PSB volta a “abrir as portas” para Flávio Dino, que só definirá futuro partidário após pleito municipal

 

Flávio Dino e Carlos Siqueira (com Miguel Arraes ao fundo): amizade e afinidade política e ideológica

De volta ao campo dos movimentos partidários visando a disputa presidencial de 2022 o projeto de migração do governador Flávio Dino do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) para o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Agora com repercussão bem maior do que nas abordagens anteriores, o assunto veio à tona ontem, por meio da revelação, feita pelo jornal O Globo, segundo a qual o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, reforçou o convite ao governador Flávio Dino, declarando que a agremiação socialista está de portas abertas à sua filiação. O chefe socialista teve o cuidado de esclarecer que o convite ao governador não tem como condição a candidatura dele a presidente em 2022. E o próprio Flávio Dino, ao comentar o movimento, foi mais cauteloso ainda, dizendo que colocar candidatura presidencial para migrar para o PSB seria desrespeitoso. Mas o fato é que o convite foi feito e o convidado foi visivelmente simpático à iniciativa.

O governador Flávio Dino se move politicamente com a perspectiva de criar as condições que lhe permitam colocar seu nome no leque das opções à sucessão presidencial. Entre os fatores que causam discussões em torno desse projeto está a sua filiação ao PCdoB. Há quem veja o PCdoB como uma agremiação legítima e viável para sustentar uma candidatura presidencial; há, por outro lado, quem pense o contrário, enxergando num PCdoB uma legenda historicamente superada, argumentando o rótulo de “comunista” e os símbolos (foice e martelo) sustentados pelo partido estão descontextualizados. As primeiras vozes defendem a permanência do governador no PCdoB, enquanto as outras acham que ele deve mudar de partido se realmente estiver planejando participar da guerra

O governador, por sua vez, minimiza o debate, lembrando a base social e o sentido da comunhão da ideologia comunista, criticando a obstinação da extrema-direita em satanizar o comunismo, e mostrando que não haverá maiores problemas com uma candidatura do PCdoB ao Palácio do Planalto. Lembra que venceu duas eleições de turno único, destacando que a segunda, a reeleição em 2018, liderou uma coligação com 16 partidos de diferentes matizes ideológicos, com os quais governa sem problemas de natureza administrativa ou política. “Eu diria que a questão partidária não é a que decide o tamanho da aliança. O que decide o tamanho da aliança é a sua atitude”, assinala.

Politicamente maduro, o governador maranhense avalia com cuidado das raposas a sua condição partidária no cenário da sucessão presidencial. Não há dúvida de que ele é pré-candidato a presidente, mas não coloca esse projeto como irreversível. Até o momento, tem dito que trabalha com três possibilidades para 2022: disputar o Palácio do Planalto, concorrer a uma cadeira no Senado, ou até mesmo permanecer no Governo até o fim do mandato, para depois voltar a dar aulas de Direito Constitucional da UFMA. No que diz respeito à sucessão presidencial, só acredita numa candidatura que lidere uma frente partidária que una esquerda, centro e até mesmo segmentos da direita democrática. Reconhece tratar-se de um projeto complicado e inviável se, por exemplo, o PT não flexibilizar a ideia de que tem o direito de liderar a chapa, o que até agora o partido de Lula da Silva não dá sinais de concordância, muito ao contrário.

Suprimindo-se as cautelas do autor do convite e do convidado, ao abrir as portas para Flávio Dino, o comando do PSB lhe oferece também, e principalmente, a vaga de candidato a presidente da República. Isso porque, mesmo tendo governadores em dois estados importantes – Paulo Câmara (Pernambuco) e Renato Casagrande (Espírito Santo) -, o PSB não dispõe de um nome de projeção nacional com gás político para disputar a sucessão presidencial. Até por saber que Flávio Dino, com a estatura que tem hoje, jamais deixaria o PCdoB para ser mais um quadro nas fileiras do PSB. Não faria sentido.

O governador Flávio Dino não esnoba o convite nem descarta a migração. Mas prefere avaliar melhor essa possibilidade depois das eleições municipais, quando, definidos os novos prefeitos e vereadores, acredita que haverá um “rearranjo” político e partidário no País.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Reforço a Jota Pinto e ficha-limpa de Júlio Matos podem dificultar reeleição de Eudes Sampaio

Eudes Sampaio pode ter  reeleição dificultada por Júlio Matos e Jota Pinto

As forças políticas de São José de Ribamar começaram, de fato, a se mobilizar para conter a onda de crescimento do prefeito Eudes Sampaio (PTB) na corrida às urnas. Com uma gestão ativa, o seu cacife político pessoal e o apoio forte do ex-prefeito Luís Fernando Silva, o prefeito parece surfar rumo a uma reeleição tranquila. Movimentos recentes, no entanto, indicam que Eudes Sampaio poderá enfrentar alguns percalços. Primeiro, o senador Weverton Rocha resolveu turbinar a pré-candidatura do ex-deputado Jota Pinto pelo PDT, fazendo uma movimentação intensa para manter o projeto de pé. Depois, nua decisão surpreendente, que produziu rumores os mais diversos, o Tribunal de Contas do Estado aprovou as contas da gestão do médico Júlio Matos, que foi prefeito de São José de Ribamar pelo PDT no século passado, e de lá para cá ficou de fora de todas as eleições por ser ficha-suja. Com a rumorosa decisão, Júlio Matos limpou a ficha e deve tentar voltar à Prefeitura em Novembro com o apoio do ex-prefeito Gil Cutrim (PDT), que tem o aval do conselheiro Edmar Cutrim, do TCE. Não há sinais ainda de que o favoritismo do atual prefeito esteja ameaçado, mas com a entrada de Júlio Matos no páreo, o projeto de reeleição de Eudes Sampaio pode ganhar alguns quilos de dificuldades.

 

Bira do Pindaré conta com a experiência de Lídice da Mata, ex-prefeita de Salvador

Bira do Pindaré tem em Lídice da Mata boa fonte de conselhos e sugestões sobre SL

O deputado federal Bira do Pindaré, pré-candidato do PSB à Prefeitura de São Luís, realizou, nesta semana, uma reunião virtual para debater os problemas da Capital. Entre os convidados, a deputada federal baiana Lídice da Mata. A presença da parlamentar a princípio pareceu estranha, mas se explica pelo fato de que, além de ser um dos quadros mais importantes do partido, com um rico histórico de militância, Lídice da Mata foi prefeita de Salvador, uma cidade que guarda forte similaridade com São Luís. Como São Luís, a Capital da Bahia tem um grande acervo arquitetônico colonial, tem uma cultura popular muito forte, uma periferia cheia de problemas e até bolsões de palafitas. A experiência da ex-prefeita de Salvador é uma fonte riquíssima para ser explorada pelo candidato do PSB, que não conta nem com o apoio nem com a experiência do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT).

São Luís, 10 de Julho de 2020.

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