Arquivos mensais: janeiro 2018

Duplicação da BR-135 da Estiva a Bacabeira não teve “pai” nem “mãe”, foi fruto de um esforço político coletivo

 

Duplicação da BR-135: inaugurada com muita coisa a ser ainda feita
Estiva/Bacabeira: duplicação da BR-135 inaugurada com muita coisa a ser  feita

 

Poucas obras públicas federais no Maranhão tiveram a paternidade tão disputada como o segundo trecho da duplicação da BR-135, entre o Estreito dos Mosquitos e Bacabeira, recentemente inaugurado, ainda que só parcialmente concluído. Um direito muito difícil de definir, à medida que envolve a movimentação de deputados estaduais, deputados federais, senadores, prefeitos e governadores. Todos se empenharam, com maior ou menor grau de intensidade, para que a “estrada da morte” fosse duplicada. Alguns se destacaram em determinado período, enquanto outros mantiveram a cobrança o tempo todo. E foi esse coro permanente, ora tímido ora estridente, que de fato colocou o Palácio do Planalto, o Ministério dos Transportes e o DNIT contra a parede e sem saída. Daí o correto seja o registro de que o que foi feito até agora não tem “pai” nem “mãe”, porque é fruto – ainda incompleto e feito aos trancos e barrancos – de uma ação política coletiva.

Na verdade, a ideia de duplicar a BR-135 até Santa Rita vem dos anos 70 do século passado, quando os maranhenses começaram a ouvir seus chefes políticos falar em grandes indústrias e na ampliação do Complexo Portuário do Itaqui. Na virada dos anos 70 para os anos 80, a duplicação ganhou força com a implantação do Italuís, no Governo João Castelo (Arena – 1979/1982), mas ficou só na ideia. O governador Luis Rocha (Arena – 1983/1987), que investiu bem em estadas, andou alinhavando projeto nesse sentido, mas não foi além. O governador Epitácio Cafeteira (PMDB – 1987/1990), que teve abertos as portas e os cofres de Brasília, investiu bem em infraestrutura rodoviária, principalmente nos entornos urbanos, mas não tocou o projeto de duplicação. O governador João Alberto (PMDB – 1990/1991) não teve nem tempo nem dinheiro para iniciar a obra, que ganhou concepção planejada no Governo de Edison Lobão (PMDB – 1991/1994), quando se começou a conceber efetivamente o projeto de instalar uma refinaria na região. O traçado foi esquecido no primeiro Governo de Roseana Sarney (PMDB – 1995/1999), mas no segundo (1999/2001) voltou a andar como projeto de duplicação do primeiro trecho, entre o Tirirical e a Estiva. A obra, porém, foi realizada e inaugurada no Governo de José Reinaldo Tavares (PMDB – 2002/2007), com o apoio da bancada federal, incluindo os senadores Epitácio Cafeteira (PTB), Edison Lobão (PMDB) e Roseana Sarney (PMDB).

A guerra pela construção do segundo trecho, entre o Estreito dos Mosquitos e Bacabeira, ganhou força e irreversibilidade com a promessa de implantação da Refinaria Premium I em Bacabeira. A garantia de que o projeto rodoviário seria executado foi dada em janeiro de 2010, num ato de grande peso que reuniu em Bacabeira o então presidente Lula (PT), sua candidata à sucessão Dilma Rousseff (PT), a então governadora Roseana Sarney (PMDB), o então presidente do Congresso Nacional, senador José Sarney (PMDB) e o então ministro de Minas e Energia, senador Edison Lobão para a largada do projeto da Refinaria e, com ele, o da duplicação do segundo trecho da duplicação da BR-135. Só que o projeto petrolífero naufragou após o enterro de R$ 1 bilhão, com consequência, a duplicação foi colocada em segundo plano pelo DNIT.

Antes do fracasso, a classe política mobilizou-se, primeiro com atos isolados, mas após as eleições, que mandaram Dilma Rousseff (PT) para o Palácio do Planalto, vozes isoladas da bancada, sendo que os deputados federais Pedro Fernandes (PTB), Chiquinho Escórcio (PMDB) e Carlos Brandão (PSDB) tiveram atuação destacada. Seus esforços, somados aos dos demais membros da bancada, mantiveram o projeto de pé, mas sem a efetividade esperada. Foram inúmeras reuniões no Ministério dos Transportes e no DNIT. Esse faz-não-faz mereceu denúncias contra o DNIT e pressão sobre o Palácio do Planalto, que teve de assumir o compromisso de concluir a duplicação. Mesmo assim, a obra permanecia emperrada, sendo realizada aos pedaços, com paradas frequentem por falta de pagamento às empresas contratadas, tudo ocorrendo num nível de desorganização inacreditável. Ao mesmo tempo, a bancada se manteve firme e alimentando um coro quase cotidiano de críticas, cobranças e protestos, destacando-se os deputados Rubens Jr. (PCdoB), André Fufuca (PP), Juscelino Rezende, que se seguiram na coordenação da bancada depois de Pedro Fernandes, apoiados por vozes de peso como as dos deputados e ex-governadores João Castelo (PSDB) e José Reinaldo Tavares (PSB) – que foi ministro dos Transportes e algumas vezes atuou como porta-voz da bancada. A grita da bancada federal muitas vezes foi repercutida no mesmo tom na Assembleia Legislativa, pelas vozes dos deputados Eduardo Braide (PMN), Othelino Neto (PCdoB), César Pires (PEN), Bira do Pindaré (PSB), Roberto Costa (PMDB), entre outros. O governador Flávio Dino também atuou fortemente dentro dos limites da sua competência em relação a uma obra federal.

Foi esse movimento, com o destaque das vozes relacionadas, que fez o Palácio do Planalto finalmente compreender a importância da duplicação da BR-135 para o Maranhão. E é essa bancada, apoiada por deputados estaduais e prefeitos que promete manter a mobilização para garantir que a duplicação prossiga pelo menos até Miranda do Norte, o que será um avanço e tanto.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Prefeito de Imperatriz compra briga contra emenda impositiva

Assis Ramos: posição contrária à emenda impisita
Assis Ramos: guerra à emenda impositiva

O prefeito de Imperatriz, Assis Ramos (PMDB), comprou uma briga que deverá deixá-lo bem ou mal na sua história como gestor. Ele decidiu entrar na Justiça contra a Lei Municipal que instituiu o sistema de emendas impositivas na Prefeitura da Princesa do Tocantins. Independente das nuanças e características da regra que obriga do prefeito a cumprir a regra de liberar as emendas propostas pelos vereadores, Assis Ramos se colocou em posição contrária a um instrumento legislativo que dá ao parlamentar a prerrogativa de destinar uma fatia dos recursos municipais a obras por eles sugeridas sem necessitar da chancela do chefe do Poder Executivo. A regra da emenda impositiva já vigora na Câmara Federal e no Senado da República, em várias Assembleias Legislativas e em inúmeros municípios brasileiros. Mas ainda não é um instrumento consolidado, de vez que existe o forte questionamento sobre a sua constitucionalidade, o que vem estimulando governadores e prefeitos a não instituí-la, sob o argumento de que ela subordina o Poder Executivo ao Poder Legislativo. É caso, por exemplo do Maranhão. O Palácio dos Leões se mantém firme na determinação de não permitir a aprovação de um projeto de lei do deputado César Pires (PEN) instituindo a regra da emenda impositiva. No caso da Prefeitura de Imperatriz, o prefeito Assis Ramos não comprou essa briga descoberto. E o pelo que se sabe, está determinado a manter sua posição em todos planos da Justiça, enfrentando a pressão de vereadores, que não aceitam o questionamento sobre uma Lei por eles aprovados. Advogado por formação e delegado de Polícia por profissão, o prefeito Assis Ramos é talhado para uma boa briga.

 

Ana Paula Lobato assume a presidência do Gedema, o braço social do Legislativo

Ana Paula e Othelino Neto: descontração na posse dela na presidência do gedema
Ana Paula e Othelino Neto: descontração na posse dela na presidência do gedema

Ana Paula Lobato, esposa do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), foi empossada ontem na presidência do Grupo de Esposas de Deputados do Estado do Maranhão – Gedema. Ela sucede Cleide Coutinho, esposa do ex-presidente da Casa, deputado Humberto Coutinho (PDT). A mudança, que é um processo natural na instituição, deve ganhar uma conotação bem mais ampla do que uma simples substituição no Gedema, que é o braço social do Poder Legislativo.

Enfermeira por formação e empresária por opção, Ana Paula Lobato é também em parte responsável pela atuação política do presidente Othelino Neto, sendo uma permanente e eficiente incentivadora. Pelo que disse no ato da sua posse, ela pretende atuar nessa mesma linha, primeiro para preservar e manter as ações da ex-presidente, e depois para ampliar o leque de iniciativas do Grupo com projetos próprios. Ela considera o Gedema um braço importante da Assembleia Legislativa, responsável pela Escola-Creche Sementinha, uma ação educacional modelo, e o projeto Sol Nascente, ambos voltados para integrar socialmente os servidores do Poder e suas famílias.

Numa demonstração clara de que as mudanças em curso no Poder Legislativo seguem o curso normal previstos nas regras que movem a instituição, e no caso do Gedema, a nomeação da sua mulher para a presidência do Grupo é uma exigência regimental. E formalismo à parte, espera que, do alto da sua juventude, Ana Paula Lobato empreste à entidade sua inteligência, sua capacidade de empreender e o seu espírito de inovação.

Ao saudar a nova presidente, o presidente Othelino Neto desenhou a linha a ser seguida no Grupo: “Vai ser feito um trabalho de continuidade no Gedema, que já vinha sendo realizado com muita competência pela Dra. Cleide Coutinho. O Grupo continuará a agir junto aos funcionários da Casa, promovendo a integração entre os servidores e, ao mesmo tempo, dando seguimento aos projetos sociais, que são muito importantes”.

Ao retribuir a saudação, Ana Paula Lobato deixou muito claro de que vai imprimir sua marca no Gedema: “Foi feito um belo trabalho pela Dra. Cleide Coutinho. Vamos continuar dando assistência aos servidores da Casa e ajudar no que for possível nas ações sociais, na Creche-Escola Sementinha e no projeto Sol Nascente. Ainda estamos nos ambientando e, mais para frente, vamos poder falar sobre novidades e novos projetos”.

