Prefeitos de grandes municípios amargam a crise financeira, mas silenciam sobre a crise política e o impeachment

 

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Edivaldo Jr., Leo Coutinho, Luciano Leitoa, Sebastião Madeira, Josemar Sobreiro e Gil Cutrim: mantêm distância da crise política e do impeachment

O silêncio cauteloso em relação à crise que ameaça mergulhar o Brasil numa abissal capaz de sufocar as suas instituições democráticas tem sido a regra de conduta de algumas importantes lideranças políticas maranhenses, em especial os prefeitos dos maiores colégios eleitorais do estado, onde os efeitos da crise têm sido devastadores. Ao contrário do governador Flávio Dino (PCdoB), que resolveu entrar de cabeça no grande embate, líderes de municípios que, somados, representam institucional e politicamente pelo menos dois milhões de pessoas preferiram se distanciar do campo de batalha e aguardar o desfecho da guerra em curso no Congresso Nacional. Deixam no ar a impressão de que o confronto não lhes diz respeito, como que se protegendo dos estilhaços do confronto. O prefeito de São Luís, Edivaldo Jr. (PDT), por exemplo, se movimenta como se nada estivesse acontecendo no país. Na outra ponta da corda, o prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira (PSDB), parece fazer de conta que seu partido não está à frente do movimento pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff nem pela cassação do mandato presidencial pela Justiça Eleitoral. A ausência dessas lideranças, que exercem, antes de tudo, mandatos políticos, com responsabilidades administrativas, cria um vazio entre o que acontece em Brasília e a população, que tem nos seus mandatários as suas referências políticas.

O prefeito Edivaldo Jr., que institucionalmente representa mais de 1,1 milhão de pessoas, tem dedicado todo o seu tempo ao exercício do seu mandato, restringindo suas manifestações a assuntos administrativos, sem dedicar uma só palavra à crise política que ameaça desestabilizar as instituições nacionais.  Até o momento, não se tem notícia de uma só frase do dirigente ludovicense sobre a conjuntura política nacional, sobre o processo de impeachment ou sobre o avanço da crise econômica, cuja solução depende da superação da crise política. Membro do PDT, um dos partidos mais envolvidos na defesa da presidente e do governo, o prefeito de São Luís parece querer manter distância do grande debate, preferindo cuidar das suas atribuições como gestor municipal. Nos bastidores, comenta-se que Edivaldo Jr. de São Luís está firmemente alinhado ao líder do seu partido, deputado Weverton Rocha, um dos baluartes de defesa da presidente na Câmara Federal. Mas não expõe essa posição publicamente.

Na mesma linha vem agindo o prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, que comanda uma metrópole regional com mais de 280 mil habitantes, e é figura de proa do PSDB, partido que lidera a guerra contra a presidente Dilma e o Governo do PT. Tendo se tornado conhecido como político de retórica inflamada quando deputado federal na oposição, Madeira parece ter perdido a verve ao não encampar a campanha do seu partido contra o Governo da presidente Dilma Rousseff. Mais ainda, agora, caminhando para o fim do segundo mandato e com um futuro político incerto, Madeira não parece claramente posicionado em relação à situação de crise que sacode o País, embora não haja dúvidas de que ele segue a linha de ação do seu partido. Até o momento, não se tem conhecimento de um pronunciamento seu em relação à crise, o que certamente deve intrigar a população e, especialmente, o eleitorado da Princesa do Tocantins.

Os prefeitos de Caxias, Leo Coutinho (PSB), e Timon, Luciano Leitoa (PSB), também vêm mantendo silêncio cauteloso em relação ao que está em curso no país. A cautela de Leo Coutinho, que representa 160 cidadãos,  pode ser explicada pelo fato de ele encontrar-se ainda numa espécie de transição partidária, já que ingressou recentemente no partido. Luciano Leitoa, que fala em nome de 160 mil munícipes, ao contrário, preside o partido no Maranhão, o que é uma situação bem diferente. O PSB rompeu definitivamente os frágeis laços que mantinha com o Governo do PT depois da morte trágica de Eduardo Campos, seu líder maior. Luciano Leitoa tocou o barco socialista no Maranhão convivendo com a linha de ação do senador Roberto Rocha de “quase” alinhado ao Palácio do Planalto, a do deputado José Reinaldo Tavares, que tem posição clara a favor do impeachment, e a do deputado Bira do Pindaré, que faz pregação “contra o golpe”.

