De volta ao poder no Maranhão, com a eleição de Felipe Camarão para a vice-governança do Estado, e no país com a histórica terceira eleição do ex-presidente Lula da Silva para o comando da República, o braço maranhense do PT se prepara para voltar ao governo e começa a fazer planos, sendo um deles o ousado, mas saudável, projeto de lançar candidato a prefeito nos 50 maiores municípios maranhenses, a começar por São Luís, nas eleições municipais de 2024. A revelação foi feita ontem pelo presidente estadual do partido, Francimar Melo, em entrevista ao programa Direto ao Ponto, da TV Assembleia, comandado pela jornalista Sílvia Tereza. “O PT existe para cuidar das pessoas e disputar eleições”, disse Francimar Melo, empolgado com a vitória de Lula da Silva, mas sem perder a noção de que os tempos são outros e que o novo voo petista não encontrará céu de brigadeiro.
O projeto de lançar candidato nos 50 maiores municípios maranhenses, a começar por São Luís, Imperatriz, São José de Ribamar e Caxias, por exemplo – os três primeiros são atualmente governados por adversários ferrenhos do PT -, poderia parecer normal em partidos mais convencionais, acostumados com vitórias e derrotas. Mas, em se tratando do PT maranhense – que hoje forma uma federação com o PV e o PCdoB – parece um propósito arrojado demais para um partido que desde a sua fundação até agora não teve um bom desempenho eleitoral nas disputas estaduais e municipais, embora tenha mobilizado esmagadora maioria do eleitorado maranhense nas disputas nacionais desde a primeira eleição de Lula da Silva de 2002 para cá.
Ao longo da sua trajetória, o PT elegeu prefeito em apenas um grande município: Jomar Fernandes, em Imperatriz, no pleito de 2000. Tentou viabilizar candidaturas nos mais diferentes municípios de peso no Maranhão, mas sempre tropeçou em fracassos retumbantes nas urnas. Isso quando conseguiu definir candidato.
No caso de São Luís, os fracassos do partido nas disputas para o Palácio de la Ravardière têm sido devastadores. Sua maior conquista nesse item foi a eleição do então petista de proa Domingos Dutra como vice na chapa liderada por Jackson Lago (PDT). Tal situação tem ocorrido também nas tentativas do partido de formar bancadas influentes na Câmara Municipal da Capital – na última eleição, por exemplo, o PT elegeu apenas um coletivo, sem maior expressão política e legislativa. Isso se deve em parte ao fato de o braço do PT de São Luís quase sempre andar na contramão do braço estadual. Tanto que nas eleições deste ano, sob o comando do ex-vereador Honorato Fernandes, o PT ludovicense se juntou às forças bolsonaristas em torno das candidaturas do senador Weverton Rocha (PDT) ao Governo do Estado e do senador de extrema-direita Roberto Rocha (PTB) à reeleição. Foi esmagado nas urnas da Capital junto com os seus aliados.
No momento, vários nomes já se movimentam para as eleições de 2024 na Capital, a começar pelo prefeito Eduardo Braide (sem partido), que é um candidato forte em busca da reeleição. Na lista estão o deputado estadual e federal eleito Duarte Jr. (PSB), que foi segundo em 2020, o deputado federal reeleito Márcio Jerry (PCdoB), o vereador e presidente eleito da Câmara Municipal Paulo Victor (PCdoB) – ambos membros da federação – e o ex-prefeito da Capital por dois mandatos Edivaldo Holanda Jr. (PSD). Pelo menos até aqui nenhum nome do PT foi sequer especulado. Isso significa dizer que, se pretende mesmo entrar na disputa do Palácio de la Ravardière em 2024, o PT precisará “construir” uma candidatura.
A revelação dos planos do PT maranhense de lançar candidato a prefeito nos 50 maiores municípios maranhenses, feita pelo presidente petista Francimar Melo é, de fato, interessante do ponto de vista da movimentação política, afinal, trata-se do partido que vai comandar o país a partir de janeiro. Mas parece um desafio enorme e com pouca viabilidade em se tratando do PT estadual, ainda que o Governo do presidente Lula da Silva chegue em 2024 com a popularidade nas alturas. Isso sem levar em conta o que pensarão disso os seus aliados.
PONTO & CONTRAPONTO
Dino reage à chantagem do mercado diante da fala de Lula sobre teto de gastos
A chegada de políticos mais esclarecidos ao cenário nacional, como é o caso do senador eleito Flávio Dino (PSB), começa a colocar contraponto na tirania do mercado, que nos governos liberais dá as cartas com a famosa chantagem do sobe-desce das bolsas de valores sempre que alguém influente diz algo que desagrade os investidores.
Na quinta-feira, num discurso emocionado e realista, o presidente eleito Lula da Silva colocou em discussão a imposição do teto de gastos para áreas como educação, saúde e combate à fome, por exemplo. Foi o suficiente para a bolsa despencar e comentaristas econômicos, e até políticos, entrarem em polvorosa. Um sinal de que o mercado continua o mesmo e pretende continuar ditando as regras.
Só que agora os protagonistas têm os pés no chão não estão dispostos a se curvar aos maus humores dos donos do dinheiro. Diante da reação às palavras do presidente eleito Lula da Silva, que estão explicadas pela mais pura lógica, o senador eleito Flávio Dino reagiu:
“Depois de tolerarem quatro anos de discursos ocos, desvarios fiscais e oportunismos eleitoreiros em 2022, não há razoabilidade em tantas ‘incertezas nos mercados’. É preciso ter ponderação e adotar critérios justos nas análises”.
O brasileiro democrata, patriota e realista endossa e torce para que a tirania do capital seja devidamente enquadrada.
Duarte Jr. foi um dos articuladores da carta dos jovens entregue a Lula
Repercutiu no meio político e fora dele a carta que jovens deputados federais eleitos, liderados por Duarte Jr. (PSB), entregaram ao presidente eleito Lula da Silva, em Brasília. Na carta, esses parlamentares pedem ao futuro mandatário da nação a implantação de uma política ampla e efetiva dedicada aos jovens. E sugerem que o primeiro passo seja a reestruturação da Secretaria Nacional da Juventude no Plano Plurianual 2023-2027. Com essa medida, o novo Governo contará com uma estrutura adequada à ampliação da política dedicada aos jovens, que representam nada menos que 23% da população brasileira.
Um dos articuladores do movimento que resultou na carta ao presidente eleito, o deputado estadual e federal eleito Duarte Jr. justificou a iniciativa, que, aliás, foi bem recebida por Lula da Silva: “Estamos pedindo o comprometimento do próximo governo com políticas voltadas para a juventude. Queremos ensino público de qualidade e inserção no mercado de trabalho, pois entendemos que isto será fundamental para a retomada do crescimento do país, a partir do próximo ano”.
A iniciativa é oportuna e faz todo sentido.
São Luís, 12 de Novembro de 2022.