Arquivos mensais: janeiro 2021

Erlânio Xavier e Fábio Gentil abrem disputa pela Famem tendo a sucessão estadual como pano de fundo

 

Eleição na Famem: Erlânio Xavier tenta a reeleição apoiado por Weverton Rocha, e Fábio Gentil tem o apoio de Carlos Brandão no jogo para a sucessão estadual em 22

A disputa pelo comando da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem), cujo desfecho terá forte repercussão nas montagens para a guerra eleitoral de 2022, ganhou forma ontem, com o registro de duas candidaturas, a do atual presidente, o prefeito reeleito de Igarapé Grande, Erlânio Xavier (PDT), que busca a reeleição, e a do prefeito reeleito de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos). Duas forças políticas distintas, com perfis totalmente diferentes e com bases de apoio que estão medindo forças na direção do Palácio dos Leões. O governador Flávio Dino (PCdoB) saiu de férias deixando bem claro que não se envolverá no processo, o que deixa o embate mais solto e num cenário em que “batem chapa” o senador Weverton Rocha (PDT), apoiador e mentor político de Erlânio Xavier, e o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos), que avaliza a candidatura de Fábio Gentil. Os atos de registro e lançamento das candidaturas mostraram uma enorme e curiosa diferença entre os candidatos.

O presidente e candidato à reeleição Erlânio Xavier fez um lançamento estridente, exibindo musculatura e anunciando ter o apoio de pelo menos 150 dos 217 prefeitos, deixando no ar a impressão de estar convencido de que sairá da urna com uma vitória avassaladora. Ele conta com os 45 votos de prefeitos do PDT, incluindo o dele próprio, e abriu sua campanha com dois trunfos importantes. O primeiro foi ter batizado sua chapa de “Sálvio Dino”, político destacado, pai do governador Flávio Dino, que defendeu o municipalismo como deputado estadual e como prefeito de Montes Altos, quando presidiu a Associação dos Municípios da Região Tocantina; o segundo é ter o prefeito reeleito de Pinheiro, Luciano Genésio (PP), como seu companheiro de chapa.

O prefeito Fábio Gentil, ao contrário, compareceu à sede da Famem para registrar sua candidatura sem nenhuma pompa e sem demonstrar qualquer interesse de mobilizar uma fanfarra para fazer uma participação estridente. Acompanhando-o, alguns políticos, como o deputado estadual Duarte Jr., que é do seu partido, e o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), entre outros. Fábio Gentil entra na disputa com o provável apoio dos 35 prefeitos eleitos pelo Republicanos e grande parte dos 40 eleitos pelo PL. É um político centrado, com larga experiência na seara política municipal que tem clareza quanto ao poder de fogo do oponente. Tem, porém, estatura política e autoridade pessoal para dar esse passo importante no projeto de ocupar um espaço no cenário político estadual. Para ele, é importante participar do processo, de preferência com a possibilidade de surpreender em número de votos.

As disputas pela presidência da Famem vêm se dando sob a influência das guerras políticas maiores no estado. A de agora escancarou de vez essa relação, tendo como pano de fundo a disputa pelo Governo do Estado. De um lado o senador Weverton Rocha (PDT), que é o patrono da candidatura do presidente Erlânio Xavier, que coordenou sua campanha senatorial e que no comando da entidade terá um enorme poder de articulação. Do outro lado, o vice-governador Carlos Brandão, aspirante assumido à sucessão do governador Flávio Dino, apoia o prefeito Fábio Gentil num processo que visa fortalecer o seu projeto de chegar ao Governo. Em disputa aberta, Weverton Rocha e Carlos Brandão tentam se manter discretos, mas seus apoiadores travam uma guerra ácida nos bastidores e na blogosfera.