O mesmo acontece com os prefeitos de São José de Ribamar, Gil Cutrim (PDT), e de Paço do Lumiar,  Josemar Sobreiro (PSDB). O caso do prefeito Gil Cutrim chama mais atenção, porque, além de líder político de um dos maiores municípios do Maranhão (150 mil habitantes), não parece seguir a linha de entendimento do seu partido em defesa da presidente Dilma e do Governo petista, pois não há registro de que já tenha se posicionado com clareza e efetividade na guerra política. O silêncio de Gil Cutrim se torna mais estranho e inexplicável pelo fato de ser ele presidente da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem), que deveria ser, neste momento, a voz política da municipalidade maranhense. Pelo menos até aqui não se sabe, com precisão, a posição do prefeito ribamarense sobre impeachment. O mesmo acontece com seu colega de Paço do Lumiar, Josemar Sobreiro, do PSDB, que não emite à população  o mais tênue sinal de que está posicionado com seu partido em relação ao pedido de afastamento da presidente da República.

Em outros tempos, uma situação como a de agora mobilizaria principalmente os prefeitos, que, como líderes formais das comunidades que dirigiam, assumiam parte do protagonismo no embate político, hoje restrito aos parlamentares federais.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Reconvertida ao comunismo ligth, Eliziane ganha assento na Comissão do Impeachment
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Eliziane: a favor do impeachment

De volta ao PPS, num processo de reconversão ao comunismo ligth, depois de experimentar e não gostar da Rede de Marina Silva, a deputada federal Eliziane Gama ganhou um “presente” da bancada do partido na Câmara Federal: foi designada para integrar a Comissão Especial do Impeachment. Eliziane tem posição definida: ela é a favor do afastamento da presidente, concordando inteiramente com a posição do seu partido, que junto com o PSDB e o DEM, forma a trinca que lidera a oposição na Câmara Federal ao Governo do PT. Com a chegada de Eliziane Gama, a Comissão Especial do Impeachment a contar com quatro deputados, o que o coloca como um dos estados da Federação com maior representação no grupo que analisa o processo de impedimento da presidente da República antes de encaminhá-lo ao plenário. Antes de Eliziane, já integravam a Comissão Especial os deputados Weverton Rocha (PDT), João Marcelo Souza (PMDB) e Júnior Marreca (PEN).

 

PL propõe redistribuição do ICMS aos municípios

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Coutinho preside reunião ao lado do prefeito Gil Cutrim; Roberto Costa faz exposição

Uma reunião comandada segunda-feira pelo presidente Humberto Coutinho (PDT), que mobilizou líderes de bancadas, pode dar um norte definitivo ao Projeto de Lei que propõe a redistribuição do ICMS aos 217 municípios maranhenses. A discussão do PL foi pedida pelo presidente da Famem e prefeito de São José de Ribamar, Gil Cutrim, que foi à Assembleia Legislativa para tratar exclusivamente do assunto. Na semana passada, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou parecer sobre o Projeto de Lei de iniciativa do Governo do Estado, que redistribuiu 25% do ICMS aos 217 municípios maranhenses. A repartição da parcela pertencente aos municípios deve privilegiar com maior percentual de verba as prefeituras que apresentarem melhor desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O deputado Roberto Costa (PMDB) afirmou que o PL precisa ser analisado com cuidado pelo Poder Legislativo, para que alguns municípios não sejam prejudicados. O presidente da Famem destacou que o objetivo da entidade é contribuir com o debate que está acontecendo no Legislativo. “A Famem se apresenta como uma forma de agregar valores, para que dessa proposta nasçam propósito positivos e que não venham com impactos negativos para o orçamento de alguns municípios”, completou.

 

São Luís, 05 de Abril de 2016.01

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