e o operariado urbano, até a sua fragilização a cada eleição. A força do partido no Maranhão por conta do prestígio do governador não é suficiente para mantê-lo de pé. Logo, Flávio Dino e seu grupo terão de resolver essa situação delicada até setembro.

Antes reticente em falar de mudança partidária, o governador do Maranhão já não esconde que se encontra na iminência de mudar de partido e que o caminho mais provável é o PSB. Há duas semanas, Flávio Dino fixou a data de 13 de Junho, dias de Santo Antônio, o Casamenteiro, como o momento do desfecho de sua situação partidária. A visita de ontem à sede do PSB pode ter sido a batida de martelo sobre sua migração.

 

Maioria ampla dos brasileiros que super-ricos pagando mais impostos

Donos de grandes fortunas poderão pagar mais impostos

O Brasil tem ao seu dispor uma fonte que poderá render-lhe nada menos que R$ 292 milhões anuais em impostos: a adoção de uma política tributária na qual os multimilionários brasileiros paguem mais impostos. Isso dificilmente será adotado no governo do presidente Jair Bolsonaro, que se esforça para aliviar a carga tributária dessa turma que tem dinheiro de sobra. Mas um futuro Governo, se estiver sintonizado com a maioria verá que, hoje, nada menos que 84% dos brasileiros são a favor do aumento de impostos para os muito ricos, segundo pesquisa realizada recentemente pelo Datafolha em parceria com o instituto Oxfam Brasil.

O Maranhão abriga um número expressivo de milionários que se enquadram nesse perfil. O primeiro nome da lista é o empresário Wilson Mateus, que recentemente foi apontado pela prestigiosa revista Forbes, que monitora multimilionários em todo o planeta. Outros caixa-altas, que preferem esconder o jogo mantendo-se discretos, minimizando suas imensas fortunas. Mas se for acionado, o fisco saberá tranquilamente como e onde encontrá-los.

Em tempo: a Coluna registra com pesar a morte do jornalista e ex-deputado estadual Luiz Pedro de Oliveira, na noite de Terça-Feira (01).

São Luís, 03 de Junho de 2021.

Filiação de Flávio Bolsonaro no Patriotas pode ser a senha para a entrada de Jair Bolsonaro e Roberto Rocha

 

Possível ingresso de Jair Bolsonaro e Roberto Rocha no Patriotas pode afetar domínio partidário de Josimar de Maranhãozinho e Marreca Filho, que mandam na sigla

Mesmo gerando uma crise dentro do partido, a filiação do senador Flávio Bolsonaro ao Patriotas está sendo vista como uma espécie de “abre alas” para que o presidente Jair Bolsonaro também ingresse no partido, depois de ter recebido sinal vermelho para voltar ao PSL e passar uma rasteira na turma do PMD, que chegou até a trocar nome na vã perspectiva de tê-lo nos seus modestos quadros. O possível desembarque da família Bolsonaro no Patriotas terá forte repercussão no ambiente político maranhense, uma vez que, tudo indica, poderá abrigar o senador Roberto Rocha, que poderá assumir o controle da legenda.  Se essa previsão for confirmada, atingirá, de maneira bombástica, os domínios partidários do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que controla, com mão de ferro e o poder de fogo do Fundo Partidário, o PL, o Avante e o Patriotas. Este último é presidido no Maranhão pelo deputado federal Júnior Marreca Filho, que segue, fiel e ordeiramente, o comando político de Josimar de Maranhãozinho, que não costuma abrir mão de poder político.

O Patriotas é um desses partidos caça-níqueis criados na medida para alimentar o submundo da vida política nacional, abrigando gente de lastro político duvidoso. Ele caiu nas mãos do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que entregou o seu comando formal ao então deputado Júnior Marreca em 2017. Esse, por sua vez, impossibilitado de concorrer à reeleição, passou seu cacife eleitoral para o herdeiro Júnior Marreca Filho, que se elegeu deputado federal com a ajuda decisiva de Josimar de Maranhãozinho, que levou junto também o deputado federal Júnior Lourenço (PL), engordando o grupo depois com o deputado federal Pastor Gildenemyr, que se elegera pelo PMN, graças à gigantesca votação de Eduardo Braide para a Câmara Federal.

Membro furta-cor da aliança liderada pelo governador Flávio Dino, Josimar de Maranhãozinho faz, vez por outra, movimentos fora da curva para mostrar independência. Um dos mais recentes foi com o senador Roberto Rocha, divulgados por assessores dos dois como uma possibilidade de aliança para as eleições de 2022, formando uma chapa liderada pelo senador, tendo como vice o próprio Josimar de Maranhãozinho ou alguém por ele indicado, provavelmente a deputada estadual Detinha (PL). Ambos negaram, sem muita ênfase, a informação, mas confirmaram linha aberta entre os dois. Logo após esse episódio, começaram as especulações sobre a ida dos Bolsonaro para o PMB ou para o Patriotas. A filiação do senador Flávio Bolsonaro ao Patriotas parece ser a senha para a filiação do pai.