A eleição acontecerá no dia 14, e a semana de campanha será intensa, com o presidente agindo para consolidar o seu cacife e líder caxiense em busca de um lastro para reverter a tendência favorável ao adversário. De acordo com a avaliação de um prefeito experiente, o presidente Erlânio Xavier tem tudo para renovar o mandato, mas dificilmente terá os 150 votos que calcula. Isso porque pelo menos duas dezenas de prefeitos não estão aptos a votar. São dirigentes de municípios pequenos e muito pobres, que se recusam a autorizar o uso da fatia de ICMS que recebem para bancar a mensalidade da entidade, argumentando principalmente que não vale a pena porque as ações da Famem não os alcançam.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Visita de Othelino Neto e Carlos Brandão reforça boa relação Legislativo/Executivo

Othelino Neto e Carlos Brandão entre Rubens Jr. e Marcelo Tavares nos Leões, ontem

O governador em exercício Carlos Brandão (Republicanos) recebeu ontem o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), numa visita de cortesia. Os dois trocaram impressões sobre o momento vivido pelo Maranhão e reforçaram o bom entendimento entre os Poderes Executivo e Legislativo, que têm sido harmônicos e parceiros, mas sem comprometer a independência institucional. Com a presença do chefe da Casa Civil, Marcelo Tavares, que é deputado estadual (PSB) licenciado, e do deputado federal Rubens Jr. (PCdoB), o governador em exercício e o presidente da Assembleia Legislativa conversaram sobre vários temas, com enfoque mais demorado sobre a pandemia do novo coronavírus e a expectativa em relação à vacinação.

Com o encontro de ontem, Carlos Brandão e Othelino Neto desfizeram rumores segundo os quais estariam com as relações estremecidas por causa das eleições municipais. No caso de São Luís, os dois estiveram em campos diferentes, mas nada aconteceu no plano pessoal que os afastasse. Além do mais, o vice-governador e o presidente do Legislativo têm clareza suficiente para separar as coisas, não misturando assuntos de natureza político-partidária com as relações institucionais entre Poderes do Estado.

A descontração que dominou o encontro no Palácio dos Leões foi uma demonstração clara de que, independentemente da posição política de cada um, ambos sabem da importância do diálogo, da independência e da boa relação institucional entre o Palácio dos Leões e o Palácio Manoel Beckman. Tanto que o presidente Othelino Neto disse que o Maranhão tem dado um bom exemplo para o Brasil, no que diz respeito ao equilíbrio das relações entre todos os Poderes.

– É um prazer visitar o governador em exercício, Carlos Brandão, para que nós possamos conversar sobre temas importantes para o estado. Estamos sempre exercitando essa capacidade de diálogo, que é uma marca da relação harmônica e independente que mantemos entre os Poderes constituídos no Maranhão – assinalou o presidente da Alema.

Carlos Brandão comentou o encontro avaliando que a visita do presidente Othelino Neto reforça boa relação entre o Legislativo e o Executivo, que vem se mantendo durante todos os seis anos do atual Governo, com o aval da Assembleia Legislativa projetos propostos pelo Poder Executivo com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população.

 

João Marcelo na linha de frente da campanha de Baleia Rossi na Câmara Federal

João Marcelo (d) no ato de lançamento de Baleia Rossi (falando) na Câmara Federal

A candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP) à presidência da Câmara Federal, apoiada pelo presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), conta com um apoiador entusiasmado, o deputado emedebista maranhense João Marcelo, que está na linha de frente da campanha. João Marcelo participou ontem do grande ato que marcou o lançamento oficial da candidatura de Baleia Rossi, que já conta com 11 bancadas, que representam 261 parlamentares, seis a mais do que os 257 necessários para eleger o presidente.

Embalado pelo slogan “Câmara Livre e Democracia Viva”, o deputado João Marcelo, que foi um dos apoiadores do emedebista desde o início das articulações, reforçou sua posição reafirmando seu apoio. Ele também está se movimentando para ampliar e consolidar o apoio dos partidos à candidatura de Baleia Rossi, lançada ontem às 15 horas, no Salão Negro da Câmara Federal, na presença dos líderes dos 11 partidos (PT, PSL, MDB, PSB, PSDB, DEM, PDT, Cidadania, PV, PCdoB e Rede) que lhe declararam apoio.

O deputado João Marcelo tem se destacado como apoiador de Baleia Rossi e articulador da candidatura na bancada maranhense. O ato de lançamento, ele declarou que o MDB tem no seu DNA a luta em defesa da democracia, e completou: “A defesa da liberdade das pessoas, a luta por igualdade e o respeito às instituições e à harmonia entre os Poderes sempre foram as bandeiras do MDB. Esta aliança com diversos partidos de polos opostos no espectro político só reafirma essas bandeiras de luta”.

