Vídeo de deputados apoiando Brandão revela o racha na Assembleia na corrida sucessória

 

De cores partidárias diferentes, Rafael Leitoa, Arnaldo Melo, Thaíza Hortegal, Adelmo Soares, Duarte Jr. e Ariston Ribeiro declaram apoio ao pleito de Carlos Brandão

O vídeo gravado pelos deputados Rafael Leitoa (PDT), Arnaldo Melo (MDB), Thaiza Hortegal (PP), Duarte Jr. (PSB), Adelmo Soares (PCdoB) e Ariston Ribeiro (Avante) em apoio à pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão (PSDB) ao Governo do Estado, causando larga repercussão nos bastidores da corrida sucessória, dá bem a dimensão do racha partidário que vem movimentando as peças envolvidas no tabuleiro da política estadual. São cinco parlamentares de partidos diferentes e divididos entre duas candidaturas, diretamente engajados no projeto de candidatura do vice-governador, que na verdade concorrerá à reeleição, já que encarará as urnas na condição de governador titular, uma vez que o governador Flavio Dino (PSB) se desincompatibilizará em Abril para disputar uma cadeira no Senado.

É surpreendente que o deputado Rafael Leitoa, do PDT, declare apoio ao vice-governador Carlos Brandão, que pé tucano, e não ao pré-candidato do seu partido, senador Weverton Rocha, presidente do PDT. A posição de Rafael Leitoa tem uma explicação forte. Forjado na militância do PDT desde quando cursava engenharia civil, Rafael Leitoa foi presidente da Juventude do PDT, integrando o núcleo próximo líder maior do partido, Jackson Lago. Na sua base, Timon, seguia a liderança do ex-prefeito Chico Leitoa, mas entrou em confronto com ele e o herdeiro, Luciano Leitoa, que perdeu o controle do PSB para o governador Flávio Dino e se aliou ao pedetista Weverton Rocha. Rafael Leitoa, que é dinista, discordou e rompeu Chico Leitoa e Luciano Leitoa. Seu apoio a Carlos Brandão atinge a liderança de Weverton Rocha no PDT.

A participação do deputado Arnaldo Melo no vídeo passa a ideia de que o MDB está sem comando. Político de larga experiência, tendo presidido a Assembleia Legislativa por dois mandatos, Arnaldo Melo se posiciona no momento em que a presidente do MDB, Roseana Sarney, manda fazer uma pesquisa para, com base nos números, decidir se será ou não candidata ao Governo do Estado. O movimento de Arnaldo Melo pró-Carlos Brandão revela que a ex-governadora ainda não acertou o passo no comando do partido, situação que fica clara quando se sabe, por exemplo, que o deputado estadual Roberto Costa, vice-presidente do MDB, está alinhado à candidatura do senador Weverton Rocha, e outras vozes do MDB querem uma aliança com o PSD em torno da candidatura do ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr.. No MDB, além de Arnaldo Melo, Carlos Brandão conta com a deputada Socorro Waquim.

O posicionamento da deputada Thaíza Hortegal (PP) vem do rompimento político com o prefeito de Pinheiro, Luciano Genésio (PP), motivado pelo fim do casamento. Com o aval do presidente nacional do PP, deputado federal André Fufuca, Luciano Genésio declarou apoio ao pré-candidato pedetista Weverton Rocha, reforçando a aliança com a vice-prefeita Ana Paula Lobato, que controla o PDT na “Rainha da Baixada”, tendo o aval do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), o principal avalista da candidatura de Weverton Rocha.

Agora no PSB sob o comando direto do governador Flávio Dino, o deputado Duarte Jr. segue caminho natural ao apoiar Carlos Brandão. Primeiro porque na disputa para a Prefeitura de São Luís recebeu o apoio ostensivo do vice-governador, então comandante ao Republicanos. E segundo, porque tem como adversário o senador Weverton Rocha, que jogou pesado pera tirá-lo do páreo comandando as forças de apoio à candidatura do deputado estadual Neto Evangelista (DEM) no primeiro turno, e apoiando a Eduardo Braide (Podemos), na segunda volta. Duarte Jr. será um dos mais ativos aliados do vice-governador.

