A ameaça da deputada estadual Mical Damasceno de se candidatar à Prefeitura de São Luís em 2024 dá bem a medida do que é o braço maranhense do PSD, ao qual são atualmente filiados o prefeito Eduardo Braide, o deputado estadual Fernando Braide, o deputado federal Josivaldo JP e a senadora Eliziane Gama, além, claro, da própria deputada Mical Damasceno. Para começar, não se sabe exatamente quem, de fato, tem o controle do partido no estado, já que os seus últimos dirigentes, o ex-deputado federal Edilázio Jr. e o ex-deputado estadual César Pires, derrotados nas eleições de 2022, juntamente com o ex-prefeito ludovicense Edivaldo Holanda Jr., passaram a bola para a frente. A legenda caiu no colo do prefeito Eduardo Braide, onde permanece até hoje, mesmo depois da entrada da senadora Eliziane Gama, que também está de olho no comando do partido.
Mesmo na inacreditável teia partidária brasileira, onde, com raras exceções, os partidos atuam apenas como instrumentos de conveniência política, é difícil encontrar uma agremiação que reúna quadros tão distanciados como o atual braço do PSD no Maranhão. Ao longo desse século, a legenda já esteve nas mãos da ex-deputada Nice Lobão, do ex-deputado Carlos Alberto Milhomem, do economista Cláudio Trinchão (secretário de Fazenda do último governo Roseana Sarney), de onde escorregou para as mãos do então deputado federal Edilázio Jr., tendo finalmente chegado ao controle do prefeito Eduardo Braide.
Depois dessa curiosa trajetória, marcada por seguidos insucessos eleitorais dos seus controladores, o braço maranhense do PSD agrega atualmente mais uma diferente composição de quadros. Para começar, tudo indica que o partido está sob o comando do prefeito Eduardo Braide, e do irmão dele, deputado estadual Fernando Braide, ambos políticos de centro-direita, que flertam segmentos de centro-esquerda, como o PDT do senador Weverton Rocha, de quem ainda são aliados. Os dois convivem na mesma casa com bolsonaristas não radicais, como o deputado federal Josivaldo JP, e com a direita radical e conservadora representada pela deputada Mical Damasceno, que atua de acordo com o braço evangélico do bolsonarismo extremado no estado.
No meio desse quadro complexo desembarcou a senadora Eliziane Gama, que representa o segmento evangélico de centro-esquerda. Política de centro-esquerda, ela já esteve no PT, mudou-se para a Rede, de onde saiu para migrar para o PPS, que foi rebatizado Cidadania, e pelo qual se elegeu para o Senado em 2018, integrando a base dos governos Flávio Dino (PSB) e Carlos Brandão (PSB). Eliziane Gama migrou do Cidadania para o PSD num arranjo partidário feito pelo chefe nacional do partido, Gilberto Kassab, para engordar a base de apoio do Governo Lula da Silva (PT) no Congresso Nacional. Ao que parece sem levar em conta a confusa teia política que é o braço do partido no Maranhão.
Essa bomba explodirá ou será desarmada à medida que se aproximar o momento em que o partido tiver de definir seu caminho nas eleições municipais, a começar por São Luís. Dentro do PSD uma decisão já está tomada: o prefeito Eduardo Braide é o candidato à reeleição. Nesta semana, a deputada Mical Damasceno externou seu incômodo com a entrada da senadora Eliziane Gama no partido e ameaçou se candidatar à Prefeitura da Capital. Poderá ser, mas não pelo PSD. Eliziane Gama vai ficar contra o candidato do Governo, que pode ser o deputado federal Duarte Jr. (PSB) ou o vereador Paulo Victor (PCdoB)? Ou ela própria se lançará candidata?
O fato é que vai chegar a hora da verdade no PSD. Nesse momento, as diferenças vão falar tão alto quanto as conveniências. É possível prever que com o poder de fogo que dispõe, o prefeito Eduardo Braide poderá impor seu projeto de reeleição, com ou sem o apoio da senadora Eliziane Gama e da deputada Mical Damasceno.
PONTO & CONTRAPONTO
Disputa em Matões reunirá forças políticas poderosas
A guerra sucessória será dura nos 217 municípios maranhenses, disso ninguém tem dúvida. Mas em alguns deles, o confronto envolverá forças bem mais poderosas do que nos demais, como será o caso de São Luís, Pinheiro, Tuntum, entre outros. Mas a disputa pela Prefeitura da pequena Matões, vizinha de Caxias, com 33 mil habitantes, reunirá forças poderosas em confronto.
