Torpedos da Lava Jato causam grandes estragos nos principais centros de comando político do Maranhão

 

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Flávio Dino, Edison Lobão, Weverton Rocha e José Reinaldo terão de administrar estragos feitos por denúncias feitas pela Lava Jato nos seus grupos partidários

A Operação Lava Jato, cuja etapa mais recente e mais bombástica é a “Lista do Fachin”, e outras denúncias, alcançaram e tiraram de tempo alguns grupos políticos do Maranhão, especialmente os mais poderosos e influentes e que no momento travam uma guerra sem trégua pelo poder. À exceção se siglas como PV, PTB, DEM e outros com boa projeção e da  esquerda radical, formada por partidos como PSOL, PSTU e PCB, que praticamente não existem no conjunto das forças políticas, a maioria dos partidos de peso e grupos encontram-se sob o fogo cerrado das denúncias, com suas lideranças direta ou indiretamente atingidas pelo impacto das suspeitas de desvios e malfeitos. O PCdoB, que está no poder e que durante muito tempo teve como argumento forte o fato de não ter nenhum líder maranhense envolvido em desmandos, foi agora alcançado pela denúncia segundo a qual o seu líder maior, o governador Flávio Dino, que teria sido ajudado pela Odebrecht, pela via do caixa 2, na campanha eleitoral de 2010, o que ele nega. E o PMDB, seu principal adversário, com o senador e ex-ministro Edison Lobão, em situação gravíssima, e o seu maior símbolo, o ex-presidente José Sarney, alvos de investigações Os embates que virão com a campanha para as eleições de 2018, quando essas acusações serão levadas a extremos.

A repercussão da denúncia de que Flávio Dino teria recebido dinheiro de caixa 2 da Odebrecht em 2010 vai muito além do dele próprio, gerando apreensão em todos os envolvidos no projeto de poder que começou a ganhar forma em 2010, se viabilizou nas urnas em 2014 e até aqui tem caminhado com visível segurança para ser definitivamente referendado nas urnas no ano que vem. A reação do governador à denúncia sinalizou que o petardo incomodou, mas que a confiança no futuro do projeto não foi abalada. As explicações e os esclarecimentos iniciais, se não satisfizeram inteiramente à opinião pública, funcionaram para quebrar o impacto da pancada, deixando no ar clara impressão de que o governador e seu projeto político não foram feridos de morte, ainda que no desdobramento venha a sofrer algum desgaste, o que até aqui parece improvável.

O PMDB maranhense encontra-se numa grande enrascada, principalmente por causada do senador, ex-governador e ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão, que está entre os que respondem por mais denúncias, todas elas bombásticas, exatamente por envolver muito dinheiro sujo, o que faz deles um dos réus que dificilmente escaparão da mão pesada na Justiça. A situação de Lobão certamente criará embaraços ao PMDB na corrida ao voto. O senador não foi abandonado pela cúpula do PMDB do Maranhão, é verdade, mas é visível que há um esforço em andamento para evitar que os problemas que ele enfrenta sejam misturados com o braço maranhense do partido. É opinião geral que se Lobão cair, Lobão Filho terá drasticamente reduzidas as suas chances de dar novo passo na política, como vem ameaçando. A preocupação dominante no PMDB é que em parte das denúncias feitas até agora ele aparece como integrante de um esquema criminoso que forrou o caixa pemedebista durante as últimas campanhas eleitorais, e nesse contexto o braço maranhense pode ser duramente atingido. Um exemplo foi a primeira denúncia, feita pelo operador do esquema de desvio na Petrobras, Paulo Roberto Costa, que disse ter autorizado a entrega, pelo doleiro Alberto Yusseff, de R$ 1 milhão à então governadora Roseana Sarney para ajudar na sua reeleição em 2010. A confusão só não foi em frente porque o doleiro disse não se lembrar do caso, o que resultou no arquivamento do caso. A situação de Edison Lobão ainda pode causar estragos no PMDB do Maranhão.

No PDT, a situação era tranquila e animada até a chegada ao Supremo Tribunal Federal (STF) da denúncia que transformou em réu a sua maior estrela, o deputado federal Weverton Rocha, que além de liderar a bancada federal do partido, caminha como a figura mais ativa na disputa para a uma cadeira no Senado. Ele argumenta que o assunto é velho – as suspeitas de desvio nas obras de reforma do Ginásio Costa Rodrigues, no Governo do líder pedetista Jackson Lago – e que ao longo do processo mostrará sua inocência. Sabe que se não o fizer, sua surpreendente e promissora carreira poderá ser interrompida por um implacável ponto final.

Na outra ponta da linha, o PSB, que já tem alguns graúdos se debatendo no atoleiro, mas que no Maranhão vinha navegando em céu de brigadeiro, vê sua trajetória agora ameaçada de rasura com a denúncia envolvendo o deputado federal e ex-governador José Reinaldo Tavares, um dos nomes fortes na próxima disputa ao Senado. Ele foi denunciado por suposta má conduta do procurador geral do Estado no seu Governo, Ulisses Martins, que teria feito proposta indecente à Odebrecht. Pelo tom da sua reação, o ex-governador, que parecia totalmente recuperado da cinematográfica prisão na Operação Navalha (2007), parece seguro do que diz, indicando que poderá dar mais uma volta por cima elegendo-se senador.

Por enquanto é esse o cenário, que poderá ser agravado com novas revelações da Operação Lava Jato, que tem ainda guardadas delações da OAS, Andrade Gutierrez e outros pesos pesados da construção civil e outros segmentos.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Reações à “Lista de Fachin” mostraram coerência e degradação das relações dentro dos partidos

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Andrea Murad atacou Flávio Dino e esqueceu Edison lobão; Rogério Cafeteira: defendeu o governador e esqueceu José Reinaldo

Além do impacto político que causou no Maranhão, a “Lista do Fachin” produziu uma situação que vale a pena ser registrada. Trata-se da reação de aliados à caminhada dos denunciados em direção ao inferno político, social e moral. Houve caso de posicionamento de partidários e aliados, como também se evidenciou completa omissão de membros de partido em relação a membro da agremiação. E finalmente houve bancada que se mobilizou para atacar violentamente adversário citado, mas nenhum dos seus membros deu um pio em relação a colega de partido denunciado. Um episódio que revela a completa degradação das relações dentro dos partidos, respeitadas as exceções.

O PCdoB agiu como partido diante da denúncia que atingiu o governador Flávio Dino em defesa de quem seus deputados e aliados saíram em bloco. Os deputados da base governista ocuparam a tribuna da Assembleia Legislativa para rebatar os ataques da Oposição e para criticar a inclusão do nome do chefe do Poder Executivo na “Lista do Fachin”. Foi uma reação que levou à tribuna os deputados Othelino Filho e Marco Aurélio, do PCdoB, e Rogério Cafeteira e Bira do Pindaré, do PSB, que fizerem contundentes pronunciamentos afirmando contraditando a denúncia e afirmando a integridade pessoal e política de Flávio Dino.

Por outro lado, os deputados socialistas Rogério Cafeteira e Bira do Pindaré, que formam a bancada do PSB no Legislativo estadual, não fizeram qualquer referência à situação do deputado federal José Reinaldo Tavares (PSB), que entrou na lista por tabela, sem acusação direta a ele próprio, caso que também não motivou o senador Roberto Rocha (PSB) a fazer algum comentário a respeito da inclusão do ex-governador na lista.

O Bloco de Oposição se manifestou através dos deputados Andrea Murad (PMDB), Adriano Sarney (PV) e Souza Neto (PROS) se mobilizaram e dispararam chumbo grosso contra o governador Flávio Dino. Mas, surpreendentemente, os três ignoraram solenemente a situação dramática do senador pemedebista Edison Lobão, que é chefe de proa no Grupo Sarney, que não mereceu uma só frase de solidariedade. O grupo parlamentar também fez de conta que não tem conhecimento da existência política do deputado federal José Reinaldo Tavares.

“Lista” deve adiar decisão sobre o PSDB no Maranhão

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Carlos Brandáo ganha tempo com a crise das delações da Lava Jasto

A devastadora “Lista do Fachin” contribuiu para retardar uma tomada de posição da direção nacional do PSDB em relação ao braço maranhense do partido, que está em crise, apesar das aparências. Explica-se: a direção nacional caminhava para tomar uma decisão em relação à permanência ou não do vice-governador Carlos Brandão no comando do partido. O canhão disparado contra o senador Aécio Neves, José Serra, Geraldo Alckmin, Aluízio Nunes. Presidente nacional dos tucanos, Aécio Neves, que apenas por causa de rumores vinha jogando o problema maranhense para frente, deve adiará todas as decisões do partido, o que certamente causará mais desgastes nas relações internas do PSDB maranhense, hoje dividido em vários grupos. E nesse contexto de indefinições, o presidente Carlos Brandão, que está sofrendo pressões de grupos que contrário à sua liderança, vai ganhando tempo e procurando alternativas para permanecer no comando do ninho maranhense.

São Luís, 13 de Abril de 2017.

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