Ou seja, a Sra. Othelino Neto assume o Gedema como o marido assumiu a Assembleia Legislativa: resolvida a cuidar do que está indo bem, mas decidida a acrescentar o que for possível de acordo com a sua própria visão. Certa de que comandar bem o Gedema é um ato político saudável.

São Luís, 18 de Janeiro de 2018.

 

Weverton Rocha e Eliziane Gama articulam aliança pelas vagas de candidatos ao Senado na chapa de Flávio Dino

 

Weverton Rocha e Eliziane Gama: aliança forte para vagas no Senado
Weverton Rocha e Eliziane Gama: articulação para juntarem forçar e serem  candidatos ao Senado na chapa de Flávio Dino

Os bastidores da corrida para as duas vagas no Senado continuam produzindo possiblidades, com indicativos cada vez mais cristalinos de que a disputa será a mais difícil dos últimos tempos no Maranhão. E o que reforça que a medição de forças em curso se transformará logo, logo numa guerra sem tréguas, que poderá frustrar planos ambiciosos e interromper carreiras já consolidadas, são os rumores de que os candidatos senatoriais que comporão a chapa majoritária liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB) serão os deputados federais Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PPS). Os dois parlamentares estariam com negociações em estágio avançado, já tendo alinhavado as bases de um grande acordo entre o PDT e o PPS, avalizado pelo prefeito de São Luís, Edivaldo Jr. (PDT) e com a chancela dos do PCdoB. A chapa Weverton Rocha/Eliziane Gama, se confirmada, inviabilizará o projeto do deputado José Reinaldo Tavares (sem partido a caminho do DEM) de ser o segundo candidato da aliança comandada por Flávio Dino.

Nada há ainda de oficial, mas o que começou a correr nos bastidores é que o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) estaria inclinado a apoiar integralmente essa aliança. Na corrida à Prefeitura, em 2016, Edivaldo Jr. ganhou o apoio da massa evangélica que em princípio votaria em Eliziane Gama. Agora, pouco depois que lideranças de várias denominações se reuniram e declararam apoio à candidatura de Eliziane Gama ao Senado, está em curso uma articulação que poderá mobilizar a maior parte desse  eleitorado evangélico para votar também em Weverton Rocha, dando lastro decisivo à dobradinha PDT/PPS na guerra pelas cadeiras do Senado.

Sob todos os aspectos, uma chapa formada pelos deputados Weverton Rocha e Eliziane Gama tem tudo para se entrar na briga pelas vagas na condição de favorita. Nos aspectos mais visíveis, são dois políticos jovens e bem sucedidos, que podem, se eleitos, mudar o curso da História política do Maranhão nessa quadra. Além da juventude, os dois são afinados com a linha de ação política do governador Flávio Dino, o que dará uma identidade forte à chapa. E à medida que os dois candidatos se desdobrar para ajudar um ao outro, juntos poderão unir as forças pelo sucesso eleitoral do governador na corrida à reeleição, e vice versa.

Um conjunto de afinidades pode fortalecer a aliança Weverton Rocha/Eliziane Gama. São de partidos de esquerda moderada, mas aguerrida, o que lhes dá espaço para definir um discurso de temas comuns, como suas posições contrárias à Reforma Trabalhista e à Reforma da Previdência, assim como as suas atuações como Oposição ao Grupo Sarney no Maranhão. Nesse contexto, Weverton Rocha é o parlamentar que vem construindo uma densa base política, precisando transformar esse capital em votos. Eliziane Gama, por sua vez, se não construiu ainda uma base política sólida, é conquistou invejável capital eleitoral. Numa aliança pelas duas vagas de Senador, os dois podem juntar suas forças e se tornar uma dupla difícil de ser batida, principalmente tendo o governador Flávio Dino na cabeça da chapa brigando pela reeleição.

Se, de fato, Eliziane Gama vier a ser o nome para a segunda vaga de candidato a senador na chapa do governador, a dupla será um páreo duro, muito difícil de ser batido pela chapa do Grupo Sarney, que deve ser formada pelo ex-governador, ex-ministro de Minas e Energia e atualmente exercendo o quarto mandato de senador Edison Lobão (PMDB), e o deputado federal no nono mandato e atual ministro do Meio Ambiente Sarney Filho (PV), que quer dar um passo além depois de nove mandatos de deputado federal. Mas o principal atingido com a provável aliança de Weverton Rocha e Eliziane Gama será o deputado federal e ex-governador José Reinaldo Tavares, que depois de ter sido secretário, ministro, vice-governador e governador, quer fechar sua carreira como senador da República.

Como já foi dito aqui, a corrida ao Senado no Maranhão será diferenciada e muito especial.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Famem homenageia Flávio Dino como “o melhor governador do Brasil”

Fláviio Dino recebe de Cleomar Tema placa de reconhecimento da Famem por sua gestão
Fláviio Dino recebe de Cleomar Tema placa de reconhecimento da Famem

O governador Flávio Dino vive um dos seus melhores momentos como gestor público. O fato de ter sido identificado, entre os atuais governantes, como o chefe de Executivo estadual que mais cumpriu compromissos de campanha, alcançando a surpreendente marca dos 92%, segundo dados levantados pelo portal de notícias G1, o braço do Sistema Globo na internet, consolidou o seu prestígio dentro e fora do Maranhão. O reconhecimento mais expressivo até agora pela conquista veio ontem, quando o governador recebeu pelo menos uma centena de prefeitos que, liderados por Cleomar Tema, prefeito de Tuntum e  presidente da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (Famem), que o homenagearam pelo feito.

Cleomar Tema justificou a homenagem – materializada numa placa com o registro – explicou a iniciativa da entidade é balizada pelo fato de que as ações prometidas e realizadas chegaram de fato aos municípios, lembrando as obras de programas anunciados e colocados em prática: “Afinal, o portal G1, das Organizações Globo, o reconheceu como melhor governador do Brasil. Nada mais justo, porque todas as ações do Governo são voltadas para os municípios, como o Mais Asfalto, o Escola Digna, o Plano Mais IDH”.

Visivelmente gratificado com a iniciativa dos prefeitos e pelas palavras do presidente da Famem, o governador Flávio Dino agradeceu a homenagem e ressaltando que, embora o Brasil passe por momentos de dificuldades econômicas e políticas, “nós estamos conseguindo manter o barco no rumo certo, com desenvolvimento e justiça social”. E acrescentou: “Implementamos políticas públicas porque os municípios nos ajudam, e a Famem reconhece o esforço imenso que fazemos para ajudar os municípios. Temos que dar as mãos, e a mensagem principal desse reconhecimento é a força da união”.

 

Neto Evangelista deixa PSDB e procura novo partido

Neto Evangelista em busca de um novo partido
Neto Evangelista em busca de um novo caminho partidário

Um dos bons quadros da novíssima geração de políticos maranhenses, o deputado estadual licenciado e atual secretário de Desenvolvimento Social, Neto Evangelista foi atingido fortemente pelo confisco do PSDB maranhense pelo tucanato nacional para entregá-lo ao senador Roberto Rocha. A menos de 10 meses das eleições, ele se vê na tensa contingência de ter de procurar um novo partido, já que não há como permanecer no PSDB, principalmente pelo fato de o partido ter saído da base de sustentação do governador Flávio Dino para fazer-lhe oposição cerrada, começando pela candidatura de Roberto Rocha ao Governo do Estado.

A tendência natural seria o jovem deputado ingressar no PRB, seguindo o grupo de prefeitos articulado pelo vice-governador Carlos Brandão, mas como em política o melhor caminho nem sempre é aquele que parece óbvio, ele preferiu avaliar melhor as opções partidárias, para poder tomar uma posição melhor embasada. Ele tem como opções DEM, PSB, PPS e SD, que lhe abriram as portas. É provável que o secretário de Desenvolvimento Social opte por um desses quatro partidos.

Há quem acredite que Neto Evangelista ingresse no PPS, para dar continuidade a uma relação política promissora com a deputada federal Eliziane Gama, que caminha para ser o segundo para disputar o Senado na chapa do governador Flávio Dino. A relação começou em 2016, quando ele a apoiou ativamente na sua campanha para a Prefeitura de São Luís – onde, aliás, o deputado pretende chegar um dia.

São Luís, 17 de Janeiro de 2018.

Reviravolta no PSDB deixa Luis Fernando com dificuldade para encontrar novo um partido

 

Luis Fernando deve deixar o PSDB, mas é improvável que siga Carlos brandão ao PRB
Luis Fernando deve deixar o PSDB, mas é improvável que siga Carlos Brandão e os prefeitos ao PRB

O devastador tsunami político que mudou radicalmente o curso do PSDB no Maranhão, e que pode levar a maioria dos seus 29 prefeitos aos quadros do PRB, transformando-o no segundo braço partidário do território maranhense, causou forte impacto no gabinete principal da Prefeitura de São José de Ribamar. Ali, alcançado pelos abalos das fortes ondas, o prefeito Luís Fernando Silva viu sua confortável condição de tucano festejado se desfazer como um passe de mágica, transformando-o num quase “sem partido”, já que, em princípio, dificilmente ele permanecerá no ninho, pois isso levaria a romper com o governador Flávio Dino (PCdoB), com quem mantém boas relações.  Até o momento, o prefeito da Cidade do Padroeiro não mensurou e não deixou que outros mensurassem o tamanho do estrago que a reviravolta no PSDB causou nos seus projetos políticos, nem sinalizou ainda se integrará o pelotão de prefeitos – entre 15 e 20 – que seguirão o vice-governador Carlos Brandão na migração para o PRB, comandado no estado com pulso firme pelo deputado federal Cleber Verde, que é também um dos seus cardeais no plano nacional.

Egresso do PMDB, por onde tentou ser candidato do partido a governador em 2014, mas que por uma série de atropelos incontornáveis saiu da raia e passou a bola para o suplente de senador Lobão Filho (PMDB), recolhendo-se por longo tempo e só reaparecendo como candidato a prefeito de São José de Ribamar, Luis Fernando Silva entrou para o PSDB pelas mãos do vice-governador Carlos Brandão. E pretendia permanecer no partido por muito tempo, já que politicamente pensa muito além da Prefeitura de São José de Ribamar. E o PSDB seria o meio partidário que o levaria ao Palácio de La Ravardière, ao Palácio dos Leões e – quem sabe? – a uma cadeira no Senado. E em meio a essa confusão criada pela retomada do PSDB pelo senador Roberto Rocha, é certo que o prefeito Luis Fernando Silva não permanecerá no partido.

