É verdade que faltam ainda 19 meses para as eleições gerais de 2018 e que daqui até lá muita água vai rolar. Mas é também verdade que, mesmo que não estando ainda definidos os candidatos à Presidência da República, os grupos partidários maranhenses que entrarão na disputa terão forte dependência dessas candidaturas. Qualquer avaliação prévia do contexto em que se dará a guerra eleitoral indicará o posicionamento desses grupos em relação à sucessão presidencial. Não se pode afirmar as candidaturas presidenciais terão o papel de definir o resultado da briga pelo Governo do Estado, mas não há como menosprezar a influência que os presidenciáveis na agregação dos grupos partidários em formação tendo comandantes o governador Flávio Dino (PCdoB), a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) e o senador Roberto Rocha (PSB), por exemplo.
A linha de ação do governador Flávio Dino para conquistar a reeleição depende, em certa medida, do candidato presidencial que conseguir reunir as tendências correntes da esquerda moderada. O nome preferencial para liderar essa corrente é o ex-presidente Lula da Silva, que se não for condenado pela Operação Lava Jato e, assim, não vier a ser tornado inelegível, como está se desenhando, Lula da Silva não apenas será o candidato, como entrará na corrida ao palácio do Planalto como favorito. No Maranhão, o líder petista fatalmente se aliará ao governador e fará campanha contra o Grupo Sarney, de quem foi aliado até no ano passado, quando o ex-presidente José Sarney e a ex-governadora Roseana Sarney, ambos do PMDB, romperam com o PT e deram as costas para Lula da Silva. A julgar pelo contexto político em andamento no país, nada indica que será diferente.
Se Lula da Silva for inviabilizado, essa corrente certamente se mobilizará em torno do ex-governador cearense Ciro Gomes, cuja candidatura já foi sinalizada pelo PDT, podendo atrair também o PTB e outros partidos menores. Além disso, o quadro indica que a presidenciável Marina Silva (Rede) só contará mesmo o seu partido e, numa hipótese pouco considerada, com o PV, caso o deputado federal e ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, vier a deixar o partido e ingressar no PMDB, como foi ventilado há duas semanas na imprensa nacional.
Se vier a ser candidata ao Governo do Estado, Roseana Sarney terá sua candidatura atrelada ao projeto eleitoral que resultar da aliança entre PMDB e o PSDB. Essa composição ainda não definiu o nome que vai liderá-la na direção das urnas no ano que vem, mas trabalha com o senador mineiro Aécio Neves, o governador paulista Geraldo Alckmin ou quem sabe? – o prefeito paulistano João Dória Jr., todos do PSDB. A lista potencial dos candidatos dessa aliança inclui ainda nomes como o ex-prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paz (PMDB), e o próprio presidente Michel Temer, se conseguir retomar o crescimento econômico do país e não for degolado pela Justiça Eleitoral por causa de fraude e corrupção nas eleições de 2014, quando se reelegeu na chapa liderada pela agora ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Nesse caso, Roseana Sarney não só terá Lula da Silva como adversário, como também estará aliada aos tucanos, a quem sempre acusou de terem armado a Operação Lunus, que a tirou da corrida presidencial em 2002 e quase a mandou para a cadeia, acusada de se beneficiar de corrupção na Sudam. À dobradinha PMDB/PSDB se juntarão PV, PPS, DEM, PP e PRB, entre outros.
A situação do projeto que move o senador Roberto Rocha na direção do Palácio dos Leões é a mais indefinida desse quadro pré-eleitoral no Maranhão. Para começar, não é ainda rigorosamente certo que o senador permanecerá no PSB. E mesmo que ele permaneça no partido controlado pela família do ex-governador pernambucano Eduardo Campos, não é 100% garantido que terá o controle da legenda a ponto de viabilizar sua candidatura ao Governo. Isso porque na outra ponta da linha no PSB estará o deputado federal José Reinaldo Tavares, que é forte candidato ao Senado e, até onde se sabe, se movimenta com a garantia, dada pela direção partidária, de que terá o controle do partido no Maranhão.
Esse é, claro, um esboço impreciso, mas realista, do quadro que está em formação e levando em conta que a dinâmica da política pode impor alterações radicais nesse painel à medida que os fatos forem evoluindo e sofrendo desdobramentos.