A declaração de apoio do deputado Adelmo Soares ao vice-governador Carlos Brandão reflete fortemente o racha da bancada do PCdoB na Assembleia Legislativa. Ali, além dele, estão com o vice-governador a deputada Ana do Gás e o deputado Carlinhos Florêncio, fazendo contraponto ao presidente Othelino Neto, que é o principal articulador e avalista da pré-candidatura de Weverton Rocha, e ao deputado Marco Aurélio, que recebeu o apoio do senador pedetistas na corrida à prefeitura de Imperatriz. Esses posicionamentos se antecipam à definição oficial do partido, que anda não declarou apoio formal a nenhum dos candidatos, embora a tendência esboçada seja no sentido de apoiar o vice-governador.

O apoio do deputado Ariston Ribeiro ao vice-governador Carlos Brandão segue a tendência do Avante, que no Maranhão é controlado pelo prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (PMN), que rompeu com o PDT. Ariston Ribeiro integra a base de apoio do Governo na Assembleia Legislativa e cultiva aliança política de outros tempos com o vice-governador Carlos Brandão. O apoio de Ariston Ribeiro ao tucano é indicativo de que representa o grupo liderado por Hilton Gonçalo, do qual faz parte a prefeita de Bacabeira, Fernanda Gonçalo (PMN).

O posicionamento desses parlamentares desenha o mosaico partidário dos deputados estaduais em relação aos pré-candidatos ao Governo do Estado. A divisão é tão forte que o único deputado do PSDB na Casa, Wellington do Curso, não participou da gravação.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Fim das coligações proporcionais vai depurar o quadro partidário nacional

Com o fim das coligações, esse quadro partidário poderá ser drasticamente reduzido

A confirmação do fim das coligações partidárias para eleições proporcionais (vereador, deputado estadual e deputado federal) representa um sopro modernizador na vida partidária brasileira. Para começar, abre caminho para o enxugamento do quadro partidário nacional, tirando de circulação partidos nanicos e de aluguel, e possibilitando a formação de partidos fortes, com perfil ideológico, suporte doutrinário e motivação programática, o que não acontece atualmente. As coligações proporcionais permitiam que esses nanicos de aluguel se agregassem a legendas consolidadas, vendendo espaços no rádio e na TV e “contribuindo” para que a soma de votos engordasse algumas candidaturas de viabilidade frágil. Com a mudança, a tendência é a de que as eleições vindouras façam a depuração necessária, para que o Brasil volte a ter partidos política e ideologicamente bem definidos e cujos programas sejam, de fato, a motivação que leve o eleitorado às urnas.

 

Nova pesquisa com avanço de Lula anima PT e PDT no Maranhão

Pesquisa aponta Lula da Silva demolindo Jair Bolsonaro na corrida ao Planalto

A pesquisa do Ipec – empresa formada por executivos que integravam o Ibope – sobre a sucessão presidencial, apontando o ex-presidente Lula da Silva (PT) com quase metade das intenções de voto, seguido do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com metade do seu percentual e o ex-governador do Ceará Ciro Gomes com menos de uma dezena aumentou o otimismo dos petistas maranhenses com a possibilidade de o partido voltar ao poder em 2022. E curiosamente animou também líderes do PDT maranhense, que torcem para que o partido abra mão de uma pré-candidatura que não decola e construa uma aliança com o PT em torno de Lula da Silva. Se tal reengenharia acontecer, o grande beneficiado poderá ser o senador Weverton Rocha, que passará a ter a possibilidade concreta de ter o apoio do ex-presidente na corrida ao Governo do Estado.

São Luís, 24 de Setembro de 2021.

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