Muito observadores estão se perguntando sobre qual será o novo abrigo partidário do prefeito de São José de Ribamar. Em princípio, o curso natural seria se juntar ao pelotão de prefeito comandado por Carlos Brandão e engrossar as fileiras do PRB. O próprio deputado Cléber Verde disse – em entrevista a O Imparcial, edição de domingo -, que não sabe se Luis Fernando integrará o grupo de ex-tucanos que migrará para o PRB.  Revelou que está aberto a conversar, avisando que o partido está de portas abertas para recebê-lo. Tanto quanto Carlos Brandão, Cléber Verde sabe, no entanto, que, devido ao tamanho político que alcançou, o prefeito de São José de Ribamar é um caso à parte nessa movimentação, a começar pelo fato de que os passos que vier a dar a partir de agora serão ambiciosos e definitivos, uma vez que, depois de uma bem sucedida carreira – foi auditor geral do Estado, secretário chefe da Casa Civil, de Educação e de Infraestrutura e duas vezes prefeito de São José de Ribamar com votações muito acima da média – não pode cometer erros que possam colocar em xeque a sua inteligência política.

Líder absoluto e incontestável de São José de Ribamar, o quinto maior município do Maranhão (mais de 180 mil habitantes), e também com forte prestígio em São Luís, em plena forma política, portanto, Luis Fernando sabe que se não avançar já nos próximos pleitos, poderá perder o timing e ter sua trajetória complicada por uma brigada de líderes jovens ativos e audaciosos – Edivaldo Jr. (PDT), Eduardo Braide (PMN), Weverton Rocha (PDT), Rubens Jr. (PCdoB), André Fufuca (PP), Adriano Sarney (PV), Roberto Costa (PMDB), entre outros. Essa turma começa a emitir avisos estridentes de que está chegando para brigar com unhas e dentes e logo agora pelo comando político do Maranhão.

Todo esse contexto explica as dificuldades que o prefeito de São José de Ribamar enfrenta para definir um caminho partidário e, depois disso, se vai, e como vai, enfrentar as urnas já neste ano, em 2020 ou em 2022, após que sua vez já terá passado. Luis Fernando precisa de um partido sobre o qual ele tenha controle total, o que não parece ser o caso do PRB, uma agremiação cujas ações têm a marca e a cara do deputado Cleber Verde. Sua busca por um partido será um processo difícil, como um jogo de xadrez, que exigirá paciência e muita reflexão, porque, vale repetir, terá de ser uma escolha definitiva.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Com decisões discretas, mas firmes, Othelino Neto muda equipe e impõe estilo no comando da AL

Taercísio é empossado por Othelino Neto na Procuradoria Geral da Assembleia Legislativa
Tarcísio é empossado por Othelino Neto na Procuradoria Geral da Assembleia Legislativa; posse foi discreta como todas as demais

Com movimentos discretos, sem alarde e que revelam decisões firmes, o deputado Othelino Neto (PCdoB) vai consolidando sua investidura na presidência da Assembleia Legislativa. Dando a cada decisão e a cada medida o caráter natural de um processo de mudança no comando de uma instituição que não pode parar, o novo presidente do Poder Legislativo mudou o diretor geral, substituindo José Carlos Dias por Valney Pereira, que chefiava seu gabinete parlamentar. No mesmo ritmo e com a mesma firmeza, mudou o comando da sensível área de Comunicação, substituindo o publicitário Carlos Alberto Ferreira pelo experiente jornalista Edwin Jinkins, nomeando também a jornalista Silvia Tereza diretora-adjunta em substituição ao jornalista e ex-deputado Luis Pedro Oliveira. Ontem, o presidente deu mais um passo na formação da equipe que o auxiliará na gestão da instituição, que abriga mais de dois mil servidores para dar suporte à atuação dos 42 deputados estaduais. Ele nomeou o advogado Tarcísio Araújo para o cargo de procurador-geral da Assembleia Legislativa em substituição a Felipe Rabelo, que vai continuar na equipe. “O Dr. Tarcísio Araújo é um advogado militante que vai fazer um excelente trabalho à frente da Procuradoria da Casa. Ele é um jovem que veio nos ajudar a dar essa motivação a mais para a Assembleia continuar a ter uma boa atuação, para o bem do Maranhão”, afirmou Othelino Neto.

Além de estar imprimindo um estilo de atuação ao comando da Casa, o presidente Othelino Neto tem dito que a discrição e a falta de pompa nos atos de posse dos seus auxiliares diretos se trata de um gesto de respeito ao ex-presidente Humberto Coutinho, falecido há duas semanas. E tem deixado claro que as mudanças que está operando no comando da instituição lhe darão segurança técnica, já que os novos integrantes da equipe são profissionais preparados e competentes.

 

Confirmado: José Reinaldo vai para o DEM para ser candidato a senador

José Reinaldo tem ingresso no DEM confirmado para fevereiro
José Reinaldo tem ingresso no DEM confirmado para fevereiro

Está decidido, e pelo visto sem risco de marcha à ré: o ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares, que já deixou o PSB, se filiará ao DEM no início de fevereiro, mais precisamente em ato a ser realizado no dia 7. Com a filiação, o partido o alçará automaticamente à condição de candidato a senador, cumprindo assim acordo firmado entre o presidente formal do partido, senador Agripino Maia (RN), o homem-forte, deputado federal Rodrigo Maia (RJ), e o presidente da agremiação no Maranhão, deputado federal Juscelino Rezende. A última conversa decisiva sobre p assunto aconteceu entre o deputado Rodrigo Maia e o governador Flávio Dino, que acertaram o seguinte, segundo o próprio presidente da Câmara Federal: José Reinaldo ingressa no DEM para ser candidato a Senador com o apoio do Palácio dos Leões, desde que o partido se mantenha nas fileiras da aliança que apoia o governador. Todos concordaram. Resta apenas aguardar a filiação e as declarações que se seguirão.

São Luís, 15 de Janeiro de 2018.

 

Guerra pelo Governo do Maranhão será também um confronto com uso das máquinas estadual e federal

 

Flávio Dino comanda a máquina estadual e Roseana Sarney e Roberto Rocha usarão a máquina federal
Flávio Dino comanda a máquina estadual e Roseana Sarney e Roberto Rocha usarão a máquina federal na corrida ao voto

Se de um lado a corrida deste ano ao Palácio dos Leões será marcada pelo tom agressivo dos discursos, como já vem sendo evidenciado em episódios isolados, como o da inauguração do trecho duplicado da BR-135, por outro, essa disputa será também carimbada pelo peso da atuação das máquinas estadual e federal, a primeira comandada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), e a segunda manobrada no estado em favor ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), podendo também ser usada em parte pelo senador Roberto Rocha (PSDB). Os fatos recentes demonstraram com clareza que o Palácio do Planalto usará todos os recursos de que dispõe para, se possível, pulverizar o cacife do Palácio dos Leões, sabendo, porém, seus agentes que o envolvimento excessivo do Governo Federal na disputa política no Maranhão poderá dificultar a caminhada do governador Flávio Dino rumo à reeleição, mas também poderá se tornar um tiro fatal pela culatra.

O episódio da inauguração do trecho duplicado da BR-135 pode ser apontado como um marco nesse confronto. Mesmo estando com mais de três anos de atraso, já tendo engolido gastos que se aproximam de R$ 1 bilhão, e ainda bem longe de ser concluída, merecendo mais puxões de orelha do que aplausos, a obra inaugurada trouxe a São Luís, além do ministro dos Transportes, Maurício Quintella, o poderoso e influente ministro Moreira Franco, chefe da Secretaria da Presidência da República, que dificilmente sai do Palácio do Planalto para atos dessa natureza. Sua vinda, acompanhado do ministro Sarney Filho (Meio Ambiente) e dos senadores João Alberto e Edison Lobão, ambos do PMDB, ganhou das vozes do Grupo Sarney um status muito além do merecido. Na sua coluna na edição de fim de semana em O Estado do Maranhão, o ex-presidente José Sarney alimenta a estratégia de falar mal do Governo Flávio Dino e conclui jogando confetes no Governo Federal para inauguração de uma obra que está longe de ser concluída.

Demonstrando ter ciência da estratégia, o governador Flávio Dino jogou com habilidade. Fez as vezes de anfitrião no ato de inauguração, manifestou satisfação com a obra, que classificou como “bela”, agradeceu ao ministro dos Transportes e ao presidente da República. Ao mesmo tempo, mostrou que, mais do que uma ação do Governo de Brasília, a duplicação da BR-135 no trecho que liga Estiva a Bacabeira, é resultado dos esforços, das cobranças e das pressões da atual bancada federal, destacando, sobretudo, a atuação dos seus coordenadores, sendo o primeiro deles o depurado federal Pedro Fernandes, a quem chamou para se apresentar na linha de frente do palanque como um dos “pais da criança”, fazendo em seguida com outros coordenadores – deputados federais André Fufuca (PP), Juscelino Rezende (DEM) e Rubens Jr. (PCdoB), aos quais pediu aplausos. A iniciativa do governador deixou sem ação ministros e senadores, que preferiram tentar reverter a situação de mal-estar que fechou o tempo no Campo de Perizes.

O Palácio dos Leões monitora, claro, a ação dos braços da máquina federal no Maranhão, como o DNIT, que cuida das BRs; da Codevasf, que pulveriza milhões com obras de médio e pequeno porte no estado inteiro; da Funasa, a megaestrutura que realizações na área de saúde; do Incra, que administra os o patrimônio e os conflitos agrários da União; do IPHAN, que investe da preservação do patrimônio histórico; e de dos filões bilionários Mina Casa, Minha Vida e Bolsa Famílias, entre muitos programas de peso criados pelo Governo Lula, e de convênios gordos firmados com a União e Prefeituras. Podem ser milhões e milhões injetados na base e que podem facilmente se transformar em argumentos para pedir votos. No contrapeso. O Governo do Estado mantém uma política de investimentos maciços em páreas como educação e saúde, chegando aos excluídos com o programa Escola Digna, a implantação da rede de hospitais regionais de médio e grande porte, obras de infraestrutura como rodovias e pontes e investimentos na melhoria da qualidade de vida urbana, assim como uma eficiente política de segurança pública, como o aumento do efetivo da PM, por exemplo. E com o diferencial de ser um Governo com elevado grau de transparência e sem a chaga dos desvios.