PONTO & CONTRAPONTO
Andrea Murad ataca governador e Rogério Cafeteira rebate
O plenário da Assembleia Legislativa foi mais uma vez palco de um duro embate da líder do Bloco de Oposição, deputada Andrea Murad (PMDB), e o líder do Governo, deputado Rogerio Cafeteira (PSB), confirmando o prognóstico segundo o qual o clima pré-eleitoral tornará as relações mais tensas entre Situação e Oposição. Andrea Murad denunciou o que seria uma compra superfaturada de colchões hospitalares pela Secretaria de Estado de Saúde, e no embalo do ataque, alvejou mais uma vez o governador Flávio Dino, acusando-o de praticar corrupção. Jogando com preços praticados em outros estados, a deputada relacionou alguns valores que para elas são “absurdos”, o que, na sua avaliação, leva à conclusão de que o Governo praticou superfaturamento e, por dedução, corrupção.
O líder do Governo rebateu as afirmações da líder oposicionista, afirmando que suas conclusões eram equivocadas e que todas as compras feitas pelo Governo do Estado são limpas, descartando a possibilidade de ter havido desvio moral ou ético nas ações da Secretaria de Saúde.
No contraponto, Andrea Murad não avançou na denúncia, mas jogou duro contra o governador: “Eu tenho uma penca de denúncias como essas, então o rombo é grande, as denúncias são muitas e o governador da mudança, o governador da moralidade e da honestidade, o governador de todos nós que prega muito a honestidade não passa de um corrupto que fraudou as eleições do ano passado em vários municípios maranhenses”.
O líder governista rebateu dizendo que a deputada Andrea Murad teria esquecido o que aconteceu na Secretaria de Saúde quando seu pai, o então deputado Ricardo Murad, comandou a pasta. “Na tentativa de desmoralizar um governo sério, Andrea Murad extrapola os limites da razoabilidade. Eu a desafiei a provar alguma ilicitude do governador ou do secretário de Saúde. Acho que a deputada tem uma memória muito curta em relação a um passado recente da Secretaria de Saúde”.
E foi mais longe ao exigir respeito à pessoa do governador Flávio Dino, cuja honestidade é incontestável. “Gostaria que a senhora respeitasse o Governador Flávio Dino, cuja posição moral e ética está acima de qualquer suspeita”. E acrescentou pedindo respeito também ao secretário de Saúde Carlos Lula. “Eu ponho a mão no fogo pelo secretário Carlos Lula e pelo governador Flávio Dino”.
O embate travado ontem entre o líder do Governo e a líder da Oposição foi mais um indicador de que daqui para frente o enfrentamento será cada vez mais duro.
Luís Fernando resgata brilho do Lava Pratos em Ribamar
Mais de 100 mil foliões animadas por uma dezena de grupos – entre eles o Bicho Terra e Pepê Jr. -, escolas de samba e blocos tradicionais, com a segurança de 800 policiais e uma infraestrutura cuidadosamente montada para evitar problemas garantiram a 71ª edição do Carnaval do Lava Pratos na cidade balneária de São José de Ribamar, ocorrida sábado e domingo. A avaliação geral foi a de que a organização foi decisiva para que o evento carnavalesco, que encerra o período momesco no Maranhão, tenha sido um sucesso retumbante. Foi, na verdade, um resgate, depois de alguns anos em clima de decadência, como o de 2016, por exemplo. E para tanto a Prefeitura contou com o apoio do Governo do Estado.
Principal responsável pela retomada do espírito carnavalesco da Cidade do Padroeiro, tendo acompanhado de perto todos os detalhes da organização o prefeito Luis Fernando Silva (PSDB), comentou, em tom de comemoração: “Quando trabalhamos com responsabilidade pensando no melhor para a população e visitantes não tem como ser diferente. Todo o efetivo colocado no circuito da folia além das ruas garantiu aos brincantes uma brincadeira tranquila e segura”. O prefeito fez questão de parabenizar as equipes de organização e apoio, especialmente a de Saúde, que contou com profissionais e ambulâncias do Samu, a de segurança e a responsável pelas campanhas educativas.
São Luís, 06 de Março de 2017.