Se essa tendência for confirmada, o senador Roberto Rocha, que aguardou até agora sem partido, deve se filiar também ao Patriotas. No caso, a lógica sugere que ele pleiteará o controle do partido, colocando o deputado federal Marreca Filho em segundo plano. A pergunta que se faz é a seguinte: como reagirá Josimar de Maranhãozinho? Vai fazer com que Marreca Filho passe o comando do Patriotas para Roberto Rocha e abraçar o projeto de candidatura dele ao Governo do Estado? Ou fincará pé e manterá o jovem deputado no controle da legenda em favor do seu próprio projeto de chegar ao Palácio dos Leões? Os desdobramentos da filiação do senador Flávio Bolsonaro ao Patriotas dirão o que acontecerá com o partido no Maranhão.

Nesse contexto de incertezas, indaga-se também se o senador Roberto Rocha está mesmo disposto a entrar na briga pelo Governo do Estado apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro enfrentando um candidato apoiado pelo governador Flávio Dino (PCdoB), seja ele o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), que será nada menos que governador na corrida às urnas, ou o senador Weverton Rocha (PDT), um político arrojado e turbinado pelo mandato senatorial. Ou tentar renovar o mandato de senador disputando a única vaga com Flávio Dino. Os próximos dias apontarão sua escolha.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

André Fufuca recepcionou Eduardo Cunha na “volta por cima” dele a Brasília após prisão

André Fufuca sempre ouviu atentamente o que lhe disse Eduardo Cunha

Solto e “muito rico”, mas não livre ainda do cutelo da Justiça, segundo alguns comentaristas da Grande Imprensa, o ex-todo-poderoso presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (MDB), principal responsável pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), mas que caiu em desgraça pilhado como corrupto e foi parar na cadeia, cumpriu a ameaça de “voltar por cima” a Brasília. Em meados de Maio, ele desembarcou na Capital da República, hospedou-se em um hotel de cinco estrelas e espalhou a notícia de que estava de novo na “terra prometida”. Não demorou e começou a receber políticos de todas as correntes, cumprindo uma intensa agenda de conversas, causando em muitos a impressão de que está mesmo de volta, e disposto a frequentar de novo o centro do poder no Congresso Nacional.

Um dos primeiros deputados federais com quem se avistou foi o jovem maranhense André Fufuca (PP), com quem conversou por longo tempo e depois saiu para jantar. A primazia de André Fufuca na agenda de retorno de Eduardo Cunha tem uma explicação. Quando chegou a Brasília, em 2011, ainda muito jovem e inexperiente, André Fufuca combinou inteligência e pragmatismo e – provavelmente orientado pelo pai, Fufuca Dantas, raposa política ladina, hoje prefeito de Alto Alegre do Pindaré pela terceira vez – procurou um norte no gabinete de Eduardo Cunha, então líder do MDB, epicentro de todas as tramas em curso na Câmara Baixa, e que o acolheu como um pupilo promissor. Não demorou, o jovem parlamentar saiu do nada para a presidência da CPI das Próteses, um escândalo nacional, o que lhe deu alguma notoriedade. E sob as asas de Eduardo Cunha, André Fufuca ganhou o controle do PP, elegeu-se vice-presidente e exerceu por alguns momentos importantes a presidência da Câmara Federal, tornando-se um parlamentar de peso. A derrocada de Eduardo Cunha foi um duro golpe para o pupilo, mas ele, já traquejado pelas lições recebidas, se reelegeu em 2018 e soube manter o espaço. Atualmente, o deputado André Fufuca está de volta ao poder na Câmara Federal, agora atuando no núcleo duro que cerca o atual presidente da Casa, deputado Arthur Lira, um dos ases do seu partido, o PP.

Se Eduardo Cunha voltar ao poder, como ameaçou quando foi preso, o parlamentar certamente será um dos seus valetes.

 

Depois de anos fechado, Edifício do BEM em contagem regressiva para reabrir

Valorizado pelo espetacular painel do mestre Antônio Almeida, o Edifício do BEM será reaberto em breve

O vereador Marcial Lima (Podemos), líder do Governo Eduardo Braide, fez ontem um anúncio de importância vital para o coração de São Luís: a reabertura do prédio onde funcionou o Banco do Estado do Maranhão. Em vídeo, ele, que é jornalista, gravou entrevista com o secretário municipal de Fazenda, Jesus Azzolini, que confirmou para breve a transferência da pasta para as instalações. De acordo com o secretário, a reforma está nos toques finais, o que permitirá a mudança em pouco tempo.

A reabertura do prédio do antigo BEM, na esquina da Rua do Egito com a Rua dos Afogados, proporcionará, de cara, três importantes ganhos para a cidade. O primeiro será o reaproveitamento do edifício, que permaneceu décadas fechado e se deteriorando até ter recuperação iniciada na gestão do prefeito João Castelo (2009/2012). O segundo é que sediará a Secretaria Municipal de Fazenda e toda a estrutura fiscal da Prefeitura de São Luís, hoje sufocada nas labirínticas e desconfortáveis instalações da Avenida Kennedy. E o terceiro e mais importante dos ganhos: a instalação ali do órgão fazendário municipal revitalizará fortemente aquela área, que era intensamente movimentada, ponto de encontro com rodas de conversas durante todo o dia. Vai completar a repaginação do coração da cidade.

Com a reabertura do “Edifício BEM”, como é conhecido, vai reforçar em grande medida o retorno social e econômico do centro de São Luís.

São Luís, 01 de Junho de 2021.