A corrida ao Palácio dos Leões será, portanto, um confronto que se dará nos dois planos, sendo que no político ela será turbinada por embates ásperos nos discursos, e no plano das máquinas administrativas um jogo pesado do “quem fez mais”.

 

Em Tempo: desde a restauração da eleição para Governador do Estado, em 1982, na campanha que colocou frente a frente Luiz Rocha (PDS) e Renato Archer (MDB), que as máquinas estadual e federal são fortemente usadas. Foi assim em 1986, tendo o candidato Epitácio Cafeteira fortemente apoiado pela máquina federal então sob o comando do presidente José Sarney – naquele ano, a máquina estadual fez corpo mole, já que o então governador Luiz Rocha não queria candidatura de Epitácio Cafeteira. Em 1990, a situação se inverteu, com a máquina federal, então comandada pelo presidente Fernando Collor, apoiou fortemente a candidatura do senador João Castelo (PRN), mas perdeu, porque a máquina estadual estava sob o comando do governador João Alberto (PMDB), elegendo Edison Lobão (PMDB). Em 1094, o presidente Itamar Franco deu uma forço na campanha de Roseana Sarney (MDB) ai Governo, mas o peso maior foi o da máquina estadual, então comandada pelo governador Edison Lobão. Roseana se reelegeu em 1988 no comando do Governo contra Epitácio Cafeteira (PTB), mas a máquina federal, então comandada por FHC,. Em 2002, José Reinaldo tavares (PMDB) se elegeu no Governo contra Jackson Lago (PDT), e usou todo o peso ma máquina estadual para eleger Jackson Lago em 2016. Em 2010, Roseana concorreu no Governo, elegendo-se no 1º turno contra Jackson Lago e Flávio Dino (PCdoB), e em 2014, a máquina estadual foi usada fortemente em favor de Lobão Filho (PMDB), mas não conseguiu bater Flávio Dino.

PONTO & CONTRAPONTO

Cleide Coutinho resolve: será candidata a uma cadeira na Assembleia Legislativa

Cleide Coutinho vai assumir a liderança do grupo criado por Humberto Coutinho
Cleide Coutinho vai assumir a liderança do grupo criado por Humberto Coutinho

Tão logo retorne de São Paulo, onde foi tratar um problema na vista, a ex-deputada estadual Cleide Coutinho, mulher do recém-falecido deputado estadual Humberto Coutinho, presidente da Assembleia Legislativa, deve anunciar sua candidatura a uma vaga no parlamento maranhense. O anúncio da sua decisão de se candidatar confirmará sua ascensão ao comando do grupo político liderado por Humberto Coutinho, e tranquilizará uma série de aliados de peso – como o prefeito de Tuntum e presidente da Famem, Cleomar Tema (PSB) -, que já manifestaram interesse em apoiá-la.

Cleide Coutinho é a herdeira natural do cacife político e eleitoral – cuja consolidação deve muito ao seu trabalho firme ao lado do marido, vale dizer – e caberá a ela conduzir o grupo Coutinho no delicado processo de transição pós-morte do líder principal. Em princípio, ela teria dito que não queria ser candidata, mas depois de avaliar a situação do grupo, que mergulhou orfandade diante do enorme vazio de comando deixado pelo deputado-presidente, Cleide Coutinho decidiu entrar na corrida como herdeira politica e eleitoral do marido. Com a decisão, além de assumir incontestavelmente a liderança da família, e assumirá também o controle do grupo político, que envolve de diversos prefeitos e vereadores da região.

Cleide Coutinho é médica, foi deputada estadual e sempre foi mão firme e ativa ao lado de Humberto Coutinho. Nascida no Rio Grande do Norte, formou-se na Universidade federal da Bahia, onde conheceu o também estudante de medicina Humberto Coutinho. Foi o esteio do marido na construção de um grande grupo empresarial, que inclui hospitais, faculdades e criação de gado, entre outras atividades. Nada mais natural que assuma o comando do grupo e mantenha a influência política que ajudou a construir.

 

Ricardo Murad afirma que será candidato a governador, mas é alvo de muitas dúvidas

Ricardo Murad: projeto de candidatura sob suspeita
Ricardo Murad: projeto de candidatura sob suspeita

O ex-deputado Ricardo Murad (PRP) tem dito e repetido a interlocutores diversos e a jornalistas que sua candidatura a governador é para valer e não se enquadra na categoria de “laranja” para facilitar as coisas para a ex-governadora Roseana Sarney, candidata do PMDB. Ele afirma que quando negociou o seu ingresso no PRP o fez com a condição de disputar um mandato majoritário, tendo optado pelo Palácio dos Leões. Além disso, garante que não comunicou sua decisão à Roseana Sarney nem ao ex-presidente José Sarney, assegurando que não deu satisfações a ninguém sobre a guinada partidária e o projeto de candidatura.

Há, porém, alguns pontos a serem esclarecidos nessa operação político-partidária protagonizada pelo ex-todo poderoso secretário de Saúde do Governo Roseana Sarney. Para começar, Ricardo Murad migrou sozinho do PMDB para o PRP, não levando junto os deputados estaduais Andrea Murad, sua filha e porta-voz, que permanece no PMDB, partido pelo qual Roseana Sarney disputará o Governo, e Souza Neto, que permanece no PROS, agremiação comandada no Estado pelo ex-ministro Gastão Vieira e que já integra a aliança comandada pelo governador Flávio Dino. Já corre no meio político que Adrea Murad não deixará o PMDB, o que a obrigará a fazer campanha para Roseana Sarney, devendo pedir votos para o pai, o que certamente não será tolerado pelo presidente pemedebista, senador João Alberto. A mesma situação envolve o deputado Souza Neto: se permanecer no PROS, terá de pedir votos para Flávio Dino, e não para o sogro.

Experiente nesse jogo de entra-e-sai de partido – já esteve no PDS, PFL, PMDB, PDT, PSB -, Murad tem consciência de que a presença dos seus dois pupilos parlamentares nos partidos em que se encontra cobre de suspeita os seus movimentos, reforçando a tese – ainda não comprovada – de que, se entrar para valer na corrida governamental, o fará para alvejar o governador Flávio Dino e facilitar a vida da ex-governadora Roseana Sarney.

São Luís, 14 de Janeiro de 2018.

 

Tensão e mal-estar na BR-135 indicam que a campanha já começou e será marcada pela agressividade verbal

 

Flávio Dino discursa enquanto João Alberto o ataca com adjetivos fortes em ambiente constrangido
Flávio Dino discursa enquanto João Alberto, ao lado dos ministro Moreira Franco  e Maurício Quintella, o ataca com adjetivos fortes em ambiente com forte mal-estar

O tiroteio verbal que tencionou ontem o ato de inauguração de um trecho de 11 quilômetros da duplicação da BR-135 entre a Estiva e Bacabeira, envolvendo o deputado federal Hildo Rocha (PMDB), secretários do Governo do Estado, o governador Flávio Dino (PCdoB) e o senador João Alberto (PMDB), com fagulhas respingando no ministro Sarney Filho (Meio Ambiente) foi uma demonstração ao mesmo tempo cristalina e oportuna de que a corrida eleitoral na qual serão definidos os destinos da aliança liderada pelo governador e do Grupo Sarney, já começou e ameaça ser bem mais do que um mero confronto político-eleitoral. E o fato de ter acontecido na presença de dois ministros visitantes – Mauricio Quintella (Transportes) e  (Secretaria da Presidência da República), que vieram trazer a boa entregar oficialmente a boa nova rodoviária em nome do presidente Michel Temer (PMDB), funcionou como um aviso de que a disputa pelo Governo do Maranhão envolverá bem mais do que as forças politicas locais.

O pugilato verbal deixou a impressão de que os protagonistas foram para ao Campo de Perizes com um roteiro definido, ou pelo menos ali chegaram com ânimos armados para o que desse e viesse. E não deu outra. Na sua vez de falar, o deputado Hildo Rocha, que tem se notabilizado pelo tom agressivo e frequente com que trata o atual Governo do Maranhão, destacou a obra, mas logo em seguida apertou o gatilho verbal, disparando uma série de petardos explosivos contra o governador Flávio Dino, que era o anfitrião dos ministros visitantes, mesmo em se tratando de uma obra federal. Numa atitude absolutamente previsível, secretários e assessores do Governo estadual revidaram no mesmo tom, criando uma situação que resultou em vaias ao parlamentar pemedebista.

No seu discurso, o governador Flávio Dino, depois de ter ouvido elogios efusivos dos ministros visitantes, aproveitou a onda para, em tom ao mesmo tempo ameno e provocador, dizer que seu Governo encerrou uma época. Ao ouvir os comentários do governador – que não foram exatamente acusações agressivas -, o senador João Alberto (PMDB) reagiu interrompendo o discurso do governador chamando o chefe do Governo de “mentiroso” e outros adjetivos, criando uma situação de forte constrangimento nu ambiente que deveria ser, no mínimo, mais civilizado. E num rasgo de habilidade, o governador Flávio Dino não respondeu ao senador João Alberto, que também se conteve diante do mal-estar que tomou conta do ambiente e do evento. Flávio Dino seguiu discursando e quebrou o roteiro ao creditar a obra de duplicação da BR-135 à bancada federal, chamando os seus coordenadores mais recentes, a começar pelo deputado federal Pedro Fernandes (PTB), a se perfilarem para uma foto que os consagrarão como os “pais da criança”. Chegou a convidar o deputado Hildo Rocha, mas ele se recusou a atender ao convite.

As agressões e o constrangimento que marcaram a inauguração da do trecho da duplicação da BR-135 mostraram, com a ênfase necessária, que a corrida eleitoral no Maranhão será acirrada e tensa, com o governador Flávio Dino e a aliança partidária que lidera decididos a manter o poder, e o Grupo Sarney e seus aliados determinados a derrotá-los e se reinstalar no controle da máquina estadual sob o comando da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) – que, aliás, “contribuía” à distância para o clima de tensão ao conceder, no mesmo instante, uma entrevista à Rádio Mirante AM, durante a qual disparou duras críticas ao governador Flávio Dino.

