O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), passou o sábado em São Luís fazendo política. Ele cumpriu agenda apertada, que começou com uma entrevista coletiva, e prosseguiu com reunião com os filiados do partido, almoço com empresários com atuação política, e abonando a ficha de filiação do mais novo quadro do partido no Maranhão, o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim, que pretende controlar a agremiação no estado e se viabilizar como o seu candidato ao Governo do Estado no próximo pleito. Romeu Zema incursiona pelo País tentando viabilizar o Novo, um partido em crise, mas o seu objetivo maior é capilarizar o seu nome para se tornar a opção da direita para a corrida presidencial de 2026. E ontem, além de Lahesio Bonfim, Romeu Zema conversou com o senador Weverton Rocha (PDT), que disputou o Governo do Maranhão apoiado por forças bolsonaristas, as mesmas que o governador mineiro tenta atrair com essa incursão.
Político nascido na esteira do bolsonarismo, Romeu Zema foi ungido candidato a governador de Minas Gerais em 2018 por empresários mineiros ligados à direita nos seus mais diversos níveis. Eleito, firmou aliança com o presidente Jair Bolsonaro (então no PSL e hoje do PL), tornando-se o seu mais forte aliado e defensor, tendo sido compensado com a abertura das torneiras da União para Minas Gerais, que estava praticamente falido. Com o apoio ostensivo do Governo Bolsonaro, conseguiu colocar as finanças mineiras nos eixos, ganhou fama de bom gestor, viu crescer sua estatura política, e logo compreendendo que, como aconteceu com Sérgio Moro e Mandetta, que se assanharam vislumbrando a presidência da República, Jair Bolsonaro não lhe dará espaço. E pelo que está se vendo, ele prefere assim.
Liberal no campo econômico, como manda sua origem empresarial, Romeu Zema é conservador na política, se notabilizando pelo discurso anti-esquerda mantendo-se numa região da direita próxima ao centro, mas flertando com a direita radical, para viabilizar seu projeto de disputar a presidência da República. Tanto que preferiu se manter no Novo, partido que abriga turmas das diversas correntes da direita, tendo o cuidado de não ser identificado com a direita radical e golpista. Para ele, o Novo, mesmo mergulhado em contradições, é o melhor instrumento – pelo menos por enquanto -, para respaldar suas incursões pelos estados numa ação política ostensiva, que visa também as eleições municipais do ano que vem, quando pretende eleger prefeitos e vereadores em todos os estados.
Lahesio Bonfim foi um “achado” para Romeu Zema e para Novo. Com o lastro de segundo colocado na corrida do ano passado ao Palácio dos Leões pelo PSC, vencida em turno único pelo governador Carlos Brandão (PSB), o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes pode se tornar 0 carro-chefe maranhense do projeto presidencial do governador mineiro no Maranhão. A iniciativa do senador Weverton Rocha de recepcionar o presidenciável de Minas Gerais pode ser vista como um potencial empecilho para Lahesio Bonfim, a menos que os dois sentem à mesa.
A incursão política de Romeu Zema no Maranhão deve acender o sinal de alerta, primeiro para os aliados do presidente Lula da Silva (PT) e, segundo, para o governador Carlos Brandão, o vice-governador Felipe Camarão (PT) e os líderes da aliança partidária que dão sustentação ao Governo. Ele não se deslocou de Belo Horizonte, num dia chuvoso, para brincar de fazer política em São Luís. Seu projeto é claro: fincar as bases do seu projeto presidencial no Maranhão, independentemente de salvar ou não o Partido Novo. Será melhor para ele contar com um partido forte e com o qual se identifica do que ficar refém de legendas como o PL bolsdonarista, por exemplo.
Romeu Zema retornou a Belo Horizonte deixando Lahesio Bonfim como seu aliado e pré-candidato a governador, e o senador Weverton Rocha, se não como um aliado, pelo menos como um potencial aliado. Ou seja, viajou sem abanar as mãos.
PONTO & CONTRAPONTO
Brandão cumpre maratona para inaugurar 300 obras nos municípios
O governador Carlos Brandão tem alternado sua agenda entre compromissos em São Luís, onde despacha com secretários, concede audiências e participa de eventos; viagens a Brasília, onde trata de interesses do estado na Esplanada dos Ministérios; e no interior, onde tem cumprido uma verdadeira maratona do programa que prevê a inauguração de 300 obras nos primeiros 100 dias de Governo.
Na semana que passou, a maratona pelos municípios o levou a Tufilândia, onde entregou títulos de propriedade e a inaugurou a reforma da Câmara Municipal. Em Paulo Ramos, inaugurou a unidade da Defensoria Pública e anunciou novas obras. Brindou pessoalmente a população de Cantanhede com a implantação de um colégio militar e de um sistema simplificado de abastecimento de água. Nina Rodrigues, onde esteve acompanhado da presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), inaugurou escola reformada, ruas pavimentadas e entregou kits esportivos. Em Santa Filomena, o governador entregou uma quadra poliesportiva, a reforma do Hospital Municipal e anunciou para ali uma unidade do Viva-Procon. E na visita que fez a Governador Eugênio Barros e Senador Alexandre Costa, Carlos Brandão entregou dois sistemas de abastecimento de água e um núcleo da Defensoria Pública.
A maratona vai continuar até o final deste mês, quando viajará à China integrando a comitiva do presidente Lula da Silva (PT).
Eduardo Bolsonaro agora diz que processo de Dino é “soco no fígado”
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino já emitiu sinais claros de que não recuará da decisão de processar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) por calúnia, difamação e racismo por causa das declarações criminosas do parlamentar a respeito da visita do ministro ao Complexo da Maré, o mai9r conglomerado de favelas do Rio de Janeiro, na semana passada.
Após um evento em que foi palestrante na Fundação Getúlio Vargas, o ministro foi ao Complexo da Maré para uma reunião com representantes de ONGs que atuam no complexo e líderes de organização da própria região.
Numa atitude tresloucada, o deputado federal Eduardo Bolsonaro foi às redes sociais afirmar que o ministro foi à favela sem escolta, para se reunir com chefes do tráfico, o que, segundo suas conclusões, Flávio Dino teria relações com traficantes.
Não deu outra: a visita do ministro ao Complexo da Maré foi toda documentada. Ele chegou ali acompanhado por seguranças da Polícia Federal, tendo essa escolta sido reforçada por duas viaturas da PM fluminense. E todos os seus interlocutores na reunião são militantes conhecidos das causas sociais do Rio de Janeiro.
Diante da flagrante e inconsequente mentira inventada pelo deputado Eduardo Bolsonaro, o ministro Flávio Dino não pensou duas vezes: vai processá-lo, o que pode resultar até em quatro anos de cadeia, independentemente de ele ser um parlamentar federal.
Ciente de que mais uma vez pisou na bola, o deputado Eduardo Bolsonaro tenta agora minimizar a própria atitude e afirma que o processo anunciado pelo ministro da Justiça é “um soco no fígado”.
Pensasse nisso antes de falar bobagem.
São Luís, 19 de Março de 2023.