O parlamentar maranhense avalia que o candidato do MDB reúne as condições para vencer a disputa contra o deputado Arthur Lira (PP-AL), apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas reconhece que se trata de uma disputa em que a campanha tem de ser intensa e mantida sem descanso. Afinal, é complicado jogar contra o poder de fogo do Palácio do Planalto. “Mas estamos na luta e vamos vencer”, diz João Marcelo, vivamente entusiasmado.

São Luís, 07 de Janeiro de 2021.

Flávio Dino admite se candidatar a deputado federal e agita potenciais candidatos à vaga de senador

 

Flávio Dino pode ser candidato a deputado federal

O governador Flávio Dino revelou que poderá disputar uma cadeira na Câmara Federal em 2022 se vier a ser convocado pelo PCdoB para contribuir no esforço destinado a evitar que o partido seja tragado pela cláusula de barreira. A possibilidade foi declarada por ele próprio em entrevista ao jornal O Globo, e como era de se esperar, repercutiu fortemente na seara política estadual, onde alguns políticos de peso aguardam sua decisão para definirem seus rumos na corrida às urnas.

O governador não esconde sua preferência pela candidatura ao Senado, mas tem dito que, dependendo das circunstâncias e do cenário de 2022, poderá ser candidato a presidente da República por uma grande frente que reúna o centro e a esquerda, a vice-presidente, a Senador ou, agora, à Câmara Federal. Cada uma dessas opções, é factível, em maior ou menor grau, mas qualquer avaliação cuidadosa e isenta, que leve em conta a situação do governador e as sutilezas da política, conduz naturalmente à conclusão de que o mandato eletivo mais adequado a Flávio Dino é, de longe, o de senador. E ele próprio admite isso ao declarar, na entrevista, que “o plano mais forte hoje é a candidatura ao Senado, porque depende só de mim”.

Se, por conveniência partidária, Flávio Dino decidir abrir mão de ser um dos 81 senadores para se tornar um dos 513 deputados federais, o PCdoB poderá sair do Maranhão com uma minibancada federal. Nessa hipótese, como candidato a deputado federal, Flávio Dino fará uma campanha focando na necessidade de fortalecer o PCdoB, dando contribuição decisiva para evitar que o partido saia das urnas condenado a desaparecer do mapa partidário ou, num desfecho mais cruel, venha a se tornar um pária partidário. O governador tem força eleitoral suficiente para sair das urnas com duas ou três centenas de milhares de votos, e assim puxar pelo menos mais dois candidatos além dos atuais deputados federais Márcio Jerry e Rubens Júnior, que concorrerão à reeleição.

Com a eventual candidatura a deputado federal, Flávio Dino liberará assim a vaga de candidato a senador, fazendo com que algumas posições no tabuleiro da política maranhense sofram alterações expressivas. Nos bastidores, correm rumores segundo os quais o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), pode se habilitar à vaga de candidato do partido. Também se comenta que, sem Flávio Dino candidato, a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) poderá entrar na disputa pelo mandato senatorial, bem como o ex-governador José Reinaldo Tavares (PSDB). Isso sem contar outros nomes, entre os quais Hilton Gonçalo (PMN), prefeito reeleito de Santa Rita,  o empresário e ex-suplente de senador Lobão Filho, que estaria migrando do MDB para o PSL, e o atual dono da vaga, senador Roberto Rocha (PSDB), que pode optar pela tentativa de renovar o mandato. Se pelo menos parte dessas especulações fosse confirmada, a disputa pela vaga senatorial seria uma das mais agitadas dos últimos tempos.

Ao admitir concorrer à Câmara Federal para ajudar a salvar o PCdoB, o governador sabe que dará um passo muito perigoso, já que como candidato proporcional enfrentará dificuldades para liderar a grande aliança por ele montada na corrida às urnas. Nesse contexto, quem for o candidato do seu grupo à sua sucessão no Palácio dos Leões poderá também enfrentar dificuldades, à medida que o principal líder da aliança não integrará a chapa majoritária. Isso não significa dizer que, concorrendo a deputado federal, o governador terá comprometido o seu tamanho político. Os passos que deu até aqui na sua trajetória são indicadores precisos de que o atual governador do Maranhão já é um nome de abrangência nacional, com personalidade muito bem definida, o que lhe dá grande estatura política.