O confronto eleitoral que se desenha no Maranhão tende a ganhar peso, a começar pelo fato de que, agora, o Grupo Sarney está na Oposição com o propósito de voltar ao poder, e sem dispor dos instrumentos da máquina administrativa estadual, vai se valer do poder de fogo que puder mobilizar na administração federal, controlada pelo PMDB e na qual o ex-presidente José Sarney tem influência indiscutível. Só que no comando do Estado está um governador diferente, liderando, mais que um Governo, um movimento de  uma nova geração de políticos forjada no combate ao sarneysismo, e que, pelo menos até aqui, as pesquisas apontam como favorito na disputa de outubro. Flávio Dino sabe que enfrenta um adversário duro, implacável e que, por uma questão de sobrevivência, está determinado a voltar ao poder. Nesse contexto, o governador está demonstrando que, apesar da desvantagem midiática, tem cacife e autoridade política e pessoal para enfrentar o bombardeio. Sua postura no episódio de ontem mostrou isso.

A questão agora é saber como o Palácio do Planalto vai agir depois que o presidente Michel Temer ouvir o relato do ministro Moreira Franco sobre o que viu no Maranhão.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Dino “resgata” Pedro Fernandes na presença de ministros de Temer

Pedro Fernandes: foi resgatado por Flávio Dino na inauguração na BR-135
Pedro Fernandes: foi resgatado por Flávio Dino na inauguração na BR-135

Mesmo tendo adotado uma posição discreta, como quem não estava querendo chamar atenção, o deputado federal Pedro Fernandes (PTB) saiu do agitado ato de inauguração do trecho duplicado da BR-135, em Perizes, com a alma, se não inteiramente lavada, pelo menos enxaguada. É que o governador Flávio Dino resolveu entregar os louros da obra à bancada federal, e aproveitou para massagear o ego do parlamentar, apontando-o como o mais ativo na briga pela duplicação da rodovia. Ao destacar Pedro Fernandes, Flávio Dino pretendeu ainda resgatar a estima do petebista, que ainda tenta digerir a inacreditável situação em que dormiu convidado para ser ministro do Trabalho e acordou desconvidado, tendo a culpa pelo desconvite atribuída ao ex-presidente José Sarney. O fato é que, na avaliação do Palácio dos Leões, Pedro Fernandes, que está em o processo de aliança com Flávio Dino, foi injustiçado, tendo o Maranhão perdido um ministro por conta dos interesses do Grupo Sarney. No momento, está em curso o desenho de uma versão segundo a qual o que derrubou Pedro Fernandes teria sido mesmo a relação dele com o governador Flávio Dino, que teria sido mostrada ao presidente Michel Temer, inclusive com a exibição de uma foto do gabinete do governador na qual aparece a foto oficial da ainda presidente Dilma Rousseff (PT) e não a do atual mandatário do País, como manda a convenção. O presidente da República não tolerou a ideia de que um ministro seu seja aliado a um governador que não o considera presidente. O fato que, indepedentemente do fato e das versões, o deputado Pedro Fernandes foi “resgatado” da situação constrangedora a que fora submetido no caso. E principalmente diante do fato de que o veto a seu nome criou um enorme embaraço pela o presidente da República por conta da escolha da deputada federal Cristiane Brasil para substituí-lo.

Othelino Neto entrega Comunicação a Edwin Jinkins e Diretoria Geral a Valney Pereira

Edwin Jinkins (C) recebe a visita de Othelini Neto (D), no Complexo de Comunicação, acompanhado de Rubens Pereira (e)
Edwin Jinkins (C) recebe a visita de Othelino Neto (D), no Complexo de Comunicação, acompanhado de Rubens Pereira (e) e tem função importante na nova gestão da AL

Titularizado na presidência do Poder Legislativo, o deputado Othelino Neto (PCdoB) já imprime a marca do seu comando operando mudanças na equipe dirigente da instituição. Ontem, formalizou mudanças na Diretoria Geral da Casa, nomeando Volney Pereira diretor geral, e confirmou a já esperada designação do jornalista Edwin Jinkins para a Diretoria de Comunicação.

Edwin Jinkins chega ao comando da Diretoria de Comunicação da Assembleia Legislativa como um dos jornalistas mais bem sucedidos da sua geração, destacando principalmente nas atividades de assessoramento e direção de comunicação em instituições pública, para onde levou a experiência de repórter e editor que adquiriu nas redações. É contemporâneo do presidente Othelino Neto, que é jornalista com nível superior – é também economista -, e que antes de entrar para a vida pública atuou como repórter nos jornais de São Luís.

Pós-graduado em Marketing Político, Edwin Jinkins assume a Diretoria de Comunicação da Assembleia Legislativa em substituição a Carlos Alberto Ferreira, que exerceu o cargo na gestão do presidente Humberto Coutinho. Chega ao cargo com o lastro do profissional que militou no jornalismo impresso, e exerceu cargos como chefe da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, superintendente de Comunicação do Porto do Itaqui, secretário de Comunicação das Prefeituras de São Luís e Imperatriz, e chefe de Comunicação do Tribunal de Contas do Estado.

O prestígio de Edwin Jinkins na equipe do novo comando da Assembleia Legislativa ficou claro ontem, com a visita que recebeu do presidente Othelino Neto ao seu gabinete, no centro de Comunicação.

Administrator de empresas e professor, Volney Pereira tem larga experiência na administração pública. Foi coordenador administrativo do Cintra, gestor da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais nos Governos de José Reinaldo Tavares (PFL) e Jackson Lago (PDT), secretário adjunto de Finanças da Secretaria Municipal de Educação de São Luís, chefe de gabinete do então vice-presidente Othelino Neto e agora diretor geral da Assembleia Legislativa em substituição ao ex-diretor Carlos Alberto Martins.

São Luís, 12 de Janeiro de 2018.

Esquerda mobiliza partidos, entidades e militantes em Frente para defender direito de Lula ser candidato

 

Lula da Silva inspira Frente de defesa do seu direito de ser candidato
Lula da Silva inspira Frente de defesa do seu direito de ser candidato a presidente, que está ameaçado por julgamento

Em meio a um forte clima de expectativa que começa a se espraiar pelo País com a aproximação do julgamento – marcado para o dia 24 -, pela Justiça Federal do Paraná, do recurso por meio do qual o ex-presidente Lula da Silva (PT) tenta anular a sentença com que o juiz Sérgio Moro o condenou a mais de nove anos de prisão, sob a acusação de ter recebido um apartamento como propina, partidos de esquerda, entidades sindicais, movimentos sociais, artistas, intelectuais lançam hoje, em São Luís, a Frente em Defesa da Democracia e do Direito de Lula ser Candidato. O ato da mobilização acontecerá às 16 horas, no Centro de Criatividade Odylo  Costa, filho. O argumento central do movimento é que Lula da Silva foi condenado num processo cheio de falhas e que não existem provas concretas de que justifiquem a condenação, o que torna a decisão um caso de uso político da Justiça. Acrescentam seus organizadores que se a condenação de Lula for mantida e ele não puder ser candidato, a democracia brasileira entrará em crise e estará sob  grave risco.

Esse movimento tem condições favoráveis para ganhar força no Maranhão, menos por preocupação com a democracia, mais pelo risco de o ex-presidente Lula ter a condenação confirmada e for, por isso, impedido de se candidatar. O líder petista é hoje, de longe, o político com maior prestígio entre os maranhenses, chegando sua popularidade a alcançar mais de 70% na média estadual, tendo município onde 83% da população o querem de volta à Presidência da República. São dados levantados em pesquisas insuspeitas, contratadas pelas duas forças políticas que preponderam atualmente no estado, a aliança liderada pelo governador Flávio Dino e o Grupo Sarney. Todos os levantamentos feitos até agora dizem que se Lula for candidato a presidente, os quase cinco milhões de eleitores maranhenses lhes darão pelo menos 70% dos votos. Ele fulminaria todos os demais candidatos a presidente lançados até aqui. Claro que esse é um cenário de agora, 10 meses antes das eleições e num momento em que o ex-presidente está no epicentro de um grande debate nacional sobre justiça e política.

Organizada no Maranhão pelo PT, com o apoio do PCdoB, PSB, PDT e PSOL, e por centrais sindicais mais à esquerda e movimentos sociais de base, que têm o ex-presidente como referência, a Frente em Defesa da Democracia e do Direito de Lula ser Candidato pretende mobilizar todos os segmentos desse campo para fazer face ao que seus organizadores chamam de “golpe contra a democracia”. Levantam a suspeita de que por trás dos processos contra o líder petista estão forças que não aceitam a esquerda no poder nem programas sociais e de transferência de renda da envergadura do Bolsa Família, Mais Médicos, Fies, entre outros. E para isso espera atrair profissionais liberais, professores, estudantes e todos os grupos organizados possíveis para fazer frente a movimentos que estão atuando na contramão, a favor da condenação de Lula e do seu banimento da vida política.

A Frente em Defesa da Democracia e do Direito de Lula ser Candidato conta com o apoio político enfático do governador Flávio Dino (PCdoB), um dos mais contundentes críticos de alguns aspectos da Operação Lava Jato, e provavelmente a voz mais firme e credenciada na defesa do líder petista, contra quem, acredita, estão cometendo “uma atrocidade política inaceitável”. O governador maranhense é partidário incondicional do direito de Lula ser candidato nas eleições de outubro. E defende esse direito com fortes argumentos jurídicos, mas também como o político que quer o aliado ao seu lado nos palanques maranhenses na corrida eleitoral de outubro.

Um dos seus organizadores, o jornalista e ex-deputado estadual Luis Pedro, explica o movimento: “Nós consideramos que o julgamento do presidente Lula não é um julgamento jurídico, ele tem fortes conotações políticas claras com o objetivo de deixar o ex-presidente na condição de inelegível. Nós consideramos que uma eleição sem Lula é golpe. Nós também consideramos que o golpe de 2016, quando foi afastada a presidente Dilma, legitimamente eleita com 54 milhões de votos. Agora temos a continuidade do golpe, que é a tentativa de condenar o Lula. Achamos que essa tentativa tem de ser barrada com o povo nas ruas, expressando sua indignação”.

