PDT, PSB e Solidariedade caminham para formar uma federação para as eleições municipais de 2024. Ontem, a cúpula do PSB se reuniu e aprovou a proposta, que a partir de agora, deve ser amadurecida com uma longa e cuidadosa negociação entre os líderes dessas agremiações, de modo que as lideranças intermediárias e a base de cada um desses partidos fiquem sabendo exatamente o que está acontecendo. Se for criada, a federação juntando os três partidos será uma respeitável força política, com 31 deputados federais, formando a quarta maior bancada da Câmara Baixa. No Maranhão, a federação PDT/PSB/SD terá dois deputados federais (Duarte Jr. – PSB e Márcio Honaiser – PDT) e dois senadores (Ana Paula Lobato – PSB e Weverton Rocha – PDT), com o diferencial de que o PSB terá o governador (Carlos Brandão) e o ministro da Justiça, Flávio Dino, que é senador licenciado.
Por mais que as cúpulas nacionais desses partidos tenham boa vontade, como estão demonstrando, essa federação, para existir de fato, terá de ser produto de uma longa e paciente negociação. A paciência e a duração terão de pautar, em dosagem bem mais forte, as conversas no Maranhão, onde, nesse exato momento, esses partidos estão posicionados em campos diferentes, mas com a diferença de que o PSB tem muito mais poder de fogo do que o PDT e o SD. O PSB tem um senador, um deputado federal e 11 deputados estaduais, enquanto o PDT tem um senador, um deputado federal e quatro deputados estaduais. O Solidariedade não tem nada e encontra-se à beira da extinção no estado.
Para que possa existir no Maranhão, a federação PSB/PDT/SD terá de ser cuidadosamente negociada numa mesa formada pelo governador Carlos Brandão, atualmente sua liderança maior no estado, embora o partido seja presidido pelo ex-deputado federal Bira do Pindaré – e pelo senador pelo senador Weverton Rocha, que preside com mão de ferro o braço maranhense do PDT. E ninguém sabe ainda quem falará em nome do Solidariedade, porque o partido já não é presidido pelo ex-suplente de deputado federal Simplício Araújo, que começou sua campanha ao Governo do Estado com um discurso de centro-esquerda e terminou como um bolsonarista assumido e roxo.
E mesmo que a federação venha a ser formada visando apenas as eleições municipais de 2024, ninguém duvida de que o seu foco principal será a corrida eleitoral de 2026, quando, além do Governo do Estado, haverá eleição para duas vagas no Senado. O senador Weverton Rocha tem de optar entre tentar a renovação do mandato ou arriscar tudo e disputar o Governo do Estado, muito provavelmente com o candidato do PT, Felipe Camarão, que na época será governador do Estado. O governador Carlos Brandão, por sua vez, disputará uma cadeira no Senado, muito provavelmente a do senador Weverton Rocha.
A força política e eleitoral que cada candidato majoritário terá em 2024 será conhecida quando as urnas de 2024 forem abertas e se saiba os campos onde estarão posicionados os prefeitos eleitos e reeleitos.
Se vier a ser concretizada, a federação PSB/PDT/SD será uma construção desafiadora no Maranhão.
Em Tempo: Faz-se uma federação quando dois ou mais partidos políticos se juntam para disputar uma eleição. Diferentemente da coligação, que acaba quando o resultado da eleição é proclamado, a federação manterá os partidos juntos, funcionando como um só partido, durante o tempo em que durar o mandato disputado. O processo é garantido pela Lei nº 14.208/21.
PONTO & CONTRAPONTO
Com articulação de Roberto Costa, MDB mantém aliança com Brandão e pode ter Cléber Verde
Com um deputado federal (Roseana Sarney, que preside o partido no estado) e dois deputados estaduais, Roberto Costa (vice-presidente) e Ricardo Arruda, um pequeno grupo de prefeitos, e agora com um aliado no Palácio dos Leões e um potencial aliado na presidência da República, o braço maranhense do MDB vai aos poucos se reencontrando os caminhos que levam ao poder. Agora mesmo, o partido começa a montar suas estratégias para as eleições municipais, sendo uma delas integrar a aliança liderada pelo governador Carlos Brandão. De acordo com o deputado Roberto Costa, que é o principal articulador do partido, que se desdobra para fortalecer a legenda emedebista, onde houver possibilidade, o MDB participará da corrida com candidatos a prefeitos, a vice-prefeito e a vereador. Vale registrar, que, mesmo não tendo hoje uma representação expressiva, o MDB ainda é um partido bem estruturado, com ampla ramificação municipal, com diretórios organizados em pelo menos uma centena de municípios, principalmente os mais populosos. É o resultado dos esforços do ex-senador João Alberto, com quem Roberto Costa aprendeu a primar pela organização partidária. O entusiasmo do parlamentar com a participação do MDB na base de apoio do governador Carlos Brandão é um indicativo de que o partido tem chance de avançar nas eleições municipais, principalmente se tiver o deputado federal Cléber Verde – ainda no Republicanos, que lhe foi tirado – nos seus quadros, como está sendo desenhado.
Claudia Coutinho mostra bom nível no discurso e habilidade na política
A deputada Cláudia Coutinho (PDT) vem dando seguidas demonstrações de que está se encontrando na atividade parlamentar. Lúcida, esclarecida e com o discurso embasado e equilibrado, a parlamentar – que deixou a função de primeira-dama de Matões para representar o Grupo Coutinho na política estadual – foi de novo precisa e consistente ontem, quando falou dos resultados das manifestações pelo Dia Internacional da Mulher.
Na sua fala, a parlamentar destacou: “Avançamos muito, realmente, avançamos muito. Temos muito o que comemorar, pois avançamos no campo do trabalho, avançamos no Direito, onde cito duas leis presenteadas neste mês pelo nosso presidente da República, Lula, que foi a ‘lei da laqueadura’ e a ‘lei da igualdade salarial’”.
E com visível urbanidade política, num trabalho de construção de pontes, a deputada pedetista foi além, apontando os espaços alcançados pela mulher na seara política: “Cito como exemplo essa grande mulher, a deputada Iracema Vale, alçada ao comando dessa Casa. E cito essa grande bancada feminina que hoje temos na Assembleia Legislativa do Maranhão”.
Cláudia Coutinho mostra também consciência de que ainda há um longo caminho para que a mulher alcance a plenitude dos seus direitos e da sua segurança. E na sua visão, o desafio está no combate à violência doméstica: “Essa violência está caracterizada em violência psicológica, em violência física, em violência patrimonial e muitas dessas violências levam à morte das nossas mulheres. Há mortes por motivos banais, por ciúme, por machismo. Infelizmente, em pleno século XXI, no nosso Brasil ainda há um índice muito grande de feminicídio”.
A julgar pelo nível das suas abordagens e pela lógica política que a move, a deputada Claudia Coutinho tem horizonte amplo na vida parlamentar.
São Luís, 10 de Março de 2023.