Mesmo em meio ao impacto violento e de consequências imprevisíveis da chegada da pandemia do coronavírus ao Brasil, o tabuleiro político-partidário nacional continua em movimento, ainda que discretamente, de olho nas eleições municipais de Outubro, que serão mesmo realizadas, segundo avisou ontem a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, contrariando alguns movimentos que objetivam vê-las adiadas. No Maranhão, a mais nítida evidência de que os grupos partidários não estão de quarentena e vão agir dentro do prazo para mudança de partido – que termina amanhã – foi a migração da ex-prefeita de Lago de Pedra e ex-candidata ao Governo do Estado Maura Jorge do PSL, que rompeu com o presidente Jair Bolsonaro, para o PSDB, comandado no estado pelo senador Roberto Rocha, hoje um dos mais fiéis aliados do presidente da República.
A conversão de Maura Jorge à banda tucana bolsonarista não surpreende. Ela fez um movimento lógico e previsível, já que continua fidelíssima ao presidente da República e não poderia continuar no PSL, um partido rachado e hoje com a maior parte dos seus quadros se mantendo aliada do presidente Jorge Bivar. Ao optar por ingressar no PSDB, pelo qual deve tentar voltar à prefeitura de Lago da Pedra, à frente da qual poderá ter uma atuação política mais forte em 2022. Maura Jorge se afastou da banda maranhense do PSL ligada ao presidente Chico Carvalho, que depois de 20 anos no comando da legenda, decidiu corajosamente manter-se alinhado ao grupo do partido que rompeu com Jair Bolsonaro. E deverá permanecer no PSDB até que o presidente e seu grupo consigam registrar o Aliança Brasil, ao qual deverá se filiar tão logo seja possível.
Ao atrair Maura Jorge para o ninho dos tucanos, o senador Roberto Rocha dá uma demonstração de que não está de braços cruzados e se movimenta intensamente à procura de aliados com os quais possa formar uma base que lhe dê suporte para entrar na briga de 2022 como candidato ao Governo do Estado ou à vaga que ele próprio ocupa Senado. Sua grande cartada, que era firmar uma aliança com o deputado federal Carlos Braide (Podemos) em São Luís, e assim garantir o seu apoio para o seu projeto de disputar o Governo do Estado, não funcionou. Eduardo Braide preferiu abrir mão do apoio do PSDB, que ficaria com a vaga de vice, obrigando Roberto Rocha a declarar apoio à candidatura do deputado estadual tucano Wellington do Curso.
Apontado por muitos como politicamente controvertido, o senador Roberto Rocha é, porém, um político inteligente, especializado em sobrevivência. Saiu do PFL, expoente da direita liberal, e chegou ao PSB, pelo qual se elegeu vice-prefeito de São Luís numa aliança com o PTC, então o partido de Edivaldo Holanda Júnior, e ainda empunhando a bandeira do socialismo, elegeu-se senador na onda que levou Flávio Dino ao poder em 2014, para romper com o governador pouco depois. Pressionado dentro do PSB, jogou cartada arrojada, migrou de volta para o PSDB e tomou o partido do vice-governador Carlos Brandão, que foi obrigado migrar para o PRB. Agora, sem espaço nos grupos que dão suporte ao governador Flávio Dino, tenta se viabilizar como a grande voz da Oposição no Maranhão.
Ao reforçar o PSDB com a ex-prefeita Maura Jorge, o senador Roberto Rocha confirma, de maneira clara e indiscutível, que está determinado a fortalecer o seu alinhamento ao bolsonarismo, tornando-se, assim, seu principal porta-voz no estado, apostando que com essa bandeira possa eleger uma base de prefeitos e vereadores, com a qual espera contar em 2022. E a julgar pelo entusiasmo com que recebeu Maura Jorge no ninho tucano, Roberto Rocha parece disposto a embalar seu projeto majoritário para 2022, como quem está decidido a pagar para ver.
PONTO & CONTRAPONTO
Edivaldo Holanda Jr. entra de vez na guerra e amplia benefícios para famílias vulneráveis
O prefeito Edivaldo Holanda Junior (PDT) entrou de vez na luta para dar o suporte possível aos milhares de ludovicenses cuja situação de vulnerabilidade certamente será agravada com a expansão da epidemia do novo coronavírus em São Luís. Ontem, ele lançou um pacote de ações que inclui, por exemplo, auxílio-renda para as 70 mil famílias cadastradas no programa Bolsa Família na Capital, com o que poderá garantir a segurança alimentar dessa faixa vulnerável da população.
O auxílio-renda, no valor de R$ 40,00, será pago por dois meses, complementando a renda das mais de 12 mil famílias em situação de extrema pobreza, que são aquelas cuja renda mensal é de até R$ 89,00. A ação de segurança alimentar beneficiará famílias cadastradas no Bolsa Família, tenham crianças de 0 a 3 anos na composição familiar ou que sejam chefiadas por mulheres.
As demais 58 mil famílias cadastradas no Bolsa Família que não estão dentro da faixa de extrema pobreza receberão alimentos por meio do Programa Peixe Solidário, que distribuirá 140 toneladas de pescados, ou do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Quem for beneficiado pelo PAA receberá cestas de alimentos comprados dos pequenos produtores rurais da zona rural de São Luís. A identificação das famílias vulneráveis será feita por equipes de assistência social, que lhe informarão sobre os benefícios, orientando-as sobre como devem proceder para receber o benefício.
Essa assistência, somada aos benefícios a serem concedidos pelo Governo do Estado e pelo Governo Federal, garantirá alimentos às famílias em situação de vulnerabilidade, com um dado positivo a mais: o prefeito Edivaldo Holanda Júnior também anunciou que as famílias de pequenos produtores rurais que tenham renda assegurada durante o período de pandemia com a aquisição dos seus produtos pela Prefeitura da Capital.
MDB pode ter candidato próprio São Luís ou se aliar ao PV ou ao Podemos
O deputado Adriano Sarney (PV) está trabalhando na surdina para atrair o MDB para o seu projeto de candidatura à Prefeitura de São Luís. Ele já conversou informalmente sobre o assunto com o presidente emedebista, João Alberto, acha difícil essa aliança, mas tem deixado claro que tudo é possível, incluindo nesse leque de perspectivas o lançamento de candidato próprio ou partir para uma aliança, que pode ser com o candidato do PV ou com Eduardo Braide (Podemos) ou com Adriano Sarney. O deputado já teria sinalizado que quer o apoio do MDB e já teria ido à sede emedebista, para conversar com a cúpula do partido. Falta Adriano Sarney convencer primeiro o deputado Roberto Costa, que Mas, independentemente de como irá para as eleições, uma decisão já está tomada: lançar uma chapa forte de candidatos à Câmara Municipal.
São Luís, 02 de Abril de 2020.