É uma aposta alta, com algumas controvérsias, mas que tem a legitimidade de qualquer ato político numa sociedade que se move pelo estado democrático de direito.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

A um passo do PRB, Brandão caminha para superar revés sofrido no PSDB

Carlos Brandão e Cléber Verde à frente de prefeitos do PSDB que podem migrar para o PRB
Carlos Brandão e Cléber Verde  (centro) à frente de prefeitos do PSDB que podem migrar para o PRB depois que o comando tucano foi trocado no Maranhão

Quem subestimou a capacidade política do vice-governador Carlos Brandão – no momento no exercício do cargo –, pode ter cometido um erro de avaliação. O café da manhã no qual reuniu ontem 27 dos 30 prefeitos eleitos pelo PSDB com o presidente estadual do PRB, deputado federal Cleber Verde, demonstrou claramente que ele já virou a página do seu dramático desligamento do ninho dos tucanos, no final do ano que passou. Depois de uma série de conversas com diversos líderes partidários, o vice-governador encontrou abrigo no PRB, negociando com Cléber Verde uma aliança, antes improvável, para ingressar no partido, podendo ser acompanhado por muitos prefeitos que compareceram ao encontro e que estariam insatisfeitos sob a liderança partidária do senador Roberto Rocha (PSDB).

É verdade que atender ao convite para o café não significa a adesão automática deles à proposta de mudança de partido. Mas é verdade também que a maioria desse grupo de prefeitos poderá ingressar no PRB, a começar pelo fato de que eles foram eleitos com o incentivo direto de Carlos Brandão e com o aval do governador Flávio Dino, certos de que o PSDB permaneceria na base governista. Agora, esses prefeitos estão entre a cruz e a espada: não querem deixar a base governista estadual, mas também não querem perder o link federal pela via do tucanato. E aí surge a indagação: com quem ficarão?

Outra parte dessa equação envolve diretamente o PRB. O partido elegeu 14 prefeitos – entre eles Fábio Gentil, de Caxias -, mas que se ganhar, nesse acordo, o reforço de mais vinte – que certamente serão acompanhados por muitos vereadores -, entrará na corrida eleitoral deste ano com mais de 30 prefeitos, como o segundo maior partido do Maranhão em número de prefeituras, só perdendo para o PCdoB (46). Esse reforço excepcional na estrutura do PRB dará a Cleber Verde um ganho formidável de musculatura no comando nacional do partido.

E em qualquer situação, se a operação for confirmada, e ele consiga levar pelo menos metade dos prefeitos tucanos inconformados para o PRB, o vice-governador sairá da reviravolta por cima, credenciando-se continuar como companheiro de chapa do governador, o que abre a possibilidade concreta de vir a ser o titular em 2022.

 

Márcio Jardim tem lastro político para ser o candidato do PT ao Senado

Márcio Jardim: nome com legitimidade politica para ser candidato a senador
Márcio Jardim: nome com legitimidade politica para ser candidato a senador

Um comentário e três telefonemas de leitores registraram o que consideraram um “pecado” da Coluna não ter incluído Márcio Jardim (PT) entre os nomes que se movimentam na direção das duas vagas de senador. De fato, ainda que não tenha até aqui conquistado mandato eletivo e suas incursões eleitorais não tenham sido bem sucedidas, Márcio Jardim pode, sim, vir a ser o nome do PT na corrida senatorial. O ex-secretário de Esportes do Governo Flávio Dino reúne todas as credenciais para entrar nessa disputa, ainda que sua trajetória ainda não inclua sucessos eleitorais. À exemplo do secretário Márcio Jerry (PCdoB) e do próprio governador Flávio Dino, o item mais expressivo e decisivo do seu currículo político são os anos de militância, iniciados no movimento estudantil, na adolescência, com dedicação integral. E com um dado que o legitima ainda mais: jamais mudou de lado, conservando seus princípios e convicções sem arredar um milímetro da linha inicial da sua caminhada como militante político de esquerda. Precisa agora mostrar que tem o suporte político do partido e, depois, se viabilizar eleitoralmente.

São Luís, 10 de Dezembro de 2018.

 

Peso dos candidatos deve tornar acirrada e imprevisível a disputa por vagas no Senado

 

Edison Lobão, Weverton Rocha, Sarney Filho, José Reinaldo, Eliziane Gama e Hilton Gonçalo: todos com peso para surpreender
Edison Lobão, Weverton Rocha, Sarney Filho, José Reinaldo, Eliziane Gama e Hilton Gonçalo: todos com peso para surpreender na corrida pelas vagas de senador

A Coluna já registrou e volta a registrar: a disputa para as duas no Senado será a mais dura e complicada das eleições deste ano no Maranhão. Não há dúvidas de que a corrida para a cadeira principal do Palácio dos Leões será intensa, e de que a guerra para as 18 cadeiras na Câmara Federal e as 42 da Assembleia Legislativa será renhida, no voto a voto, mas, a julgar pelos seus aspectos definidos até agora, a peleja pelos mandatos senatorias terá um acirramento diferenciado. Nos pleitos senatoriais travados nas últimas décadas, os maranhenses escolheram basicamente entre dois nomes fortes para uma vaga e entre quatro nomes expressivos para duas vagas, em alguns casos com desfechos claramente previsíveis. A guerra eleitoral que esta em preparação tem tudo para ser um pouco mais do que uma medição de força entre o Grupo Sarney e a aliança comandada por Flávio Dino (PCdoB).

Pelo que está sendo desenhado, as duas vagas na Câmara Alta deverão ser alvos de um confronto entre pelo menos seis candidatos, todos com peso político e eleitoral, o que remete o desfecho para a cinzenta seara da imprevisibilidade. No páreo estão o senador Edison Lobão (PMDB) e o deputado federal Sarney Filho (PV) pelo Grupo Sarney; os deputados federais Weverton Rocha (PDT), José Reinaldo Tavares (migrando do PSB para o DEM), Eliziane Gama (PPS) e Waldir Maranhão (PTdoB) brigando pelas duas vagas da aliança liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), sendo que um deles pode sair candidato avulso; e, finalmente, o prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (saindo do PCdoB para ingressar no Avante ou no PSDB), além de nomes chance remotas como Marquinhos (DEM),  vereador de São Luís, e Raimundo Noleto, sindicalista ligado ao PSOL.  Outros nomes podem surgir ainda, mas certamente para integrar o pelotão dos candidatos sem chance de chegar lá.

Independentemente do que estejam dizendo as pesquisas a menos de 300 dias da corrida às urnas, todos os nomes apontados pelos grandes grupos políticos têm chance de eleição. Para começar, neste momento, erra feio quem duvida do poder de fogo do ex-deputado federal, ex-governador, ministro de Minas e Energia e senador por quatro mandatos Edison Lobão. Mesmo fragilizado pelo o bombardeio que vem sofrendo pelos canhões da Lava Jato, o atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado tem mostrado uma excepcional capacidade de resistência política e consistência eleitoral, fatos que o colocam entre os que podem chegar lá. O deputado federal Weverton Rocha, se ainda não apareceu com grande poder de fogo eleitoral, tem fortalecido seu projeto de candidatura com uma desenvoltura política surpreendente, à qual alia rara ousadia e surpreendente mobilidade, fatores decisivos numa corrida eleitoral, que ganha peso como um dos candidatos do governador Flávio Dino. Com o lastro de nove mandatos, dois períodos como ministro do Meio Ambiente e uma intensa e produtiva atuação política e partidária – foi um dos fundadores do PV, por exemplo –, além, claro, do sobrenome, o deputado federal Sarney Filho é também postulante de proa nessa disputa.

Dono de um dos currículos mais ricos da sua geração, tanto como técnico, quanto como político, o deputado José Reinado Tavares é nome leve no meio político e bem aceito no eleitorado. É reconhecido como secretário, ministro dos Transportes e governador, e como o líder político que virou o jogo no Maranhão ao comandar a eleição de Jackson Lago (PDT) em 2006. Será forte mesmo se se lançar como candidato independente. Numa outra dimensão, a corrida senatorial deve ser mais acirrada com a candidatura da deputada federal Eliziane Gama, uma política jovem, que vem crescendo a cada eleição para mandatos parlamentares. Ela entra nessa corrida como um dos nomes de ponta, mostrando que o tropeço na eleição para a Prefeitura de São Luís em 2016 não apagou o vigor eleitoral da deputada federal mais votada nas eleições de 2014, que saiu das urnas com inacreditáveis 140 mil votos. Por fim, a disputa senatorial pode contar com o atual prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo, um médico de ação política forte, que tem surpreendido com o seu desempenho eleitoral – venceu a eleição com mais de 80% dos votos, elegeu a mulher, Fernanda Gonçalo (PMN), prefeita de Bacabeira, e a irmã Iriane Gonçalo (SD) para a Prefeitura de Pastos Bons. É visto no meio politico como um nome que pode crescer durante a campanha e surpreender.

Nenhum desses postulantes está entrando nessa briga admitindo a possibilidade de não ser eleito. O poder de fogo e a determinação de cada um tornarão essa corrida ao Senado uma guerra eleitoral como poucas.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Na esteira da “Beira Rio”, Imperatriz vai ganhar “Panelódromo”

Segundo maior colégio eleitoral do Maranhão e sempre candidata a capital de um novo estado, Imperatriz se consolida também como dona do eleitorado a ser conquistado a cada eleição pelos candidatos a governador. A aproximação da corrida eleitoral anima uma disputa também em obras entre o governador Flávio Dino e o prefeito Assis Ramos (PMDB). Como resposta à esmagadora maioria de votos que recebera dos imperatrizenses em 2014 e, claro, pretendendo manter essa relação, o governador entregou no final do ano passado a Avenida Beira Rio, um espaço público de primeira grandeza, que já se transformou em orgulhoso cartão postal da Princesa do Tocantins. Ainda devendo uma grande obra, daquelas que possam reforçar a candidatura da sua aliada Roseana Sarney, o prefeito Assis Ramos começou a se mexer nessa direção e decidiu brindar Imperatriz com a construção do “Panelódromo”, um oportuno projeto destinado a dar espaço, mais higiene e, sobretudo, dignidade às vendedoras de comida – em especial o delicioso mocotó, chamado ali de panelada -, que ao longo de décadas se consolidaram como uma marca da cidade, apesar da teimosia das administrações municipais de não dar àquela atividade a atenção devida. De acordo com o jornal O Progresso, outro ícone indelével da cidade, o prefeito Assis Ramos garante que o “Panelódromo” vai sair do papel logo, logo, ou seja, ao longo da campanha eleitoral. Para reforçar o discurso da ex-governadora Roseana Sarney no contrapeso ao governador Flavio Dino. A população comemora.

O Globo tropeça sobre a corrida senatorial no Maranhão

Mais uma fake news da chamada grande imprensa em relação à política do Maranhão. O jornal O Globo publicou, em matéria de sua edição de domingo (7) que o ex-presidente José Sarney (PMDB) “está empenhado  na reeleição dos senadores pemedebistas Edison Lobão e João Alberto”. Alguma coisa está errada nesta informação, porque o segundo candidato na chapa do Grupo Sarney é, até aqui, o deputado federal Sarney Filho, atual ministro do Meio Ambiente. Até o final da semana passada, a chapa Edison Lobão/Sarney Filho permanecia inalterada, com o ministro do Meio Ambiente absolutamente empenhado em consolidar a sua candidatura, sem abrir qualquer fresta de dúvida sobre esse projeto. No fim de semana também o senador João Alberto disse à Coluna que não sabe ainda qual será o seu papel na guerra eleitoral deste ano. Confirmou a informação de que está cansado, não quer mais viver na ponte aérea São Luís/Brasília/São Luís. Mas sempre deixando claro que é homem de partido, de grupo, e o que o que a maioria decidir a seu respeito ele cumprirá. O Globo errou, porque não há qualquer sinal de que Sarney Filho possa vir a desistir da candidatura e nem que João Alberto esteja pensando em brigar pela reeleição.

São Luís, 09 de Janeiro de 2018.

Rocha e Madeira se movimentam em busca de reforços para viabilizar o projeto da “terceira via”

 

Roberto Rocha e Sebastião Madeira conversam com nomes  como Hilton Gonçalo e Ricardo Murad para o OSDB
Roberto Rocha e Sebastião Madeira conversam com nomes como Hilton Gonçalo e Ricardo Murad para o OSDB

Enquanto o governador Flávio Dino (PCdoB) opera no sentido de fortalecer a base partidária que sustentará sua candidatura à reeleição, e a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) trabalha para dar musculatura política e partidária ao seu projeto de candidatura, a chamada “terceira via”, que tem por base a candidatura do senador Roberto Rocha (PSDB) a governador, atua para montar uma chapa majoritária e dar forma a um projeto minimamente viável que a leve às eleições de outubro. O movimento dos tucanos se intensificou em dezembro e já abriu uma frente de conversa com o ex-deputado Ricardo Murad (PRP), que já se lançou candidato ao Governo do Estado, e agora tenta atrair prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (PCdoB), considerado uma espécie de coringa para compor uma chapa ao Senado. Em princípio acanhada, e por isso mesmo subestimada por alguns observadores apressados, a movimentação dos tucanos aparenta informalidade, mas na verdade a movimentação dos chefes tucanos acendeu sinal de alerta nos gabinetes políticos do Palácio dos Leões.

Aparentemente sem a preocupação com a acusação de serem “regra três” do Grupo Sarney, os tucanos resolveram partir para o ataque em busca de alianças viáveis. E a tarefa abrir portas e entabular conversas tem sido cumprida pelo tarimbado ex-prefeito de Imperatriz e secretário geral do PSDB Sebastião Madeira. Na semana que passou, Madeira conversou com o ex-deputado Ricardo Murad, candidato a governador pelo PRP, com o prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (PCdoB) e trocou dedos de proza com a ex-governadora Roseana Sarney. Seus encontros não terminaram em acordos, as conversas não chegaram ao nível de negociação, mas os fatos em si agitaram os bastidores partidários e atiçaram as especulações sobre a corrida eleitoral.

Das três conversas, a que gerou mais disse-não-disse foi a que teve como interlocutor o prefeito santarritense Hilton Gonçalo, um político independente, bom de voto e muito respeitado entre os políticos de todos os níveis e em quem muitos veem um nome de peso para disputar, por exemplo, uma vaga no Senado. Numa conversa informal no ato em que o senador Roberto Rocha reuniu prefeitos de municípios situados ao longo da Ferrovia Carajás, Sebastião Madeira abriu as portas do PSDB para Hilton Gonçalo, admitindo a possibilidade de ele ser candidato a senador pelo partido. Gonçalo, que anda insatisfeito com o PCdoB – com o qual não tem qualquer afinidade, não disse nem sim nem não, mas deixou campo aberto para novas conversas. Diante da movimentação dos tucanos na direção do prefeito de Santa Rita, o governador em exercício, Carlos Brandão, recém saído do PSDB, foi a Santa Rita visitar Hilton Gonçalo, com quem conversou sobre o cenário político  onde conversou com o prefeito sobre filiação partidária e  Brandão vai se filiar ao PRB. E no sábado, Sebastião Madeira conversou com a ex-governadora Roseana Sarney, com quem trocou figurinhas sobre o cenário que está sendo montado para a corrida às urnas.

Roberto Rocha, que é candidato a governador, e Sebastião Madeira, cujo projeto é ser de novo deputado federal, são políticos experientes e sabem que não irão a lugar algum se ficarem fechados na redoma do seu partido à espera de um milagre, fenômeno que não existe, principalmente no meio político. Indagado sobre o que há de concreto nesse flerte com chefes do Grupo Sarney de um lado, e expoentes da aliança governistas de outro, o ex-prefeito Sebastião Madeira diz tratar-se tão somente de um cuidado de deixar janelas abertas em todas as direções. Garante, de pés juntos, que toda a sua movimentação é no sentido de viabilizar a caminhada do senador Roberto Rocha ao Palácio dos Leões e a do candidato presidencial tucano – ainda a ser definido – ao Palácio do Planalto.

Os tucanos se movem nesse contexto tentando atrair apoios, venham eles da direta ou da esquerda, cientes de que no seu arraial liberal há espaço para insatisfeitos de todas as tribos. Trata-se de uma lógica simples e direta, e que pode produzir bons frutos, como, por exemplo, converter o “comunista” Hilton Gonçalo ao tucanato e lança-lo candidato ao Senado. Seria uma tacada e tanto para impulsionar a “terceira via”

 

PONTO & CONTRAPONTO

Brandão deve fechar com PRB e Neto Evangelista ainda não decidiu novo partido

Carlos Brandão já saiu do PSDB, e Neto Evangelista deve serguir o mesmo caminho procuranabrigos
Carlos Brandão já saiu do PSDB, e Neto Evangelista deve seguir o mesmo rumo

A guinada do PSDB continua desmontando situações que pareciam definitivamente ajustadas. Duas delas são emblemáticas, porque mexem com o círculo que envolve o governador Flávio Dino.

A primeira é a situação do vice-governador Carlos Brandão, que deixou o PSDB na tsunami que sacudiu o partido em todo o País e que no Maranhão o seu controle foi entregue ao senador Roberto Rocha. Depois de avaliar algumas possibilidades, Brandão estacionou no PRB, para negociar com o deputado federal Cléber verde o ingresso dele e mais pelo menos 20 dos 29 prefeitos eleitos pelo partido em 2016. O problema é que ao desembarcar no partido com esse poder de fogo, a tendência natural é uma disputa, cedo ou tarde, pelo comando do partido. Político hábil e muito sagaz, Cléber Verde está estudando a melhor maneira de acomodar o grupo sem gerar tremores internos nem ameaçar o seu sólido comando. Se não houver um contratempo, a migração de Carlos Brandão e dos prefeitos deve acontecer em fevereiro.

A outra situação partidária delicada está vivendo o deputado Neto Evangelista, hoje secretário estadual de Desenvolvimento Social. Filiado ao PSDB, ele terá de optar por continuar no partido e romper com o governador Flávio Dino ou romper com o ninho dos tucanos para ingressar numa legenda da base aliada do governador. Desde que assumiu a secretaria, Neto Evangelista vem enfrentando dificuldades para permanecer no PSDB. Primeiro foi a candidatura da deputada Eliziane Gama (PPS), que tinha o apoio da cúpula nacional do PSDB à Prefeitura de São Luís. Ele foi obrigado a apoiá-la contra o prefeito Edivaldo Jr. (PDT), apoiado pelo govenador Flávio Dino. Agora, encontra-se num imbróglio cuja única solução é deixar o partido, a menos que rompa com o governador Flávio Dino para apoiar a candidatura do senador Roberto Rocha ao Governo. Deve deixar o PSDB em fevereiro ou março, assim que encontrar sua futura morada partidária.

 

Futuro de Lula definirá posição de ala do PT para as eleições no Maranhão

Julgamento de Lula vai definir postura do PT maranhense
Julgamento de Lula vai definir postura do PT maranhense para a corrida eleitoral

Nas contas de um integrante do círculo de ferro do governador Flávio Dino, o braço maranhense do PT vai continuar sinalizando divisão até o dia 24, quando a Justiça Federal do Paraná julgar o recurso do ex-presidente Lula da Silva contra a sentença do juiz Sérgio Moro que o condenou a nove anos e meio de prisão. Se a sentença cair e Lula ficar livre para ser candidato a presidente em outubro, a banda do PT que participou ativamente do Governo de Roseana Sarney (PMDB) vai pressionar fortemente para que o partido tenha a vaga de candidato a vice-governador ou, numa hipótese mais remota, uma das vagas de candidato a senador. Se a condenação do ex-presidente for mantida e ele não puder ser candidato ou conseguir sê-lo pendurado em liminares precárias, a corrente petista comandada por Raimundo Monteiro baixará a bola e engrossará as fileiras da aliança comandada por Flávio Dino. Vale aguardar.

São Luís, 08 de Janeiro de 2018.

Roseana Sarney perde força partidária com a migração de aliados importantes para a base de Flávio Dino

 

Roseana Sarney perde partidos aliados para a aliança liderada por Flávio Dino
Roseana Sarney perde apoio de partidos aliados tradicionais  para a aliança liderada por Flávio Dino

Dificilmente a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) entrará na briga pelo Governo do Estado com a base partidária que a respaldou em outras eleições. O governador Flávio Dino (PCdoB), ao contrário, irá à guerra pelo voto com seu lastro partidário expressivamente ampliado exatamente com agremiações de peso no leque de agremiações influentes no cenário nacional. Roseana Sarney deve montar sua coligação sem a participação do DEM, PP, PRB, PTB e PT, partidos que foram decisivos, por exemplo na sua eleição, em turno púnico, em 2010. Agora, esses partidos engrossarão as fileiras da aliança liderada por Flávio Dino, o que lhe dará um reforço político e tanto, podendo se traduzir em poder de fogo eleitoral. A mudança de rumo de democratas, pepistas, republicanos, petebistas e petistas está sendo um duro golpe no suporte político e partidária do Grupo Sarney, o que compromete gravemente o projeto eleitoral da ex-governadora, enquanto o governador só fortalece o seu cacife.

