Roberto Rocha ignora que o PTB tem candidato a presidente e apoia Bolsonaro sem declarar

 

Roberto Rocha ignora Padre Kelmon e apoia Jair Bolsonaro

No Brasil, como em qualquer país movido pela democracia representativa, na qual o chefe do Poder Executivo e os integrantes das casas legislativas, como o Senado, por exemplo, são escolhidos pelo voto direto, secreto e universal, em pleitos nos quais os candidatos representam partidos políticos, a regra e a lógica mandam que membros de um mesmo partido se apoiem. Um exemplo: um candidato a senador pelo PL deve estar automaticamente associado ao candidato do PL a presidente. Quando isso não acontece, algo de muito errado está corroendo as entranhas desse partido.

No Maranhão, todos os sintomas sugerem que o PTB está sendo fortemente afetado por essa distorção política. Candidato do PTB à reeleição, o senador Roberto Rocha ignora solenemente o fato de que o partido que ele preside no Maranhão tem um candidato a presidente da República, Padre Kelmon. Ele substituiu o presidente nacional Roberto Jefferson, que teve o registro da sua candidatura negado por ser ele condenado por corrupção e estar com seus direitos políticos suspensos. Como o chefe maior do partido, o novo candidato do PTB a presidente é um sacerdote ultraconservador, de extrema direita, que faz seguidas declarações de guerra às esquerdas, como também defende mudanças no estado democrático de direito.

Diferentemente do ex-governador Flávio Dino (PSB), que apoia a candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT), estando abertamente empenhado na sua campanha no estado e fora dele, e de Antônia Cariongo, candidata ao Senado pelo PSOL, que está alinhada ao candidato presidencial petista, o senador Roberto Rocha faz uma campanha aparentemente distanciado da disputa presidencial. Ele tem dado seguidas e inequívocas demonstrações de que se movimenta pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), tendo ignorado, primeiro, a candidatura do chefe petebista Roberto Jefferson, sobre quem não deu uma única declaração, e agora parece desconhecer a de Padre Kelmon, pelo menos até agora.

É verdade que na sua campanha até aqui ele não disse uma única palavra a favor da candidatura do presidente Jair Bolsonaro à reeleição, mas não há como esconder o fato de que o senador apoia a candidatura do presidente à reeleição.

É verdade que Roberto Jefferson, que preside nacionalmente o PTB, virou um pária político, não só pelo fato de estar em prisão domiciliar (controlado por tornozeleira), na condição de condenado por corrupção. Por sua vez, Padre Kelmon, um baiano de Acajutiba, 45 anos, é um dos fundadores do Movimento Cristão Conservador e hoje líder do Movimento Cristão Conservador Latino Americano (Meccla), tratando-se, portanto, de uma figura controvertida e vista como muita reserva no meio político. Não por ser um expoente da direita conservadora, o que é absolutamente normal numa democracia, mas por representar a extrema-direita conservadora e intolerante, defensor de ideias anticonstitucionais, sendo partidário de quebra da ordem institucional e de fazer restrições ao estado democrático de direito.

O senador Roberto Rocha, portanto, vive o paradoxo de pertencer e ser candidato à reeleição por um partido que tem um candidato a presidente da República, mas cuja existência ele tem ignorado ostensivamente, à medida em que não o inclui como mote do seu projeto eleitoral e não o coloca como parte da sua campanha visual. Ao mesmo tempo, o senador tem ligações políticas explícitas com o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, tendo, porém, o cuidado de não o envolver muito na sua campanha, provavelmente por causa do baixo conceito que o chefe da Nação entre os maranhenses.

Ontem, o presidente Jair Bolsonaro esteve em Imperatriz, de onde iniciou uma incursão eleitoral no interior do Tocantins. O senador Roberto Rocha não foi visto entre os que receberam o presidente no aeroporto Renato Cortez Moreira. Um sintoma de que o senador vai continuar tocando sua campanha indiferente a Padre Kelmon, candidato do seu partido a presidente, e com o cuidado para não assumir publicamente a candidatura do presidente Jair Bolsonaro, situação já resolvida nos bastidores. Por mais estranha que ela seja.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Nata do bolsonarismo não foi a Imperatriz encontrar o presidente

Jair Bolsonaro: nenhum aliado de proa no Maranhão foi recebê-lo em Imperatriz

Líderes bolsonaristas maranhenses ignoraram a passagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) por Imperatriz, onde permaneceu por cerca de 40 minutos, antes de seguir viagem, de motocicleta, para duas cidades do interior do Tocantins. O senador Roberto Rocha – que, vale registrar, não tem obrigação política de se fazer presente -, e o presidente do PL, partido do presidente, deputado federal Josimar de Maranhãozinho, não compareceram. Também não foram identificados nas imagens o candidato do PSC ao Governo Lahesio Bonfim, que tem prometido votar “no meu presidente”, o deputado federal Aluísio Mendes, que é vice-líder do Governo na Câmara Federal, e o deputado federal Pastor Gildenemyr (PL). Não apareceram nas imagens a prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge, que tem sido ativa articuladora do bolsonarismo no Maranhão, e a deputada estadual Mical Damasceno (PSC), bolsonarista de proa. Ou seja, a nata do bolsonarismo no Maranhão preferiu não dizer um “Oi” para o presidente Jair Bolsonaro em Imperatriz.

 

Pesquisas devem agitar corrida aos Leões nas próximas horas

O fim de semana será agitado pela divulgação de pesquisas sobre a corrida ao Palácio dos Leões e ao Senado. Até quinta-feira, quatro institutos registraram levantamentos na Justiça Eleitoral: Econométrica, Exata, MOB e Paraná Pesquisas. A julgar pelos contatos feitos ontem pela Coluna, a cúpula da campanha do governador Carlos Brandão pareceu tranquila, esperando um resultado melhor do que os das últimas pesquisas. Já no âmbito da candidatura do senador Weverton Rocha o clima era de forte e tensa expectativa. Não houve como sentir o ambiente nas demais cúpulas de campanhas.

São Luís, 10 de Setembro de 2022.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *