O candidato governista ao Palácio dos Leões em 2022 será um nome do grupo. “Não há (candidato escolhido), mas há pré-candidatos, pessoas que legitimamente sonham, articulam”. Foi como o governador Flávio Dino (PCdoB) rascunhou a corrida à sua sucessão, em entrevista ao sítio Metrópoles, ontem, em Brasília. Na conversa, que durou 35 minutos e versou basicamente sobre política, com foco mais forte na corrida presidencial e nas relações do Governo do Estado com o Governo Bolsonaro, o governador foi perguntado acerca da disputa pelo Governo do Estado. Sua resposta soltou qualquer pista sobre nomes, mas sinalizou com clareza que o candidato o nome que vier a se viabilizar. “Nós temos muitos bons quadros, que podem disputar e vencer as eleições municipais e também a eleição estadual”, declarou o governador, para em seguida acrescentar: “Nós temos hoje um time que se renova cada vez mais no nosso estado. E desse conjunto nós vamos, com certeza, garantir a continuidade desse projeto de Governo transformador”.
Com suas declarações, o governador Flávio Dino reafirmou sua posição de líder aberto, que não inibe o surgimento de aspirantes à sua sucessão nem condiciona a escolha a um nome do seu partido nem de agremiações de esquerda. “Nós não consideramos que um partido sozinho tenha a capacidade de decidir sozinho os destinos de uma sociedade. Isso vale para o Brasil e para o Maranhão”. Ou seja, o caminho da sucessão estadual está aberto a qualquer nome que se viabilizar na aliança de 16 partidos que liderou nas eleições de 2018 e que pretende manter para as eleições municipais do ano que vem e as eleições gerais de 2022. A chave para alcançar a condição de candidato será abraçar o projeto de governo transformador na perspectiva das políticas sociais, “que é o núcleo da nossa preocupação de Governo”.
A julgar pelas indicações ainda dadas durante a entrevista, o governador Flávio Dino estimula que os partidos que formam a aliança que lidera devem jogar pesado na corrida por prefeituras no ano que vem, lançando candidatos “os mais unificados possíveis”, levando em conta as “especificidades” e a realidade de cada município. Isso significa dizer que o governador aposta alto num bom desempenho do grupo nas eleições municipais e que o resultado mantenha o campo unido em 2022. Flávio Dino não deu a medida do seu envolvimento direto na escolha de candidatos, mas deixou claro que vai atuar fortemente para que o nome que o substituirá no Palácio dos Leões saia do consenso da aliança que lidera. “Nosso partido sempre conduziu esse espírito de aliança com muita firme e muita nitidez, no caso do nosso estado. E obtivemos sucessivos êxitos”, assinalou, referindo-se às eleições de 2014, quando foi eleito, e de 2018, que marcou a sua reeleição já no primeiro turno.
No contexto rascunhado pelo governador Flávio Dino na entrevista ao Metrópoles, todos os nomes do seu grupo partidário que se movimentam de olho no Palácio dos Leões estão no jogo. Os mais destacados até aqui são o vice-governador Carlos Brandão (PRB), que vem realizado um bem azeitado roteiro de articulações na classe política, o senador Weverton Rocha (PDT), que se movimenta de modo ostensivo, sem deixar qualquer dúvida de que seu objetivo é chegar ao Palácio dos Leões, e também o prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. (PDT), que deve deixar o cargo bem avaliado. Há também nomes como o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), que corre por fora com um projeto pessoal, descolado do grupo.
Nas suas declarações, o governador Flávio Dino reafirmou sua crença na política de alianças, mostrando que numa realidade democrática os contrários podem se juntar. E que a definição do candidato à sua sucessão deve ser o resultado de uma ampla e bem articulada equação política.
PONTO & CONTRAPONTO
Yglésio Moyses critica Eduardo Braide ensaiando confronto na corrida à Prefeitura
Ao criticar o deputado federal Eduardo Braide (Podemos) pela redação da lei que criou o Fundo Estadual de Combate ao Câncer, dando-lhe um caráter apenas o preventivo, quando falta recursos para procedimentos curativos, o deputado Yglésio Moyses (PDT) abriu duas frentes. A primeira foi a crítica em si, que fez com autoridade de médico e sabe o que diz nessa seara. E a segunda foi como pré-candidato à prefeito de São Luís, projeto que pretende consolidar para ser o principal adversário de Eduardo Braide, que hoje lidera a corrida com larga vantagem, segundo todas as pesquisas feitas até aqui. Revelado como um dos mais ativos e preparados quadros da atual Assembleia Legislativa, com domínio pleno da palavra e uma gama surpreendente de conhecimentos, o deputado do PDT tem se mostrado “bom de briga” e está determinado a mostrar seu preparado no debate direto com o candidato do Podemos durante a campanha para o Palácio de la Ravardière. E quando o assunto é saúde, o deputado Yglésio Moyses vai longe, mostrando um conhecimento abrangente nos mais diferentes enfoques, o que o torna um oponente difícil de enfrentar num confronto verbal direto. A estratégia de provocar Eduardo Braide com a crítica à redação da lei que lastreia o Fundo Estadual de Combate ao Câncer é um indicador do que poderá acontecer durante o embate eleitoral do ano que vem.
Eliziane Gama diz que atitude de Jair Bolsonaro é “revanchismo juvenil”
A senadora Eliziane Gama (Cidadania) se mantém coerente com o discurso que a levou à Câmara Alta. Ela permanece rigorosamente colocada em Oposição ao Governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), faz duras críticas às intempéries presidenciais, não poupa de bordoadas verbais medidas que considera inadequadas e não costuma fazer concessões aos apelos governistas em relação a votações. Ontem, por exemplo, a senadora usou suas redes sociais para classificar de “guerra ideológica” e “revanchismo juvenil” a decisão do presidente da República de mudar o nome de duas dezenas de usinas termelétricas do sistema Petrobras. Numa iniciativa sem pé nem cabeça, movida pelo simples ranço ideológico, Jair Bolsonaro que usinas que homenageavam figuras históricas como Leonel Brizola, Luiz Carlos Prestes, Mario Lago, Barbosa Lima Sobrinho, Aureliano Chaves, Fernando Gasparian, Celso Furtado, Euzébio Rocha, Jesus Soares Pereira e Rômulo Almeida, passem a ser identificadas com os nomes das suas regiões. Até o líder indígena Sepé Tiaraju (1723-1756), reconhecido como herói por haver defendido os povos das Missões, no Rio Grande do Sul, e cujo processo de canonização tramita no Vaticano, escapou da censura bolsonariana.
– Temos um exército de desempregados e outro de desalentados, muitas ações na ordem do dia para que o Brasil volte aos trilhos do crescimento, sem sombra de dúvidas mudar nome de termelétricas alimentando guerra ideológica e revanchismo juvenil não ajudará em absolutamente nada – criticou. E anunciou que buscará meios legais de impedir que ações como estas “sejam evitadas no futuro, que intervenções desta forma sejam proibidas e que a atual medida seja revogada”, sob o argumento maior de que “alimentar essa guerra ideológica não deve ser o foco da administração pública”.
São Luís, 10 de Outubro de 2019.