O ato em que o deputado Bira do Pindaré declarou apoio ao projeto de reeleição do prefeito Edivaldo Jr. (PDT) consumou de vez, e provavelmente de maneira irreversível, o racha no PSB, que agora está dividido em três correntes aparentemente irreconciliáveis. A primeira e mais influente tem como líder o senador Roberto Rocha, e que em São Luís apoia a candidatura de Wellington do Curso (PP), hoje o segundo colocado na corrida, conforme o Ibope divulgado nesta semana. A segunda corrente segue a orientação do deputado federal José Reinaldo Tavares, que apoia a candidatura de Eliziane Gama (PPS). E a terceira é representada pelo deputado Bira do Pindaré, que resolveu marchar com Edivaldo Jr.. A divisão do partido se confirma também no interior, onde os líderes mais destacados dos partidos seguem rumos diferentes.
Uma das forças mais promissoras do leque partidário do Maranhão neste momento de transição, o PSB é, de longe, o partido que, fundado no estado no início dos anos 80 do século passado, mais trocou de mãos nestas mais de três décadas. Nasceu por iniciativa de idealistas, tendo à frente Guilherme Freire, Rossini Corrêa, Valdelino Cécio, o autor, entre outros que se movimentavam para sepultar de vez a ditatura, mas caiu numa ciranda que de tanto rodar de mão em mão, foi parar, anos depois, por exemplo, nas mãos do então ex-prefeito de Coroatá, Ricardo Murad, que vestiu por algum tempo a fantasia de socialista, que definitivamente não lhe coube. Hoje, o partido tem o prefeito de Timon, Luciano Leitoa, como presidente estadual, apoiado pelo deputado federal José Reinaldo Tavares e pelo deputado estadual Bira do Pindaré, enfrentando, por outro lado, implacável oposição do senador Roberto Rocha, que se prepara para assumir o comando do partido no Maranhão, o que deverá acontecer depois das eleições municipais.
O PSB de São Luís formalizou apoio a Wellington do Curso, porque o candidato precisava de um partido forte como aliado para lhe dar suporte político e também tempo de televisão. O acordo com o candidato do PP foi possível porque ele cedeu a vaga de candidato à vice ao vereador Roberto Rocha Jr., ao contrário do candidato do PDT, que preferiu ceder a vaga ao PCdoB, o que em princípio pareceu não estar previsto ou então foi um estratagema muito urdido para não parecer uma exigência do Palácio dos Leões. O acerto com o PP sepultou de vez o projeto de candidatura de Bira do Pindaré, que depois de altos e baixos, vai-não-vai, que o levou inclusive a Brasília apelar, sem sucesso, ao comando nacional do partido. Em princípio, havia um zum-zum segundo o qual Pindaré deixaria o partido, mas ficou claro que ele optou por permanecer na legenda, decidido a pagar para ver o que lhe está reservado para a dura e implacável guerra eleitoral de 2018, quando o futuro do braço do PSB no Maranhão será traçado, provavelmente com a candidatura do senador Roberto Rocha ao Governo do Estado.
Num outro pedaço do partido, o deputado federal José Reinaldo Tavares faz o contraponto ao senador Roberto Rocha apoiando a candidatura de Eliziane Gama. Afastados desde a disputa senatorial de 2010, quando disputaram e foram vencidos por João Alberto e Edison Lobão, ambos do PMDB. De lá para cá, José Reinaldo e Roberto Rocha convivem no mesmo partido, mas é como se militassem em partidos adversários, situação que os leva a estar sempre em posição de confronto, como é o caso na corrida eleitoral pela prefeitura de São Luís.
Mesmo diante da certeza nutrida por muitos de que o senador Roberto Rocha será candidato ao Governo do Estado em 2018, tendo o governador Flávio Dino como adversário, o PSB é um partido de três faces. E tudo indica que só vai mudar se Rocha, Tavares ou Pindaré assumir de fato comando do partido no Maranhão. Todos os ventos indicam que o PSB ficará com Roberto Rocha, já que José Reinaldo não tem ânimo para cuidar de partido e Bira do Pindaré não parece ter cacife atropelar o senador nessa disputa.
PONTO & CONTRAPONTO
Ibope animou Eduardo Braide, Fábio Câmara e Rose Sales
A pesquisa do Ibope injetou ânimo nos candidatos a prefeito de São Luís Eduardo Braide (PMN), Rose Sales (PMB) e Fábio Câmara (PMDB), todos com 5%. Entusiasmados, acreditam, cada um a seu modo, que podem virar o jogo e alcançar um dos três candidatos que estão na dianteira. Um deles disse à Coluna que vai trabalhar duramente pela queda definitiva de Eliziane Gama, que apareceu na pesquisa com 15%, depois de liderar a corrida durante meses. A impressão geral, porém, é que, limitados por tempo de campanha na TV e sem recursos para movimentar estruturas maiores, a de que dificilmente um deles alcançará o patamar dos dois dígitos. Mas é fato que no meio político há forte expectativa em relação ao futuro da candidatura de Eliziane Gama. Uns torcendo para que a queda se acentue ainda mais, outros torcendo para que ela se recomponha e volte a ser a adversária do prefeito Edivaldo Jr. num eventual segundo turno.
Waldir Maranhão avança na volta por cima
Por mais incrível que possa parecer, o deputado federal Waldir Maranhão (PP) continua escalando a sua volta por cima dando agora um passo decisivo para consolidar sua permanência em Brasília até o final do mandato. A efetivação do presidente Michel Temer (PMDB) foi o gás que precisava para se recompor, à medida que o tornou de novo habitué no papel de interino das Câmara Federal com a posse do deputado fluminense Rodrigo Maia (DEM) no comando da Casa. Na posse de Temer no Senado, Waldir Maranhão ganhou assento na mesa principal na condição de 1º vice-presidente do Congresso Nacional, cargo de extrema relevância que é exercido pelo 1º vice-presidente da Câmara Federal. Horas depois da posse, Waldir Maranhão estava empostado na Base Aérea de Brasília para assumir mais uma vez a presidência da Câmara por ter o titular assumido a presidência da República na ausência do novo ocupante do palácio do Planalto, que embarcou para uma reunião do G 20 na China. E como a ordem nesse novo com texto político é evitar crises e exercitar a tolerância até o limite do possível, parece já haver um entendimento de que Waldir Maranhão permaneça no PP, só que a pão e água e sob o comando do deputado federal André Fufuca, que agora é o manda-chuva do partido no Maranhão.
São Luís, 01 de Setembro de 2016.