O prefeito de Bacabal, Roberto Costa (MDB), protagonizou nos últimos dias dois momentos que dão a medida da sua maturidade política. Um deles foi a defesa que fez da dignidade das pessoas de baixa renda, que na sua concepção têm plenos direitos à atenção e ao apoio do poder público. O outro foi a contundente defesa que fez de Peritoró, que apareceu numa lista das piores cidades do Brasil para se viver. Posições aparentemente sem maior importância, exatamente por fazerem parte do discurso político fácil, mas que como manifestação de Roberto Costa ganham um significado diferente, por ser ele um político da nova geração, situado ao centro, e que tem sobre os ombros a enorme e desafiadora responsabilidade de não errar e de não cair na mesmice dos aventureiros da política.
No primeiro episódio, falando como prefeito de Bacabal, fez uma veemente defesa das pessoas de baixa renda, e das que nem renda têm, criticando duramente as posturas políticas que tratam os direitos dos menos favorecidos como favores políticos. E surpreendeu recorrendo a um exemplo ilustrativo que traduz de maneira mais ostensiva essa distorção: o caixão de defunto, um pedido rotineiro na esmagadora maioria dos municípios e denunciador da fragilidade social e econômica dessa população.
– Eu não quero mais que alguém que necessite de um caixão tenha que ligar para mim 2 horas da manhã. Vou ligar para o prefeito para arrumar um caixão porque morreu uma pessoa que não tem condições de comprar – assinalou o prefeito, que classificou tal situação como um “ciclo de humilhação” enfrentado por pessoas que se encontram em tal situação. Para ele, o tal ciclo leva o necessitado a “ligar para o vereador, ligar para o deputado”, quando na verdade se trata de um direito do cidadão e de uma obrigação do poder público. No seu entendimento, o cidadão tem direito à atenção do poder público em qualquer circunstância.
No segundo episódio, agora na condição de presidente da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (Famem), Roberto Costa reagiu divulgando uma nota em que repudia com veemência o que definiu como “equivocada e infeliz” informação divulgada pelo Instituto Imazon apontando Peritoró como uma das três cidades com pior qualidade de vida do país. Na sua nota, o presidente da Famem justificou a reação dura afirmando que Peritoró encontra-se fora dos parâmetros da pesquisa, como o elevado índice de violência contra indígenas, quando aquele município não é território indígena.
Na nota, o presidente da Famem denuncia que as informações do Instituto Imazon “carecem de fundamentação” e “não refletem a realidade social, econômica e administrativa de Peritoró”. E exige retratação e manifesta total apoio à Prefeitura de Peritoró, defendendo a ideia de levar o Instituto às barras da Justiça.
As duas manifestações expressam a visão política prefeito de Bacabal e presidente da Famem. E confirmam Roberto Costa como um político diferenciado, produto de uma trajetória forjada no confronto com a realidade social e econômica do estado e cujo enfrentamento foi iniciado há mais de três décadas no movimento estudantil e que evoluiu ao longo de três mandatos e meio de deputado estadual. Ao contrário do que muitos possam imaginar, Roberto Costa tem toda sua carreira política lastreada por pautas de denso conteúdo social.
Referência de uma corrente política cujo discurso privilegia primeiro a conversa e o entendimento – daí o prestígio que conquistou ao longo de três mandatos e meio na Assembleia Legislativa -, Roberto Costa vai para o enfrentamento duro quando a situação exige. Como político de centro bem definido, já esteve em confronto tanto com a direita como com a esquerda. A defesa da dignidade da população excluída do bolo econômico e a reação ao petardo estatístico que atingiu Peritoró na pesquisa Imazon mostram que o emedebista está nos postos certos.
PONTO & CONTRAPONTO
Iracema reforça tendência de Brandão permanecer no cargo ao revelar preferência por Orleans
“Tem quem prefira o vice-governador, eu prefiro o Orleans Brandão, mas é uma preferência minha. É um homem jovem, municipalista, conhece tudo sobre o Maranhão e traz solução para qualquer problema”. Poucas declarações sobre a corrida sucessória, que ainda está na sua fase embrionária, repercutiram tão intensamente nos últimos dias quanto essa, dada pela presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (PSB), em entrevista no programa Abrindo o Verbo, da Rádio Mirante News, na última sexta-feira (06).
Política experiente, que não dá ponto sem nó, exatamente porque sabe o peso de uma declaração desse quilate, em especial quando avalia o perfil do secretário de Assuntos Municipalistas como “um homem jovem, municipalista, conhece tudo sobre o Maranhão e traz solução para qualquer problema”.
Ao manifestar sua preferência pelo secretário de Assuntos Municipalistas, a chefe do Poder Legislativo não só abriu o jogo em relação a si própria, o que já constitui um fato político relevante, como reforçou fortemente a possibilidade de que o governador Carlos Brandão (PSB) cumpra seu mandato até o final, abrindo mão do Senado para apoiar Orleans Brandão como candidato à sua sucessão.
Iracema Vale foi enfática afirmando que “essa é a minha preferência”, mas ao mesmo tempo lembrando tratar-se de uma posição pessoal e que, por ser linha de frente na base liderada pelo governador Carlos Brandão, considera que o debate sucessório está muito antecipado, o que não a impediu de abrir uma janela para outras alternativas: “Eu sou aliada de primeira hora do governador Carlos Brandão. O candidato que o governador Carlos Brandão apoiar, esse será o meu candidato”.
O dado diferenciado é que nesse contexto de incertezas a presidente da Assembleia Legislativa pode vir a ser a solução para um eventual impasse.
Defasada em um mês, pesquisa confirma liderança de Braide
Mesmo divulgada com defasagem de um mês, período em que a corrida sucessória avançou expressivamente, a pesquisa do instituto VOX chega ao público como um registro desgastado da corrida eleitoral. Isso porque nesse período o prefeito Eduardo Braide (PSD) intensificou o seu programa de obras e iniciou os preparativos para o São João; o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo) permanece diuturnamente em campanha aberta. No mesmo cenário, o vice-governador Felipe Camarão (PT) ganhou fôlego está saindo do caso do print explosivo, e o secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), se movimentou fortemente como candidato a candidato.
Nos dias 3 e 7 de maio – mais de um mês atrás, portanto, Eduardo Braide recebeu 29,29% das intenções de voto, seguido de Lahesio Bonfim, que aparece com 22,09%, tendo Felipe Camarão na terceira posição com 13,04%, e Orleans Brandão com 6,98%. Naquele momento os indecisos somaram 27,70%.
Só divulgado ontem, no blog do jornalista Jorge Aragão, o levantamento do VOX repete a sequência de outras investigações, com o quarteto Braide/Bonfim/Camarão/Brandão na mesma escalação, com o prefeito de São Luís um pouco mais tímido e o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes se manteve no mesmo patamar. No bloco seguinte, Felipe Camarão colocando mais de seis pontos sobre Orleans Brandão, que aparece na quarta colocação.
E uma situação já registrada pela Coluna em relação a outras pesquisas: a não inclusão do ex-senador Roberto Rocha (sem partido), pré-candidato assumido e em ação na lista dos candidatáveis
Em Tempo: a pesquisa VOX ouviu 874 eleitores em 27 municípios de todas as regiões do Maranhão entre os dias 03 e 07 de maio, e a margem de erro da pesquisa é de 4,7%.
São Luís, 10 de Junho de 2025.