A cúpula do Grupo Sarney fez todos os movimentos possíveis para evitar, por exemplo, que o DEM migrasse para a base do governador Flávio Dino. Houve inúmeras tentativas de convencer o presidente do partido, senador Agripino Maia (RN), no sentido de conter a migração, mas o deputado federal Juscelino Filho e seu tio, deputado estadual Stênio Rezende, mantiveram as cartas na mesa e foram buscar apoio no presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia (RJ), que é o atual manda-chuva de fato do partido. Depois de intensas articulações, o Rezende ouviu dele que o DEM estará liberado para aliar-se a Flávio Dino, desde que dê a garantia de que o ex-governador José Reinaldo Tavares ingresse no partido e seja candidato a senador. A condição foi aceita, e José Reinaldo se filiará ao DEM no início de fevereiro, mais precisamente no dia 7, segundo o próprio ex-governador.

O PP, que na corrida governamental passada fechou com Flávio Dino numa operação armada pelo então deputado federal Waldir Maranhão, que o presidia no estado, vai continuar com o governador. A queda de Waldir Maranhão da presidência do partido e a ascensão do deputado André Fufuca ao seu comando criou a expectativa de que o PP mudasse o seu curso para aliar-se a Roseana Sarney. Nada feito. No final do ano passado, em meio a uma onda de especulações, e depois de emplacar o secretário de Esportes, na vaga aberta pelo petista Márcio Jardim, André Fufuca bateu martelo e decidiu que o PP vai continuar no arco da aliança partidária liderada pelo PCdoB.

No caso do PTB, o partido deixou a base do Grupo Sarney no ano passado, numa operação que levou o vereador Pedro Lucas Fernandes a assumir a Secretaria das Cidades e se posicionou como integrante da aliança articulada por Flávio Dino. A guinada do PTB causou inclusive a separação partidária – sem crise e sem rompimento político – entre o deputado federal Pedro Fernandes, pai do vereador Pedro Lucas, e o ex-deputado estadual Manoel Ribeiro, que militou no PTB desde os anos 80 do século passado, época em que o partido foi refundado e era liderado no Maranhão pelo médico Cesário Coimbra. E foi exatamente a nova posição do PTB que gerou a crise que inviabilizou a nomeação do deputado federal Pedro Fernandes para o Ministério do Trabalho a partir de pressões feitas pelo ex-presidente José Sarney (PMDB) sobre o presidente Michel Temer (PMDB). Os fatos recentes indicam que não há volta.

Uma das perdas mais significativa para Roseana Sarney é o PT, que fez o vice-governador (Washington Oliveira, hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado) na chapa da pemedebista em 2010, mas que agora passou a integrar a aliança comandada pelo governador Flávio Dino. Ao fechar o apoio do PT, o governador garante nada menos que o apoio do ex-presidente Lula da Silva, que tem a esmagadora maioria de intenções de votos nos 217 municípios maranhenses. O problema é que, ciente desse poder de fogo, o PT maranhense, que é dividido, com uma banda fechada com Flávio Dino e outra banda fazendo o jogo do “quem dá mais”, quer tirar máximo de proveito desse acordo pelo apoio do partido. Em princípio, é quase certo que o PT integrará a aliança comandada pelo PCdoB, mas o grupo petista que foi derrotado na eleição interna agora tenta arrancar uma contrapartida importante, como a vaga de vice-governador, sob pena de inviabilizar a parceria.

A realidade é que, até aqui, o governador Flávio Dino em matéria de aliança partidária para a coligação que sustentará sua candidatura, o governador Flávio Dino leva até aqui vantagem expressiva e indiscutível sobre a ex-governadora Roseana Sarney.  Mas a ciranda para a formação de coligações majoritárias para as eleições deste ano está apenas nos seus primeiros movimentos. Muita coisa ainda vai acontecer.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Caso Zé Vieira alimentou surpreendente ciranda de liminares no Tribunal de Justiça

Cleonice Freire, Ribamar Castro, Nelma Sarney, Bayma Jr., Raimundo Melo e Lourival Serejo já decidiram sobre o Caso Zé Vieira
Cleonice Freire, Ribamar Castro, Nelma Sarney, Bayma Jr., Raimundo Melo e Lourival Serejo já decidiram sobre o Caso Zé Vieira na refrega judicial por Bacabal

No mais surpreendente e impressionante – para dizer o mínimo numa avaliação isenta – jogo de “tira-bota-bota-tira” em curso no Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ), o prefeito de Bacabal, Zé Vieira (PR), foi afastado do cargo por decisão liminar para assegurar o cumprimento da determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que confirmou, no final de novembro, a sua condição de inelegível do prefeito, determinando que o vice-prefeito Florêncio Neto (PHS) assuma cargo, por força de Resolução da Câmara Municipal com base na sentença da Corte federal até que o imbróglio judicial seja resolvido.

A nova decisão monocrática que atropelou, sexta-feira (5), foi a quinta nua espécie de guerra entre desembargadores, dando lastro à desagradável impressão de que os membros da mais alta Corte de Justiça do Maranhão não sabem exatamente o que fazer, estão testando conhecimentos ou a forças externas muito poderosas estão influenciando as decisões tomadas até agora, o que seria um desastre para a instituição judiciária maranhense em matéria de credibilidade da Justiça estadual. A situação se agrava já se sabe que essa medição de força alimenta uma das situações mais esdrúxula relacionada com as eleições de 2016, como se houvessem duas correntes, uma a favor e outra contra a permanência de Zé Vieira no cargo.

Agora, foi a vez do vice-presidente do TJ, desembargador Lourival Serejo, também liminarmente, fulminar a liminar por meio da qual o desembargador Raimundo Melo desfez decisão do decano da Corte, desembargador Bayma Araújo e desmanchou a medida que determinara o afastamento de Zé Vieira do cargo. A liminar do desembargador Lourival afastando o desembargador Raimundo Melo põe novamente em movimento uma sequência espantosa e sem precedentes – pelo menos em tempos recentes – de “bota-tira” na Prefeitura de Bacabal, causando nos leigos a impressão de que os integrantes do Tribunal de Justiça do Maranhão não conhecem a regras a serem invocadas para solucionar uma situação como essa.

Primeiro, o STJ comunicou, em novembro, ao então presidente do TJ, desembargador Cleones Cunha, a situação irregular do prefeito Zé Vieira e mandou afastá-lo do cargo. O presidente do TJ repassou a decisão ao juiz de base, que cumpriu à risca a decisão da Corte federal e mandou afastar o prefeito. Zé Vieira recorreu então ao TJ, tendo seu recurso caído na mesa do desembargador Ribamar Castro, que na condição de relator confirmou a decisão do juiz. Zé Vieira recorreu novamente, e seu recurso caiu no plantão noturno da desembargadora Cleonice Freire, que cassou a liminar contra o prefeito alegando o desembargador Ribamar Castro não era o relator. Ministério Público recorreu contra a volta de Zé Vieira e o recurso caiu na mesa de Ribamar Castro, que de novo mandou Zé Vieira para casa. Antes de entregar o ouro, Zé Vieira bateu de novo às portas do TJ contra decisão do relator Ribamar Castro, tendo seu recurso caído agora na mesa da desembargadora Nelma Sarney, que cassou sua liminar e mandou Zé Vieira de volta ao cargo. A decisão de Nelma Sarney foi questionada sob a alegação de que ela não poderia desfazer a decisão de Ribamar Castro. Criou-se um impasse, e na ausência do presidente e da vice-presidente do TJ, que poderiam resolvê-lo, o caso foi parar na mesa do decano – desembargador mais antigo – Bayma Araújo, tido por todos como um especialista em processo, portanto com cabedal jurídico e autoridade para encerrar o imbróglio. Bayma Araújo não vacilou: confirmou a relatoria de Ribamar Castro e afirmou que a decisão de Nelma Sarney não valeu, mantendo assim Zé Vieira fora do cargo. O imbróglio parecia solucionado, mas não o foi. Zé Vieira voltou ao TJ, recorrendo da decisão de Bayma Araújo. O recurso caiu na mesa do desembargador Raimundo Melo, que surpreendeu meio mundo ao desautorizar o decano Bayma Araújo, colocar o relator Ribamar Castro de escanteio, confirmar a decisão de Nelma Sarney e mandar Zé Vieira de volta ao cargo. Essa decisão foi contestada com novo recurso contra a decisão de Raimundo Melo. O recurso caiu na mesa do vice-presidente do TJ, desembargador Lourival Serejo, reconhecido por seus conhecimentos jurídicos. E não deu outra: desmanchou de cabo a rabo a decisão do desembargador Raimundo Melo, confirmou Ribamar Castro como relator e referendou suas decisões.

A pergunta que muitos fazem é: Quando essa ciranda terá seu movimento final?

 

Pesquisas que mostram Lula e Temer no Maranhão causa desalento no Grupo Sarney

Roseana Sarney perde espaço com Michel temer e Flávio Dino ganha com Lula da Silva
Roseana Sarney perde espaço com Michel Temer e Flávio Dino ganha com Lula da Silva, mostram informações levantadas em pesquisas feitas pelo Grupo sartney

Nas avaliações do cenário que está se desenhando para as eleições de outubro, a cúpula do Grupo Sarney tem encontrado duas informações decisivas e desalentadoras encontradas elas pesquisas feitas até aqui para consumo próprio. A primeira é o ainda avassalador poder de fogo eleitoral do ex-presidente Lula (PT), que tem acima de 50% das intenções de voto em praticamente todos os municípios, chegando em alguns casos a 80%, produzindo um certeza: se o líder petista vier a ser candidato, deve dar uma sova e tanto nos seus adversários. A outra é a baixa popularidade do presidente Michel Temer (PMDB), que de acordo com os números, não ultrapassa 5% de apoio em nenhum município. O problema é que, mesmo que a ter um candidato presidencial que não seja do PMDB, a candidatura de Roseana Sarney estará fortemente atrelada ao presidente da República, que além de ser um dos cardeais do PMDB, será a grande referência de qualquer candidatura destinada a combater o PT. Ou seja, além enfrentar dificuldades para explicar a sua relação com o presidente Michel Temer, a ex-senadora Roseana Sarney, poderá assistir Flávio Dino surfando no seu prestígio ao dele associado ao do ex-presidente petista, o que poderá se transformar num rolo-compressor esmagador durante a campanha e consolidar o favoritismo do governador na corrida ao Palácio dos Leões.

São Luís, 07 de Janeiro de 2018.