Se olhado pela posição que alcançou como chefe de um Governo bem-sucedido, como líder de uma grande aliança partidária no estado, como articulador de uma frente partidária reunindo o centro e a esquerda para enfrentar o bolsonarismo, e como uma das firmes e equilibradas vozes da Oposição ao Governo de extrema direita do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Flávio Dino tem condições de realizar um mandato destacado tanto na Câmara Federal quanto o Senado da República.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Interinidade de 10 dias Carlos Brandão amplia sua experiência no comando da máquina estadual

 

Carlos Brandão, usando máscara, orienta equipe do Governo sobre sua interinidade

O vice-governador Carlos Brandão (Republicanos) assumiu ontem o Governo do Estado para uma interinidade de 10 dias, período em que o governador Flávio Dino (PCdoB) estará de férias, como ocorre todos os anos. Ontem, ele reuniu o secretariado e deu as coordenadas da sua gestão nesse período. Avisou que manterá o Governo funcionando no mesmo ritmo e apontou algumas prioridades para esse período.

O governador interino destacou que o combate ao novo coronavírus é a maior das prioridades, principalmente por conta do risco de que o número de infectados aumente em razão do relaxamento. Ao mesmo tempo, assinalou que vai intensificar os preparativos para o processo de vacinação no Maranhão, já planejado pelo governador Flávio Dino.

Carlos Brandão não terá qualquer dificuldade para comandar o estado nesse período. Primeiro porque em seis anos como vice assumiu várias vezes o comando do Governo sem cometer um deslize ou um equívoco. Depois, porque conhece bem a máquina estadual e acompanha todos os programas e projetos em curso no estado.

A interinidade iniciada ontem é mais um estágio importante para o desafio de assumir o Governo definitivamente com a desincompatibilização do governador Flávio Dino em abril do ano que vem.

 

Marcial Lima deixa o discurso crítico e de cobrança para ser líder do Governo municipal

Marcial Lima: o desafio de deixar o discurso crítico para ser defensor

O vereador Marcial Lima (Podemos) será o líder do Governo na Câmara Municipal de São Luís. O anúncio foi feito ontem, via Twitter, pelo prefeito Eduardo Braide (Podemos). A escolha se explica pelo fato de que o parlamentar é do partido do prefeito e foi um dos aliados mais ativos durante os dois turnos da campanha.

Ao aceitar a tarefa de ser o porta-voz do Governo na Câmara Municipal, o vereador Marcial Lima dá uma guinada forte na sua carreira parlamentar. Explica-se: jornalista, repórter da TV Mirante e da Rádio Mirante FM, Marcial Lima entrou na política embalado pelo trabalho jornalístico voltado para os problemas da cidade, sobretudo os que afetam os bairros e as comunidades periféricas, com incursões também na seara policial. Eleito em 2016, fez um mandato baseado no lastro jornalístico, o que lhe deu base para a reeleição em 2020.

Como líder, seu discurso vai mudar radicalmente, pois sairá da condição de crítico dos problemas para se tornar o principal defensor do Governo municipal, ou seja, deixa a condição de “pedra” para se tornar defensor da “vidraça”. Deve ter medido e pesado com precisão os prós e contras da condição de líder. Se o fez, chegou, claro, à conclusão de que é um bom caminho parlamentar. Mas se aceitou seduzido pelo prestígio, ainda tem tempo de medir e pesar, para não correr riscos.

São Luís, 06 de Janeiro de 2021.

Neto Evangelista dispara contra Edivaldo Jr. afirmando existir R$ 650 milhões de restos a pagar

 

Neto Evangelista diz que Edivaldo Holanda Jr. deixou bolada de restos a pagar e São Luís “a pior” em dois itens, segundo índices de avaliação

Antes de completar um dia na condição de ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. (PDT) foi alvejado pelo primeiro disparo destinado a colocar em dúvida a imagem de excelência na gestão financeira com que deixou o cargo que exerceu por oito anos. O petardo, que o alcançou às 20 horas e 48 minutos do primeiro dia do ano, foi disparado no Twitter pelo deputado estadual Neto Evangelista (DEM), ex-candidato apoiado pelo PDT à sua sucessão, mas que não contou com seu apoio. Na postagem, Neto Evangelista, a pretexto de enumerar dificuldades que o prefeito Eduardo Braide (Podemos) enfrentará, afirma, sem citá-lo, que Edivaldo Holanda Jr. deixou a Prefeitura com “restos a pagar” no valor nada menos que R$ 650 milhões, e dizendo acreditar que o volume de papagaios pendurados seja bem maior. Ele afirma que, segundo a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), São Luís tem Capacidade de Pagamento “C”, “o que, segundo também o STN, só ganhamos do falido Rio de Janeiro nesse quesito”.