Ali, de um lado, o prefeito já reeleito Ferdinando Coutinho (PDT), com o apoio da deputada estadual Cláudia Coutinho (PDT) e do ainda forte Grupo Coutinho, cuja base está em Caxias, mas se reflete na região, já escolheu o candidato a prefeito e a vice-prefeito. Quer como sucessor Nonato Medeiros, o Nonatinho, que integra o secretariado, e como vice dele a vereadora Cristiane Pinheiro. Do outro lado está o Grupo Pereira, comandado pelo ex-prefeito Rubens Pereira, o atual e influente secretário estadual de Articulação Política, que tem o reforço do deputado federal Rubens Jr. (PT). E no centro da disputa, o candidato derrotado por Ferdinando Coutinho em 2020, que pode entrar na disputa ou pender para qualquer um dos lados.
Para turbinar seu candidato, o prefeito Ferdinando Coutinho tem o apoio do senador Weverton Rocha (PDT), que tem interesse especial no desfecho daquele confronto. Já o candidato dos Pereira, que poderá ser o próprio Rubens Pereira, o Rubão, poderá contar com o aval do grupo ligado ao ministro Flávio Dino, a começar pela senadora Ana Paula Lobato (PSB). A deputada federal Amanda Gentil (Republicanos) e o seu colega André Fufuca (PP) também entrarão na guerra, ainda que não esteja definido do lado de quem.
O fato é que, por conta do peso político e das ligações dos seus líderes e candidatos, a corrida sucessória em Matões será uma das mais acirradas de 2024.
Câmara homenageia jornalistas que comandaram a comunicação da Casa
Num tempo em que o jornalismo passa por uma mudança radical, com a transformação do modo de produzir e veicular informação, tornando essa profissão ameaçada pelo lado pantanoso das redes sociais, a Câmara Municipal de São Luís encontrou uma maneira de reafirmar a importância do jornalista. Esse gesto veio na homenagem da Casa a dez ex-diretores de Comunicação, profissionais que ali serviram com o objetivo de mostrar ao mundo o trabalho dos vereadores e o papel da instituição na vida do município. Por iniciativa do presidente Francisco Chaguinhas (Podemos) e o apoio do atual ocupante do cargo, jornalista Rafael Arraes, eles receberam o Certificado de Honra ao Mérito pelos serviços que prestaram no exercício do cargo.
Foram homenageados os jornalistas Djalma Rodrigues, Marco D’Eça, Itamargarethe Corrêa Lima, Gláucio Ericeira, Luís Cardoso e José Raimundo Rodrigues, além de Mário Coutinho, Udes Cruz, Cunha Santos e Aldionor Salgado, que reconhecidos in memorian, foram representados por seus filhos, respectivamente, Márcio Augusto Coutinho, Udes Filho, Laila Cunha Santos e Mariana Salgado.
O presidente em exercício da Câmara Municipal, Francisco Chaguinhas, dono da iniciativa, justificou a homenagem: “Pela primeira vez, esta Casa homenageia aqueles que ao longo dos anos comandaram equipes que colaboraram para divulgar e registrar a história do parlamento ludovicense”, pontuou o vereador.
O atual diretor de Comunicação, jornalista Rafael Arrais, complementou: “É um justo reconhecimento aos profissionais que tanto contribuíram para o fortalecimento desta Casa e para a sua importância para a cidade”.
Um dos homenageados, jornalista Djalma Rodrigues, que comandou a Comunicação da Câmara Municipal em cinco gestões, se disse feliz por ter o seu trabalho e dos colegas reconhecido pela Casa: “O presidente Chaguinhas foi muito feliz ao estabelecer este reconhecimento às pessoas que deram a sua contribuição na Comunicação da Câmara Municipal”.
A sessão em que os ex-diretores de Comunicação foram homenageados foi concorrida, com a presença de três ex-presidentes – Isaías Pereirinha, Manoel Ribeiro e Ivan Sarney -, do vereador Marcial Lima (Podemos), que também é jornalista e radialista, e de um grande número de profissionais da comunicação.
Os jornalistas profissionais, que fazem do jornalismo o seu projeto de vida, se sentem alcançados pela homenagem dedicada aos colegas.
São Luís, 21 de Abril de 2023.