Neto Evangelista escreveu também que o novo prefeito recebeu São Luís como “a pior capital do Nordeste”, segundo o Índice de Governança Municipal (IGM), utilizado pela Sudene e outras instituições como instrumento de avaliação nesse campo. E mais: o respeitado Índice Firjan de Gestão Fiscal “aponta nossa Capital como a pior do Brasil nesse quesito”. Na sua avaliação, o parlamentar democrata afirma que, “sem recursos específicos para a Covid, sem compensação sobre a queda de arrecadação e com o fim do auxílio emergencial, o desafio será grande”. E conclui: “Eduardo terá de arrumar literalmente a casa”, o que, numa interpretação lógica e cartesiana, leva à conclusão de que, para o parlamentar, ao contrário do que afirmou na mensagem de despedida, o ex-prefeito deixou a casa desarrumada.

A manifestação de Neto Evangelista, feita no calor da troca do comando municipal, pode ser vista por vários vieses. Pode ter sido, como sugere no final, um gesto de preocupação com a nova gestão, um sinal de alerta, ou também uma denúncia velada, que ficou engasgada durante a campanha eleitoral. Na corrida às urnas, Neto Evangelista definiu e usou um discurso ignorando os resultados da gestão de Edivaldo Holanda Jr., que por sua vez ignorou a existência dele como candidato à sua sucessão.

Até as pedras de cantaria de São Luís sabem que Neto Evangelista e Edivaldo Holanda Jr. não se toleram. O pote de mágoas que cada um carrega em relação ao outro foi enchido na campanha para a Prefeitura em 2012, quando Edivaldo Holanda Jr. (PTC) disputou com João Castelo (PSDB), que tinha Neto Evangelista, então tucano, como vice. No decorrer daquela campanha, Neto Evangelista bateu forte no adversário, transformando diferenças políticas em inimizade ácida. Tanto que quando o senador Weverton Rocha decidiu que o PDT apoiaria a candidatura do democrata Neto Evangelista à sua sucessão, Edivaldo Holanda Jr. reagiu afirmando que não o apoiaria “de jeito nenhum”, e manteve a decisão, aumentando a distância que já os separava. A “neutralidade” do prefeito foi decisiva para o insucesso do candidato da aliança PDT-DEM, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno.

Sem se comprometer com nenhum candidato – contrariando, portanto, a equação básica da política, na qual todo político tem de ter um lado, e que neutralidade pode levar ao isolamento -, Edivaldo Holanda Jr. optou por não se posicionar na disputa por sua sucessão. Preferiu investir as 24 horas de cada dia da contagem regressiva na imagem de bom gestor e esnobando a política, mesmo sabendo que, se pretende voar mais alto, não irá muito longe sem a força dos que o apoiaram nas duas eleições, mas que não tiveram seu apoio agora. O petardo disparado pelo deputado Neto Evangelista é um sintoma forte de que muitos outros virão nos tempos de disputa que se aproximam.

Com experiência suficiente para saber como funciona a ciranda da guerra pelo poder, o ex-prefeito já deve ter definidas estratégias para o confronto com adversários.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Assembleia Legislativa entra na linha de frente dos parlamentos com maior presença feminina

Othelino Neto entre Socorro Waquim, Betel Gomes e Fábio Braga: composição da Assembleia Legislativa mudada com a eleição de deputados para prefeituras

A Assembleia Legislativa recebeu ontem três novos deputados: Socorro Waquim (MDB), que assumiu na vaga de Rigo teles (PL), novo prefeito de Barra do Corda; Betel Gomes (PRTB), que sucedeu a Felipe dos Pneus (Republicanos), agora prefeito de Santa Inês, e Fábio Braga (Solidariedade) na vaga de Fernando Pessoa (Solidariedade), que se elegeu prefeito de Tuntum.

Com a chegada de Socorro Waquim e Betel Gomes, a Assembleia Legislativa do Maranhão entra na linha de frente dos parlamentos estaduais onde é expressiva a participação de mulheres. Elas se somam a Ana do Gás (PCdoB), Andreia Rezende (DEM), Cleide Coutinho (PDT), Daniella Tema (DEM), Detinha (PL), Thaíza Hortegal (PP), Helena Duailibe (Solidariedade) e Mical Damasceno (PTB), totalizando 10 parlamentares femininas, representando quase 25% da composição do plenário de 42 cadeiras.

Com o novo quadro, o parlamento maranhense reforça o pluralismo partidário e avança para o equilíbrio de gênero. Mais ainda, quando é visível que as deputadas são parlamentares atuantes, propositivas, afeitas ao debate e preocupadas com os problemas mais diversos enfrentados pela população do Maranhão.

Socorro Waquim é professora e política experimentada e bem-sucedida, tendo sido deputada estadual, vereadora e prefeita de Timon, tendo também atuado como integrante do secretariado do último Governo de Roseana Sarney (MDB). Além da vivência política, Socorro Waquim leva para o parlamento estadual a experiência de ter comandado Timon, hoje o terceiro maior município do Maranhão em população, e politicamente consciente em relação ao papel da mulher na política. “Nossa presença aqui é a presença do empoderamento das mulheres”, disse.

Filha de lavradores, Betel Gomes, que é professora primária, chega à Assembleia Legislativa para exercer o seu primeiro mandato estadual com a experiência de militante política na região de Buriticupu, onde atuou como secretária de Cultura, Educação e Assistência Social. Já empossada, declarou que se sente motivada para fortalecer a posição das mulheres na Casa e dar “o melhor de mim” pelo povo do Maranhão.

Ao comentar a posse dos três novos deputados, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB) destacou que a presença de 10 mulheres entre os 42 deputados torna a Assembleia Legislativa do Maranhão um parlamento diferenciado e caminhando para o equilíbrio nesse sentido. “Me sinto honrado de presidir a Casa com esse perfil”, disse.

Dino fica neutro na disputa da Famem, deixando campo aberto para Weverton e Brandão

Flávio Dino: neutralidade na disputa pelo comando da Famem

O governador Flávio Dino (PCdoB) não se envolverá na disputa para o comando da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem), na qual o atual presidente Erlânio Xavier (PDT), prefeito reeleito de Igarapé Grande, tem como adversário o prefeito reeleito de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos).

A explicação para a neutralidade anunciada pelo governador é simples. A eleição na Famem foi transformada numa medição de força entre o senador Weverton Rocha (PDT), que apoia o atual presidente, e o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos), que abraçou a candidatura do prefeito de Caxias, que é do seu partido. Ambos vêm travando um embate direto e aberto para consolidar seus projetos de disputar o Governo do Estado. O governador não quer se envolver numa disputa que não lhe diz respeito diretamente.

O presidente Erlânio Xavier é o homem de frente de Weverton Rocha, tendo coordenado sua campanha em 2018. O comando da Famem faz dele um importante porta-voz do senador junto aos prefeitos, o que torna a entidade um braço fundamental na estrutura de apoio dele. O comando de um pequeno município não lhe dá peso político, mas a presidência da Famem faz dele um interlocutor privilegiado e valioso para o projeto de poder do líder pedetista.

O prefeito Fábio Gentil, ao contrário, comanda o quarto maior e politicamente mais importante município do Maranhão, e com a autoridade de quem foi reeleito com mais de 75% dos votos, praticamente desmontando a máquina poderosa montada ex-deputado Humberto Coutinho. Candidato irreversível à presidência da Famem, conforme anunciou, Fábio Gentil conta com o apoio do vice-governador Carlos Brandão, que tem como aliado.

A neutralidade do governador Flávio Dino tornará a disputa mais dura entre Erlânio Xavier e Fábio Gentil pelo comando da Famem, acirrando o embate entre Weverton Rocha e Carlos Brandão pelo Palácio dos Leões.

São Luís, 05 de Janeiro de 2021.

Discurso de posse: Braide foca na gestão, promete governar sem reclamar e mantém distância do jogo político

 

Eduardo Braide: com semblante grave durante toda a fala, diz que foi eleito para governar e não para reclamar

“Não fui eleito para reclamar, eu fui eleito para governar, e é isso que faremos a partir de hoje”. “Governaremos para quem mais precisa, para aqueles que, durante muito tempo, ficaram sem a ação do Poder Executivo, seja municipal, estadual ou federal”. “São Luís tem pressa”.

As três declarações, feitas em momentos diferentes, pautaram o discurso de posse de Eduardo Braide (Podemos) na Prefeitura de São Luís. Nos nove minutos da sua fala, ele deu as linhas gerais do que será sua gestão, citou quatro áreas prioritárias (Saúde, Educação, Economia e Mobilidade) e sinalizou fortemente na direção de uma relação sem tremores com a Câmara Municipal (onde não tem maioria, mas pode construí-la sem problemas). Ao contrário do que muitos esperavam, Eduardo Braide não emitiu qualquer sinal no sentido de construir uma relação institucional com o Governo do Estado nem jogou loas no Governo Federal, deixando claro que sua grande aposta é mesmo na sua eficácia gerencial. Na mesma linha, ignorou completamente sua posição e a do seu partido no cenário político maranhense, dando a entender que prefere se manter distante dos embates políticos, pelo menos no primeiro momento do seu governo.

Na seara administrativa, o novo prefeito confirmou o compromisso de campanha de colocar em prática um plano de ação para os 100 primeiros dias, e apontou quatro áreas prioritárias. E deixou claro que a grande prioridade será a Saúde, com foco inicial na elaboração de um plano municipal de vacinação contra o novo coronavírus. Na Educação, que foi entregue à vice-prefeita Esmênia Miranda, vai investir imediatamente na preparação das escolas para o que definiu como um ano letivo “dobrado”, ou seja, recuperar o que foi perdido no ano passado e manter a programação do novo ano. Na mobilidade, informou que fará algumas intervenções para tornar o transporte de massa mais rápido. E anunciou que encaminhará à Câmara Municipal um pacote de medidas que, segundo espera, ajudarão a população a enfrentar a crise causada pela pandemia. Não foi além, só assinalando enfaticamente que “São Luís tem pressa”, numa espécie de recado à equipe.

Eduardo Braide passou ao largo da política na sua primeira fala como prefeito da Capital, que além da importância econômica, abriga mais de 15% do eleitorado ao Maranhão. Seu silêncio sobre esse aspecto da sua posição, no entanto, pode ser interpretado também como uma atitude política no sentido de não entrar agora nesse xadrez complexo e movediço, deixando para exercer o papel político que muitos querem lhe atribuir quando estiver com a sua gestão minimamente consolidada. Isso porque, mesmo considerando o profundo canyon que hoje o separa do governador Flávio Dino (PCdoB), de quem já foi aliado, Eduardo Braide é um político suficientemente racional e pragmático para não descartar a possibilidade de estabelecer um canal de comunicação institucional entre o Palácio de la Ravardière e o Palácio dos Leões. Vale lembrar que em momentos e circunstâncias diferentes, ele e o governador Flávio Dino já emitiram sinais nessa direção.

No campo político-partidário, alguns chefes de partido que o apoiaram querem transformá-lo na principal voz da Oposição no Maranhão. O prefeito, no entanto, mesmo sabendo que em algum momento terá de assumir esse papel, já que não há no horizonte da oposição maranhense ninguém mais credenciado, usa a prudência e o pragmatismo para refrear impulsos e segurar a onda para o momento mais adequado para se posicionar: os primeiros meses de 2022. Sabe que, devido ao elevado grau de comprometimento que assumiu com a população de São Luís, será desastroso qualquer movimento político-partidário em relação a 2022 que vier a fazer antes da hora. Para ele, o que interessa agora é criar as condições para fazer uma boa gestão. Qualquer movimento ou gesto incoerente poderá ter custo elevado.

Sem lamúria, reclamações e acusações, e ignorando a política partidária e os primeiros movimentos da guerra pelo poder estadual, Eduardo Braide avisou no seu discurso de posse que seu projeto político de agora é fazer um bom governo em São Luís, para depois, então, entrar no jogo pesado da briga pelo poder estadual.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Prefeito prestigia sua vice entregando-lhe uma missão complexa e desafiadora

Esmênia Miranda: vice prestigiada pelo titular

Poucas vezes um vice-prefeito foi tão prestigiado pelo prefeito quanto a professora Esmênia Miranda está sendo por Eduardo Braide. Oficial da Polícia Militar, com graduação em História e docente do Colégio Militar em São de São Luís, Esmênia Miranda recebeu uma das tarefas mais desafiadoras da nova gestão de São Luís: comandar a pasta da Educação com o compromisso de tirar milhares de crianças do atraso escolar causado pela pandemia do coronavírus e transformar a rede municipal de ensino em um sistema de educação básica de qualidade. Sobre sua responsabilidade estão mais de 250 escolas, nas zonas urbana e rural, que abrigam milhares de alunos. Existem muitas escolas em bom estado físico para funcionar a contento, mas também existem muitas outras em estados que vão de precário a inviáveis para receber crianças e professores. A vice-prefeita se mostra entusiasmada com o prestígio e com a missão que recebeu, sabe que enfrentará dificuldades enormes, mas está determinada a encarar o desafio.

Segue um registro que servirá de alerta para a vice-prefeita. Em 2010, quase três anos depois da posse, o então prefeito João Castelo (PSDB), insatisfeito com o desempenho da sua vice-prefeita, a médica Helena Duailibe, no comando da Secretaria Municipal de Saúde, reclamou e cobrou melhores resultados, enquanto a secretária, escudada na condição de vice-prefeita, insistia em seguir numa linha contrária à orientada pelo prefeito. A corda foi esticada a tal ponto que João Castelo demitiu Helena Duailibe durante entrevista a uma emissora de rádio de São Luís, causando um enorme mal-estar entre o prefeito e sua vice. A partir da demissão, o Sistema Municipal de Saúde entrou num processo de desarrumação que depois, meses antes de passar o cargo para Edivaldo Holanda Jr. (PTC), João Castelo teve de entregar a rede hospitalar de São Luís ao controle da Secretaria de Saúde do Estado, então comandada com carta branca pelo então deputado estadual Ricardo Murad (PMDB).

Claro que não se imagina uma situação parecida para o novo prefeito de São Luís e sua vice, que tem dado seguidas demonstrações de preparo. Mas nada custa lembrar que coisas assim podem acontecer.

 

Eleição do presidente da Câmara foi fruto do acordo do prefeito com o PDT

Osmar Filho: eleição por consenso foi acordo

Não surpreendeu a unanimidade conseguida pelo vereador Osmar Filho (PDT). O fato de ele ter sido presidente na legislatura passada nada teve a ver com a eleição de agora. A eleição se deu por força de um grande acordo armado pelo presidente do PDT, senador Weverton Rocha, com o então prefeito eleito Eduardo Braide, como parte do acordão que garantiu lastro partidário e uma boa margem complementar de votos para vencer com folga no segundo turno.

Se decidisse ignorar esse detalhe do acordo, Eduardo Braide teria conseguido facilmente 17 votos necessários para eleger um presidente do seu interesse. Poderia até, se quisesse, excluir o PDT do jogo, já que a pulverização partidária da Câmara de São Luís permite a um prefeito hábil montar uma base de apoio sem maiores dificuldades. O novo prefeito, porém, preferiu respeitar o acordo com o PDT, orientando seus aliados a votarem em Osmar Filho, que exercerá assim seu último mandato de presidente da Câmara Municipal de São Luís, já que em 2023 não mais poderá se candidatar à reeleição.

Eduardo Braide deverá eleger um presidente da sua inteira confiança na próxima eleição da Mesa Diretora.

Em tempo: Presidida por Osmar Filho, a Mesa Diretora da Câmara de São Luís tem a seguinte composição: 1º vice-presidente Gutemberg Araújo (PSC), 2º vice Paulo Victor (PCdoB), 3º vice Thyago Freitas (DC), 4º vice Octávio Soeiro (Podemos), 1º secretário Aldir Júnior (PL), 2º secretário Ribeiro Neto (PMN), 3ª secretária Karla Sarney (PSD) e 4ª Rosana da Saúde (Republicanos).

São Luís, 03 de Janeiro de 2021.